Obsession escrita por Cris Turner


Capítulo 10
Capítulo 10




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Capítulo 10

"A esperança é o alimento de nossa alma, ao qual sempre se mistura o veneno do medo." (Voltaire)

Levei dez segundos inteiros para acreditar que ele estava falando sério.

- Você está falando sério! – acusei, totalmente chocada.

- Por que motivo eu brincaria com uma coisa dessas, Swan? – agora ele estava zangado – E não fuja do assunto!

- Assunto? Que assunto? – gargalhei, a situação era tão sem sentido que chegava a ser ironicamente engraçada.

- Do que você está rindo? – a mão dele alcançou a minha, apertando-a.

- Do que você está falando? – respondi no mesmo tom ríspido que ele usou.

- Eu já pedi para você parar de fugir do assunto. Por que você estava flertando com meu primo?

- Flertando com o seu primo? De onde você tirou isso?

- Eu vi vocês dois. "Amor, eu estive lhe procurando" – fez uma infame imitação de Chace.

- Ele estava me ajudando a sair de um pequeno problema.

- Sei.

O tom irônico com que ele disse aquela pequena palavra teve o poder de me irritar de verdade.

- Você bebeu, Cullen? – soltei minha mão.

- O quê?

- Eu perguntei se você ingeriu algum liquido alcoólico. – falei bem devagar, irritando-o propositalmente – Porque essa é a única explicação plausível para nós estarmos tendo essa conversa absurdamente ridícula.

Ele estava agindo como um namorado ciumento. Eu me dividia em feliz por ele estar com ciúmes e brava por ele desconfiar de mim.

- Ridícula? Você é que vem agindo como ridícula!

Agora eu estava totalmente brava. E com raiva. Com muita raiva.

- O que você disse?

- Em um momento você decide me ajudar e no seguinte, tenta sabotar tudo? Por que não disse "não" de uma vez? - começou a andar de um lado para o outro passando a mão pelos cabelos, o que eu reconheci como um gesto tipicamente Edward de demonstrar descontentamento e nervosismo. – Você não vai ao nosso jogo, você flerta com meu primo no cinema, você flerta com meu primo em uma festa onde toda minha família está presente. Não é mais fácil ir até eles e contar de uma vez que é tudo mentira? Pouparia esforços desnecessários de sua parte.

Meu queixo caiu. Então era isso. Eu deveria ter desconfiado desde o principio.

Todas essas atitudes era medo de ser descoberto, não ciúme.

- Eu nunca ouvi uma besteira tão grande em toda a minha vida, Cullen. – ergui meus braços, meu tom beirando a histeria - Como você disse, eu estou lhe fazendo um favor. – falei, ríspida – Se quisesse por um fim a tudo isso, não usaria qualquer tipo de subterfúgio. Eu não sou tão imoral assim. Por isso acho bom você se controlar porque não tem qualquer tipo de direito sobre mim. Nós temos um acordo Eu dei minha palavra e vou cumpri-la.

Engoli em seco. E só agora percebi que estava tremendo.

- Então não há necessidade de você sair por ai batendo no peito e grunhindo como um homem das cavernas. Ainda mais quando não tem ninguém vendo, não é? – sorri, cínica - Não precisa agir como um namorado ciumento.

A última parte foi totalmente carregada de ironia, mas isso doeu mais em mim do que poderia tê-lo atingido. Doía saber que nunca passaria de ironia, que ele nunca seria meu namorado e que nunca sentiria ciúmes de mim.

- Isabella... – seu tom continha um aviso.

- Oh! Talvez seja uma estratégia! Talvez você esteja usando subterfúgios. Você quer arrumar um motivo para nós "terminarmos" – fiz aspas com os dedos.

Eu soava maluca aos meus próprios ouvidos, mesmo assim não conseguia parar.

- Ora! Você não precisava de todo esses esforços desnecessários. – fiz questão de usar o mesmo termo que ele usou – Era só ter me falado. Quer uma cena grande com lágrimas e tudo que temos direito? Ou prefere um rompimento clichê do tipo "não é você, sou eu"?

- Isabella...

- Eu, particularmente, prefiro o "não é você, sou eu". Nós podíamos usar esse amanhã à tarde. Eu vou à sua casa e nós fingimos ter uma conversa séria. Então termino com você e ninguém vai ficar bravo com o garoto maravilha aqui. – dei dois tapinhas no ombro dele. – Era isso que você queria, Edward?

- Isabella...

- Ou nós podemos terminar agora mesmo! Poupar tempo! Nós...

Edward se moveu tão rápido que eu nem vi o ataque chegando. Em um momento ele estava na minha frente, no seguinte ele estava colado a mim, prensando-me em seu Volvo prateado. Uma mão segurava minha cintura, a outra estava em minha nuca.

Ele estava perto, muito perto.

- Chega. - falou baixo.

Tive a impressão de que ele referia a algo além da conversa. Porém meus pensamentos, no momento, não tinham muito crédito, pois meu cérebro virou mingau no segundo em que o hálito de menta de Edward bateu em meus lábios.

- Chega. – repetiu, um pouco mais alto que um sussurro.

Então, ele abaixou a cabeça e seus lábios encostaram-se aos meus. Não foi suave e calmo como na outra vez.

Dessa vez foi Edward quem tomou o controle. Ele mordiscou meu lábio inferior a fim de que eu abrisse a boca e saísse do estado congelado em que me encontrava.

Queria poder dizer que fui forte e não me deixei levar. Queria poder dizer que me lembrei das acusações absurdas que ele me fez, por isso o empurrei e o deixei sozinho no estacionamento, saindo com a cabeça erguida e a dignidade intacta.

Não preciso nem mencionar o quanto essa vontade foi inútil. Não fiz o que eu queria. Melhor, não fiz o que minha razão queria que eu fizesse.

Porém fiz exatamente o que meu coração minado clamava: apartei os lábios e correspondi ao beijo.

Nossas línguas duelavam, fazendo uma gama de sensações e reações atingirem meu sistema nervoso. Sentindo meu coração disparar e minhas mãos se moveram quase que de maneira automática, pousando nos ombros fortes dele.

Seus braços eram barras de ferro ao meu redor, me abraçando de maneira firme, mas sem machucar. Eu me senti segura ali. Eu me sentia em casa.

Ele mudou o ângulo, aprofundando o beijo e eu senti que flutuava em um sonho doce onde a única coisa real e importante era Edward. Senti meus pulmões implorarem clemência, mas eu não sairia de lá por nada no mund...

Uma falsa tosse interrompeu meus pensamentos e nosso beijo. Edward virou a cabeça e eu imitei sua ação. Parada a poucos metros de nós, Esme Cullen sustentava um sorriso satisfeito.

- Queridos, nós estávamos procurando vocês. Carlisle vai fazer o discurso em dez minutos e gostaria que todos nós estivéssemos lá para apoiá-lo. Vejo vocês lá dentro em dois minutos. – dizendo isso, caminhou de volta ao prédio.

Senti minha garganta secar, para logo em seguida formar um bolo horroroso que quase me impedia de respirar. Empurrei-o para longe, saindo de seus braços.

Errar uma vez é humano – o beijo em Port Angeles; Errar duas vezes é compreensível – acreditar que ele estava com ciúmes; Errar três vezes é total estupidez – acreditar que esse beijo foi por vontade própria.

Tentei formar uma máscara de indiferença, mas percebi que falhei miseravelmente quando Edward me lançou um olhar interrogativo.

- Eu agradeceria se você parasse de me beijar todas as vezes que algum dos seus parentes se aproxima. – minha voz estava rouca – Você não precisa se preocupar. Eles não vão descobrir. Não há motivo para você fazer tamanho sacrifício em nome da nossa farsa.

- O quê? Eu não sabia que minha mãe estava ali...

- Claro que não. – sibilei, ferida.

Tentando juntar o máximo de dignidade que me restava, dei-lhe as costas e voltei ao prédio.

Quando cheguei à mesa, não respondi as piadinhas de Emmett nem as perguntas de Alice. Na verdade, eu nem mesmo olhei para qualquer um dos ocupantes da mesa.

Edward chegou pouco depois. Não que eu tenha desprendido minha atenção da decoração azul, mas eu ouvi Alice falar freneticamente com ele e suas respostas monossilábicas. Senti o olhar dele sobre mim o tempo todo, mas nem mesmo por decreto eu o encararia naquele momento. Os Cullen e os Hale logo perceberam o clima pesado que envolvia nós dois e pouco a pouco a conversa foi morrendo. Eu me sentiria mal por "estragar" a noite dos Cullen se não tivesse ocupada demais sentindo pena de mim mesma e raiva de Edward.

Quase gritei de alívio quando Carlisle e Esme voltaram para a mesa após o discurso – do qual não ouvi uma única palavra, anunciando que estávamos de partida.

Enquanto caminhávamos para fora do salão, aproximei-me de minha melhor amiga e de seu namorado.

- Jasper, Alice, sei que isso é muito incomodo, mas vocês poderiam me dar uma carona de volta para casa? – supliquei.

- É claro que podemos, Bella. Não é incomodo nenhum. – o loiro respondeu. – Mas você não acha melhor conversar com ele?

- Ele é a última pessoa com quem quero conversar, Jazz.

Hale assentiu.

- Então vamos.

Quando alcançamos o estacionamento, Edward caminhou até o Volvo e abriu a porta do carona para mim. Passei reto por ele até chegar ao Jaguar, abri a porta traseira e me acomodei lá dentro.

- Bella... - ouvi ele me chamar.

Fechei a porta, me afastando fisicamente dele. Quisera eu ser tão fácil assim me afastar mentalmente dele.

xxx

- Já vai. Já vai. – gritei, cambaleando em direção a porta.

A campainha soando dezenas de vezes por minuto me acordou de um sono profundo e me fez descer as escadas apressadamente, preocupada. Afinal, uma pessoa só estaria tão desesperada se fosse uma emergência.

- Que demora!

O furacão Alice resmungou quando abri a porta. Revirei os olhos.

- Eu estava dormindo, coração. E meus pais saíram. Posso saber o motivo de tanto desespero?

- Posso saber o motivo de tanto mau humor? – ironizou, me empurrando de leve e entrando na casa.

- Eu estou de mau humor porque odeio que me acordem cedo no sábado. – respondi, fechando a porta e indo até a sala, onde minha melhor amiga já tinha se acomodado em um dos sofás.

Sentei-me também.

- Já é quase meio-dia, senhorita Swan.

Isso não me surpreendeu muito, afinal, levei horas para conseguir pregar os olhos ontem à noite.

- Tanto faz. – dei de ombros, reprimindo um bocejo – A que devo a honra de sua visita?

A expressão de seu rosto mudou, ficando séria.

- Bella, você sabe que eu sou sua melhor amiga antes de ser sua cunhada, não é?

Assenti.

Na verdade, ela era apenas minha melhor amiga. Contudo deixei-a continuar na ilusão.

- Você pode me contar o que quiser. E isso inclui as brigas com meu irmão. – fixou os olhos nos meus. – Certo?

- Certo.

- Você quer me contar o que aconteceu ontem?

- Não foi nada demais. – desviei o olhar

- Bella...

- É, sério, Alice, foi uma briga comum. Coisa de namorados, você sabe como é.

- Acho que foi um pouco séria demais.

- Não. É impressão sua. – forcei um sorriso.

- Tem certeza que não quer me contar?

- Já disse que não há nada para contar. Nós não...

A campainha me interrompeu. Franzi o cenho.

- Já volto. – falei ao me levantar.

Abri a porta e percebi que o dia podia ficar muito pior do que eu imaginava. Edward - totalmente deslumbrante em uma pólo branca e calças jeans - estavam parado no meu alpendre.

Como se já não fosse ruim o suficiente eu ter que encontrá-lo tão cedo depois dos últimos acontecimentos, eu ainda tinha que encontrá-lo enquanto usava meu pijama de vaquinhas. Patética.

- Por que, Deus? Por quê? – deixei escapar, olhando para cima.

- Bella, o que está acontecendo?

Ouvi Alice se movimentar, logo depois ela apareceu ao meu lado.

- Edward? O que você está fazendo aqui? Eu disse que vinha conversar com ela.

- Eu sei, mas não consegui esperar. Eu precisava conversar com a Bella.

Eles conversavam aos sussurros como se isso me impedisse de ouvir alguma coisa. Eu estava bem ao lado. Pelo amor de Deus!

Revirei os olhos.

- Eu disse que nós precisávamos ter uma conversa entre amigas antes de você vir aqui.

- A Bella agradeceria se vocês parassem de falar dela como se ela não estivesse presente. – resmunguei.

Eles pareceram envergonhados.

- Eu preciso falar com você. – Edward disse. – Você pode nos dar licença um minuto, Alice?

- Nem pensar. – chacoalhou a cabeça – Vou ficar aqui e garantir que você use a educação que mamãe lhe deu.

Não me surpreendi. A baixinha podia ser extremamente intrometida quando queria.

E nem seria uma D.R. de verdade, então não havia problema algum.

- É um assunto particular! – exclamou.

- Pensasse nisso antes de fazer as idiotices que fez na noite passada.

Será que Edward havia contado à irmã o que acontecera? Não... pouco provável. Talvez a baixinha só estivesse me apoiando para honrar nossa amizade.

Eles se encararam durante um tempo até que ela maneou a cabeça então ele soltou um suspiro e voltou sua atenção para mim.

- Eu sinto muito por tudo que fiz ontem, Bella. Eu agi como um idiota. Eu gostaria de me desculpar apropriadamente levando-lhe para almoçar em Port Angeles.

- Ótimo! Isso vai ser ótimo para vocês. Vá se trocar. – minha amiga me empurrou para escada. – Eu fico aqui com Edward até você estar pronta.

Franzi o cenho e comecei a juntar as pequenas peças. Edward sabia que Alice estaria ali e sabia que eu não poderia recusar o convite na frente dela – a não ser que quisesse ouvi-la reclamar o dia inteiro por eu não ter aceitado sair com o meu "namorado". O que não fazia sentido era o porquê dele se dar ao trabalho de tentar consertar as coisas. Eu disse que continuaria com a mentirinha.

Talvez ele esteja planejando um "cada um para um lado" quando chegarmos à cidade vizinha.

Senti minha cabeça latejar.

Talvez fosse melhor eu parar de tentar enxergar uma conspiração por trás de tudo que acontece em minha vida. Isso provocava enxaquecas terríveis.

Coloquei uma calça escura qualquer e uma blusa roxa de mangas compridas. Calcei uma bota preta sobre a calça e penteei os cabelos. Minha auto-estima subiu alguns pontos quando olhei no espelho.

Estava pronta para encarar meu anjo mal.

Peguei minha bolsa e coloquei tudo de importante lá.

Ouvi risadas quando cheguei à sala. Pelo menos tudo voltara ao normal entre eles. Eu não queria ser pivô de uma discussão entre irmãos.

- Vamos? – falei com todo o entusiasmo que sentia, o qual se reduzia a menos que zero.

Eles se levantaram e saímos de casa.

- Vejo vocês depois. – ela gritou, entrando no Porshe amarelo.

Nossa viagem foi feita no mais pesado silêncio. Eu poderia pedir para ele me levar de volta para casa, mas se Alice sequer desconfiasse que nós não tivéssemos nosso "encontro reconciliatório", eu teria que inventar mais desculpas do que poderia imaginar. Ele estacionou o carro em frente a um restaurante que era decorado para parecer uma típica lanchonete dos anos 70.

Abri a porta e sai do carro. Virando o pulso, consultei meu relógio. Talvez eu consiga pegar a próxima sessão de cinema.

- Nos encontramos aqui em duas horas?

- O quê?

- O.k. Pode ser uma hora, se você quiser. – dei de ombros.

- Do que diabos você está falando?

- Esse não era o plano? Fingir que teríamos um encontro então quando chegássemos aqui cada um iria para um lado?

Ele pareceu indignado.

- Não sei como você chegou a esse raciocínio, mas está bem longe da verdade.

Arqueei a sobrancelha.

- E o que pretende então?

- Nós vamos conversar. Como já disse, quero me redimir.

Certo. E eu sou o Batman.

Antes que eu pudesse protestar, ele agarrou meu pulso e puxou-me delicadamente para dentro do restaurante. Encontrei-me sentada em um dos grandes bancos de estofado azul. Do outro lado da mesa quadrada, Edward me encarava atentamente.

Uma garçonete adolescente pareceu ao lado da nossa mesa. Ela era ruiva e tinha um sorriso simpático.

- O que vocês desejam?

- Nós queremos duas Cocas, por favor. – ele respondeu.

A garota sorriu mais uma vez antes de sair. Depois de um tempo, Edward começou:

- Eu sinto muito por ontem à noite. Eu agi como um idiota. Meu comportamento foi lastimável, mas espero que você possa me perdoar. - seus olhos não deixaram os meus nem por um segundo.

A raiva não tinha desaparecido e muito menos a dor. Porém não fazia sentido Edward ter que pagar por minhas escolhas idiotas e por minha imaginação incontrolável.

- Está tudo bem. Talvez eu também tenha perdido a calma ontem. – respirei fundo – Eu também falei sério quando disse que lhe ajudaria com essa estória de namoro. Você não precisa se preocupar com isso.

- Certo. – pareceu aliviado.

- Porém vamos manter aquela minha condição sobre os beijos, o.k?

Seus olhos me encaravam intensamente quando ele assentiu com a cabeça, concordando.

- Todavia, devo acrescentar que não tinha visto minha mãe ontem.

- Ah! Realmente? Então por que me beijou?

- Edward, por quê? – pressionei depois de alguns minutos sem resposta.

- Não sei. Não sei. – bufou.

É claro que ele não tinha uma resposta convincente para dar. Afinal, ambos sabíamos a verdade.

- Não precisa haver mentiras entre nós. – esbocei um sorriso. – Não precisamos enganar um ao outro.

Isabella Swan você é tão hipócrita. Fala como se não tentasse se enganar o tempo todo e como se não mentisse para ele sempre que tem que fingir que já superou seus sentimentos por ele – mesmo fingindo muito mal.

- Você tem razão. Eu não quero perder a amizade que estávamos construindo. – alcançou minha mão sobre a mesa e a apertou de leve.

- Aqui está o refrigerante de vocês. Desculpe a demora. – a ruiva apareceu, trazendo nosso pedido.

Aproveitei a deixa para separar nossas mãos. Podia ser inútil, contudo eu estava decidida a lutar para me afastar dele. Mesmo que morresse na batalha.

Assim doeria um pouquinho menos quando terminássemos a farsa e Edward sumisse sem olhar para trás.

- Amigos? – falei, tentando fazê-lo parar de me olhar de uma maneira tão intrigante.

- Amigos. – um pálido dublê de seu sorriso apareceu. – Você assiste House?

- O quê? – fiquei tonta pela mudança brusca de assunto.

Ele riu.

- Perguntei se você assiste a série House. Não é isso que os amigos fazem, interessam-se pelos interesses dos amigos?

- Ah! Certo. – respondi, voltando a realidade – Eu adoro House e você?

- É a melhor série de TV que já foi produzida.

E assim se passou o almoço e mais três horas. Por incrível que pareça, eu consegui relaxar e ser eu mesma – como se realmente fossemos amigos.

Não fazia idéia de que conversar com ele poderia ser tão fácil e divertido. Os assuntos eram amenos e variavam desde a banda de rock favorita até qual CSI era o melhor. Eu achei que já tinha um arquivo repleto de informações sobre os gostos e desgostos desse Cullen, mas descobri que estava errada. Edward era muito mais interessante do que eu sequer poderia imaginar.

- Sem chances, Cullen. – chacoalhei a cabeça – Horatio é bem melhor que o Mac.

- Eu não estava falando dele em particular, falava da estória inteira de CSI NY. É bem melhor que Miami, bem mais real.

- Eu também estava falando da estória. Ou será que você não sabe que a estória de CSI Miami não seria nada sem Horatio?

- Ele nem é tão bom assim.

Bufei. Então comecei a rir, percebendo o quão infantil nós estávamos sendo. Parecíamos duas crianças no parque discutindo se o Batman era melhor que o Superman.

Ele franziu o cenho frente as minhas risadas.

- É que tudo isso... essas discussão. – ri mais ainda.

Edward entendeu onde eu queria chegar e acabou rindo junto comigo. Controlei a risada a fim de falar:

- Vou ao banheiro. Já volto.

Ele assentiu. Peguei minha bolsa, levantei e segui até o toalete.

Eu ainda ria enquanto caminhava de volta a nossa mesa. Contudo, o sorriso morreu em minha face quando visualizei o nosso lugar. Edward estava acompanhado de uma bela morena. A garota estava muito perto dele, olhando-o deslumbrada. Edward parecia desconfortável - talvez estivesse preocupado achando que eu voltaria lá e faria um escândalo ou então espantasse a garota, fazendo-a pensar que ele era comprometido - mas não fazia qualquer movimento para tirá-la de lá.

Não havia motivo para preocupações, pois notei – depois de uma boa verificada - que nenhum conhecido nosso estava no local. Então eu não precisava fazer cena alguma.

Fui até o caixa e disse qual o número da mesa. O gerente me entregou a conta, depois de pagá-la, fui até o lado de fora do restaurante e me sentei em um dos bancos que havia do lado de fora.

Eventualmente Edward teria que sair. Quando o fizesse, nós poderíamos voltar para Forks. Fiquei ali, tentando me distrair com qualquer coisa para não pensar no casal lá dentro, pelo que pareceram horas. Até que ouvi:

- BELLA!

Edward surgiu ao meu lado, parecendo infinitamente aliviado.

- Oi, Edward. Você vai me levar para casa ou prefere que eu pegue um taxi?

- Onde você esteve? Eu fiquei lhe esperando sair do banheiro durante quinze minutos! – ignorou minha pergunta – Então pedi para Jackie ver se você estava lá dentro. Você tem a mínima noção de como fiquei preocupado quando ela voltou dizendo que não havia ninguém lá? Fui ao caixa pagar a conta e descobri que já estava paga. Seu celular não atendia. Eu já estava pronto para ir à polícia!

Meu cérebro só prestou atenção em uma parte:

- Jackie? Então esse é o nome dela?

- Então agora será que você pode me explicar o porquê ter sumido e... o que você disse?

- Perguntei se Jackie era o nome da sua morena. – dei de ombros.

- Mas do que diabos...

Ele parou, parecendo finalmente entender a situação. Assisti a preocupação em seus olhos ser consumida por chamas de raiva.

- Isabella Swan, você está tentando dizer que me abandonou lá dentro porque viu aquela garota sentada na nossa mesa?

Dei de ombros e, tentando disfarçar o quanto aquele fato me machucava, olhei para o outro lado.

- Eu não queria interromper.

Ouvi um rosnado.

Edward sentou-se ao meu lado, então me vi obrigada a olhá-lo – não queria parecer uma criança tentando fugir do problema. Ele respirou fundo algumas vezes, parecendo tentar se acalmar. Quando falou, foi bem lentamente, como se pensasse que falar em tom normal deixaria escapar algo indevido.

- Pouco depois de você ter se levantando aquela garota se sentou ao meu lado. Eu tentei dizer educadamente que estava acompanhado, mas ela não prestava atenção. Tive que ser bem direto para que ela desse o fora. Esperei você durante quinze minutos até que pedi para Jackie, a garçonete ruiva que nos atendeu, checar o banheiro. Depois que descobri que você não estava lá, eu sai para ir à polícia porque achei que algo de muito ruim tinha acontecido para você desaparecer desse jeito.

- Então vocês não estavam tendo um encontro? – a incerteza presente na voz.

Senti como se uma tonelada de chumbo tivesse saído de minhas costas.

- É claro que não.

- Ela é muito bonita.

- Você é linda. E eu estava tendo um encontro com você.

Não pude evitar a batida mais forte que retumbou em meu peito ao ouvi-lo falar aquilo. Mesmo sabendo que Edward se referia a um encontro de amigos.

Respirei fundo.

- Desculpe por ter saído daquele jeito. – comecei, baixinho – Sem avisar nada. Eu não medi as conseqüências.

Isso pareceu acalmá-lo.

- Desculpada. – sorriu – Desculpe por ter deixado aquela garota sentar em nossa mesa.

- Desculpado.

Então, de repente, todo o clima ruim havia se dissipado – como se nada estranho tivesse ocorrido.

- Vamos embora? – sugeri.

- É uma boa idéia.

Levantou-se e estendeu a mão para mim. Segurei sua mão, usando-a como auxilio para me levantar também. Depois que me endireitei, tentei retirar minha mão da dele, mas Edward segurou-a firme e entrelaçou nossos dedos.

Olhei curiosa de nossas mãos juntas para seu rosto. Ele não retribuiu meu olhar, contudo vi um sorrisinho no canto de seus lábios. Então, de mãos-dadas, andamos até o Volvo.

Lamentei quando Edward estacionou em frente minha casa. Porque, contrariando todas as minhas expectativas, o dia fora ótimo. Caminhamos a passos lentos até a porta, dessa vez mantendo nossas mãos a uma distância segura.

- Er... bem, tchau, Edward. Vejo você na segunda-feira. – falei, um tanto quanto desconfortável, colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha.

- Até segunda, Bella. – disse, mas não fez nenhum movimento para ir embora.

Franzi o cenho. Não tinha idéia do que ele pretendia fazer. Seus olhos estavam tempestuosos, como se ele lutasse contra alguma coisa. Estava começando a me preocupar de verdade quando Edward se moveu.

Inclinando-se para frente, pressionou seus lábios nos meus.

- Tchau, Bella. – sussurrou.

E antes que eu pudesse piscar, Edward já tinha entrado em seu carro e acelerado para longe.

Quando finalmente me recuperei do choque, percebi uma coisa:

Não havia ninguém por perto.

xxx

Eu me sentia leve na manhã de segunda-feira. Em parte por Edward e eu termos definido as coisas – então não me sentia mais tão constrangida perto dele – e em parte porque Alice não foi conosco para escola – o que me poupou de um interrogatório.

E durante o decorrer do dia, tudo parecia melhorar. As pessoas estavam se acostumando com Edward e eu como um casal por isso já não nos encaravam tanto.

As aulas foram rápidas e o intervalo logo chegou.

Encontrei somente Rose e Alice em nossa habitual mesa.

- Oi, gente. – sentei. – Cadê os meninos?

- Ah! Já ta com saudades do seu homem? – Rose riu.

- Poucas horas sem se ver e o coração já bate mais divagar?

Revirei os olhos.

- Vou ignorá-las.

Elas riram.

- Não precisa ficar bravinha, cunhadinha. – Alice, que estava sentada ao meu lado, apertou minhas bochechas enquanto falava.

- Eles estão treinando. – a loira respondeu.

- Treinando? Na hora do intervalo em uma segunda-feira? – franzi o cenho.

- É. Está correndo um boato por ai que um time de Chicago vai vir aqui para um jogo. – Alice esclareceu.

- Por algum campeonato?

- Não. Parece que é um equivalente a um amistoso de futebol, sabe? Só para confraternizar. – Hale terminou. – Mas como eles não querem fazer feio, estão aumentando a carga de treinos.

- Entendi.

- Mudando um pouco de assunto, você e Edward se resolveram, não é? – Rosalie perguntou, me olhando atentamente sobre a latinha de Coca.

- Sim, nos entendemos. É claro que houve uma pequena e não solicitada intervenção de uma pequena pessoa.

- Meu irmão sabe disso, cunhadinha? – arqueou a elegante sobrancelha para Alice.

- Não e nem vai ficar sabendo.

Jasper detestava quando a namorada se meti nos relacionamentos dos irmãos dela.

- De qualquer jeito, minha ajudinha funcionou, não?

- Se você diz. – dei de ombros, reprimindo uma risadinha.

- Hey!

- Vou pegar um refrigerante. Vocês querem alguma coisa?

- Não, obrigada.

- Eu quero outra água, por favor. Aqui o dinheiro.

Quando minha melhor amiga virou o braço para me entregar o dinheiro, esbarrou a mão em sua garrafa d'água quase vazia. A garrafa virou e derramou o restando do líquido em minha calça. Dei um pulo para trás, tentando escapar, ao mesmo tempo em que a baixinha agarrava a garrafa, endireitando-a outra vez.

- Desculpe, Bella. – parecia horrorizada - Eu sinto muito.

- Não tem problema. Não foi proposital. - respondi, avaliando o dano.

Não era uma grande mancha, mas estava visível sobre minha coxa.

– Eu vou ao banheiro ver se consigo secar isso. – levantei.

- Eu vou com você. – Alice se prontificou.

- Não precisa. Sério. É rápido. Já volto.

Esbocei um sorriso antes de me afastar.

Entrei no bem iluminado banheiro de nossa escola e fechei a porta. Puxei alguns pedaços do papel usado para enxugar a mão e coloquei sobre a mancha em minha calça, tentando fazê-los absorver a água ali.

- Viva a fantasia enquanto pode, Swan. – uma voz gelada veio de algum lugar atrás de mim.

Levantei a cabeça e encontrei os olhos raivosos de Tanya me encarando através do espelho.

- Do que você está falando, Denali? – perguntei nem mesmo me dando ao trabalho de virar para encará-la.

- Ora, Swan, você realmente pensou que Edward não me contaria tudo? – agora seu tom era zombeteiro, o que tornava suas palavras ainda piores.

Ele não faria isso... Edward não...

- Por que essa careta chocada? – soltou uma risada – Você é tão inocente, Swan.

A loira se aproximou e eu sabia que devia virar para confrontá-la cara a cara, porém estava paralisada pelo frio que a humilhação me causava.

- Essa brincadeira é quase a realização do sonho de sua vida, não é? É por isso que digo: Aproveite a fantasia enquanto pode. Porque ela logo acabará.

Então ela partiu, tão rápido e silenciosamente que por um momento achei que tinha chegado ao último estágio da loucura – aquele em que temos alucinações muito reais. Quase desejei a insanidade porque a outra opção seria acreditar que fui traída da maneira mais cruel pela pessoa que mais amo. Contudo, a porta entreaberta fez com que eu usasse a sanidade – que felizmente percebia que não havia perdido – e entendesse que aquele incidente realmente acontecera.

E esse entendimento foi a gota d'água, o ponto que atravessou todos os limites. Eu tinha agüentado demais, mesmo para alguém pagando os pecados de perseguição.

Agüentei os falsos beijos – que sistematicamente destruíam meu orgulho; agüentei as falsas cenas de ciúmes; o peso de enganar todos que amo e até mesmo agüentei os insultos e o ódio daquelas apaixonadas por Edward. Porém era uma humilhação em particular, pois ninguém sabia a real natureza de nosso relacionamento. E agora Cullen havia contado isso a alguém, humilhando-me publicamente.

Não me importava nem um pouco que esse alguém fosse a quase-namorada-verdadeira dele. Ele não tinha o direito de...

Fechei os olhos com pesar.

Eu podia imaginar o que Tanya deduziu ao saber de nosso acordo: A Swan está tão desesperada para ficar perto dele que aceita qualquer migalha de atenção.

Descerrei as pálpebras

Era diferente quando apenas especulavam sobre nosso relacionamento. Agora tinham certeza.

Minhas bochechas esquentaram enquanto meu sangue fervia de ódio e lágrimas de raiva se acumulavam.

Escancarei a porta do banheiro, fazendo-a bater com força na parede. Passei as mãos sobre meus olhos, secando-os e marchei pelo corredor relativamente vazio.

Saí do prédio principal e segui até o ginásio poliesportivo.

Encontrei boa parte do time de basquete saindo do ginásio.

- CULLEN! – urrei.

Todos eles param de conversar e dirigiram total atenção a mim.

- Lá dentro. – Tyler apontou, parecendo assustado – Guardando as bolas de basquete.

Os jogadores abriram espaço para eu passar. Estava na metade do caminho para "a sala do armário" – onde os materiais esportivos eram guardados – quando encontrei Emmett caminhando na direção oposta a minha.

- Oi, cunhadinha.

- Se manda, Emmett. – rosnei ao passar por ele.

- Edward, você tem problemas com a patroa. – cantarolou, gargalhando enquanto saia do prédio.

- O quê, Emmett? – Cullen gritou de algum lugar.

Quando finalmente cheguei ao meu destino, encontrei Edward de costas para mim, arrumando algo dentro de sua mochila. Bati a porta, fechando-nos lá dentro.

Ele pulou de susto ao som forte da madeira se chocando contra o portal. Virou-se para ver de onde veio o barulho e deparou-se comigo.

- Bella? O que você está fazendo aqui? – franziu o cenho, surpreso.

Eu tremia de raiva. E, como uma cobra peçonhenta pronta para destilar veneno, senti as palavras deslizarem asperamente para fora de minha boca:

- Você contou a Denali, seu desgraçado filho da mãe?

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Notas finais do capítulo

N/a: AMOOOORES. Sentiram saudades? Como está a vida? Como está o carnaval?

A minha vida está com falta de tempo. Não dá tempo de estudar tudo que eu preciso. Acho que vou pedir um dia com 30 horas. E o meu carnaval estaria melhor ainda sem essa chuva insuportável ¬¬

E é claro que eu estava morrendo de saudades!

Qto ao capítulo de hoje: Acho que a física, a química e a matemática afetaram minha criatividade. Por isso o capítulo ficou tão fraquinho ¬¬

OMG! Com esse final... o que será que vai acontecer no próximo capítulo? Acho que teremos algumas revelações... UAHAUHAUHAU eu sei, eu sei. Sou malvada por parar o capítulo nessa parte. MUMUMUAMMAUAUAU

Eu sei que demorei a postar e tals. Mas o capítulo foi grande para compensar a demora. Não sei qndo teremos o próximo post. Mas garanto que não vou abandonar a fic. Preciso que vcs tenham só um pouquinho de paciência =D

Obrigada a todos que comentaram. *-* É por vocês que eu continuo postando =D

E já sabem: A velocidade dos posts é diretamente proporcional ao número de reviews ;)

Beijoos e até o próximo capítulo ;*

OBS: D.R. significa Discutir Relação =D