Caitlin se encontrava sentada no chão, escorada na parede de uma cela sem janelas. O local apenas tinha como iluminação uma lâmpada fraca, pendurada pelos fios de energia. Dessa vez ela não estava amarrada, mas também não é como se precisasse. Não era capaz de mover um só músculo. Tudo doía, era como se seu corpo estivesse definhando por dentro.

  Daquela cela, ela podia ouvir claramente os gritos das outras pessoas. Qualquer que seja os experimento que aquele bioquímico estivesse fazendo, ela não era a única cobaia. Caitlin não sabia o tempo exato que estava ali. Talvez um mês...Dois. Era difícil contar.

 "Esse som não é maravilhoso?" Uma vozinha comentou no fundo da mente da Doutora.

— Não! Não é - Cait sussurra em resposta com a voz falha.

 As sessões, como costumava chamar, levavam o corpo humano ao extremo da dor. As vezes era tanta, que nem acordada conseguia ficar. Todas as coisas, todas as substancias que injetavam regularmente em suas veias a machucavam e a deixavam estranha depois.

 Há alguns dias, suas sessões pararam bruscamente. O Dr. Willows, como ela descobriu que o homem se chamava, estava achando estranho que seu experimento não estivesse dando certo. Enquanto os outros meta-humanos se tornavam mais poderosos, Caitlin fazia justamente ao contrario.

 Ela sentia fome, mas um tipo deferente de fome. Algo que ela precisava e não sabia o quê.

 Os gritos se tornavam mais altos, e agora ela podia ouvir alguém implorando para aquilo parar. Ela se perguntava o que estava acontecendo ali, o que aquele monstro estava fazendo com aquela pessoa.

 Com dificuldade, Cait leva sua mão até a barriga, o lugar que deveria estar abrigando seu filho. Desde que o perdeu, não conseguia parar de pensar em como ele teria sido. Talvez tivesse os olhos de Barry...Ou o sorriso. Ela queria tanto ver sua face pelo menos uma vez, mas agora jamais iria saber. Ela não pode protegê-lo e agora já era tarde demais.

 Uma lagrima solitária escorre por seu rosto, lembrando-a que ainda haviam varias outras a serem derramadas.

" Sentimental" A mesma vozinha bufa em desdém

— Cala a boca! — Cait rosna tentando silencia-la de uma vez por todas.

 Ela estava ficando maluca, sabia disso. Aquela voz estava se tornando cada vez mais forte e frequente, tornando-se assim impossível de ignorar.

— Falando sozinha novamente? — Um homem pergunta assim que entra em sua cela.

 Ele era um meta-humano que trabalhava junto com o doutor, e era capaz de ver o passado apenas tocando em objetos, ou pessoas que vivenciaram ele.

 Logo atrás do meta, veio o próprio Dr. Willows. Ele não estava com uma cara nada boa, e ela esperava que seu dia tivesse sido péssimo.

— Eu sinto muito senhorita Snow, não sei o que acontece com você. Achei que pudesse te fazer mais forte, mas estava errado — Se dirige e Cait e depois ao meta humano — Ela não é mais útil, sabe o que fazer.

 Então era assim que acabava? Ela sendo morta naquele buraco?

 Ele chega perto dela, e antes de machuca-la, toca seu rosto

— Tão bonita. É uma pena... — Não é capaz de terminar sua frase.

 No momento em que ele a toca, ela sabe o que precisa tanto. O calor... O calor que irradia dele, ela quer...Ela precisa. Antes que tenha tempo pra pensar, suas mãos estão contra o pescoço dele, sugando, retirando tudo o que precisa. A sensação é tão boa... Ela se sente poderosa e viva.

 O corpo do meta humano, começa a congelar e se despedaçar ressecado. a doutora só para quando não há mais nada. Se levanta com uma rapidez impressionante para quem estava praticamente definhando a poucos segundos. Seu corpo se move, mas não é Cait quem esta ordenando isso. É algo muito mais perigoso, mais animal...É ela.

 — Isso é tão bom. Agora... Que tal nós fazermos um acordo? — A nova dona do corpo da doutora, pergunta a Willows com um sorriso presunçoso.

 Eis a verdade: Não se pode mexer no DNA de uma pessoa, e não esperar consequências, e ele estava prestes a descobrir esse pequeno fato.

... 

 A Nevasca se encontrava nas ruas a procura de seu próximo lanche. Ela estava com fome, precisava de calor, e infelizmente pra ela, as pessoas estavam se tornando cada vez melhores em se esconder. Já fazia um tempo que não se alimentava, e se você acha que ela é perigosa agora, nunca chegou a vê-la faminta.

 Caitlin estava silenciosa. Provavelmente escondida em um lugar que não fosse capaz de ver ou ouvir o que iria acontecer assim que a assassina colocasse as mãos em sua próxima vítima.

 Ela continuou andando sem rumo definido. Para sua sorte, junto com sua nova necessidade de consumir calor, havia desenvolvido uma espécie de imã interno. Ela era atraída sempre para a fonte de calor mais próxima.

 Não demorou muito para que encontrasse suas presas. Do lado de fora de um antigo deposito de enlatados, se encontravam três homens adultos, provavelmente pegando suprimentos para reabastecer seu esconderijo.  Ela ficou parada por um tempo, apenas observando. Ela precisava apenas de um para suprir sua fome por alguns dias, mas o que teria de divertido nisso? Ela era uma caçadora, e a caçada era a melhor parte.

 Decidiu imobilizar o mais magro primeiro, esses sempre são os mais rápidos. Depois ela mataria o outro, e deixaria o mais forte correr um pouquinho. E assim ela fez. De longe, lançou uma rajada pelo chão, congelando a parte inferior do mais magro ao solo. Os outros dois não perderam tempo, saíram correndo, deixando o amigo para trás. Já conheciam a reputação dela: Assim que coloca a mão em vocês, não há maneira de escapar.Porém mesmo assim continuam tentando.

 Ela correu atrás do médio e não demorou muito para alcançado, ela se movimenta muito melhor no frio, do que ele. Sua morte foi rápida, apenas para alimenta-la. O mais forte não teve tanta sorte. Ela brincou com ele, como um gato brinca com o rato. Só matando-o quando se encontrava cansada demais para continuar. Por último voltou no magrinho, ele também teve uma morte rápida. Os minutos de pânico que ele passou sabendo o que iria lhe acontecer e o olhar de desespero em seus olhos já foi o bastante para agrada-la.

  Agora saciada, ela podia descansar um pouco e quem sabe ter tempo para sua segunda atividade favorita.

— Caitlin... — Chamou com uma risada diabólica — Esta na hora de brincarmos um pouquinho.