When the Snow Starts to Fall escrita por TsunChan


Capítulo 7
Feridas


Notas iniciais do capítulo

Nem vo pedir desculpas porque é provável que eu me atrase novamente. SERIO, É UMA CARACTERISTICA MINHA SE ATRASAR.
Pelo menos fiz um capítulo grandinho...
Alias, quero dedicar ele as minhas coleguinhas, que não hesitaram em me ameaçar de morte por causa da demora. Amo vocês!



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Alex andava apressado. Estava um pouco mais atrasado que o normal. Provavelmente era por ter ficado estudando até mais tarde; estava fazendo isso com frequência ultimamente. Se passaram alguns dias desde quando começara a estudar com Jules e já estava se sentindo menos tolo. Mas uma coisa ainda o incomodava: ainda não conseguiu responder à mensagem de Piper. Não conseguia tocar no assunto com Colin, apesar de isso o estar incomodando como uma unha encravada.

– Oh, é raro te ver por aqui esse horário.

Uma voz atrás dele se pronunciou. Era Colin, apesar de seus cabelos estarem mais bagunçados que o normal.

– Pois é, me atrasei.- Colin sorriu. Por dentro, Alex se mordeu de inveja: Colin morava perto, então tinha o luxo de acordar mais tarde sem ter o perigo de se atrasar. Apesar disso, o loiro tinha manchas escuras embaixo dos olhos. Olheiras?

– Não dormiu bem a noite? - Alex perguntou, meio preocupado.

– Não, na verdade, fui dormir um pouco tarde.- Ele virou o rosto para o lado.

Não parecia querer continuar com o assunto. Suspeito, Alex pensou.

– Você tem uma namorada? - As palavras saíram automaticamente da boca do moreno antes que ele pudesse conte-las. Colin o olhou de forma curiosa.

– Não. Não acho que alguma garota se apaixonaria por mim... - ele deu um sorriso sem graça. Alex ficou irritado e o bateu de leve.

– Não diga isso. Se você pensar assim, ninguém vai valorizar o anjo que você é. - Alex falou, e quando viu o rosto corado de Colin completou rapidamente- Isso é o que a quela apresentadora de TV diz, é claro.

Eles se olharam por um momento, um pouco constrangidos para falar algo.

***

– Urgh, vocês não acham que eles deviam se comer logo, de uma vez por todas? - Alice falou com a voz carregada de desprezo e apontou com o queixo para Piper e Colin que conversavam na porta. Ela era toda sorrisos e ele parecia estar se divertindo.

– Também acho.- Alex concordou baixinho, irritado.

– Acho que você está com inveja da sua amiga, Liz.

"Liz". Aquilo soou diferente na boca de Jules. E o uso do apelido inventado por Alex, causou no moreno uma irritação ainda maior.

– Não estou, não. Amor não é para mim.- ela pareceu ignorar uso do apelido.

– Jules! - alguém o chamou do outro lado da sala. Ele se levantou e saiu.

Alex suspirou.

– Ele está claramente me trocando pela Piper.- comentou. Alice riu.

– Bom, estão faça ele não trocar.

– É fácil falar, - revirou os olhos- eu não tenho aqueles peitões.

– Nem eu. - Alice fez uma careta. E os dois riram.

– Sabe uma coisa que aproximam amigos? - Alice, que estava sentada na mesa, se levantou e se aproximou de Alex.- Segredos...

– Quê?

– Quando você compartilha um segredo com uma pessoa, você cria um vínculo de confiança.

– Até que não é uma ideia ruim, mas o que eu vou falar?

– Bom, isso é contigo. Mas, porque você fala dos seus sentimentos?

"Falar dos sentimentos". As palavras de Alice ainda ecoavam na mente de Alex enquanto ele caminhava para casa junto de Colin. Mal percebera que ele o perguntava algo, apenas acordando de seus devaneios quando ele o socou de leve no ombro.

– Terra para Alexander!

– Oi?

Colin apontou para um fliperama ali do outro lado da rua. Pelo visto era inauguração, pelo fato de estar lotado e de que até a pouco tempo, Alex nunca havia notado o estabelecimento ali.

– Me deu vontade de ir jogar. Vamos?

O garoto sorriu animado, e se fosse um cachorrinho estaria abanando o rabo. Como Alex poderia recusar ao ver uma expressão daquelas? Sorriu e assentiu.

– Vamos, mas você paga.

A fila estava gigante para a maioria das máquinas, exceto para uma. Era daquelas de pegar o ursinho de pelúcia, que no caso eram coelhos rosados e passarinhos azuis, e o nível de dificuldade parecia espantar os clientes.

– Vamos naquele ali.

– Tem certeza? É bem difícil de conseguir... - Alex falou enquanto ambos se aproximavam da decadente máquina.

– Bom, não custa tentar.

– Na verdade, custa o seu dinheiro.

Colin revirou os olhos e Alex se calou. Se apoiou no vidro enquanto o outro colocava uma moeda.

– Bom, vou te ajudar a não desperdiçar dinheiro. Siga os meus comandos.- disse Alex, observando qual ursinho seria mais fácil de pegar.

– Sim, capitão - disse Colin rindo e pegando nos controles. Alex olhou os ursinhos, todos embolados e quase impossíveis de pegar com uma garra frágil como aquela, até que seu olhos encontraram um dos coelhos bem no fundo da máquina.

– Tente aquele coelho, na extrema direita.

A garra se moveu em resposta, abaixando-se e segurando em uma das patas do bicho e subindo devagar.

–Vai, vai! - falavam em coro, à medida que o coelho chegava perto da aba, ameaçado cair com o balanço. O bichinho caiu na caixa, fazendo com que luzinhas piscassem e uma melodia feliz tocasse. Várias pessoas bateram palmas para o feito, enquanto Colin retirava o prêmio.

Encorajados pelos dois, as pessoas começaram a fazer fila na máquina, afogando Alex e Colin no mar de pessoas. O moreno segurou no pulso do outro e abriu caminho até a saída.

– Ah, hoje está muito lotado para irmos em mais algum brinquedo. Vamos voltar outro dia.

Colin não respondeu, apenas segurava o coelho, pensando em o que fazer com ele. Por fim, estendeu a Alex.

– Pode ficar. Acho que se não fosse por sua ajuda, não teria conseguido. - Alex pegou o bichinho, um pouco surpreso. Uma garota brotou em sua mente.

– Você não vai dar pra Piper? - Falou antes que pudesse evitar.

– Piper? Porque eu daria a ela? - Franziu o cenho.

– Bom, vocês estão bem próximos ultimamente, eu pensei que talvez...

– Não, não. Ela é só minha amiga. Acho que não me enxerga assim.

Alex o olhou de esgueira, observando o sorriso constrangido do outro. "Tão adorável, mas não faz a mínima ideia do que causa nas garotas"

Andaram por um tempo e o silencio começou a incomodar Colin.

– E você?

– Eu o que?

– Não tem ninguém que gosta?

Alex quase engasgou. Não tinha coragem para olhar em direção à Colin.

– Por que isso agora?

– Bom, você parecia disposto a falar disso agora pouco. - Alex suspirou. O tiro saiu pela culatra.

– Tenho sim, alguém.

Trancou a respiração por um momento. O coelho em suas mãos parecia mais importante que qualquer coisa, devia ser por isso que não conseguia desviar o olhar do pelo rosado do bichinho.

– Eu gosto do Jules. - por um segundo, antes de pronunciar o nome do moreno, um caminhão passou buzinando, passáramos voaram e todos os barulhos possíveis soaram. Colin o observou por um tempo, sua expressão era indecifrável, e logo balançou a cabeça.

– Desculpa, eu não entendi.

Alex suspirou. Falar uma segunda vez parecia muito mais constrangedor que a primeira. Suas bochechas queimavam.

– Eu falei que gosto do...

– Alex!

Uma voz soou atrás deles, fazendo ambos se sobressaltarem.

– Jules, o que você...

– Voltando para casa. O treino acabou mais cedo. - o moreno balançou de leve a cabeça cumprimentando o loiro, que revirou os olhos.

– Ah, legal.- Alex falou e olhou para Colin - Então...

– Tudo bem. Deixa para outra hora.

Continuaram andando e conversando, apesar do assunto morrer rápido. Quando chegaram a estação, Colin agradeceu mentalmente por acabar aquela tortura.

– Bom, eu tenho que passar por uma loja por ali, então não pegarei o trem agora.

Jules disse, mexendo em seus cachos. Colin parecia distante e nem se estivesse prestando atenção responderia ao moreno.

– Tudo bem. - disse Alex - Até amanhã.

Colin e Jules andaram na mesma direção.

– O que você está fazendo? - Colin perguntou, sem nenhum tipo de emoção na voz além do leve desprezo que possuía sempre que dirigia a palavra a Jules.

– Indo comprar algo, como eu falei antes.

– E não tem outro caminho?

– Provavelmente. Mas prefiro andar na sua companhia - a ironia era evidente em seu tom de voz meloso.

Colin não respondeu e atravessou a rua. A risada do outro ecoou junto de suas últimas palavras antes de desaparecer.

“Você realmente não mudou nada. ”

***

Alex pôs o coelhinho rosa na sua escrivaninha depois de muita discussão mental. Sua primeira ideia era a estante, mas o bichinho iria ficar solitário entre os livros cheios de pó. Em cima de sua cama seria muito constrangedor, já que sua mãe faria perguntas. De jeito nenhum iria enfiar em alguma gaveta, então optou por simplesmente deixar o coelho - que decidiu chamar de Charles- em um lugar que ele veria com frequência e que não era tão obvio.

Seu celular tocou. Mensagem de Colin

"Alex, acho que não seria justo com você então...

Eu menti hoje à tarde”

O moreno parou de ler e trancou a respiração. O que ele queria dizer com aquilo? Ele mentiu sobre a Piper? Forçou-se a terminar de ler a mensagem.

“Sobre não ter escutado de quem você gosta. É que foi tão surpreendente que não consegui me convencer que era verdade. ”

Terminou de ler e ficou encarando a mensagem por um tempo. "Ah" foi a única coisa que atravessou sua mente, enquanto a lembrança daquele momento voltava junto com o constrangimento. Seus dedos se moveram sozinhos e discaram o número de Colin. Quando percebeu, o outro já havia atendido:

– Alô?

– Colin

– Ah, oi

– Eu preciso falar...

– Hum?

– Tudo.

Um tempo se passou até que a resposta monossilábica de Colin fosse pronunciada.

– Ta.

– Então, o Jules...- Colin o interrompeu.

– Ah, é isso? Você realmente não precisa...

– Eu sei que não. Eu só quero falar.

Colin protestou, mas Alex começou a falar em seguida, não deixando tempo para interrupções. Como era educado, se calou com um suspiro e escutou a historia. Alex narrou tudo, sem deixar de lado os seus devaneios vergonhosos. Nem sabia o porquê de estar falando tudo aquilo. Apesar das partes cômicas, não havia reação por parte da outra linha.

– Colin?

– Estou ouvindo- "apesar de realmente não querer", pensou.

– Acho que terminei. Vou desligar. Boa no....

– Espera. Você falou que ele está ajudando você com a matéria, mas só em matemática e física. Você quer ajuda nas outras matérias?

– Pode ser. Seria ótimo! Tem certeza?

– Sim, vai ser um prazer ajudar. Até porque, se você você embora, eu ia me sentir muito solitário.

– Ah, então ok. Muito obrigado mesmo.

– Tudo bem. Boa noite então.

– Boa noite.

Alex ouviu o barulho de fim de chamada e bloqueou a tela de seu celular. Sentou-se na cama e olhou o relógio em cima da escrivaninha. Era quase meia noite. "Nem percebi o tempo passando." Deitou e adormeceu com a sensação de estar esquecendo de algo.

***

– Você fez os exercícios que eu te pedi? - Jules sentou na frente de Alex, com um olhar de expectativa.

– Exercícios...?- pensou por um momento, mal entendo o que o outro estava falando até que algo estalou em sua mente. Era isso que tinha esquecido ontem à noite. Jules fez uma careta.

– Não fez, não é?

– Então, a minha mãe pediu para eu lavar a louça e eu- o baque surdo de um livro batendo na sua cabeça o interrompeu- Ai.

– Isso é por ter esquecido, idiota.- Jules parecia chateado.

O moreno desculpou-se baixinho, fazendo o outro suspirar e murmurar um "não esqueça da próxima vez". Estava se afastando, quando virou e voltou.

– O que foi? – Alex perguntou. Jules pareceu ponderar. Abriu a boca para falar, mas o professor resolveu entrar nesse mesmo instante.

– Falo depois.

No recreio, a maior parte da turma ficou na sala. Estava frio demais para ir comer lá fora e entrar em outra sala não era opção. Resumindo: A sala 1-A estava barulhenta e cheia de gente.

– Vamos sair daqui.- sugerira Jules, e todos - até Colin - concordaram.

No caminho, passaram por um casal que estava brigando. O garoto parecia irritado e exaltado e a menina parecia frágil demais para revisar, então apenas escutava de cabeça baixa.

– Não te faz lembrar dos velhos tempos? - sussurrou Colin discretamente para Jules. A descrição não foi o suficiente para impedir que Alex visse, no entanto. Seus olhos sempre buscavam ficar observando Jules, então a ação não passou despercebida. Pelo contrário, lembrou-lhe da primeira teoria que tivera, sobre os dois terem sido um casal no passado.

– COOLIN! - uma voz gritou corredor abaixo, interrompendo seus devaneios. Era Piper que veio correndo assim que viu o loiro.

– Que bom que você nunca esquece das amigas.- disse Alice com ironia.

– Liz, oi. Eu vi você também.

– Ah é? - Alice revirou os olhos.

Piper cumprimentou brevemente os outros presentes e seguiu com eles até a cantina. Não parou em nenhum momento de falar com Colin.

A aula de física estava tão maçante que Alex mal conseguia manter seus olhos abertos. Havia prometido a si mesmos que prestaria atenção na aula, mas assim era difícil. Sua cabeça estava em direção à cama improvisada que era seu casaco quando sentiu um papelzinho batendo-lhe no rosto. Olhou para os lados e encontrou Colin o observando com uma interrogação no olhar. Bom, Alex podia constatar que havia algo escrito, mas por causa do sono tudo que enxergava era borrões. Com uma interrogação no final.

"O que você faz quando não entende uma pergunta?" Pensou “Responde sim", e fez um joinha na direção do outro, que assentiu sorrindo. Não teve tempo nem de pensar no o que havia afirmado antes de cair no sono.

– Alex- uma mão suave passou pelo cabelo do moreno, que murmurou alguma coisa, ainda cochilando.

Jules revirou os olhos e aproximou sua boca do ouvido dele.

– Alex, acorde.

Foi instantâneo: Alex deu um pulo, com os pelos da nuca arrepiados e a face vermelha.

– Eu não estava dormindo. - Jules riu .

– Claro.- fez uma pausa- Hoje não terei treino, quer estudar depois?

– Ah, mas você não prefere aproveitar sua folga de outro jeito?

– Não fuja do estudo, Alexander. Se eu tivesse outros planos, eu diria. Você é minha melhor opção.

Se Alex tivesse problemas do coração, provavelmente já havia morrido. Parecia que Jules achava divertido fazer seu coração pular daquele jeito.

–Tudo bem então.- foi tudo o que conseguiu balbuciar.

Até o final da aula, Alex ficou cantarolando baixinho, tentando rimar "Você é minha melhor opção" com "Amor Eterno". Parou de tentar quando viu que poesia não era um dom que possuía.

O último sinal tocou e Alex se levantou para ir ao banheiro. Atravessou o mar de alunos desesperados para se verem livres daquela instituição de ensino e se jogar num sofá, onde aprenderiam coisas muito mais interessantes em suas concepções.

Seu celular tremeu. Era a presidente do clube de artes perguntando onde diabos ele se meteu. Digitou rapidamente que estava com seu príncipe encantado aprendendo fórmulas matemáticas extremamente inúteis. A resposta veio logo em seguida, dizendo-lhe que se não voltasse a aparecer, ele faria o próximo nu artístico e que ele deveria deixar a cueca em casa. Alex riu e continuou seu caminho. Na volta, escutou algumas vozes exaltadas na sala de aula.

– Eu realmente queria saber o porquê de você estar aqui.

– Bom, eu tenho a mesma dúvida.

Alex engoliu em seco ao reconhecer as vozes e perceber que a culpa dessa discussão era dele. Abriu a porta devagar, fazendo que ambos se calassem e os olhares caíram sobre ele.

– Oi gente - falou, rindo sem graça.

– Alex...- Colin disse, sério. Jules apenas colocou a mão na testa, perdendo a paciência a cada instante.

– Então parece que eu convidei os dois para estudar no mesmo dia, ha-ha

Nenhuma resposta.

– Que tal se a gente estudasse juntos? – falou com esperança de concertar a cagada que tinha feito.

– Não - os dois responderam em uníssono

– Você não pode estudar matérias completamente opostas no mesmo dia. - Colin argumentou.

– Você acha que conseguirei me concentrar com um cara desses presente? - A voz de Jules era cheia de ironia.

– Eu sei que foi erro meu, mas não tem outra forma...

– QUEM VOCÊ ESCOLHE, ALEX? - Ambos perguntaram ao mesmo tempo. Alex suava frio. Como iria escolher entre seu melhor amigo e o cara que gostava? Merda.

Não havia nada que pudesse falar, a não ser uma resposta. Ambos o encaravam duramente e sua escolha iria afetar o relacionamento deles de uma maneira irreversível.

O moreno abaixou um pouco a cabeça e sua franja tapou sua expressão.

– Eu...

Um momento de apreensão se fez. Jules e Colin exalavam a mesma expectativa. A pergunta não parecia mais se tratar de uma sessão de estudos.

–...escolho...

Um toque de celular começou soou. Todos olharam atordoados, como se tivessem sido acordados de um sonho. Colin reconheceu a música.

– É o seu celular, Alex.

– Ah, desculpem. Só um minuto.- apertou a tecla verde. – Alô?

– Alex, sou eu - a voz de Mark era inconfundível para o irmão.

– Mark, hum, não é uma boa hora...

– Sim, claro. Mas eu só liguei para você não reclamar depois.

– Reclamar por que?

– Lembra daquele avento de jogos que você queria tanto ir? Eu consegui os ingressos.

O coração de Alex quase saiu pela boca. Teve que se controlar para não gritar.

– Sério?

– Sim. O único problema...- Alex murchou. Sempre havia algum empecilho. - é que o evento começa em 30 minutos e a fila vai ficar maior a cada instante.

– O evento vai ser agora? - Alex não sabia se estava aliviado ou angustiado por essa notícia.

– Sim. Você pode ir? Se não eu convido outra pessoa e...

– Eu vou. Estou em casa em 15 minutos.- e desligou.

Ao se virar, ambos os garotos o encaravam. Alex deu alguns passos em direção a mesa onde estava seu material.

– O que foi? - perguntou Jules

– Não vai dar hoje. Aconteceu algo em casa e eu preciso ir.

– É algo grave? - Colin perguntou preocupado.

– Nada que não possa ser resolvido. Bom, até mais e me desculpem por fazer vocês perderem seu tempo.- Alex correu até a porta e desapareceu em questão de segundos.

Jules suspirou. Colin foi para perto de suas coisas. Não havia mais motivo de ficar ali.

– Então você ia ajudar ele com a matéria também - Jules falou - Uau, não sabia que você fosse tão inteligente.

– Bom, eu também estou surpreso. Não achei que você capaz de ajudar alguém. Achei que você só conseguia destruí-las. - Colin se virou e viu que suas palavras o atingiram como ácido.

– Cale a boca.

– Ué, você começou. Será que você se sente culpado?

Jules o pegou pelo colarinho. Os dois tinham a mesma altura e o mesmo olhar; não era mais possível segurar a raiva que sentiam um do outro.

– Se você ousar fazer a mesma coisa que fez com o Alex, você vai se arrepender. - Colin praticamente cuspiu as palavras com desprezo.

– Eu nunca faria isso. - Jules disse .- Você é um babaca.

– Não fui eu que destruí uma...

– JÁ MANDEI VOCÊ PARAR DE FALAR DISSO!

Jules o socou. No segundo seguinte Colin revidou. Já passara o tempo que se deixava apanhar. Ambos caíram no chão, aos socos. Rolaram várias vezes, fazendo que suas costas batessem no chão áspero de madeira. Quando se separam, ambos possuíam alguns cortes na boca e o rosto de ambos estavam doloridos. Arfavam.

– Você é um fraco. Fala de mim, mas não fez nada para protege-la, seu hipócrita medroso.

Colin não respondeu, apenas se lançou na direção do moreno que estava encostado em uma das mesas. O estrondo foi alto, mas ambos estavam muito ocupados se socando para perceber algo.

Pessoas corriam do lado de fora, fazendo Piper se pergunta o porquê. O dia estava suficientemente frio para que ela quisesse ir embora, e ela amava treinar. Balançou a cabeça e se concentrou na cesta e lançou.

Piper ali na frente fez sinal de positivo: Uma cesta perfeita. A loira era a gerente dos times feminino e masculino de basquete. Era admirada por seu excelente trabalho.

– Alice! - Um garoto qualquer a chamou na porta. Alice largou a bola e se aproximou do menino; Piper veio logo atrás.

– Tem dois garotos brigando na sua sala. Parece que estão destruindo tudo.

Alice cerrou os olhos.

– Idai? Eles que se entendam.

Não se importava com dois garotos brigões se batendo. Se tivesse deixado seu material lá seria outra história, mas tinha o costume de deixar no vestiário. Ela se virou para voltar para a quadra, mas o garoto a segurou.

– Mas eles são os garotos com quem você sempre anda. Um moreno e um loiro.

A preocupação a atingiu com força. "Briga. Moreno. Alex." Ela saiu correndo com Piper em seu encalço.

No corredor, uma pequena plateia havia se formado. Se revezavam para olhar por uma fresta da porta, ninguém se atrevia a entrar lá dentro e separa-los. Alice empurrou todos e escancarou a porta. Seus olhos não demoraram a entender o que via: O moreno era Jules, não Alex, e no momento ambos haviam machucados no rosto. Várias mesas e cadeiras estavam no chão.

– O que diabos vocês pensam que estão fazendo?

Os dois se viraram para ela e se afastaram.

– Colin! - Piper foi em direção do garoto para auxilia-lo. Alice fez o oposto e foi para o lado de Jules. Ele estava acabado: Roupas amassadas, cabelos despenteados, o lábio inferior cortado e vários arranhões no braço. Colin não estava melhor que isso. A garota suspirou.

– É melhor sairmos daqui antes que algum inspetor venha. Vocês já chamaram atenção demais.

Silêncio. Nenhum deles respondeu algo.

A sala branca que era a enfermaria incomodava Alice. Claro demais e sempre parecia estar abafado ali dentro. Guiou Jules até uma das camas e o fez se sentar. Colin preferiu ir embora com Piper; sua casa era perto.

A baixinha pegou a caixa de primeiros-socorros em um dos armários, visto que a enfermeira foi almoçar e não voltou mais. O moreno permanecia calado e não teve nenhuma reação enquanto Alice limpava os cortes.

– Vocês são idiotas. E se algum professor tivesse visto? - era um sermão, apesar de pronunciar as palavras de forma delicada.- Aposto que nem tiveram um bom motivo.

– Liz, se você quer saber, apenas pergunte.

– E você me responderia? - Jules assentiu hesitante com a cabeça.

Ele respirou fundo enquanto a garota se levantava da onde estava de joelhos para sentar-se ao seu lado.

– Você promete que vai me ouvir sem me interromper até eu terminar?

– Tudo bem. Eu prometo. - e ele contou.

***

Colin estava distante. Piper tentara puxar assunto, perguntar o que aconteceu, mas nada tinha resposta. Chegaram em sua casa e entraram em silencio na casa vazia. Foram até banheiro, que era um pouco apertado para os dois, e Colin mostrou onde ficava as coisas necessárias para fazer a cara dele parecer melhor.

Piper fez ele se sentar na pia e começou a cuidar dele. Quando estava pondo um curativo sobre o feio hematoma de sua bochecha, ele olhou para ela, como se quisesse perguntar algo.

– Fala- ela disse terminando de colar o curativo. Colin coçou os cabelos antes de falar qualquer coisa. Parecia constrangido.

– Como você sabe que gosta de alguém?

Piper levantou a sobrancelha.

– Foi por isso que vocês brigaram?

– Não. Não tem nada a ver. Só me responde.

Ela pensou por um momento.

– Acho que o primeiro sintoma é pensar constantemente na pessoa.

– E o que mais?

– Você começa a falar bastante dela e querer protege-la de tudo.

– Ah- ele respondeu. Seu rosto estava vermelho e não conseguia olhar diretamente para a garota. Piper segurou o rosto dele entre as mãos, assim evitando que desviasse o olhar.

– Você se sente assim por alguém?- indagou. Havia um brilho diferente em seu olhar.

O rosto dela estava próximo o suficiente para Colin notar coisas que nunca havia percebido: as pequenas sardas salpicadas em seu nariz, a pequena cicatriz que tinha no topo da testa... Ela sempre tivera esse olhos azuis?


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Notas finais do capítulo

O QUE ACHARAM? Tretas



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