Mesmo que eu tentasse expor em palavras o que eu sinto por ele, eu nunca saberia como o explicar, não é algo se possa vir a definir, eu apenas me permitir sentir, e deixei que esse sentimento me tomasse por inteiro.

-Meu... Repito incessantemente e olho para ele, eu sorrio e choro de alegria, de êxtase. Ele é tão lindo dormindo assim sobre o meu peito e acalmando meu frenético coração.

-Tão meu... Sussurro baixinho e acaricio os seus cabelos, seu sono é imperturbável, como uma criança que repousa nos braços da mãe, sua face serena me traz uma paz há muito esquecida, sua respiração é tranquila e quase inaudível. Não há preocupações, nem pesadelos, nem distância. Nós estamos juntos.

Fecho os olhos e aprecio o momento, as lembranças voltam sempre que o faço, a nossa infância inocente e quase feliz, a formação do time sete, o vinculo ali formado, o laço inquebrável. Penso em nós, em nossas batalhas, nos intermináveis momentos de aflição, tamanhas e imensuráveis foram às tristezas, a dor que ele sentia, a minha dor por vê-lo partir e não poder ajuda-lo, o sentimento de inutilidade que tantas vezes teimou em zombar de mim.

Houve batalhas, perdas e mortes, passamos pela guerra, lutamos lado a lado, nos perdoamos e nos separamos outra vez, só que naquele momento, enquanto ele partia, ele também deixava uma promessa e futuramente um recomeço.

E tiveram as noites em que á saudade apertava de maneira torturante, mas, eu o sentia, e me agarrava a esperança, ele estava ali, não fisicamente, e sim em minha alma, no mais profundo dos meus pensamentos. Havia uma conexão, um fio que nos ligava e sempre fora capaz de nos manter vivos, nós éramos e somos esse profundo sentimento, uma saudade extasiada.

Eu o esperei, pacientemente, sempre ansiando pelo momento de finamente tê-lo em meus braços. E agora, sei, ele voltou pra mim, e finalmente está em casa.

Abro os meus olhos e contemplo mais uma vez o homem que eu amo, agora ele não dorme, ele, também me contempla, em seus olhos eu vejo amor, eu vejo o fogo, há algo de poético nesse momento, é lindo, é magico. Ele levanta sua mão e acaricia minha face, seu gesto é cheio de ternura, ficamos ali perdidos no contraste do verde com o negro, as respirações próximas, os corpos entrelaçados.

Não há pressa nem necessidade de palavras, pois ambos sabemos...

Nós, pertencemos, um ao outro, duas metades que finalmente podem se completar.

Ficamos ali e nossa alma transborda em alegria, finalmente preenchidos, finalmente juntos.