O Mundo Perfeito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 1
Segredos de um dia chuvoso


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic foi feita inspirada no filme Coraline e o Mundo secreto. Faz um tempo que sinto vontade de escrever algo com a Maria Cebolinha inspirado nesse filme que gostei muito. Mas fiquem tranquilos que não é preciso ver o filme para entender a história.

Há muitas diferenças que vão surpreender vocês.



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A chuva caia com força lá fora, juntamente com o som dos trovões que de vez em quando lhe assustavam. O céu estava bastante cinzento e em algumas partes, quase preto. Definitivamente não era um dia bom para brincar no quintal, por isso Maria Cebolinha estava em seu quarto procurando algo para acabar com seu imenso tédio. As bonecas já não tinham mais graça, assim como os ursos de pelúcia ou os brinquedos de montar que ela tanto gostava. De que adiantava ter brinquedos se não tinha ninguém para brincar com ela?

Cebola estava ocupado demais com seus joguinhos bobos e praticamente lhe expulsou do quarto e trancou a porta. Seu pai estava assistindo ao jogo de domingo e não queria deixar o programa de lado para brincar com ela. Sua mãe também não podia lhe dar atenção porque estava costurando algumas roupas. Como estava chovendo, ela não podia ir à casa de nenhuma amiga.

Se a Mônica pelo menos estivesse lá, poderia passar algum tempo com ela. Não, aquele idiota do seu irmão tinha feito o favor de estragar tudo e fazia muito tempo que sua ex-futura cunhada não ia mais visitá-los. Só lhe restava remoer seu tédio e insatisfação enquanto olhava a chuva caindo do lado de fora.

- Que chato... não tem nada pra fazer! – a menina resmungou colocando algumas bonecas no peitoral da janela, juntamente com um pequeno jogo de chá, vasinhos de flores em miniatura e um pequeno carrinho cor de rosa. Aquilo não tinha muita graça.

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Suas mãos moviam delicadamente no ar, fazendo alguns movimentos em espiral. Aos poucos, pequenas faíscas foram saindo dos seus dedos e se juntando até formarem um pequeno ponto de luz que foi crescendo e tomando forma. Quando o pequeno ser de luz alcançou um tamanho de um polegar, uma voz baixa e suave murmurou.

- Vá e traga-a para nós.

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Vencida pelo cansaço, Maria deitou-se na cama e ficou olhando para o teto. Também não tinha nada de interessante ali. Com o passar do tempo, seus olhos foram ficando pesados até se fecharem por alguns segundos, abrindo logo em seguida quando ouviu o som de alguma coisa no seu quarto. Não havia ninguém ali, mas o som continuava. Era um sussurro bem leve, quase imperceptível, de alguém lhe chamando. Seria o chato do Cebola tentando lhe pregar alguma peça?

O sussurro continuou, fazendo-a sentar na cama e olhar para os lados a procura daquele som que era bastante suave para ser a voz do seu irmão.

- Q-quem tá aí? Pára que eu não tô gostando!

A pequena forma surgiu em sua frente e por pouco ela não deu um grito de susto. E quando pode ver o que era, um grande sorriso surgiu em seu rosto.

- Ai, que bonito! Uma fadinha de verdade! – a menina vibrou de alegria. Era uma criatura muito pequena, do tamanho do polegar de um adulto e tinha bonitas asas transparentes que pareciam feitas de luz suave, como o resto do seu corpo delicado. – Você veio brincar comigo? Qual é o seu nome? O meu é Maria Cebolinha e...
- Vem... vem... – a pequena fada sussurrava suavemente, voando com graça de um lado para outro.
- Pra onde?

Ao invés de responder, ela saiu voando sendo seguida pela menina que parecia não se importar com a situação estranha. Pelo menos era uma forma de acabar com seu tédio. Elas passaram em frente ao quarto do Cebola, cuja porta estava fechada, desceram a escada e passaram pela sala onde seu Cebola assistia televisão alheio a tudo. A fadinha seguiu em frente e elas também passaram perto do quarto de costura, onde Dona Cebola também estava muito ocupada costurando um vestido e nem viu a movimentação estranha.

Ela parou perto da porta do porão, que estava fechada, e em seguida atravessou como se não tivesse nada ali. Maria abriu a porta e continuou seguindo a fada, descendo a escada com cuidado para não cair. Mesmo a luz estando acesa, ela não gostava muito de ir ao porão da casa, que era meio escuro, sombrio e de vez em quando fazia barulhos estranhos. Mas daquela vez ela não estava com tanto medo.

No fundo do porão, a fada se escondeu atrás de uma pilha de caixas velhas fazendo a menina ficar receosa. Será que sua nova amiguinha tinha se perdido para sempre?

- Volta! Deve ter um monte de rato e barata aí! Oi? – ela olhou atrás da pilha de caixas, que não estavam totalmente encostadas na parede, e viu que parecia ter uma pequena luz perto do chão.

Com algum esforço, ela conseguiu afastar as caixas e viu que a luz vinha de uma pequena porta que parecia ter a metade da sua altura. Que luz era aquela? Com a curiosidade no máximo, ela afastou um pouco mais as caixas para que pudesse abrir a porta totalmente e viu que ali tinha um túnel de formato arredondado com paredes que emitiam um brilho levemente azulado que iluminava o caminho. O túnel não parecia ser muito longo porque ela podia ver o outro lado.

- Vem... vem... – aquele sussurro chegou novamente aos seus ouvidos, fazendo com que ela criasse coragem para entrar no túnel e engatinhar até o outro lado, onde também tinha uma porta entreaberta.

- Eu não sabia que tinha isso aqui em casa, ninguém me falou! Ah, tá, ninguém fala nada pra mim! Será que eu posso? – ela hesitou um pouco, pois não sabia o que tinha do outro lado. Talvez uma sala secreta? O que teria nessa sala? Com certeza algo muito interessante e divertido, caso contrário sua família não teria guardado segredo.

Muito decidida, ela terminou de abrir a porta e engatinhou para o outro lado. Uma luz forte cobriu seu rosto, fazendo-a fechar os olhos. Quando pode abri-los novamente, ficou confusa.

- Eu hein... que lugar é esse? Parece o porão da minha casa, mas... tá diferente!

O porão se parecia com o da sua casa e tinha o mesmo tamanho, mas ao invés da bagunça e sujeira de sempre, estava repleto de coisas interessantes. Muitos brinquedos, piscina de bolinhas, pula-pula, um dance revolution com luzes acesas que piscavam mostrando bonitas cores e uma grande televisão com uma pilha de DVDs ao lado. Eram os seus filmes preferidos e alguns que ela ainda não tinha visto e queria muito ver, mas ninguém a levava ao cinema.

Em outro lugar do porão, tinha até uma máquina de sorvete, outra de refrigerante e mais uma de algodão doce! Então era por isso que sua família escondia aquele segredo dela? Para ficar com aquelas coisas legais e bonitas só para eles, bando de egoístas!

- Oi, Fadinha! – ela saudou alegremente ao ver a pequena fada flutuando perto da escada. – Você quer me mostrar mais alguma coisa? Espera! – a fada subiu as escadas voando e atravessou a porta.

Maria a seguiu e antes de abrir a porta do porão, ficou com um pouco de medo. Se seus pais soubessem que ela descobriu o segredo deles, com certeza iam castigá-la. Mas ao abrir a porta levou um susto. A fada não estava mais ali, porém isso não importava muito porque ela já não estava entendendo mais nada. Aquela era sua casa? Não... Estava muito diferente. Mas ao mesmo tempo, muito parecida.

Os móveis pareciam novos, muito bonitos e a decoração mais infantil, do jeito que ela faria se lhe deixassem decorar a casa. Tudo estava bem colorido e tinha um cheiro bom de comida no ar.

O cheiro vinha da cozinha e tinha alguém cantalorando enquanto cozinhava. Como era a voz da sua mãe, ela sentiu-se mais segura para dar uma espiada. A mulher cozinhava algo no fogão e sobre a mesa tinha vários pratos e travessas repletas com coisas que pareciam muito gostosas. Muitos tipos de doces, salgadinhos, tortas, bolos, pastéis, chocolates e bombons. Sua boca encheu de água. Será que sua mãe ia perceber se ela pegasse só um brigadeiro?

Quando colocou um pé dentro da cozinha, a mulher virou-se imediatamente e a olhou com um grande sorriso, fazendo-a recuar na hora.

- Mariazinha, meu bem, eu estava te esperando!


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