Visto um short jeans azul intenso, uma regata preta e por cima coloco uma blusa fina de mangas longas e listras em preto e branco. Arrumo os cabelos, deixando-os soltos e coloco um gorro preto. Faço uma maquiagem baseada em apenas rímel preto, pó compacto e batom cor vinho. Calço meu avance preto e passo perfume. Pego o celular e jogo-o dentro da bolsa, juntamente com outras coisas.

__ Bom dia querida! – minha mãe diz animada assim que piso na cozinha.

__ Bom dia! – respondo sem empolgação.

Observo Sophie apenas acenar com a cabeça e meu pai nem ao menos tira os olhos do jornal.

__ Parece que o dia não começou bem para ninguém... – minha mãe diz enquanto me serve um pouco de café.

Assinto e suspiro. Hoje era finalmente o ultimo dia de prova, o ultimo dia que eu teria que aturar ver Melissa grudada em Cameron.

*...*

__ Sophie, o que houve? – pergunto assim que ela liga o motor do veiculo e acelera.

__ Rosie me contou que irá para Nova York amanhã! – diz sem encarar-me.

__ Maldita fofoqueira... – sussurro.

__ Quando ia me contar? – pergunta um pouco mais grossa.

__ Hoje! – resmungo.

__ Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não irá adiantar você fugir?! – bufa batendo as mãos no volante. __ Angel, a sua mãe já fez isso varias vezes e nunca deu certo. Não repita os erros dela. – diz freando o carro em frente à casa de Rosie.

__ Não estou fugindo. – afirmo.

__ Ah não?! – ironiza.

__ E mesmo que estivesse... – suspiro. __ Você e eu sabemos que agora é diferente. Não fui eu quem escolheu terminar, não fui eu quem olhou nos olhos dele e pedi para sumir da minha vida! – solto sentindo meu peito apertar.

Ela fica em silencio, pela primeira vez eu a deixei sem palavras. Rosie abre a porta do veiculo e adentra o mesmo.

__ Bom dia! – diz risonha.

Ambas encaramo-la pelo retrovisor interno e ela faz uma careta.

__ É... O clima está tenso! – resmunga se calando em seguida e colocando o cinto de segurança.

*...*

__ Não há nada que possamos fazer para você desistir? – Phoebe choraminga sentada em sua carteira.

__ Não. – sorrio com seu apelo.

__ Tem certeza que quer perder as loucuras que iremos aprontar? – Carter pergunta rindo.

__ Quando eu voltar nós faremos loucuras ainda maiores, eu prometo! – sorrio.

__ Angel...

__ Gente, são somente alguns dias. Eu irei voltar! – corto Nicolas.

__ Por você não vem com a gente, passa alguns dias e depois vai para NY? – Pedro opina.

__ Já comprei minhas passagens para amanhã á tarde! – resmungo.

__ Angel? – sua voz soa atrás de mim. Pra variar meu coração acelera.

Viro-me quase que em câmera lenta e esbarro tremulamente com seus olhos escuros. Ah, olhos escuros!

__ Podemos conversar? Por favor... – sua voz sai como um tiro atingindo bruscamente minha mente.

__ Não... Não temos nada que conversar. – gaguejo involuntariamente.

__ Por favor... Não irá durar nem cinco minutos do seu tempo. – insiste.

__ Angel... – Rosie me faz encara-la. __ Vai lá! – pede.

Suspiro voltando a encara-lo e meus olhos teimam em observar seus lábios carnudos e rosados.

__ Tudo bem... – resmungo acompanhando-o para fora da sala.

*...*

Olho em volta e sinto meu peito se apertar mais uma vez. Estamos no ginásio, como antigamente. Ele se senta na arquibancada e eu me sento ao seu lado, sem encara-lo. Guarde na sua memória os melhores momentos da sua vida, pois quando estiver em momentos tristes é nessas lembranças que buscará forças pra seguir em frente e vencer. Por que será que isso não funciona comigo?

Flash on

— Quantos anos tem sua irmã? – perguntei ajeitando o coque que insistiu em cair.

— Seis... Gosto quando faz isso com o cabelo! – disse mudando o assunto.

— O que?! O coque?! – perguntei sorrindo meiga.

— Sim. Desse jeito eu posso vê seus pelos da nuca se arrepiarem quando me aproximo de você e te toco. – respondeu sorrindo malicioso e se aproximando, causando o maldito arrepio que ele queria.

— Cameron... – o repreendi, ele sorriu e se manteve distante.

— Eu nunca conversei com ninguém sobre isso... – disse se referindo ao assunto anterior, seu ódio e sua rivalidade com o padrasto.

— Ás vezes o melhor é desabafar. – falei sorrindo.

— Não sou bom nisso, não costumo fazer isso. Mas, você me passa tranquilidade! – ele disse se aproximando novamente, ele estava me deixando nervosa.

— Eu sei que prometi não te tocar mais... – disse em sussurro, me fazendo fechar os olhos e senti seu hálito de menta em minha pele.

— Mais tem algo em você que insiste em me chamar para perto, como um imã! – concluiu tocando minha bochecha e acariciando-a com o polegar.

*...*

— Obrigado. – ele disse me pegando de surpresa – Cameron Dallas pedindo obrigado é isso mesmo produção?! – eu não entendia muito o por que.

— Por? – perguntei confusa.

— Ouvir meus problemas. Não lhe dei chance de falar de você. – respondeu ajeitando as pernas sobre o banco.

— Não tem muito oque falar, ao contrario de você tenho pais danados de chatos e que pegam no meu pé 24hs, você deve ter percebido aquele dia que me levou em casa, meu pai não foi nada gentil! – eu disse em meio á sorrisos, ele assentiu balanço a cabeça de leve e rindo divertido.

— Acho que eu faria o mesmo se eu tivesse uma filha tão linda e tão... – ele parou, eu já imaginada oque ele iria dizer, somente pela sua cara maliciosa.

— Gostosa?! Não consegue conversar dois minutos sem ter que flertar comigo?! – perguntei irônica e brincalhona, ele negou e fechou os olhos mandando-me aquele maldito sorriso amarelo e lindo.

*...*

—_ Eu não sei oque te dizer... – digo.

— Não precisa. Só... Só me abraça e diz que ficará do meu lado. – pede.

Puxo para mim e o abraço. Beijo seu pescoço e o aperto ainda mais. Lagrimas querem descer:

— Sempre estarei do seu lado. Sempre! – digo e sinto sua respiração acalmar.

— Eu te amo, Angel. – e ele roubou minha noção.

Flash off

__ Eu quero te pedir uma coisa... – sua voz me desperta dos devaneios. Olho-o confusa.

__ Diga. – respondo ríspida.

__ Não vá para Nova York! – seus olhos encontram os meus. Meu coração acelera como um carro me racha...

Dei-me motivos pra ficar, convença-me que valerá a pena continuar nessa contigo, que não ficarei sozinha no final de tudo. Faça-me ter motivos de sobra pra continuar aqui, presa na sua armadilha e ignorando o mundo lá fora. Prove que sou seu presente e que nunca serei o teu passado. Prometa que nunca me esquecerá num canto qualquer e que nunca me trocará por outra. Prometa que me dará uma explicação por me magoar tanto e que fará de tudo para que possamos nos acertar.

__ Por quê? – pergunto com certa esperança.

__ Por que... – ele desvia seus olhos dos meus.

__ Por que Cameron? – insisto ansiosa.

Ele suspira e fecha os olhos nervosamente.

__ Por que não quero ser o culpado por tira-la de seus amigos e nem de estragar a diversão de vocês. – responde.

E aquela esperança... Apaga-se!

__ Então é isso... – sorrio sarcástica. __ Não se preocupe! Você não é o responsável pela minha viagem. – resmungo.

__ Não? – ele me observa enquanto me levanto.

__ Não... – arqueio o cenho. __ Apesar de você ter destruído parte da minha vida, essa parte você não destruirá!

__ Angel, eu...

__ Quer saber Cameron... – sorrio debochada. __ Eu devo realmente te agradecer por me dar um pé na bunda.

__ O que? – pergunta surpreso.

__ Tchau Dallas! – dou-lhe as costas.

PVD CAMERON

E meu coração se parte em dois, vendo-a partir para longe de mim. Quando você se encontra no fundo do poço e não tem mais forças pra lutar. Quando todas as esperanças que existiam já morreram. Quando seu único desejo é que o dia passe o mais depressa possível. Quando você está ancorado numa profunda solidão. Quando você vê que o amor da sua vida está partindo e você não pode fazer absolutamente nada!

Passo as mãos pelos cabelos e rosto, irritado. Levanto-me e respiro fundo.

__ Droga, droga, droga! – chuto o banco.

Sabe quando um filme passa na sua cabeça? Sabe quando você se lembra de tudo? Que quando você fecha os olhos e vê aquelas cenas maravilhosa que vocês passaram juntos?

Vamos lá, Cameron! Você consegue! Lembre-se que é tudo pelo bem dela!

__ Não, eu não vi para onde eles foram! – uma voz conhecida chama minha atenção. __ Ela vai para Nova York. Eu não poderei ficar de olho nela lá. Você terá que ir ou arranjar outro observador. – sigo a voz que vem perfeitamente do vestiário.

Olho através da fresta da porta e vejo um garoto em pé de costas enquanto fala ao telefone. Ele tem cabelos castanhos e pele branca.

__ Não Jonathan, eu não posso ir para Nova York! – espera ai... Jonathan?

E então o garoto se vira. É nada mais, nada menos que aquele imbecil que persegue Angel. Ele quem mantem o Jonathan informado. Eu sabia que havia algo estranho nesse babaca...

Encosto-me á parede ao lado da porta e junto todas as peças. Eu nunca havia visto-o antes, só quando eu terminei com Angel que ele apareceu e se aproximou dela. Jonathan sempre sabia de tudo que acontecia aqui na escola, como o meu beijo com Angel no banheiro. É claro que tinha que ser ele...

A porta se abre e o garoto passa pela mesma.

__ Quanto ele te paga? – pergunto fazendo o garoto pular de susto e me encarar de olhos arregalados.

__ Dallas? – resmunga nervosamente.

__ Você não respondeu minha pergunta... – caminho em sua direção.

__ Não sei do que está falando. - responde cínico.

__ Imaginei que diria isso... – sorrio debochado. __ É um argumento bastante clichê, não acha?!

__ Olha, eu não...

Sem deixa-lo terminar, eu fecho o punho e acerto-lhe um soco no rosto. Ele cai no chão com o nariz sangrando e me olha...

__ Fique longe da Angel, ou farei pior. – resmungo antes de chuta-lo e sair do ginásio.

“Aconselho arranjar outro informante.
O seu está bastante ferido!” – Cameron.

“Seu pequeno filho de uma puta.” – Jonathan.

PVD ANGEL

__ Então, acha que foi bem? – Rosie pergunta enquanto caminhamos em direção ao mural.

Havíamos acabado as provas e os professores colocavam os resultados no mesmo dia.

__ Talvez... – resmungo.

__ Eu com certeza já estou de férias! – Jeremy disse convencido.

__ Adoraria ver sua carinha se chegasse lá e visse o contrario. – Luke despeja.

Paramos em frente ao mural juntamente com uma multidão de pessoas. Procuro por meu nome na lista e suspiro, aliviada.

__ E ai? – Phoebe pergunta.

__ Aprovada! – respondo.

__ Eu também. – ela sorri.

__ Podem deixar uma criatura pequena ver o resultado dela, por favor?! – Rosie grita empurrando alguns alunos.

__ Aprovado porra! – Pedro e Luke gritam juntos e fazem uma dancinha super estranha.

__ E ai amor? – Phoebe pergunta se aproximando de Nicolas.

__ Um Steele nunca fica reprovado... – responde convencido depositando um selinho em seus lábios.

__ Bem vindo às férias! – Jeremy comemora com Carter.

__ Rosie? Cadê você? – grito sorrindo.

__ Aqui! – uma voz rouca e baixa surge no meio da multidão.

Ela empurra algumas pessoas e enfim surge em minha frente.

__ Apro... Vada! – responde ofegante. E sorrimos.

__ Eu realmente não entendo Dallas! – Phoebe diz chamando minha atenção.

Sigo seu olhar e vejo-o juntamente a Melissa. Ela comemora o resultado e agarra-o, beijando-o.

__ Para mim está mais do que explicado... – resmungo desviando meu olhar.

*...*

A despedida com meus amigos fora meio tensa. Rosie choramingou muito e não queria me soltar, Phoebe não ficou atrás e Pedro quase me esmaga. Nicolas apenas me abraçou e me desejou uma boa viagem, Carter me abraçou e tentou mais uma vez me convencer de ficar. Luke me abraçou forte e disse que estariam me esperando, qualquer coisa eu mudasse de ideia. Jeremy me abraçou e depositou um beijo em minha testa, o que achei bastante fofo.

Abro a porta de casa e ajeito a mochila no ombro.

__ Angel! – sua voz rouca grita em meus ouvidos antes que eu adentre.

Giro os calcanhares e encaro-o parado no gramado em frente a minha varanda.

__ O que faz aqui? – pergunto fria.

__ Eu quis vim desejar uma boa viagem. – responde sorrindo fraco.

__ Obrigado! – digo ríspida lhe dando as costas.

__ Isso foi um adeus? – pergunta.

Volto a olha-lo e seus olhos brilham. Sinto meu peito apertar pela terceira vez e meus olhos marejarem. Eu não consigo respondê-lo, não consigo ao menos dizer adeus. Se dói tanto por que não esquecê-lo?

Molho os lábios e engulo em seco. Giro meus calcanhares e lhe dou as costas, adentrando minha casa, fechando a porta e escorregando-me pela mesma até o chão, deixando assim as malditas lagrimas caírem...

__ Até logo Cameron Dallas! – sussurro.

(...) Talvez seja cedo demais para dizer "Adeus". - Angel Louis