When the Snow Starts to Fall escrita por TsunChan


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

DEMOREI MAIS QUE O ESPERADO. Mudei tudo que estava planejando fazer e deu nisso. Desculpem mesmo :v
Mas, tenho que dizer, amei escrever esse capítulo, porque uma parte foi baseada numa situação real que aconteceu comigo e... Bom, isso é história pra outra hora.
Aproveitem



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Colin e Alex respiravam pesadamente. O suor escorria por suas nucas devido ao calor que estava dentro do quarto, mas nenhum dos dois queria sair dali para abrir a janela.

– Alex.- Colin falou num sussurro e se o moreno não estivesse perto, não perceberia que saíra alguma coisa daqueles lábios rosados.

– Hm - Alex respondeu, um pouco distraído devido a situação que ambos se encontravam.

– V-você tem certeza que é uma boa ideia fazer isso?

Alex o olhou nos olhos e apesar de suas mãos tremerem, acenou com a cabeça.

– Claro.

– Mas e se der errado? Eu posso acabar...

– Eu confio em você

Colin engoliu em seco. Estava nervoso e em seu estomago parecia revirar. As palmas da mão estavam tão suadas quanto sua nuca e o ar parecia pesar em seu pulmão.Alex mordeu o lábio inferior. Será era a escolha certa fazer isso? Tudo podia dar errado e...

A tensão estava tão densa que daqui a pouco seria possível para ambos tocarem-na. Respirando fundo, Colin movimentou seus dedos de forma rápida e um pouco hesitante, sendo cuidadoso nos lugares que tocava. Alex também começou a mover suas mãos, olhando concentrado para o que estava a sua frente. Engoliu a seco, grunhindo baixinho. Continuaram com isso, em silêncio, por mais alguns minutos até que uma melodia, uma parecida com um sinal de colégio, soou.

A primeira noite de Five Nights At Freddy's havia acabado.

– Argh, não imaginava que um jogo pudesse ser tão tenso.

Alex não respondeu. Estava concentrado em tentar passar dos Estaladores de uma fase do The Last of Us. Colin observou por uns instantes.

– Acho que seria mais fácil se você for pela direita.

– Certeza?

– Sim. Eu também fiquei empacado nesse ponto; pela direita há mais chances de conseguir.

O moreno assentiu e movimentou o botão analógico do controle. Colin se levantou e abriu uma fresta da janela - estava um forno naquele cômodo - e voltou a se sentar. Estavam em na sala de "estudos" de Colin, apesar de não haver nada didático ali. Havia vários consoles - um Wii, 2 Playstations e um Xbox–, alguns acessórios e uma pilha jogos que havia ganhado, a maior parte escondido sob o armário de madeira embaixo da televisão. Quando chegaram, Alex surtou e deu um sermão no loiro por todos eles estarem cheios de pó. Ele justificara dizendo nunca fora muito viciado nessas coisas, diferente do pai que trabalhava com isso.

Alex finalmente havia conseguido passar daquele corredor quando o outro apertou para jogar a segunda noite. O moreno sorriu irônico.

– Isso vai ser engraçado.

Colin engoliu a seco e secou o suor das mãos. Sentia o olhar de Alex seguindo seus movimentos por cima do seu ombro esquerdo, com sua respiração suave soprando de leve em sua nuca. A situação não estava o ajudando a relaxar.

"Ele é péssimo." Pensou Alex. "Não tem estratégia nenhuma e gasta bateria sem necessidade". Eram 2 da manhã e restavam apenas 27% de bateria. Isso não era bom.

– Sempre teve essa plaquinha aqui?

– O que? – Alex, que tinha voltado a jogar, pausou o jogo.

– Essa aqui.

Alex olhou para onde o loiro apontava e mordeu o lábio. "Isso não é bom" pensou e olhou para o garoto, que esperava uma resposta. "Mas será engraçado."

– Acho que sim. Continua.

Colin assentiu e pareceu aliviado; o coração de Alex pesou. Tentava justificar para si mesmo que mesmo avisando, iria ocorrer de qualquer maneira. O loiro continuou observando as câmeras enquanto o outro prendia a respiração. A qualquer momento...

– O que...

Na tela, aparecia os pedaços de um urso dourado. Não demorou para o bicho - Gold Freddy, era como chamavam - desse um grito grotesco e seu rosto aparecesse na tela. Colin deu um grito e pulou para trás, batendo com o ombro no nariz de Alex, que ria.

– Ai

– Desculp... ESPERA, DESCULPA NADA. - o olhar do garoto estava carregado de indignação - Você não me avisou.

– Não ia adiantar nada. Quando ele aparece...

– Mesmo assim, você devia ter avisado.

Ele fez um biquinho quase infantil. No fundo, Alex não conseguiu evitar de pensar em como era adorável.

Um ruído tocou, e a tela do celular de Alex acendeu. A palavra MARK anunciava que seu irmão estava o ligando. Atendeu. Em poucas palavras de forma preguiçosa, seu irmão o chamou de volta para casa. Sua mãe estava uma fera porque, de acordo com o mais velho, ela havia descoberto algo sobre o Alex e o tempo havia fechado para ele. Suspirou e desligou.

– Preciso ir.

Colin franziu a testa e pareceu querer dizer algo. No fim, relaxou a expressão e sorriu.

– Tudo bem. Espero que você tenha se divertido.

– Quem não se divertiria vendo sua cara de susto?

Acenou e andou pela rua, quase deserta por causa da hora, em direção a estação. Seus pensamentos voaram em direção a mãe: o que poderia ter descoberto?

Infelizmente, ele ficou sabendo assim que abriu a porta da frente. A mulher estava parada no hall de entrada, com sua calça de pijama e seus cabelos escuros presos desajeitadamente. Seus olhos verdes pareciam cansados - não era fácil criar duas crianças sozinha - e lançavam lhe um olhar duro, em sua mão pendia um papel que Alex reconheceria a metros de distância: seu boletim.

– Alexander, quando você planejava me mostrar isso?

– Isso? Do que se trata? - Alex falou com a voz de surpresa mais fajuta possível.

– Muito engraçado. Se não sabe o que é, por que estava escondido entre os livros do seu irmão?

Alex mordeu o lábio. "Droga. Mais um esconderijo descoberto. Estou ficando sem opções."

– E então? -

Sua mãe levantou uma sobrancelha. Não conseguiria escapar do sermão. Deve ser por isso que abriu a boca teatralmente em surpresa, não esquecendo de pôr a mão sobre o peito representando sua completa indignação por ser alvo de suspeita.

– Você acha que eu escondi? Claro que não...- a mulher estreitou o olhar e cruzou os braços. Sinais claros que sua paciência estava se esgotando - Ok, acho que a hora de te contar. Essa casa é mal-assombrada e estamos passando por um fenômeno chamado Poltergeist e....

Não conseguiu concluir, pois sua mãe o puxaou a orelha em direção a seu quarto. Uma veia pulsava em sua testa.

– Sempre soube que você não é um gênio. Até cheguei a pensar que era um pouco retardado, mas você sempre recuperava as notas no último segundo. Isso aqui já é demais. Nenhuma nota acima de 7? O que você faz na escola, Alexander?

"Paquero garotos bonitos" Era o que queria responder, mas se calou. Não era bom provocá-la mais ainda. Abaixou a cabeça e fitou os pés. Nunca fora bom em nada, apenas em artes. O único problema era que no ensino médio, você estudava a história da arte e não o desenho em si.

– Alexander, olhe para mim. - o moreno forçou-se a levantar o olhar e encontrar os olhos verdes-claros da mãe, que seu irmão havia puxado. Não tivera a mesma sorte.

– Suas notas estão péssimas. Eu conversei por telefone com seu pai - ela fez uma careta ao pronunciar. Não suportava falar do homem que a "abandonara" e que muitas vezes se esquecia da pensão - e nós concordamos que você não melhorar, irá morar com ele.

Alex abriu a boca, realmente surpreso dessa vez. Morar com o pai? Qual o proposito disso? Não suportava a madrasta mandona e nem o homem que os abandonara. Sua mãe pareceu ler a pergunta em seus olhos e suspirou.

– Na cidade em que seu pai mora há diversas escolas suplementares acessíveis à nossa renda. Você vai poder superar as suas dificuldades.

– Mas eu não quero morar com ele e com aquela vaca - notou o olhar de repreensão da sua mãe e se corrigiu - digo, madrasta feia e chata.

Sua mãe suspirou novamente e passou a mão nos cabelos escuros do menino, que já estava mais alto que ela. Era óbvio que não queria que ele fosse. O pai de Alex não sabia quase nada sobre o filho mais novo e nem se importava muito com isso, ela temia que o garoto fosse negligenciado. A cidade era muito maior e muito mais perigosa, e se algo acontecesse ao filho? Ela sempre se culparia. Mas necessitava que o filho fosse bem na escola; queria vê-lo trilhar um caminho brilhante no futuro, sem nunca ter que passar dificuldade e por isso...

– É algo necessário - falou duramente. - Se não quer ir, é melhor tirar todas as notas acima de 8 nas próximas provas.

Não havia como contestar a decisão de sua mãe; seus olhos verdes não lhe davam uma abertura para discussão. Alex queria, mais que tudo, orgulhar sua mãe e não fazê-la sofrer ainda mais. Assim que a mulher saiu, sentou-se na cama e sentiu as lágrimas borrarem sua visão. Segurou o choro. Não era hora para isso.

....

O dia seguinte amanheceu com um sol lindo, mas o vento era de congelar os ossos. Alex colocou um gorro velho que achou no armário e um cachecol azul escuro. Apesar de ter dito para não chorar, acordara várias vezes durante a noite com os olhos molhados devido pesadelos com sua mãe, com Jules, Alice e Colin. Isso o fizera tomar uma decisão: Iria estudar o máximo possível para evitar se mudar.

Caminhou pelo caminho, se perguntando onde estava Alice. Seu celular vibrou; era a própria mandando uma mensagem:

Muita cólica. Não espere me ver saindo da cama hoje.

– Justo hoje? - se perguntou Alex.

Sua necessidade de desabafar era esmagadora. Chutou uma árvore de frustação, se arrependendo logo depois.

– Não machuque árvores inocentes. O que ela fez para você? -Alex nem olhou para trás para reconhecer a pessoa que falara com ele.

– Por favor Jules, doeu mais em mim do que nela.

Jules parecia ainda mais deslumbrante de cachecol. Estava com um verde escuro, que parecia destacar seus olhos acinzentados ainda mais e suas bochechas coradas devido ao frio davam a ele um aspecto inocente. Alex perdeu o folego.

– Mas o que lhe aflige tanto, pobre amigo, a ponto de agredir uma planta?

Apoiou o braço nos ombros do garoto de modo casual. O moreno olhou para a paisagem afim de esconder as bochechas vermelhas, que nada tinham a ver com o vento frio.

– Muitas coisas. Você quer mesmo saber? - Jules assentiu, fazendo seus cachos balançarem suavemente. Então Alex falou.

As palavras jorraram. Ele falou tudo o que sentia em relação aos pais, aos estudos, a possibilidade de se mudar, todos os medos que sentia. Se sentiu mais leve, mas com medo de algo que nem sabia o que era. Respirou fundo.

– Eu te ajudo. - disse Jules após ouvir o discurso do outro. - Claro, não sou nenhum aluno de ouro, mas minhas notas são boas. Boas até demais ara um 'bad boy'*

Ele riu e o coração de Alex derreteu em agradecimento. Era bom saber que podia contar com Jules.

_____****____

O dia fora um inferno: os professores resolveram passar toda a matéria possível e no intervalo do almoço suas mãos estavam em carne viva de tanto escrever. Também não conseguira falar com Colin, já que toda a oportunidade que surgia era arruinada de alguma maneira.

[Tentativa 1] Intervalo entre a primeira e a segunda aula:

Alex se levantou. Iria falar com Colin sobre o jogo de ontem, duvidava que ele tivesse continuado. Também aproveitaria a oportunidade para encher um pouco ele, se fosse o caso.

– Ei, Col...

– Colin, você pode vir aqui um instante? - falou uma garota que sentava na diagonal do loiro. - Estava pensando em fazer uma festa e...

A garota começou a tagarelar. Não havia como interrompe-la sem parecer grosso ou mal-educado. Se virou e voltou para o lugar.

[Tentativa 2] Intervalo antes da aula de Ed. Física

Alex terminara de trocar de roupa para a aula que logo começaria. "Bom, essa a minha chance, vou falar com ele"

Foi até o outro e o chamou.

– Colin, finalmente...

– Colin - chamou um garoto, do lado de fora da sala - , o professor pediu que ajudasse a carregar as coisas para a aula.

– Tudo bem. - falou o loiro. - Nos falamos depois, Alex.

O depois não aconteceu. As interrupções se repetiram várias vezes, até que Alex desistiu.

– Ah... - suspirou o garoto, com o rosto deitado na gelada carteira.

– Ainda está chateado? - perguntou Jules. Sua expressão era de preocupação.

– Não estou exatamente chateado.... Acho que incomodado seria a palavra.- Alex deu de ombros.

– Hum - respondeu o outro pensativo. - Você quer começar hoje?

– Começar o que?

– As aulas...

Alex se levantou de supetão. Como poderia ter esquecido?

– Claro. Se estiver bom para você...

– Tudo bem. - disse Jules e deu um daqueles sorrisos de fazer o coração de Alex bater mais forte.

Depois da aula, não sobrou quase ninguém na escola. E na sala de Aula estava Alex olhando para seu caderno, tão concentrado que parecia estar fazendo progresso, mas...

–URGH, EU NÃO ENTENDO NADA.

Jules teve que levar uns papéis para a professora e logo estaria ali. O que iria fazer? Alex havia o contado de sua dificuldade, mesmo assim o moreno não queria se mostrar um completo inútil. Suspirou e passou a mão no rosto, enquanto examinava a questão:

Um móvel a 15m/s passa pela posição 10 m no instante 0. Em que instante passará pela posição 70m?

Fez o cálculo que tinha visto páginas antes. E conseguiu chegar a algo que parecia possível.

– AHHH, EU SABIA, EU CONSIGO! -Então olhou para as alternativas. E nenhuma delas era o resultado que chegara. Sua animação derreteu como um sorvete de casquinha em um dia quente.

Quando Jules chegou, Alex estava com o livro no rosto, dormindo. O garoto sorriu e balançou os cachos, enquanto tocava no ombro do outro.

– Alex.

– Hum, que? A resposta é 42** - falou, ainda meio sonolento.

Jules riu.

– Claro. Vamos começar.

****____****

Fora uma péssima ideia. Péssima ideia. Era o que ecoava na mente de Alex. Se soubesse o que aconteceria, nunca teria concordado.

Jules estava sentado do seu lado, montando equações, mostrando fórmulas e explicando direitinho, melhor até de que muitos professores. O único problema era que estava perto demais. Seu braço estava apoiado no encosto da cadeira de Alex, seus joelhos se encostavam e o hálito fresco soprava em seu ouvido quando o outro falara. Alex estava a ponto de morrer do coração.

– E você aplica essa fórmula nessa equação. Entendeu?

Alex assentiu, apesar de não ter ouvido quase nada. As batidas do seu coração estavam tão fortes que era impossível escutar algo.

– Bom, tenta resolver essa sozinho que eu vou corrigir depois.

Jules e sorriu, se levantando para esticar as pernas um pouco.

"Bom, agora fudeu." Pensou Alex. Tentou seguir o modelo que Jules tinha rascunhado antes em seu caderno, mas se perdeu nas contas. Droga.

Um perfume familiar o envolveu. Era algo que estava acontecendo bastante recentemente. Jules apoiou seu braço do lado esquerdo da mesa de Alex, de forma que seus braços o envolviam, apesar de ainda estar de pé. Seu rosto se aproximou do outro e teriam se encostado, se Alex, por reflexo, não tivesse se afastado um pouco.

Na verdade, pouca diferença fez, já que Jules parecia mais interessado na conta estranha que o outro estava fazendo.

– Você estava indo bem até aqui, mas não trocou os sinais e...

Continuou a explicação. Infelizmente, Alex não conseguira ouvir nada, apesar do estranho sorriso que brotava em seus lábios.

.....***.....****....***

– Ah - suspirou enquanto se jogava na cama, com os cabelos ainda molhados. Alex não só conseguira sobreviver à sessão de estudos, como também aprendera uma ou duas coisas de física. Ou seria matemática?

– Bom, não importa. - falou baixinho e fechou os olhos por um momento. Será que se fosse bem nas provas Jules o abraçaria, feliz por terem conseguido?

O rosto do moreno esquentou, só em imaginar como seria ser abraçado por ele novamente, seus braços fortes ao redor de sua cintura, seu perfume...

Um ruído o tirou de seus devaneios. Era uma mensagem que chegara em seu celular.

– Alice?

Se enganara. O remetente era Piper, o que o deixou um pouco surpreso.

Seu amigo é realmente legal. Colin, não é? Estamos no mesmo clube.

Ele não parava de falar de você, que fofo. Além do mais, ele é bem bonito e cozinha bem.

Você sabe se ele tem namorada?

Uma foto dos dois cozinhando estava anexada. Ambos faziam parte de clube de economia domestica

Alex sorriu ao ler "Ele não parava de falar de você". Realmente fofo. Mas por algum motivo, a pergunta final o incomodara um pouco. O que Piper queria com Colin?

Balançou a cabeça e respondeu a garota brevemente, dizendo que iria perguntar amanhã. Desligou as luzes, apesar de não ter conseguido dormir imediatamente.


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Notas finais do capítulo

*Rola um boato na escola deles que Jules era um bad boy malvado e destruidor de corações, mas que por causa de uma garota mudou completamente. Um rumor infundado... Ou talvez não?

**42 é a resposta pra a pergunta que fazem no livro O Guia do Mochileiros das Galáxias.

EMFIM, gostaram? Mereço comentarios purpurinados e com muito amor? E eu prometo que a treta está próxima.
Beijos



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