Winner escrita por Alice


Capítulo 4
Se Eu Soubesse Mentir


Notas iniciais do capítulo

Não revisei, sorry.



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Depois daquele dia de trabalho, Rose Weasley chegou em casa, se despiu e se olhou no espelho gigante que havia entre seu banheiro e closet. Ela chorou de novo, as lágrimas caindo no tapete azul. Ela sabia que era bonita, a pele parda da mãe e as sardas marrons nos braços, pernas e rosto, que herdara do pai, faziam de sua pele algo para fincar analisando por horas. Mas, oh, ainda havia a cicatriz abaixo do umbigo – essa vinha de seu irmão.

Bem, Rose jamais – jamais – esqueceria daquela lembrança gravada em pele, mesmo que já tivesse se passado cinco anos. Cinco anos desde de que perdera aquilo que ainda não sabia que tinha e ganho o que não sabia que precisava. Já existiam cirurgias para remover esse tipo de cicatriz, feita por faca, mas ela respeitava muito aquele lembrete, o porquê inicial da sua rebeldia.

Ela deu uma risadinha, porém, não limpou as lágrimas que cortavam seu rosto em linhas salgadas: não negava seus sentimentos. Não era raiva, era uma tristeza tão profunda que a fez fugir de Londres assim que conseguiu, aos 16 anos. Nunca olhou para trás, mas aquela cicatriz a lembrava de casa. Era importante.

Rose entrou na banheira quente com sais de baunilha e repousou a cabeça em uma almofada, imersa em água e em seus pensamentos. Em seu irmão.

Betty's got the back

of her dress all ripped out

Mama's got her face

muffled twist and shout

Ela tinha acabado de chegar de seu passeio com Severus e Sirius, e tinha algumas folhas no cabelo por terem caído na grama enquanto brincavam de esconde-esconde com Melanie e Caio Finnigan. Rose tinha quinze anos, sabia que brincar de esconde-esconde era ridículo, mas fora tão divertido. Depois de um ano e meio beijando garotos, estava começando a ir mais longe com eles – algo que acontecera a alguns minutos atrás de uma arvore. Ela ainda conseguia sentir o gosto de chocolate nos lábios e, por Deus, como a bunda dele era gostosa de apertar.

A ruiva estava muito contente, apaixonada, e nem reparou em seu irmão na cozinha quando foi pegar água. Quando ela se virou com o copo, foi que o viu parado, agora, atrás de si. O copo se partiu em mil pedaços depois que ela deu um gritinho de susto. Porra, de onde ele havia saído?

Hugo tinha treze anos, mas era da altura de sua irmã. Os olhos azuis e o cabelo castanho clarinho o deixavam com carinha de anjo, como se ele não soubesse o significado da palavra maldade. Mas ela sabia que havia algo escuro dentro dele. O menino a perseguia, com um ciúmes – talvez inveja – extremamente latente. Ninguém podia chegar perto de Rose sem ser da família, mas se algo de ruim, como uma mijada dos pais, acontecesse com ela, bem, ele não reclamava, apenas ficava com aquele sorrisinho debochado nos lábios.

Ninguém mais via isso, apenas Rose.

Então, ali estava ela, morrendo de medo do irmão e com um faqueiro ao lado. A respiração entre cortada. O que vai acontecer? Ele sorriu, sorriu aquela bosta de sorriso.

– Hei Rose! Como vai? – (Angelical) – O passeio foi bom? Gostou dos Finnigan?

Ela resolveu que demonstrar medo seria pior. O sorriso cortou seu rosto, uma mensagem de volta.

– Foi ótimo, Hugo. Melanie poderia ter sido minha amiga desde as fraldas, tão bem que nos damos. – Ela hesitou – Caio, bem, ele é legal, muito parecido com a irmã gêmea em aparência, mas não em jeito, ele é meio idiota.

– Caio não te tratou bem? – (O olhar mais psicótico) – Interessante, ele parecia muito esperto quando te beijou.

Foi um desafio.

– Hugo, ele não fez nada que eu não queria. – O olhou bem – Relaxe, irmão. Não é como se fossemos casar. E foi só um beijo.

Os olhos azuis pareceram se acalmar e os ombros caírem, sem pressão. Rose se virou para a porta, indo pegar uma vassoura para limpar o copo quebrado, feliz que seu irmão aceitara aquilo bem.

Até que ela ouviu um som metálico.

– Tem razão Rose, não é como se fossem casar. – (A fala mansa) – Afinal, por que ele casaria com você desse jeito?

O que ele quer dizer com “desse jei-

A faca foi forçada pela blusa, passando a pele e parando com meia lâmina para dentro, meia lâmina para fora. Ela caiu de joelhos. Hugo sorriu para ela, de pé sobre ela e então sorriu aquela bosta de sorriso. Ele olhou para um papel.

– Mamãe, papai e prima Betty chegam em um exato minuto, de acordo com o bilhete que ela nos deixou. Você sabe como mamãe é com horários: sempre correta – (O corpo relaxado) – Aguente firme Rose, mas lembre-se de nunca mais tentar algo assim de novo.

Ele saiu andando. Ela olhou para baixo, pensando se ia morrer. Cheguem logo, pelo Senhor, não se atrasem. Vejam o que Hugo fez. Mas ele fora mais esperto: quando ouviu os pais vindo pelo jardim – prima Betty reclamando do garçom que caíra em cima dela e arrebentara seu vestido – ele desceu correndo as escadas que acabara de subir.

– ROSE! – (Fazendo teatro) – Alguém pegue aquele cara! Por Deus, ROSE! Vamos pegar quem fez isso com você.

Ele se deixou cair de joelhos dramaticamente em cima de poça de sangue e retirou a faca, a fazendo gemer de dor, quase desmaiando. A ultima coisa que ouviu foi o grito de horror de Hermione, que, embora não tenha visto, tinha o rosto contorcido em horror.

You profit from the lie

You prophet from the lie

You profit from the rape

Praticamente cinco minutos depois de acordar, Rose estava chorando.

Seu útero fora rasgado no centro, seus óvulos mortos e sua chance de engravidar tirada de si. Ela nem sabia que queria filhos, mas ela queria, no mínimo, a chance de os ter. Quem sabe eles fossem amigos que nem ela e, caramba, seu irmão.

Ela tirou as mãos do rosto e encarou sua mãe, a única pessoa no quarto do hospital. O grito dela ainda estava gravado em sua mente. Rose contou tudo: como chegara do encontro, o olhar de Hugo quando a confrontou e o som da faca saindo do faqueiro. Sua mãe apenas deu um pequeno sorriso.

– Filha, Hugo foi o primeiro a lhe socorrer. Ele viu o homem que a atacou saindo pela porta dos fundos, que estava arrombada. Ele queria roubar a casa, pensando que ela estava vazia, e quando a viu, entrou em pânico, puxou a faca e lhe feriu. – Quando Rose apontou que haviam apenas as digitais de Hugo na faca sua mãe ficou séria – Filha, não fale assim de seu irmão, você perdeu muito sangue e deve ter confundido as coisas. As digitais são de quando ele retirou a faca de você.

E, por mais que a história contada por Hugo fosse muito malfeita, nenhuma pessoa da família queria pensar o contrario. Hugo atacar Rose por ciúme? Que coisa ridícula. Assim, quando Rose saiu do hospital, todos estavam ressentidos que ela continuasse a pensar que fora ataca pelo irmão, se recusando a fica sozinha com ele. Por acharem que era parte do trauma, eles fizeram essa vontade dela.

Foi partir disso que ela viu que toda a religiosidade de sua família era doentia, que havia preconceito contra negros pobres – já que sua mãe era uma negra rica –, como as mulheres de sua família eram subjugadas pelos maridos e que sempre que comia carne estava a favor de assassinato. Rose viu o mundo por outros olhos, deixou de ser cega. Ela virou uma rebelde, uma excluída de sangue, e então decidiu fugir no próximo ano, quando estivesse recuperada e com a escola terminada. Pegou a senha de sua poupança e conseguiu uma bolsa de estudos em uma faculdade novaiorquina.

Ela iria fugir.

Foi na noite anterior de sua fuga que sua mãe foi até seu quarto e disse para nunca permitir que fosse desrespeitada. Hermione sabia que sua filha iria embora para sempre, mas também sabia que ela seria feliz na América – mais do que ali, na antiquada Londres.

Lie baby

Eat meat, hate blacks, beat your fuckin wife

It's all connected

Rose ficou em pé na banheira e pegou uma toalha, novas lágrimas cortando sua pele. Queria sua mãe ali, mas sabia que não podia. Deixara tudo para trás para ser feliz. Mas ainda parecia que não estava completa: ainda tinha saudades.

Bem, a culpa é sua. Ela riu: Se fosse tão boa mentirosa como seu irmão, poderia ter tudo o que quisesse. A ultima lágrima caiu e ela completou seu pensamento tristemente, ao menos eu não terei as calças em chamas quando for ao inferno.

You're a liar

Liar, liar, you

got your pants on fire


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Notas finais do capítulo

Eu tenho alguns problemas com o machismo de meu avô. Mais alguém sofre com isso em sua família?



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