Obsession escrita por Cris Turner


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

"We made a promise and we´ll keep it. Our Dirty Little Secret" (8)



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Capítulo 9

"Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal." (Oscar Wilde)

Eu soube que estava em apuros assim que a frase saiu da boca dele. Aliás, quem é que não sabe que arrumou problemas ao ouvir essa frase? "Precisamos conversar" é eufemismo para "você fez algo errado e estou bravo com isso."

- Podemos sentar aqui fora? – ele fez um gesto com a mão, indicando as cadeiras de madeira sobre o alpendre.

- Claro.

Ainda incerta sobre o motivo daquela situação, me afastei da porta e me acomodei em um dos móveis. Ele puxou outra cadeira e a posicionou de modo que ficasse de frente para mim, então se sentou.

Será que sua visita estava relacionada à minha ausência no jogo?

- E ai, demos uma surra neles? – brinquei, me referindo ao time adversário, tentando acabar com o clima pesado e constrangedor que se instalara.

Sua expressão se suavizou um pouco quando disse:

- Sem sombra de dúvida, minha cara. – fez um tom galanteador, então voltou a colocar a máscara de seriedade – Bella, nós precisamos conversar sobre o seu namoro. – o tom mudou ao dizer a última palavra, ficando ainda mais sério.

Engoli em seco.

- Meu namoro? O que você quer conversar sobre o meu namoro, Jazz? – tentei soar menos amedrontada do que me sentia.

Eu não agüentaria a humilhação se Edward tivesse contado ao loiro sobre a farsa. Não agüentaria ter que escutar dele o que eu já sabia e que me recusava a compreender. Já era ruim o suficiente ter só minha consciência gritando comigo. Ouvir mesmo, sentir as palavras passando por meus ouvidos, vindas de outra pessoa, seria humilhante demais.

Isso, claro, sem contar que ele sabia como Edward realmente se sentia em relação a minha pessoa.

Dependendo da resposta do meu loiro favorito: na melhor das hipóteses, eu não teria mais coragem de encará-lo nos olhos; na pior, eu fugiria para o México e mudaria meu nome para Maria de La Esperanza - tamanha a vergonha sentida.

- Bem... você não acha tudo meio estranho?

- Estranho?

- É. Você sabe... – tentou encontrar as palavras – Vocês não agem como um casal normal...

O.k. Talvez nós não fossemos os melhores atores do mundo - principalmente com um papel complicado como um casal de adolescentes – mas eu considerava nosso trabalho razoavelmente bom para convencer as pessoas ao redor. Então, Jasper só não era enganado devido aquele dia em que Edward desabafou com ele.

- Eu não estou entendo nada, Jasper.

- Eu não sei, Bella. Vocês só não são como Alice e eu ou Rose e Emmett.

Seus olhos azuis brilharam de maneira estranha e eu soube que não era isso que ele queria dizer. Percebi então que Jasper não dizia o que queria porque assim ele teria que admitir que sabia demais.

- Somos diferentes. Isso não significa que não somos um casal. – dei de ombros.

Por enquanto estava tudo sendo bem melhor do que eu imaginava. Ao que parece, o loiro não sabia do nosso pequeno segredo sujo¹.

Ele olhou para o lado, em um típico gesto de quem tenta controlar o temperamento. Eu nunca pensei que viveria para ver Jasper Hale esse tipo de problema. Justo ele que sempre foi tão bom em controlar as próprias emoções e em "ler" as emoções dos outros.

Achei isso bem fofo. A preocupação comigo e/ou com Edward devia estar incomodando-o mesmo para fazê-lo perder o controle.

- Certo. Você tem razão. – concordou resignadamente.

Parou por um instante, como se estivesse criando coragem para o que faria a seguir. Coçou a nunca antes de recomeçar:

- Foi bem repentino esse namoro de vocês, não?

Apertei os braços da cadeira, tentando disfarçar minhas mãos trêmulas.

- Não foi tão repentino assim, Jazz. Como Edward disse, nós estávamos mantendo tudo em segredo para contar assim que a vovó Cullen chegasse.

- Ah! Sim. – me analisou atentamente. – Mas como vocês sabiam que ela estava vindo para Forks?

Mordi o lábio inferior, meu cérebro raciocinando freneticamente a procura de uma desculpa convincente.

- Esme comentou que era grande a possibilidade de ela vir visitá-los esse mês.

O.k. Essa parecia uma desculpa razoável. Contudo, o loiro não desistia. A determinação não sumia de seu rosto enquanto ele continuava o interrogatório, tentando me encurralar em algum lugar onde eu não teria opção senão admitir a verdade por trás de tudo.

"- Onde vocês se encontravam?"

"- Quando começou?"

"- Como começou?"

"-Alguém sabia sobre vocês?"

-"Quando Alice, eu e vocês dois fomos ao cinema, vocês já estavam juntos, então?"

Respondi tudo com evasivas, tentando não me contradizer.

- Vocês...

- Chega, Jasper! - explodi – Se você não acredita em mim por que continua perguntando?

Ele ficou boquiaberto e teve a decência de se mostrar um pouco envergonhado.

- Eu não disse que não acredito em você, Bella!

- Pois é o que parece!

- Desculpe. – esfregou as mãos pelo rosto.

Outro silêncio incômodo se instalou.

- Bella, você quer me contar alguma coisa? – grudou suas safiras perspicazes em meus olhos.

Seu tom havia mudado de inquisidor para preocupado, mesmo assim eu preferia o silêncio àquela pergunta.

Eu não gostava de mentir para todos que amo. E eu odiava mentir para Jasper. Ele sempre me deu os melhores conselhos nos momentos mais difíceis – e esses normalmente envolviam Edward e suas namoradas. E o pior de tudo era ter ciência de que nunca houve um momento em que eu precisasse tanto de um conselho como eu precisava agora.

Todavia eu gostava muito do meu nome e também não queria ter que aprender o hino do México.

Jasper Hale já sentia pena de mim por saber o quanto Edward me detestava. Eu não deixaria sua compaixão aumentar ainda mais por descobrir o quão pateticamente eu podia agir – apesar de ele já ter uma boa noção graças a minha perseguição ao seu melhor amigo ao longo dos anos.

- Não. – falei, forçando um sorriso. – Por quê?

- Você tem certeza? – ignorou minha pergunta.

Não.

- Sim.

Seus olhos faiscaram outra vez. Eles me diziam que sabiam que eu estava mentindo.

- Bella, você sabe que pode me contar qualquer coisa. – segurou uma de minhas mãos entre as dele – Eu sei guardar segredo.

Sorri fraco. Jasper era mais confiável que um padre ouvindo confissão. Ele jamais revelaria o que lhe fora confiado.

Senti-me tentada a jogar tudo para o alto e aliviar um pouco o peso em minhas costas dividindo minhas preocupações. Mas isso, além de humilhante, seria injusto com meu amigo loiro, pois ele também teria que começar a viver uma mentira participando da farsa que Edward e eu criamos.

- Eu sei. Não há nada errado. – me remexi incomodada na cadeira, desviando o olhar.

Ele soltou o ar pesadamente e provavelmente começaria outro discurso para arrancar a verdade se eu não o tivesse interrompido:

- Já que nós ganhamos o jogo, você não devia estar comemorando?

- Todos foram ao Rox's. Eu disse que tinha que fazer uma coisa antes de ir para lá também.

- Oh! Eu estou atrasando você!

- Claro que não, Bella. Deixe de bobeira. – soltou minhas mãos e olhou para o relógio de pulso. – Mas acho melhor eu ir embora antes que a sua melhor amiga coloque o exército atrás de mim. Eu disse que só demoraria alguns minutos e já faz quase uma hora que saí.

Levantou-se e eu repeti o gesto.

- Obrigada por ter vindo, Jazz. Você é um ótimo amigo.

- Sempre que precisar, Bella, eu vou estar aqui. – sorriu. – Vamos comigo ao Rox's?

- Deixa para a próxima vitória. Eu ainda estou com dor de cabeça.

Arqueou a sobrancelha.

- Certo. – deu um beijo em minha bochecha – Tchau, Bella.

Observei ele descer os degraus do alpendre, seguindo até seu Jaguar preto. Jasper estava na metade do caminho quando se virou e disse com a voz triste:

- Não faz bem mentir para os amigos, Bella. Isso vai lhe deixar doente aos poucos.

Quando ele deu as costas novamente senti um frio subir por minha espinha, pois sabia que sua última frase nada tinha a ver com a inverdade sobre minha dor de cabeça.

xxx

- Swan, você não vai fazer nada? - sibilou do meu lado, olhando fixamente para frente.

Desviei os olhos do meu copo de suco a fim de seguir seu olhar.

- Eles só estão conversando, Alice. – falei de maneira monótona.

- Só conversando? Você ficou maluca? Todo mundo sabe que a Tanya morre pelo meu irmão! – explodiu, atraindo alguns olhares curiosos das outras mesas. – Você tem que ir lá cuidar do que é seu!

Revirei os olhos.

- Cofio em Edward.

- Também confio nele. Meu problema é a perua loira. – grunhiu.

Mordi um pedaço do sanduíche em minhas mãos, tentando me distrair, porém a comida parecia plástico descendo por minha garganta apertada para chegar até meu estômago pesado. Eu estava odiando vê-lo conversar animadamente com a líder de torcida.

Ele não conversava assim comigo...

O mostro do ciúme rugiu ainda mais alto em meu peito quando viu a mão dela pousar no ombro forte que supostamente e publicamente era meu. Eu queria ir lá e arrancar cada fio de cabelo loiro que aquela garota tinha na cabeça. Todavia, eu não tinha direito nenhum de fazer isso. Nós não tínhamos um relacionamento amoroso de verdade. Não ter direito não significava que não machucava vê-lo feliz ao lado dela.

Alice continuava resmungando ao meu lado, mas eu não ouvia o que era dito, pois agora Tanya tinha colocado as duas mãos sobre os ombros dele.

Talvez mergulhar a cabeça dela em óleo fervente seria uma boa opção depois de deixá-la careca e...

- Isabella Marie Swan vá tirar aquela vadia de cima do seu namorado agora! – a baixinha sussurrou friamente e de modo tão assustador que todos nós viramos para encará-la.

Rose e Emmett pareciam atônitos demais para se pronunciarem.

- Amor, nós já combinamos. Nada de se intrometer no relacionamento dos seus irmãos. – Jasper tentou acalmá-la.

Mentalmente agradeci Jasper. Já fazia mais de uma semana que nós tivemos aquela complicada conversa na porta da minha casa, então, aos poucos, o clima entre nós estava ficando cada vez menos constrangedor e estranho. Eu estava voltando a sentir aquela paz que sempre sentia quando estava perto dele.

- Eu sei, amor. Só que isso – apontou para onde o jogador e a líder de torcida estava – já é demais.

- Alice, por favor...

- Deixa, Jasper. De qualquer jeito, eu tenho que falar com meu namorado mesmo. – falei, levantando – Com licença.

Eu não tinha um assunto especifico para tratar com Edward, mas qualquer coisa seria melhor do que ficar ouvindo os surtos psicóticos da Alice. Impressionante como ela detestava a capitã das líderes de torcida. Tudo bem que Denali jogou charme sobre o Hale mais novo antes de mirar o Cullen, mas o loiro nunca deu atenção para ela.

Eu sim tinha todos os motivos para odiá-la. Ela olha para o meu "namorado" como se ele fosse a última bolacha do pacote... E para a sociedade, ele era a minha última bolacha do pacote.

Vadia.

Enquanto caminhava, os barulhos ao redor foram parando. Todos estavam prestando atenção no que eu faria a seguir.

Ótimo.

Outra platéia para agradar.

Passei o braço pela cintura dele quando os alcancei.

- Oi, amor.

Tanya me lançou um olhar mortal, seu sorriso sumiu, então, lentamente retirou as mãos dos ombros de Edward.

- Denali. – falei em um tom debochado.

- Swan.

Edward parecia perdido, sem palavras.

- Eu não quero interromper – ironizei – mas precisar conversar com o meu – frisei – namorado. Você nos dá licença?

Observei seu rosto ficar vermelho de raiva, porém, no momento, ela não podia dizer "vá para o inferno". Não ali. Não na frente de tanta gente. Tanya tinha uma falsa reputação de educada pela qual zelar.

- É claro, querida. – seus lábios se repuxaram em um careta que provavelmente tivera a intenção de ser um sorriso.

- Tchauzinho. – falei, puxando Edward pela mão em direção a saída do refeitório.

Quando julguei já estar longe de qualquer ouvido curioso, parei de andar e me posicionei em sua frente.

- Desculpe por aquilo lá dentro. – movimentei a cabeça, indicando o prédio – Alice não me deixou em paz enquanto eu não fiz uma cena de ciúmes.

Ele pareceu murchar um pouco. Franzi o cenho. Talvez estivesse decepcionado por eu tê-lo tirado de perto daquela coisinha loira.

Senti um gosto amargo na boca.

- Tudo bem. Não tem problema.

Agora era a hora em que cada um tomava seu caminho. Contudo, havia algo engasgado.

- Por que você não pediu a Denali para ajudá-lo com essa estória de namoro? Seria bem melhor, não? Você capitão do time de basquete e ela capitã das líderes de torcida. O perfeito american dream¹.

Ele piscou, surpreso.

- Não sei... Foi você quem apareceu lá em casa aquele dia e...

- Então você a escolheria se tivesse tido a oportunidade? – bufei.

- O quê? Eu não disse nada disso!

- Certo. Você não disse, mas quis dizer. – cruzei os braços.

- Você está sendo insensata.

- Insensata? Por que eu estou sendo insensata? Por tentar encontrar a verdade?

- Verdade? Qual verdade? Você está distorcendo o que eu digo!

Agora nós estávamos tendo uma briga como um casal de verdade.

Estranho. Muito estranho.

- Quer saber? Esqueça! – gritei, dando-lhe as costas.

Não consegui andar nem meio metro quando uma mão forte segurou meu braço e me fez dar a volta.

- Bella, espere. – passou a mão livre pelos cabelos desgrenhados.

- Solte-me, por favor. – sacudi o braço.

Ele tirou a mão de mim, mas parecia pronto para me segurar novamente a qualquer sinal de fuga.

- O que você quer? – cruzei os braços, minha paciência no limite.

- Você entendeu tudo errado. Eu não quis dizer que a escolhi por falta de opção. Você não foi uma das opções, foi a única. Eu posso não ter pensado direito antes de dizer tudo aquilo aquela noite e acabar nos colocando nessa bagunça, mas se não fosse você naquela sala, eu nunca teria inventado esse namoro. – falou, sério – Nós podemos ter nossos desentendimentos, mas você é uma das pessoas em que eu mais confio.

Derreti. Como ele podia ser tão fofo em um momento desses?

- Sempre tão honesta e verdadeira. – seus olhos buscaram os meus – Agora que estamos passando mais tempo juntos, percebo que você sempre foi uma excelente amiga para todos que precisaram; e que você é uma ótima pessoa, Bella. Estou feliz por termos essa oportunidade de rever os velhos conceitos que tínhamos um do outro. Estou gostando de tê-la como amiga.

Amiga.

Essa palavra doía.

Ao menos subi de nível. De perseguidora à amiga – ironizei em pensamento.

Suspirei.

Meu comportamento foi bastante infantil. Eu já concordara com o namoro falso de que adiantava questionar os pormenores agora? De que adiantava questionar os motivos dele? Eu estava presa a Edward até Olivia Cullen voltar à Seattle. Nada mudaria isso.

Sacudi a cabeça.

- Desculpe. Eu ando meio emotiva esses dias.

- Tudo bem. – sorriu fraco – Acabo de me lembrar! – exclamou - Bella, sexta-feira haverá um coquetel em Port Angeles onde meu pai será homenageado. Você poderia me acompanhar? – falava rápido como se estivesse ansioso.

- Sexta-feira? Depois de amanhã?

- Sim.

- Claro.

Vi ele suspirar aliviado.

- Obrigado. – sorriu. – Eu preciso ir à biblioteca antes que a próxima aula comece. Quer ir junto?

- Não, obrigada. Eu preciso pegar umas coisas em meu armário.

- Até depois então. – abaixou a cabeça para me dar um beijo.

Por um milésimo de segundo achei que fosse ganhar um selinho.

Claro que não foi isso que aconteceu.

Seus lábios tocaram minha testa.

- Tchau, Bella. – falou, já se afastando.

Esfreguei as mãos pelo rosto.

Se eu não tomasse cuidado acabaria acreditando em minha própria mentira.

Outra vez.

xxx

O salão estava lindamente decorado em tons azuis com detalhes na cor prata. Porém eu era, provavelmente, a única pessoa que prestava atenção na decoração. Era como se todos os olhares estivessem sobre nossa mesa. E isso não se devia ao fato de o convidado de honra estar nela e sim por ele e sua família serem como são: absolutamente maravilhosos. Os homens Cullen e Jasper vestiam smoking preto – atraindo olhares de cobiça das mulheres presentes. Esme usava um vestido verde esmeralda – quase da mesma cor dos olhos de seu marido. Alice parecia uma fadinha dos desenhos da Barbie em seu vestido rosa; já Rose, com um vestido vermelho fogo, estava mais bonita que as modelos da Vogue. Olivia Cullen sustentava um ar régio ao seu redor, combinando perfeitamente com o vestido roxo que usava. Nenhum homem do recinto desgrudava a atenção da nossa mesa.

Eu me sentia um peixe fora d'água. Eles eram tão lindos que era como se eu estragasse a foto com as minhas feições comuns e minha pele pálida contrastando com o longo vestido azul que tinha escolhido.

Tentei não me sentir intimidada com toda atenção que acabava passando por mim e com os olhares de ódio que queimavam minha pele quando eu chegava perto do meu "namorado". Talvez se eu tentasse prestar atenção na conversa que se desenvolvia em nossa mesa, eu ficaria totalmente alienada a atenção recebida, pois era assim que os Cullen e Jasper estavam: totalmente avulsos ao resto do salão.

Concentrei-me a ponto de pegar Carslisle contando uma anedota sobre uma paciente que desconfiou tanto dos médicos durante o parto que chegou ao ponto de ameaçar ir embora e ter o filho na própria casa. A risada que nascia em minha garganta morreu antes mesmo de chegar até minha boca porque Edward escolheu aquele momento para passar o braço atrás do encosto da minha cadeira e deixar sua mão acariciar de leve meu ombro nu.

Perdi a linha de raciocínio. Minha mente se focou nos dedos que suavemente tocavam meu ombro. Seu toque era tão leve que ele parecia fazer isso inconscientemente. Fiquei sentada ali, apreciando o momento e me embriagando com o cheiro divino que ele emanava. Vez ou outra escutava meu nome, então eu balançava a cabeça e sorria, sem ter a menor idéia do que fora dito anteriormente ou o porquê de meu nome ter sido mencionado.

Pouco depois, uma música suave começou a tocar. Carlisle se levantou e, com uma mesura, convidou a mãe para dançar com ele. Todos nós sorrimos ao presenciar um gesto tão fofo.

- Convide Esme para dançar. – sussurrei para o meu acompanhante.

Ele me encarou, surpreso, depois um lindo sorriso apareceu.

- Ótima idéia, amor. – respondeu sem sussurrar.

Edward conduziu a sra. Cullen para a pista de dança no momento em que outra melodia lenta começou a soar. Meu sorriso se ampliou enquanto observava os dois se moverem como anjos.

- Com licença. – falei aos meus amigos – Quero ver uma coisa.

Caminhei a passos lentos pelo salão, sorrindo educadamente para algumas pessoas desconhecidas enquanto procurava pelo toalete a fim de retocar meu batom. Em meio a minha busca, encontrei uma mesa com algumas placas de prata por cima. Distrai-me lendo os nomes gravados nessas placas. Estava analisando uma que homenageava um Doutor Gray por sua ajuda a pesquisas sobre o câncer quando uma voz masculina interrompeu minha leitura:

- Tony Gray é meu pai.

Vir-me-ei encontrando um adolescente um pouco mais novo e mais baixo do que eu. Seus cabelos eram negros assim como seus olhos. Não respondi seu comentário porque julguei que resmungar "legal" seria indelicado, limitei-me então a sorrir.

- Sou Derrick Gray. – estendeu a mão.

- Isabella Swan. – apertei sua mão.

- Descendência italiana talvez?

- Talvez.

- Eu também tenho família na Itália.

Apesar da conversa inútil, ele parecia ser bem simpático.

- Com licença, Derrick, eu acho que está na hora de voltar para minha mesa. – me desculpei.

- Ah! É uma pena. Você me concederia uma dança antes de partir? – falou, triste.

Suas palavras me fizeram sentir na era medieval. Ele era tão fofo quanto um irmão mais novo, mas algo me dizia que ele estava flertando comigo. Isso nunca daria certo porque: a) eu estava ali com meu "namorado"; b) Derrick era ao menos dois anos mais novo do que eu e bem mais baixo, então as coisas seriam muito esquisitas; c) eu não estava nem um pouco interessada nele dessa maneira.

Engoli em seco sem saber ao certo como recusaria seu convite sem magoá-lo.

- Derrick, eu... – parei quando um braço circulou minha cintura.

- Amor, eu estive lhe procurando. Por onde você andou?

Fitei incrédula a face de Chace a poucos centímetros da minha.

O que estava acontecendo?

- Eu... eu...

Ele me lançou um olhar significativo, tentando me fazer compreender algo. Então em um estalo me lembrei de Gray e percebi que Chace estava tentando me ajudar.

- Eu sinto muito, amor. Já estava voltando à mesa. – falei, incerta.

- Olá. – ele encarou o garoto – Sou Chace Cullen. – estendeu a mão.

- Derrick Gray. – respondeu o cumprimento - Meu pai deve estar me procurando. Foi bom conhecer vocês. Tchau, Isabella – acenou, desapontado

- Tchau, Derrick. – falei, sentindo pena do pobre rapaz.

Quando o moreno já estava longe, vir-me-ei para meu salvador, sorrindo aliviada:

- Obrigada, Chace.

- Por nada. É um prazer resgatar a donzela indefesa.

- Donzela indefesa? – perguntei, chocada – Eu não estava indefesa! Eu só não queria magoar Derrick! Ele me convidou para dançar.

- Eu ouvi. Foi por isso que apareci para resgatá-la. – piscou o olho – Senão você traumatizaria a infância dele!

Gargalhei.

- Coitado. Ele nem é tão novo assim.

- Claro que não. – zombou – Eu até achei que você fosse comprar um chocolate para ele não chorar depois que você desse um fora nele.

- Você é muito bobo!

Ri mais ainda e ele me acompanhou.

- O que é tão engraçado? – uma voz fria cortou o clima divertido.

Edward estava parado a poucos metros de nós, parecendo um Deus grego furioso.

- Edward...

Comecei a falar, mas parei ao perceber que seus olhos não estavam em meu rosto. Segui seu olhar e percebi que a mão de seu primo ainda estava em minha cintura. Saí do abraço de Chace e segui até meu "namorado".

- Edward...

- Vamos conversar, Isabella.

Seu tom foi suave, mas eu sentia o aço por baixo da seda.

Ele estava furioso.

Segurando de maneira firme minha mão, porém sem machucar, Edward me puxou através do cômodo, passando pela saída para o estacionamento, o qual se encontrava vazio. Paramos perto de seu Volvo. Sua mão largou a minha quando, com os olhos ferozes e o tom perigosamente baixo, ele disse:

- O que você pensa que está fazendo flertando com meu primo?


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Notas finais do capítulo

Ah! Algumas pessoas acertaram e outras apostaram todas as fichas no Edward... mas não era o Edward na porta. :O adoro surpreender vcs *-*

Qnto ao capítulo de hoje: Por favor, sem ameaças a vida da autora devido ao final do capítulo. Obrigada. UHAUHAUAHUAHUHAUAHUAHUAHAUHA Eu ñ gostei do capítulo de hj, mas espero q vcs tenham gostado.

Eu tenho qse certeza q não escreverei um capítulo POV do Edward. Isso acabaria com a graça :( Mas quem sabe...

Por favor, não me abandonem *-*

Beijoos e até o próximo capítulo ;*

Obs: ¹american dream é o "sonho americano". Na verdade é o sonho "norte-americano" que é típico em filmes clichês dos EUA. Têm vários. A mocinha bolsista em escola de ricos q se apaixona pelo popular; a nerd que se apaixona pelo popular... Sabe? Nesse caso a Bella se referiu ao clichê em que a líder de torcida fica com o bonitão do futebol americano – no caso, basquete.