Obsession escrita por Cris Turner


Capítulo 15
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a DeniseBelle26. Muito obrigada pelos reviews maravilhosos e pela bela indicação sz



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60893/chapter/15

"Dizem que algumas vidas são ligadas ao longo do tempo. Um chamado antigo que ecoa através das eras... Destino"

(Frase inicial do filme O Príncipe da Pérsia)

Epílogo

Observei ao longe o menininho de cabelos acobreados se inclinar e entregar uma flor a menininha que, sentada no chão, chorava copiosamente. A garotinha parou de chorar na hora, o olhar que lançava a ele era uma mistura de surpresa e fascinação.

– Agora ela vai amá-lo para sempre. – ouvi uma voz feminina comentar ao meu lado.

– É claro que vai. – respondia sem tirar os olhos das duas crianças.

– Bella, acredito que seja melhor nós irmos agora porque você sabe como a mamãe fica quando atrasamos. Vou chamar Laura enquanto você encontra o seu filho.

– Sim, senhora, General Hale. – levantei e, de brincadeira, bati continência antes de ir buscar o meu filhote.

Quando cheguei mais perto dos dois, pude ouvir um pedaço da fala do meu filho:

– Papai sempre leva flores para minha mãe. Ela fica sorrindo o dia inteiro.

Meus olhos se encheram d'água. Será que até mesmo nas palavras Anthony tinha que ser a cópia do pai? Porque, fisicamente, não seria possível distinguir meu filho das fotos de infância do meu marido. Tinha certeza de que, a cada dia que passasse, ele ficaria ainda mais parecido com Edward. Assim como Tiago havia ficado e estava ficando. Eu brincava com meu amor dizendo que, se eu mesma não tivesse presente na hora do parto, duvidaria que eles fossem meus filhos, pois não havia nada meu ali. Talvez um pouco da personalidade, mas, na parte física, eles eram puramente Edward.

Depois de controlar a respiração e ter certeza de que nenhuma lágrima cairia, abaixei ao lado dos dois.

– Anthony, querido, quem é sua amiga? – sorri para a garotinha de cabelos e olhos negros.

– Mamãe, essa é Sofia. – meu garotinho apontou para ela.

– Prazer, Sofia, sou Isabella Cullen. – entendi a mão.

Ela olhou de maneira hesitante de minha mão para o meu rosto e então para o rosto de Anthony. Ele lhe lançou um sorriso encorajador, então, e só então, ela respirou fundo e apertou de leve a minha mão.

– Prazer, senhora Cullen, sou Sofia Bass. – imitou meu cumprimento.

Sorri por seu gesto fofo e ela abriu um sorriso tímido também.

– Sofia?

Ouvi uma voz perguntar do alto e levantei a cabeça, encontrando uma elegante mulher de cabelos pretos.

– Mamãe! Esse é o Anthony! – a pequena moça foi para o lado dele e segurou em sua mão.

– Olá, senhora Bass. – meu filho estava extremamente corado, mas continuava sendo um cavalheiro como nós havíamos ensinado.

– Olá, Anthony. – ela sorriu.

Levantei-me e estava prestes a me apresentar quando fui interrompida:

– E essa é a senhora Cullen. Ela é minha sobra.

Nós duas olhamos para a mais nova com as sobrancelhas arqueadas.

– "Sobra', querida?

– É, mamãe. Você sabe. Igual a vovó Bass é para a senhora. Já que o papai é seu namorado, a mãe dele é a sua sobra. A senhora Cullen é minha sobra porque o Anthony é meu namorado.

Coloquei a mão na boca para conter uma gargalhada. Tinha coisa mais fofa do que isso?

– Prazer, sou Blair Bass. – estendeu a mão, e, pelo formato de seu sorriso, pude perceber que ela também estava segurando o riso.

– Isabella Cullen. – apertei sua mão.

– Querida, fico muito feliz que você tenha arrumado um amiguinho, mas papai está nos esperando para ir embora. – olhou novamente para filha.

– Amiguinho, não, mamãe. Namorado! – corrigiu, impaciente.

– Certo. Só não deixe seu pai ouvir isso.

– Como assim?

– Nada, Sofia. – cortou o assunto - Despeça-se dos Cullen.

– Tchau, Anthony. – deu um beijo na bochecha dele, deixando-o completamente vermelho – Tchau, senhora Cullen. – acenou para mim.

Retribui o aceno.

– Foi um prazer. – sorri para ela e para a mãe dela.

Ambas retribuíram o gesto.

– Tchau, Sofia. Senhora Bass.

Elas sorriram mais uma vez antes de virar as costas e sair andando em direção a um belo carro importado.

– Vamos, meu amor, tia Ali e Laura estão esperando por nós. Vamos almoçar na casa da vovó Esme e ainda temos que buscar seu pai. – estendi a mão para ele.

– Vamos, mamãe.

E, de mãos-dadas, seguimos até minha cunhada e minha sobrinha e, de lá, para fora do parque.

Dirigi até o clínica e, ao estacionar, saltamos para fora do veículo. Segurando firmemente meu filhote pela mão, dirigi até a recepção. Alice tinha acabado de falar com o marido pelo celular e, sabendo que ele não estava em uma consulta, foi direto para o consultório dele.

– Hey, Judy! – cumprimentei a recepcionista.

– Bom dia, juíza Cullen. – a velha senhora cumprimentou de volta. – Bom dia, Anthony.

– Oi, Judy. Meu pai está ocupado?

– Não, querido. Pode entrar lá.

Anthony não esperou um segundo convite e abriu a porta que continha a placa "Edward Cullen, neurocirurgião", correndo para dentro da sala.

Meneei a cabeça.

– Judy, Judy, já deixei de ser juíza faz um tempo. – sorri - E já disse para chamar-me de Bella.

– Mas foi a melhor juíza que tivemos.

– Obrigada. Acho que vou encontrar o meu homem agora. – pisquei um olho – Até depois, Judy.

– Até depois, juíza Cullen.

Sacudi a cabeça, rindo. A mulher nunca iria mudar. Ela sorriu de volta, mas fomos interrompidas pelo som do telefone. Judy acenou para mim e pegou o telefone. Enquanto andava até a sala do meu marido, pude ouvir:

– Clínica Cullen & Hale, bom dia.

A porta estava aberta e dentro da impecável e grande sala pude visualizar 2/4 do meu coração. Edward havia afastado a cadeira da mesa para acomodar Anthony em seu colo. Meu marido olhava atentamente para ele que mantinha a expressão séria enquanto falava e gesticulava com as mãoszinhas.

– ...então eu dei as flores a ela e disse que ela deveria sorrir. Mamãe sempre sorri quando o senhor trás flores. – olhou para o pai com pura adoração – Eu adoro o sorriso da mamãe.

Meu coração falhou duas batidas. Uma por ser abençoada o suficiente para presenciar um momento tão bonito entre pai e filho. E outra pela última fala de Anthony e pelo sorriso idêntico que agora dois dos homens da minha vida sustentavam.

– Eu também adoro o sorriso da mamãe.

Senti o tão dito sorriso crescer em meu rosto. Como sempre acontecia, Edward levantou a cabeça e olhou diretamente para mim. Era como se ele tivesse um radar que me localizasse sempre que estávamos no mesmo cômodo. Nossos olhares sempre se encontravam, não importando quantas pessoas mais estivessem no recinto.

– Oi, amor.

– Olá, amor.

Nosso momento especial foi cortado pela animada voz do nosso garotinho de cinco anos:

– Pai, o senhor sempre chama a mamãe de amor. – pareceu refletir um pouco – Eu posso chamar a Sofia assim também? Sabe, agora que somos namorados como o senhor e a mamãe.

Arregalei os olhos e percebi que meu marido fazia o mesmo. Anthony era inteligente demais para a idade que tinha. Mas também não o eram todos os outros Cullen? Meu marido olhou assustado para mim. Arqueei a sobrancelha e esperei pela resposta que ele daria ao nosso filho.

– Filho, você não pode chamar Sofia de amor. – manteve o tom de voz o mais suave possível.

– Por quê?

– Porque vocês são muito novos para isso.

– Por quê?

Contive a risada e fui ao socorro do meu homem que parecia cada vez mais perdido. Peguei Anthony e tomei o lugar dele, me acomodando no colo de Edward e segurando meu mini-Edward em meu colo. Braços fortes imediatamente se ajeitaram ao nosso redor.

– Querido, você sabia que o papai da Lily só a deixou namorar Tiago quando eles fizeram quinze anos?

– Não.

– Sabe por que? Porque eles eram muito novos antes e tinham muita coisa para aprender na escola e na vida. – continuei ao vê-lo sacudir a cabeça em forma de negação a minha pergunta. – Você e Sofia podem namorar de verdade quando forem mais velhos. Agora é muito cedo.

– Mas ela vai se esquecer de mim! – protestou.

– Anthony, você sabia que eu conheci seu pai quando eu tinha exatamente a sua idade? – sacudiu a cabeça novamente. – É. Eu o conheci quando tínhamos cinco anos e não teve um dia depois disso que eu não o amei.

Senti os braços ao meu redor apertarem docemente o abraço.

– Eu também amei sua mãe desde aquele dia, Anthony. Só não enxerguei isso naquele momento.

– Quando ficamos mais velhos, nós começamos a namorar. – incapaz de continuar, me calei. As lembranças me soterraram, aumento meu sorriso.

– E depois vocês casaram?

– Quase. – Edward continuou por mim – Nós tivemos alguns problemas antes porque o papai foi muito teimoso. Mas, sim, depois disso nos casamos.

– Você consegue entender o que estamos tentando lhe explicar, filhote? – comecei a fazer carinho em seus cabelos acobreados.

– Que eu só posso namorar quando foi velho igual ao Tiago?

Meu marido e eu soltamos uma risada gostosa.

– Isso também, querido. – respondi. – Mas tem mais uma coisa que você precisa entender.

– E o que é? – o verde-Cullen de seus olhos me encarou com expectativa.

– Que há um tempo para tudo na vida. Não tem como apressar as coisas. O que tiver que ser, será.

– Eu já ouvi falar sobre isso! – exclamou, feliz. – É isso que a tia Ally chama de "destino", não é?

– É sim, querido.

– Então você acredita em destino, mamãe?

Desviei minha atenção para meu marido, e, encarando aqueles olhos que brilhavam de amor por mim há mais de vinte anos e que eu amava desde a primeira vez que os vi, respondi a pergunta:

– Sim, meu filho. Eu acredito em destino.

xxx

Edward deu três batidas na elegante porta de madeira e rapidamente um sorridente Carlisle apareceu para nos receber.

– Vovô! – Anthony exclamou, agarrando-se ao pescoço do avô que se abaixou para abraçá-lo.

Meu sogro nunca ficaria velho. Eu estava casada há quase vinte anos e ele parecia o mesmo homem sentado na primeira fileira de bancos no dia em que me tornei oficialmente uma Cullen.

– Anthony, querido. Como você está?

– Muito bem, vovô! E o senhor? – sempre o meu pequeno cavalheiro.

– Muito bem também. Obrigado. – sorriu para o neto em seu colo e desviou a atenção para nós dois.

– Olá, meus queridos. Que bom que chegaram. Estávamos esperando por vocês. – deu um abraço no filho.

– Desculpe o atraso, Calisle.

– Não tem problema, querida. Vocês não estão atrasados Alice e Jasper chegaram há pouco também. – deu um beijo em meu rosto – Sua prima ligou avisando que ela e Chace não poderão vir hoje porque o pequeno Liam estava com febre. Kristen disse que era apenas um resfriado, mas eles preferiam não submetê-lo a viagem de carro de Seattle até aqui - completou ao ver minha careta de preocupação - Eles prometeram vir nos ver no próximo final de semana.

Suspirei, aliviada.

– Vamos entrar. - meu sogro falou.

Enquanto passava pela porta pude ouvir meu filho, que vinha logo atrás de mim no colo do avô, contar-lhe as novidades:

– ... mas a mamãe disse que eu não posso namorar a Sofia porque nós temos que esperar o destino.

Contive uma risada e andei um pouco mais rápido para dar um pouco de privacidade ao momento dos dois. Assim que entrei na sala, fui cumprimentar minha sogra que, exatamente como o marido, não parecia ter envelhecido nem mesmo um dia depois do meu casamento. Logo em seguida vi o cabelo castanho avermelhado de minha filha vindo em nossa direção. Ela se jogou nos braços do pai. Edward imediatamente tirou a mão de minha cintura para abraçá-la.

– Olá, princesa. – sorria ternamente.

– Oi, papai. Estava com saudades.

Sorri. Esses dois tinham uma ligação fortíssima. Talvez por Olivia ser nossa única filha ou porque, como meu homem adora repetir, ela ter os meus olhos. Seja qual for o motivo, Olivia Cullen era totalmente "Daddy's little girl", Edward não conseguia negar nada a ela. Chegava a ser cômico.

– Você se divertiu bastante com Lana e Mary-Kate na casa da tia Rose e do tio Em?

As gêmeas de Emmett e Rose tinham 12 anos, a mesma idade de Olivia. Lembro-me exatamente de como foi o dia em que elas nasceram. Rosalie e Emmett não queriam saber o sexo das crianças antes do parto. Quando descobriram e contaram ao resto da família. Jasper e Edward passaram o resto do dia fazendo piadinhas de como seria quando as meninas arrumassem namorados. Emmett, ciumento como era, saia do cômodo cada vez que eles começavam uma piadinha nova por "ele ter deixado de ser consumidor para ser fornecedor". É, eu sei. Piadinha ridiculamente idiota. Imagine então quando Olivia nasceu e, anos depois, no mesmo mês em que tive Anthony, Laura nasceu. Podemos dizer que Emmett teve sua vingança.

Interrompi o falatório da minha filha sobre como brincar de Banco Imobiliário era legal:

– Mamãe não vai ganhar nem um beijo?

Ela saltou do colo do pai, que tinha se agachado para acomodá-la sobre o joelho, e deu-me um abraço apertado.

– Oi, mãe. Eu também senti saudades da senhora.- depois diminuiu a voz para continuar – A tia Rose não sabe fazer biscoitos de chocolate como os da senhora. Então amanhã nós vamos brincar lá em casa, certo?

– Sim, senhora, mocinha. – sorri.

– Vou avisá-las. – pulou do meu colo e foi correndo em direção as crianças.

Edward me abraçou novamente pela cintura.

– Ela está crescendo tão rápido. – sussurrou em meu ouvido.

– Todos eles estão, amor. – virei o rosto para o lado e dei um beijo firme e rápido sobre seus lábios.

– Mãe? Pai?

Afastamo-nos e giramos para encontrar Tiago sorrindo bobamente apaixonado enquanto segurava a mão de Lílian.

– Olá, filho. Olá, Lílian. – meu marido sorriu - Como foi em Port Angeles? Conseguiu trocar os pneus do seu Volvo?

– Sim, senhor. – olhou para mim - Mas eles demoraram mais do que o necessário, por isso não passei em casa antes de vir, mãe.

– Não tem problema, querido. Como vai, Lily? Você está especialmente adorável hoje.

Sorri para a bela ruiva de brilhantes olhos esmerada que era namorado do meu filho mais velho há quase dois anos. Ela vestia um bonito vestido verde que combinava perfeitamente com seus olhos. Eles me darão lindos netos quando chegar a hora certa. Lindos bebês de olhos verdes. Encarando aquele poço brilhante, pude finalmente entender o porquê de Tiago ter respondia sem titubear a Anthony que sua cor favorita era verde. Assim como a cor favorita de Edward era chocolate. Como eu disse anteriormente, a única diferença entre meu marido e meu filho mais velho era a diferença de idade.

– Obrigada, senhora Cullen. A senhora está linda como sempre.

Agradeci o elogio com um aceno de cabeça. Lily era uma garota adorável. Meu filhote estava em boas mãos. Tiago abriu a boca para falar alguma coisa quando foi interrompido por seu irmão que gritava animadamente:

– Pai! Pai! Olha o que o tio Em me deu. – apontou para o boné branco com duas grandes letras "L" azuis cruzadas na frente que cobria seus desgrenhados cabelos.

Eu reconheceria aquele símbolo em qualquer lugar. Era o mesmo símbolo que estava pendurado no quarto de cada um dos meus filhos, no escritório do meu marido, no escritório de Emmett e também no de Carlisle. Era o símbolo dos...

– LAKERS! – Tiago gritou, animado, fazendo um high-five com o irmão – Esse boné é muito legal, Anthony. Deve ser da nova temporada. Vou ver se eu consigo um com desse com o tio Em. Vamos, amor. – puxou de leve a mão da namorada.

– Com licença, senhor e senhora Cullen. - a ruiva despediu-se.

– Tiago, veja se consegue um para mim também. – meu marido falou antes que ele pudesse se afastar demais. – Anthony, você agradeceu seu tio?

– Sim, papai. Ele também disse que vai conseguir um casaco dessa temporada para mim. – o sorriso mal cabia no rosto.

O amor pelo Los Angeles Lakers era grande naquela família. E o fascínio por aquele time de basquete aumentou ainda mais quando Emmett, seguindo seu sonho de carreira, conseguiu virar empresário de boa parte do time. Ele ia uma vez a cada quinzena para L.A. acertar pessoalmente alguns detalhes com os jogadores. Passava no máximo dois dias lá. Era todo o tempo que conseguia ficar longe das três mulheres de sua vida. Todo o resto do tempo ele trabalhava em Forks mesmo. Num escritório comercial no centro da cidade. Era além da minha compreensão como ele conseguia ser o agente de alguns dos jogadores mais bem pagos do mundo há centenas de quilômetros de distância de seus clientes e em um escritório não muito grande em uma cidade menor ainda. Mas não dizem que a tecnologia está fazendo o planeta diminuir? Acho, então, que podemos dizer que meu cunhado era um bom exemplo disso.

– BELLA!

Quem é vivo sempre aparece...

– Olá, Em. – foi tudo que consegui dizer antes de ser sufocada em um abraço de urso – Tudo bem?

– Tudo. – a resposta foi muito rápida. – E, ai, irmãozinho? – sorriu para Edward que tinha terminado de falar com nosso filho sobre como os Laker eram ótimos.

Anthony correu para encontrar Laura. Minha sobrinha fez uma careta para o boné dele, mas não comentou nada. Ela era fã dos Rockets , assim como o pai, mas, diferentemente desse, não desperdiçava seu tempo tentando convencer os homens Cullen sobre a superioridade de seu time.

– Onde está Rose, Em?

– Ah! Que bom que você perguntou isso, Bella. Ela está na outra sala discutindo no celular com a secretária de vocês. – gesticulou com as mãos, mostrando um pouco de seu desconforto com a situação - E acho que ela está um pouco exaltada. Talvez não fosse melhor você ir lá dar uma olhadinha no que está acontecendo...?

Soltei uma gargalhada. Jasper e eu éramos as duas únicas pessoas que conseguiam lidar com o estado de raiva de Rose. Jasper por sua calma e eu por ser tão cabeça-dura quanto ela. Justiça seja feita, Emmet também conseguia, mas ele evitava ao máximo encará-la quando ela estava passando por esse estado emocional porque depois provavelmente teria que dormir no quarto de hóspedes. Ela iria gritar muito com ele mesmo ele não sendo o motivo de sua raiva. Rose Cullen era orgulhosa demais para perceber que estava errada ao brigar com o marido por algo de que ele não tinha culpa e admitir isso no mesmo dia. A loira só reconhecia o erro no dia seguinte. Então, faziam as pazes e voltava tudo ao normal. Mas, até lá, como Emmett adorava repetir "dormir sozinho é uma droga".

– Sem problemas, cunhadinho. Vou lá agora.

– Obrigada, Bella. Você é a melhor cunhada que eu tenho. – deu-me outro abraço esmaga-ossos.

– Sou sua única cunhada, Em.

– Detalhes. Detalhes.

Revirei os olhos.

– Já volto, amor. – deu outro beijo rápido nos lábios do meu homem.

Ele sorriu para mim e enquanto me afastava pude ouvi-lo começar uma conversa com o irmão sobre o novo ataque dos Lakers.

Revirei os olhos. Eles nunca mudariam.

Sai do cômodo em que estava e me dirigi a outra sala. No minuto em que entrei, minha atenção estava completamente sobre os longos cablos loiros esvoaçando de um lado para o outro enquanto sua dona andava em círculos sobre um dos tapetes favoritos de Esme. Ela gesticulava fervorosamente com uma mão enquanto a outra segurava seu iPhone contra a orelha.

– Quantas vezes eu preciso repetir que isso não foi o que eu mandei você fazer, Stevens! Eu mandei você pegar o documento e levar direto para o senhor Marshal. Não para a droga do contador dele. Agora você vai atrás desse contador em Seattle. Vai buscar o documento e entregar ao Marshal. - parou um minuto, ouvindo o que Penny dizia do outro lado da linha

Agora eu entendia porque Rose estava mais exaltada do que o normal de quando ela ficava brava. Pelo que pude ouvir da conversa, Penny Stevens, nossa secretária na Cullen&Cullen Advocacia, tinha feito uma confusão com os documentos do nosso melhor cliente a Marshal Industries. Sei que eu supostamente deveria acalmar minha amiga e única sócia, mas esse tipo de incompetência também me tirava do sério. Respirei fundo algumas vezes e resolvi não intervir na história. Rose Cullen resolveria a situação. Contudo, não pude deixar de sentir um pouco de pena de Stevens. Talvez se ela tivesse ligado para a dona do outro "Cullen" do nome da empresa e dona dos outros 50% da referida companhia - eu - talvez ela estivesse com menos problemas. Pensando bem, não, ela estaria com tantos problemas quanto os que ela está agora. A única diferença é que eu não grito quando estou com raiva. Certa vez ouvi um de nossos empresários dizer que a fúria de Rosalie era explosiva e queimava quem era o alvo dela, enquanto a minha era cortante como o gelo.

Não me interessa se você tem que ir ao aniversário do seu cunhado. Se você tivesse feito seu trabalho direito você poderia ir a porcaria dessa festa. Como você não fez, agora vai fazer o que eu estou mandando. Caso contrário, pode dar adeus ao seu emprego. - desligou o celular, soltando um quase rosnado de impaciência.

– Deixa eu adivinhar. Ela trocou os endereços das correspondências? - finalmente me pronunciei.

Ela deu a volta para me encarar, a raiva morrendo em seus olhos ao perceber que era eu ali. A única pessoa que entendia perfeitamente o tipo de situação pela qual ela estava passando.

– Foi. - passou as mãos sobre os cabelos em sinal de frustração. - A sorte foi que não eram documentos importantes. Mas essa garota já esgotou toda a cota de paciência que eu tinha. - recomeçou a andar de uma lado para o outro - Vou ser obrigada a avisar minha mãe de que a filha da amiga dela é uma porta e que não podemos empregar gente tão pouco capacitada assim. E se fosse alguma coisa importante? Seria o fim do nosso sigilo cliente-advogado. Poderia significar a ruína do nosso escritório. Uma catástrofe!

– Rose?

– É isso que dá ficar fazendo favor para familiar...

– Rose?

– É por isso que existem leis contra nepotismo!

Rosalie Cullen!

Dessa vez ela parou de andar e me encarou. Andei até onde ela estava e puxei-a pela mão até o sofá. Sentamo-nos.

– Está tudo bem, Rose. Não houve efeito colateral. Você já tem a situação sob controle e segunda-feira nós demitimos ela. - falei lentamente.

– É que esse tipo de coisa me coisa me irrita profundamente. A gente trabalha duro para fazer tudo certo e um idiota quase estraga tudo. Se ainda fosse a única vez que ela faz esse tipo de coisa. Mas já é a quarta ou a quinta. Assim não tem como continuar!

– Eu sei, eu sei. Nós vamos nos preocupar com isso depois do final de semana. Não adianta nada você ficar irritada agora.

– Você tem razão, Bella.

– Eu sempre tenho razão.

Soltei uma gargalhada ao vê-la revirar os olhos.

– Vamos almoçar. - falou, já com um novo sorriso no rosto.

Levantou-se e foi para a porta, segui seus passos. Quando saia da sala encontrei Jasper.

– Jazz! - sorri e dei-lhe um abraço apertado - Tenho novidades!

– Diga, Bella. Adoro suas novidades. São sempre as mais interessantes!

– Você está dizendo que eu faço fofoca?

Soltou uma gargalhada.

– Claro que não. Você e Rose tem essa mania de distorcer o que as pessoas falam. Já percebeu isso?

– Ossos do ofício. - pisquei-lhe um olho - E na questão fofoca sua mulher é a número um, não é mesmo?

Soltou uma gargalhada e eu o acompanhei.

– Você sabe que com Alice está mais para previsões do que para fofoca. Quando nos conhecemos, devo admitir que levou um tempo para me acostumar com o fato de que ela sempre sabia certas coisas antes de acontecerem. Sempre foi uma habilidade útil, contudo. Eu nunca tomei chuva quando estava com ela. E é ainda mais útil na profissão dela. Ser um gênio criativo da moda ajudou, claro. Mas o fato de Alice sempre antecipar tendências é um bônus extraordinário.

– A Alice Hale está crescendo exponencialmente. - sorri orgulhosa - Tenho tanto orgulho da minha melhor amiga. Logo veremos os desfiles da marca dela nos mesmos desfiles da Armani e Prada. Tenho certeza.

O sorriso de Jasper era inúmeras vezes maior que o meu, o orgulho por sua esposa que brilhava nos olhos azuis do texano.

– Claro que sim. E a novidade que você está para me contar?

– Ah, sim! Olivia está começando a ler o primeiro livro do Harry Potter! Ela pegou emprestado de Tiago, mas essa semana mesmo vou comprar a coleção para ela.

– Por que ela não lê a de Tiago?

– Eu nunca lhe contei o motivo pelo qual eu quero dar uma coleção dos livros do Harry para cada um dos meus filhos? - estava totalmente surpresa.

Ele sacudiu a cabeça em sinal de negação.

– Porque eu quero que um dia eles deem a coleção deles para os filhos deles. Na verdade, eu dei a minha coleção para Tiago. E vou comprar uma nova para Olivia e outra para Anthony. Aquele velho lema, sabe? "Meus filhos irão amar Harry Potter".

– Entendi. Irei dar a minha coleção a Laura quando ela tiver idade suficiente para ler.

– Isso mesmo, Jazz. Isso mesmo! - sorri - Acho melhor irmos para a sala de jantar. Devem estar esperando por nós.

Jasper concordou e começamos a andar.

– Bella, que bom que seu personagem favorito é o pai do Harry.

Franzi o cenho.

– Por que, Jazz?

– Porque se fosse o Sirius ou o Dumbledore, o nome do meu sobrinho mais velho seria ridículo.

Soltei uma gargalhada enquanto ia ao encontro do resto da minha família.

xxx

Edward carregava o adormecido Anthony em seus braços enquanto eu guiava Olivia, que estava trôpega de sono, para a porta de entrada de nossa casa. Vasculhei o bolso do meu marido até encontrar a chave. Depois de que estramos, tranquei novamente a porta. Tiago tinha ido levar a namorada embora, mas tinha sua própria chave. Cada um de nós dois levou um dos pequenos para seu respectivo quarto. Depois de ajudar minha filhota a se trocar e colocar o cobertor sobre ela, acendi a luz do abajur ao lado da cama, como ela gostava que ficasse e apaguei a luz principal do quarto. Fui para meu próprio quarto e o encontrei vazio. Edward provavelmente estava na cozinha, no andar de baixo, bebendo um copo de água antes de vir dormir, exatamente como ele fazia toda noite. Fui em direção ao meu closet a fim de trocar de colocar minha camisola. Todavia, estava no meio do caminho quando a vista que as portas da sacada do meu quarto deixavam passar chamou minha atenção. As cortinas não estavam cerradas e isso permitia que o brilho da lua cheia e de diversas estrelas entrasse no cômodo. Abri as portas e sai na sacada.

O agradável clima que o verão propiciava me envolveu imediatamente. Fiquei alguns minutos em silêncio apenas apreciando a beleza da imensidão azul. Fui despertada de meu mundinho particular quando braços fortes me envolveram e senti Edward me abraçar por trás. Ele deu um beijo em meu pescoço - o que me causou dezenas de arrepios, como sempre acontecia - e descansou o queixo sobre meu ombro.

– Em que está pensando, amor?

– Em nada. - suspirei - É só que a noite está tão linda.

Senti-o mover de leve a cabeça, agora observava as estrelas também.

– Sempre que eu vejo uma noite tão bonita assim, lembro-me da minha avó.

Ele não precisava especificar qual avó era. Instantaneamente eu sabia que ele se referia a vovó Cullen.

– Eu sinto saudades dela.

A doce mulher - que mesmo sem intenção tinha mudado para muito melhor a minha vida - havia falecido alguns anos antes.

– Eu também, amor.

Levantei uma das mãos que estava sobre as mãos dele, as quais por sua vez circulavam minha cintura naquele abraço gentil e comecei a acariciar seus magníficos cabelos. Ficamos perdidos em nossos próprios pensamentos até que, minutos depois, Edward me fez dar a volta em seus braços e desceu seus lábios sobre os meus. As borboletas em meu estômago enlouqueceram como se fosse a primeira vez que nos beijávamos. Cada uma das vezes era como se fosse a primeira e, ao mesmo tempo, era melhor do que a anterior. Um adorável paradoxo. Levei uma mão ao seu pescoço, fazendo um carinho de leve enquanto a outra descansava sobre seu ombro.

Ele sugou meu lábio inferior de leve antes de se afastar. Escorregou sua mão até a minha e entrelaçou nossos dedos. Com um sorriso doce nos lábios e os olhos brilhando de amor, começou a me puxar de volta para dentro do quarto.

Antes de sair completamente da sacada, virei o rosto e encarei as estrelas mais uma vez. Pensando na família maravilhosa que eu tinha, sussurrei:

– Obrigada, vovó Cullen. Obrigada por ter me ajudado a conseguir o meu príncipe. Obrigada por ter me ajudado a conquistar definitivamente o amor da minha vida.

E exatamente depois que terminei de pronunciar essas palavras, uma brisa suave passou por mim. Então, eu soube. Eu soube que aonde quer que ela estivesse, ela tinha me ouvido.

Fim



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Acabou, amores. Acabou. Eu sei que eu demorei muito para atualizar. E sei que isso vai parecer desculpinha esfarrapada, mas eu realmente não tinha tempo e nem internet no meio de semana para escrever. Os estudos tomam todo o tempo que eu tenho. Só vou ter duas míseras semanas de férias e depois tenho que voltar a me enterrar nos livros. Triste, mas extremamente necessário.
Então? O que acharam do capítulo? Eu sei que algumas das minhas leitoras lindas queriam que eles contassem a verdade sobre o fingimento do namoro a família Cullen. Mas eu já tinha planejado o epílogo para mostrar o que tinha acontecido com cada um anos depois. Espero que vocês tenham gostado =)
Gente, eu ia colocar uma frase nesse capítulo de algum pensador famoso. Mas a frase desse filme combinou perfeitamente, então, eu preferia ela. Aliás, o filme também é bem legal =)
Sobre o capítulo de hoje: Tiago&Lily POTTER! UAHUAHAUAHUA eu não resisti :O E o meus personagens favoritos são o Sirius Black e os gêmeos Weasley. sz Eu ia colocar "James" que é o nome original do pai do Harry, mas ai eu lembrei do James da Victoria e tals e não queria que vocês confundissem os dois. Por isso optei pelo nome "abrasileirado". Eu quis colocar um pouquinho de cada personagem no capítulo. Espero que vocês tenham gostado =) Kristen e Chace não apareceram, mas acho q deu pra vocês entenderem que eles ficaram juntos também, né? :) Eu não sei qual é o símbolo do Los Angeles Lakers, mas aquele q eu coloquei no capítulo servia ao propósito, então, apenas imaginem. Eu tbm não sei se a matemática que eu fiz permite q os filhos de Bella&Ed tenham as idades q eu coloquei, mas, novamente, usem a imaginação *-*Não preciso nem dizer q o nome da filha deles é em homenagem a vovó Cullen. *-* Blair Bass é de Gossip Girl sz Ela e o Chuck fazem um casal tão bonitinho. Adoro *-*
Eu queria agradecer especialmente a todas que manisfestaram apoio quanto a questão do plágio. Muito obrigada, meninas. Vocês são incríveis e é por pessoas incríveis como vocês que eu continuo escrevendo. Muito obrigada mesmo. *-------*
Muito obrigada àquelas que acompanharam e comentaram ao longo dessa fic. Vocês são maravilhosas e é por vocês que eu escrevei essa fic. Eu não sei se escreverei outra fic. Se isso acontecer, certamente não será esse ano. Porque eu sei o quão ruim e ficar esperando meses pela atualização da fic que você lê.
Até a próxima fic, meus amores ;*