CIDADE DAS PEDRAS - Draco & Hermione escrita por AppleFran


Capítulo 44
Capítulo 41 - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, FELIZ 2017!
Segundamente, espero que ainda existam leitores interessados na continuação. haha
Agradeço a todos pelos comentários, pelas recomendações, pela insistência, por tudo! O feedback de vocês é o que faz eu nunca pensar em desistir dessa fic!

CAPÍTULO NÃO REVISADO!



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CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO 41

 


 

 

 

 

Ela se despedira dele aquela manhã no vestíbulo, acompanhada de Hera e Scorpius. Observou-o descer a enorme escadaria da frente até sua carruagem tentando ensinar os dois a como acenarem “tchau” para o pai da estreita janela do vestíbulo. Trocou um último e calmo olhar com o marido da distância em que estavam antes dele entrar na cabine de sua carruagem e partir para a Catedral. Tudo que Hermione conseguia pensar era que iriam deixar Brampton Fort aquela semana Voldemort liberando a saída deles ou não.

 

Ele tinha sua reunião semanal com Voldemort aquela manhã sobre seus progressos com o exército na intensa busca por Harry Potter. A busca que Draco se esforçava para que fosse sempre muito imperceptivelmente mal sucedida. A tensão entre Voldemort e Draco sempre a incomodava e ela sabia que incomodava o marido tão igualmente e ela só torcia para que Voldemort não estivesse carregando nenhuma carta debaixo da manga que fossem os pegar de surpresa.

 

Assim que Draco foi embora, ela se dedicou ao seu trabalho incessante dentro de casa. Tinha em sua cabeça a memória de sua mãe sempre ocupada tomando conta da limpeza dos móveis, dos tapetes, dos quadros sobre a lareira, dois livros na pequena estante que tinham no escritório de seu pai. Ela sempre estava presente. Sempre cuidava da saúde dela e do pai, sempre se dedicava a preparar todas as refeições, sempre se enforcava para ser uma boa tutora e mãe para ela, uma excelente esposa para o pai, e uma perfeita profissional. Hermione as vezes desejava que pudesse ter a vida dela com Draco e seus filhos e muitas vezes lutava além de suas capacidades para que realmente conseguisse.

 

Mas era impossível. Ela não tinha uma casa de dois andares e alguns cômodos, não era mãe de uma filha única, não tinha um marido conhecido no mundo inteiro e não era parte de uma família cujo as tradições datavam de séculos. Ainda assim, ela relutava a se entregar. Passou boa parte de seu tempo desenvolvendo atividades com Scorpius e Hera. Atividades de coordenação motora, redirecionamento e identificação. Assim que eles deitaram para o primeiro cochilo do dia, Hermione inspecionou cada cômodo da casa ao lado de Tryn para ter certeza de que a limpeza estava sendo feita exatamente como ela ordenava que fosse, ficou uma longa hora na cozinha discutindo o planejamento das refeições para a semana seguinte e quando estava pronta para listar quais conjuntos de prataria usaria para a mesa do dia a hora do cochilo dos filhos havia passado. Eles ainda dormiam, mas ela os acordou porque precisava seguir a rotina. Precisava que eles tivessem sono o suficiente para o próximo cochilo e sono o suficiente para irem para cama de noite. Terminou de listar a prataria para Tryn enquanto organizava os livros da biblioteca de volta as prateleiras na ordem que gostaria que ficassem ao mesmo tempo que tentava manter um olhar restrito em Hera e Scorpius que se aventuravam sobre o tapete de texturas que ela fizera para os dois.

 

Narcisa chegou quando ela estava tentando dar almoço para os filhos, o que não era exatamente uma hora muito perfeita. E Narcisa claramente notou o mesmo quando chegou a sala de jantar e percebeu a bagunça ao fim da mesa, onde Hera e Scorpius faziam a festa com a variedade de vegetais que tinham a disposição.

 

—       hum... – Narcisa se aproximou calmamente caminhando sobre seu olhar avaliador. – Podia pedir que alguém a ajudasse a colocar comida na boca deles, Hermione.

 

—       Eles são perfeitamente capazes de comer por eles mesmos. – ela respondeu.

 

—       Não sem fazer essa bagunça e eu tenho visto que isso não tem melhorado.

 

Hermione soltou o ar cansada.

 

—       Quantas vezes vou ter que te convencer do método que venho usando com eles? O benefício é a longo prazo. Quero que eles sejam capazes de explorar opções, de decidirem por si só o que gostam e o que não gostam, de terem algum senso de independência, de perceberem suas próprias competências...

 

—       Sim, sim, sim. – Narcisa a cortou. Respirou fundo e avaliou mais uma vez a cena a sua frente. – Bem, vejo que está ocupada. Quando vamos poder almoçar?

 

—       Eu estou almoçando. – Hermione respondeu. - Pode se juntar a nós se quiser.

 

A mulher ergueu as sobrancelhas.

 

—       O que te faz pensar que eu me juntaria a isso, Hermione? Eu participo de almoços civilizados.

 

Hermione revirou os olhos.

 

—       É só um almoço, Narcisa! Seguimos o protocolo da civilidade no jantar. Prometo. – tentou trazer algum humor para a conversa porque se ela se deixasse irritar, seu dia seria reduzido ao stress.

 

Narcisa ergueu nariz julgador e apertou os lábios. Hermione esperou que ela fosse ceder, porque normalmente ela cedia.

 

—       Vou te esperar na sala de piano. – ela estava séria. – Precisamos conversar.

 

Hermione franziu o cenho.

 

—       Tenho que limpá-los agora e o próximo cochilo deles é só as três.

 

—       Eu sei bem a rotina deles, Hermione. Tenho certeza de que Tryn pode administrar isso bem por alguns minutos.

 

Ela ia abrir a boca para rebater, mas Narcisa deixou a sala antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Soltou o ar derrotada, encarou os filhos e eles a encararam de volta em silêncio.

 

—       Sim, eu sei que conhecem a vó que tem. Mas ela vai ter que esperar. – comentou com eles e sorriu. Puxou o ar e terminou sua refeição, deu tempo para que Scorpius e Hera terminassem a deles. Limpou-os e os passou para Tryn com a tarefa de mantê-los ocupados por alguns minutos enquanto ela dava atenção para Narcisa.

 

Encontrou-a na sala de piano depois de tê-la feito esperar. A mulher havia arranjado uma mesa de almoço para as duas, chá e um display de torradas. Hermione parou diante daquilo e se sentiu irritada.

 

—       Essa é a minha casa, Narcisa. – soltou.

 

—       Sim. – ela disse de volta. – E não pense que não me sinto envergonhada por ter que lhe mostrar como receber uma visita propriamente.

 

—       Você não é uma visita.

 

—       Sim, eu sou. E mesmo se morasse aqui, eu seria. Essa é a sua casa, não a minha. – Hermione teve que lutar para não revirar os olhos novamente. Não estava pronta para recebeu uma lição de Narcisa. – Sente-se, Hermione. – ela apontou para a cadeira oposta da mesa. Hermione sentou-se contrariada. Narcisa puxou o ar e com cuidado continuou. – Eu acho admirável o que tem feito pelos seus filhos. Eles, de fato, merecem todo o cuidado e atenção que podem ter. – suspirou. – Você sempre me deu boas lições, Hermione. Eu a escutei. Quero que entenda que não estou querendo te condenar. Quero a orientar. Sempre me achei nesse papel com você desde o começo. – ela ajeitou-se em sua cadeira. – Você é mãe de dois filhos da mesma idade. É esposa de um herdeiro Malfoy. Tem uma posição enorme na Catedral. Tem uma posição mais grandiosa ainda na mídia. Tem uma posição nessa família. Fora todas as complicações de uma vida pessoa. Nunca lhe ocorreu que isso tudo é muito e que você é só uma?

 

—       Está sugerindo que eu abra mão de alguma dessas posições? Eu não acho que isso seria possível.

 

—       Estou sugerindo que aceite ajuda, Hermione.

 

—       Ajuda? – uma enorme interrogação apareceu em sua cabeça. – Em qual dessas áreas está sugerindo que eu aceite ajuda? Eu não acho que ninguém tenha a capacidade de me substituir como Hermione Malfoy.

 

—       Não é isso que estou querendo dizer. Eu sei que você e Draco tem tentado aproveitar o máximo possível de tempo com Hera e Scorpius possível por receio da ameaça que tem sobre eles. É sem dúvida admirável que vocês dois foram capazes de administrar isso tão bem até agora. Eu fico surpresa sempre que vejo Draco tão ativo em cuidar dos filhos como você. Lúcio nunca se dispôs a se responsabilizar por algumas tarefas que vejo você e Draco executarem. Na verdade, nem mesmo eu me dispus a me responsabilizar por algumas tarefas que você e Draco executam. – ela limpou a garganta e se acertou na cadeira. – Mas é insano a ideia de quererem criar os filhos sozinhos, Hermione. Você e Draco já estão carregando pratos muito cheios. Vocês não são apenas pais. Vocês tem outras responsabilidades enormes, tem outros papéis enormes, carregam outros títulos tão grande quanto. Scorpius e Hera precisam de pelo menos uma tutora. Não estou dizendo para encontrar uma babá. Estou sugerindo ao menos uma tutora.

 

—       Acaso trouxe esse assunto hoje porque Astória te mostrou ontem a entrevista que deu sobre como encontrou a babá de Elise e Eva?

 

Narcisa soltou o ar frustrada.

 

—       Você sabe que eu sempre jogo indiretas sobre esse assunto para você e Draco, Hermione. Não desmerecendo o ótimo padrão de qualidade que Astória colocou para encontrar a babá das filhas, claro. Um padrão no qual você certamente deveria se inspirar. Ela fez um excelente trabalho. Eu tenho certeza que pode pegar ótimas dicas com ela. – Narcisa apertou os lábios quando viu Hermione revirar os olhos. – Veja bem, Hermione. Você sabe que me sinto no papel de te guiar. Não pense que pode se mudar para uma casa como a que tem no Vale dos Bosques e ter uma vida onde só vai existir você, Draco, os filhos e Tryn. Irá precisar de empregados!

 

—       Sim. Eu sei que irei precisar de empregados. Eu e Draco já discutimos sobre isso. Estou muito familiarizada com o estilo de vida da aristocracia bruxa para saber que tipo de ajuda vamos contratar e qual não quando o momento certo chegar. Ele ainda não chegou. Por agora eu e Draco estamos trabalhando bem com as opções de ajuda que temos a nossa disposição. – Hermione viu que Narcisa ainda não estava satisfeita. – Escute. Não se preocupe. Scorpius e Hera vão ter uma lista de tutores extremamente competentes. Eu terei a ajuda do número de babás necessário. Nossa casa terá o número perfeito de empregados, elfos domésticos, jardineiros e qualquer cargo possível que esteja na sua cabeça agora. Não pense que vou morar sozinha com meus filhos e Draco em uma casa como Caverna de Vidro.

 

Ela terminou de dizer aquilo e Tryn entrou apressada dizendo que dois homens da Catedral a esperavam na sala de entrada da casa. Hermione e Narcisa se levantaram imediatamente. Hermione perguntou o que eles queriam para a elfa e ela disse que não foi confiada a informação. Sua cabeça foi inundada de dúvidas e ela logo dispensou a elfa para voltar a dar atenção aos filhos com urgência.

 

Foi até a entrada seguida de Narcisa. Os dois homens estavam de pé esperando por ela. Vestiam a farda do exército o que indicavam que eram homens do departamento de Draco. Homens do exército. Hermione os reconhecia. Mas o que era estranho era que eram homens de zonas altas. Um era membro da zona seis e outro da zona cinco. Membros de zonas altas ficavam em campo de ação, não passando informações dentro de Brampton Fort.

 

—       Tenho um pedido do mestre para te escoltar até a Catedral para uma audiência fechada no salão principal. – o homem da zona seis se dirigiu a Hermione após fazer uma respeitosa reverência as duas. – As ordens do general foram para que eu garantisse sua máxima proteção.

 

—       Por que toda essa formalidade? – ela raramente era escoltada para eventos obrigatórios criados de ultima hora por Voldemort.

 

—       Porque o mestre quer garantir sua presença na audiência e ele está bem consciente da tensão que tem crescido entre a casa Malfoy e o Império. – explicou o homem. – Mas temos ordens do general para garantir sua segurança também. Comensal Thomas recebeu a ordem de ficar em sua casa para garantir isso para seus filhos e para a Sra. Malfoy, se ela, claro, decidir ficar.

 

—       É claro que eu vou ficar. – Narcisa pronunciou-se.

 

—       Não. Espere. – será que era só Hermione que sentia o cheiro estranho daquilo. Ela estreitou os olhos e leu a identificação no uniforme do comensal. – Desculpe-me mas eu não vou para lugar nenhum, Comensal Devon. Não vou deixar meus filhos aqui para ir para Catedral quando é preciso que meu marido mande comensais para garantir a segurança deles quando os deixar.

 

—       É só uma medida de precaução, Sra. Malfoy. – garantiu Devon. – O general tem se preocupado em reforçar o cuidado com a família com as últimas notícias que tem rondado a mídia. E infelizmente, não acredito que seja possível que simplesmente ignore uma intimação do mestre.

 

Sim. Ela sabia que não tinha opção diante de uma intimação de Voldemort. Ela não sabia que seguia o script de que não tinha nada a temer, ou se deveria seguir o instinto que crescia dentro dela.

 

—       Hermione. – Narcisa pronunciou-se novamente. – Não se preocupe. Sabe que posso ficar com Scorpius e Hera. Conheço a rotina deles.

 

Ela não queria ceder, mas sabia que tinha que seguir o script. O script era a peça de teatro que tinha os levado até ali. Ela não podia sair do personagem, não agora. Precisava assegurar que as coisas não explodissem e estourassem até que estivessem bem longe de Brampton Fort, o que Draco já havia dito que não passaria daquela semana. Ela tinha que segurar só mais um pouco.

 

Suspirou.

 

—       Quanto tempo essa audiência vai levar? – perguntou.

 

—       Ninguém tem certeza, Sra. Malfoy. Nós todos sabemos como o mestre pode ser imprevisível. – Devon declarou.

 

Ela assentiu.

 

—       Vou trocar de roupa. – anunciou sua decisão.

 

Subiu as escadas até seu quarto com o coração e a mente apreensivos. A roupa que havia separado para ir a catedral no dia seguinte teve que servir para a ocasião já que seu tempo era curto. Ela vinha negligenciando a troca de estação do seu guarda roupa fazia algumas semanas pois sabia que a próxima fase de seu guarda roupa precisava expressar uma mulher diferente, uma mulher poderosa, e o estilista responsável por essa fase dela já havia enchido seu guarda roupa da casa nova, não daquela casa onde estava. Enquanto estivesse em Brampton Fort, precisava ser a cheia de personalidade, mas frágil e emotiva, Hermione Malfoy para a mídia.

 

Colocou um vestido perolado que escurecia a medida que descia para o fim da saia. Era drapeado e leve com um decote canoa um tanto baixo e de mangas simples o que a obrigou a carregar um pouco mais nas joias e no peso da capa que usaria para aguentar o frio do lado de fora. Não via a hora de se mudar definitivamente para a casa nova bem longe de Brampton Fort e não era só para ter acesso as suas novas roupas e a nova personalidade que iria expor a mídia, mas para simplesmente mudar de fase. Ela estava curiosa para saber como realmente era o fundo do precipício do qual ela e sua família se jogaria.

 

Refez sua maquiagem o mais rápido que pode, pegou Hera e Scorpius para despedir-se e entrega-los a Narcisa. Os filhos entenderam que ela estava deixando a casa pelo modo como os abraçara. O choro foi inevitável e Hermione teve que partir como coração doendo. Desceu e entrou na carruagem da Catedral acompanhada do Comensal Devon. O outro ficou com Narcisa, Scorpius e Hera.

 

Na saída do condomínio da Vila dos Comensais, Hermione notou duas outras carruagens da Catedral passarem por eles na direção contrária. Ela os espiou pela pequena janela da cabine por alguns segundos e se sentiu curiosa.

 

—       Para onde equelas carruagens estão indo? – ela perguntou para Devon.

 

O Comensal do exército de Draco olhou para a janela e esticou o pescoço para poder ver as duas carruagens que haviam acabado de passar por eles.

 

—       É domingo, madame. A maioria dos Comensais estão em casa. Não duvido que o mestre tenha pedido para que alguns deles também fossem escoltados até a Catedral.

 

Hermione viu sentido naquela resposta.

 

—       Quem te deu a ordem de me escoltar? O mestre ou meu marido?

 

—       O mestre. Mas tive direcionamentos do general.

 

Aquilo era o que acalmava o coração dela. Ir para a Catedral sempre crescia nela ansiedade. Ela tinha sua própria maneira de se preparar psicologicamente para quando tinha trabalho a fazer lá, mas isso tinha como requisito antecedência e aquela surpresa de ir para a Catedral sem estar preparada, sem tempo para poder acalmar seu psicológico tornada tudo pior.

 

Ela não estava realmente prestando atenção, mas havia feito o caminho para Catedral tantas vezes que mesmo não olhando para a janela, percebeu quando a carruagem tomou uma entrada diferente. Ela estranhou. Olhou pela janela e confirmou que o caminho era diferente. Procurou não se importar. Talvez ele estivesse tomando uma rota diferente ou quisesse percorrer um caminho menos movimentado ou cortar pelo parque de inverno.

 

Hermione não andava com uma bússola, mas tinha bastante noção espacial e quando viu que quanto mais andavam mais longe ficavam da direção da Catedral, ela não conseguiu mais se convencer de que não deveria se importar.

 

—       Para onde está me levando? – manifestou-se mais do ataque do que na defensiva.

 

—       Eu disse que recebi direcionamentos do general, madame. – respondeu o Comensal Devon.

 

—       Que tipo de direcionamentos?

 

—       Prefiro mantê-los sob confidencialidade.

 

—       Sinto muito, mas isso não funciona comigo.

 

—       Funciona comigo, madame.

 

—       Para onde está me levando? – ela se irritou. – Não me faça usar magia.

 

—       Senhora, eu aconselharia a manter-se o mais ignorante possível. Apenas coopere. Eu tenho a missão de te manter segura.

 

—       Eu posso me manter segura eu mesma. – ela ainda não sabia porque não havia parado aquela carruagem ainda ela mesma. – Não quero seguir seu conselho. Me diga para onde está me levando. Acha mesmo que vou confiar em um Comensal?

 

—       E o que a senhora acha que é, madame?

 

—       Não escolhi ser uma Comensal.

 

—       E acha que eu também escolhi? Duvido se até mesmo membros do círculo interno escolheram a marca que carregam no braço. Os únicos seguidores verdadeiros do mestre foram os primeiros. O que veio depois disso foi a opressão do Império, a guerra, o ‘salve-se quem tiver influência’, o ‘ajoelhe-se ou morra’.

 

Hermione calou-se e ficou sem reação por alguns segundos depois de ter recebido aquela declaração. Por um lado ela quis pular a e abraça-lo por saber que ele estava do seu lado, mas por outro ela duvidou se ele só estivesse fazendo aquilo para ganhar a confiança dela, porque não duvidava que quem fosse realmente inteligente já tivesse captado a mensagem subliminar que ela e Draco vinham jogando na mídia já fazia um bom tempo.

 

—       Para onde está me levando? Me responsa agora ou eu vou tirar essa resposta de você e acredite, não é agradável.

 

O homem suspirou.

 

—       Eu não duvido que consiga. Queria apenas te dar a oportunidade de cooperar. – e sem muitas voltas ele apenas respondeu. – Estou te levando para o portão norte. Tenho ordens do general para te tirar de Brampton Fort o mais rápido e mais imperceptível possível.

 

Hermione sentiu seu sangue gelar e não era o frio na cabine porque sua capa fazia o bom trabalho de lhe esquentar.

 

—       Pare agora. – foi sua primeira reação. – Eu não vou para nenhum lugar onde meus filhos não estejam, eu não vou para nenhum lugar onde meu marido não esteja, eu não vou para nenhum lugar longe da minha família! Eu não me importo com nenhuma ordem que tenha recebido! Me leve até a Catedral agora! – ela precisava ver Draco. Precisava falar com Draco. Precisava de alguém em quem ela podia confiar. – Meu marido jamais daria uma ordem dessas. Meu marido jamais me separaria dos meus filhos! Me leve para a Catedral. – o Comensal a sua frente parecia calmo demais para o nível do seu nervoso. – AGORA!

 

Ele soltou o ar um tanto quanto cansado. Deu duas batidas na madeira da cabine e logo a carruagem estacionou.

 

—       Senhora. – seu tom de voz não mudava. – Eu não vou lutar contra a sua vontade. Eu não posso lutar contra você. Se quiser ir a Catedral, eu vou te levar a Catedral. Mas preciso que entenda que o general, seu marido, sempre esteve esperando da parte dos aliados dele que a segurança de sua família fosse mantida intacta e sempre em prioridade no momento em que estivesse exposta a qualquer eminente perigo. Eu não acabei de receber nenhuma ordem direta dele para te tirar de Brampton Fort o mais rápido possível. Não precisei. Todos nós recebemos o sinal de que era hora no momento em que ele voltou do gabinete do mestre. Ninguém sentou e montou qualquer plano sobre como prosseguir tudo isso, mas somos treinados e somos bons, sabemos o que fazer e como agir em situações como essa. Agora, será que é preciso que eu a lembre da situações em que os Malfoy tem se colocado diante do mestre nos últimos meses? Eu sei que sabe bem do que estou falando e deveria temer sua vida e a de sua família por isso. Principalmente agora. Vou tornar a colocar os fatos novamente na mesa, Sra. Malfoy. Nós vamos tirar você, seus filhos e seu marido de Brampton Fort hoje. Vocês não podem ficar mais aqui um dia que seja. Estamos a cinco minutos do portão norte onde temos uma chave de portal aberta te esperando. O esquadrão de plantão são aliados em potencial e vão ser responsáveis por manter sua saída fora dos documentos pelo máximo de tempo possível. Mas a escolha é sua.

 

—       Onde está meu marido nesse exato momento? – foi o que ela perguntou mesmo depois de tudo o que ouvira.

 

—       Na Catedral.

 

—       Então me leve a Catedral. – finalizou ela.

 

O homem a sua frente ficou em silêncio por alguns segundos completamente sem expressão.

 

—       Senh...

 

—       Me. Leve. Até. Catedral. Agora! – ela foi ríspida.

 

Ele soltou o ar. Fechou os olhos por alguns segundos absorvendo o peso daquela decisão dela. Uma reação que não havia funcionado se caso o intuito fosse de mostrar o erro que acabara de cometer. Ele colocou a cabeça para fora da janela e anunciou um simples “Catedral” para o condutor. A carruagem logo começou a se mover novamente.

 

—       O que pretende fazer com os meus filhos? – suas mãos suavam.

 

—       Eles vão ser levados em carruagens diferentes sob a escolta de comensais diferente para o portão norte. Suas chaves de portais estão sendo preparadas.

 

—       Eles não vão ser levados a lugar nenhum! – ela tinha que chegar logo na Catedral! Não podia deixar que aquilo fosse adiante! Precisava que Draco desse ordem ao seus homens! Precisava que eles parassem! Precisava saber o que estava acontecendo!

 

—       Talvez a madame não entenda, mas quatro alvos em um mesmo lugar é muito mais fácil de ser destruído do que quatro alvos em lugares e momentos diferentes.

 

—       Eu não sou idiota. – ela retrucou. – Eu não vejo necessidade em nada disso. Por pior que seja a nossa situação! Mande homens imediatamente para minha residência. Reforce as entradas e portões. Não deixe com que ninguém chegue perto dos meus filhos!

 

—       Eu não tenho poder para dar ordens como essa, madame.

 

Hermione queria rugir, mas conteve-se.

 

—       Eu juro que se escutar sua voz mais uma vez, vou cortar sua língua eu mesma.

 

O homem apenas acenou com a cabeça em reverencia a ela, o que apenas a irritou mais ainda. Durante o trajeto ela colocou a cabeça para fora mais de uma vez pedindo para que o condutor se apressasse. E ele realmente se apressou. Ela não conseguia olhar para o Comensal Devon e durante todo aquele tempo ela só pensava nos filhos. Ela tinha que chegar a Draco, tinha que parar tudo aquilo e tinha que voltar a tempo para o filhos!

 

Pulou da cabine e voou para dentro da Catedral assim que a carruagem estacionou em um dos portões privados da ala leste, a ala do Q.G. Devon veio atrás dela mantendo o mesmo ritmo de seus passos. Draco foi o primeiro rosto que viu no momento em que avistou a entrada do Q.G. Ele saía acompanhado de um grande número de membros da zona seis. O segundo em que ele e o resto que o acompanhava a avistou, os passos desaceleraram junto com os dele. As sobrancelhas de Draco se uniram e os olhos apertaram. Ele logo avançou em direção a ela e a Devon.

 

—       Por que você deixou que ela te convencesse? – o tom feroz que ele usou foi para Devon enquanto se aproximava

 

—       Ela não poderia lutar contra ela. Ninguém engana sua mulher, general. – O comensal justificou-se.

 

Draco pegou Hermione pelo braço e a empurrou com ele para longe. Ela lutou até conseguir se soltar. Ele não conseguira a levar muito longe.

 

—       O que diabos está fazendo com tudo isso? – ela cambaleou tentando recobrar seu equilíbrio. Se tivesse coragem para cuspir nele, cuspiria.

 

—       O que diabos você está fazendo aqui? Eu preciso que saia desse lugar o mais rápido possível!

 

—       E de que universo você tirou a ideia de que eu iria cooperar com a forma como está trabalhando para me tirar daqui?

 

—       Eu não estou trabalhando em nada, Hermione! Eu estou contando com o apoio de quem está disposto a me apoiar agora! A nos apoiar! Estou confiando em quem posso confiar! Estou dando um tiro no escuro e estou confiando no treinamento que dei para meus homens! Eu não podia te mandar nenhuma nota explicativa, não podia mandar nenhum memorando, nenhuma coruja, nenhum sinal do que está acontecendo! Não posso dar mais chances de fazer com que Voldemort perceba tudo isso antes da hora do que já existe com toda a movimentação de homens que está acontecendo. Não é hora para me dar lições de como me comportar com você! Voldemort quer Scorpius. Ele quer Scorpius agora!

 

Hermione gelou. Scorpius ainda não havia completado um ano!

 

—       Leve reforços para a nossa casa! Não deixe ninguém passar dos nossos portões!

 

Draco soltou uma risada forcada, sem ver graça nenhuma e um tanto quanto chocado.

 

—       Você é mais inteligente do que isso, Hermione. – ele soltou com desprezo. – Você precisa sair daqui agora! Os Comensais estão se mobilizando para tirar Hera e Scorpius daqui logo depois que você for. Eu preciso de vocês longe daqui, Hermione! Para o bem da minha sanidade! Vá embora antes que isso chegue nos ouvidos do mestre!

 

—       General! – uma mulher da zona sete veio correndo até ele. Hermione a reconheceu. – As carruagens foram paradas. Ninguém saí sem autorização direta da torre. O mestre sabe que a Sra. Malfoy acabou de pisar na Catedral.

 

Draco não esboçou nenhuma reação de imediato, mas Hermione pode ver que um balde de água fria havia acabado de cair sobre ele pelo simples olhar vazio e opaco que ele deu depois de um piscada inconsciente. O olhar dele foi para Devon, depois para o grupo da zona seis parado na saída do Q.G. Ele deu um passo inconsciente para próximo dela e Hermione sentiu o instinto protetor quando ele a tocou inconscientemente novamente na cintura.

 

—       Devon. – Draco chamou. – Meus filhos. Eles estão a caminho do portão norte?

 

—       É esperado que estejam, senhor. A ordem do mestre sobre as carruagens aqui na Catedral não interfere neles. – respondeu Devon.

 

—       Eu sei que não interferem. – Draco apertou os dentes. – Como eu posso ter certeza de que meus filhos estão a caminho do portão norte?

 

—       Senhor, sabe bem que nossas formas de comunicação são restritas uma vez que estamos separados. Qualquer sinal pode chegar ao conhecimento do mestre. Não queremos que ele interfira em nossa ação. Mas as ordens são claras. Tirá-los de Brampton Fort.

 

—       Draco. – Hermione quis a atenção do marido. – Quão bem confia nos comensais que estão com Scorpius e Hera?

 

—       Confio neles. – Draco respondeu.

 

—       Quão bem confia neles? – ela insistiu.

 

—       Confio neles, Hermione. – ele respondeu. – É o mais longe que posso ir.

 

É o mais longe que ele podia ir. É o mais longe que ele podia ir? Ela sentiu um vácuo em seu estomago.

 

—       Como você ousa... – se viu quase sem ar e voz. – Como você ousa... – fechou o punho contra ele. – COMO VOCÊ OUSA! – gritou e bateu forte contra a muralha que ele era. – COMO OUSA COLOCAR NOSSOS FILHOS NAS MÃOS DE QUEM APENAS “CONFIA”? – ela não controlou a série de socos e empurrões que vieram do fundo dos nervos que corriam sua pele. – COMO OUSA FAZER ISSO COM NOSSOS FILHOS? COMO OUSA? – alguém a segurou e a afastou. Ela lutou. – COMO OUSA? SÃO NOSSOS FILHOS, DRACO! NOSSOS FILHOS! – gritou.

 

—       Tire as mãos dela! – Draco ordenou para quem quer que estivesse a segurando.

 

Hermione recobrou o equilíbrio quando foi soltada e chorou. Chorou de raiva. Tentou ir contra ele novamente, mas estava sem força agora.

 

—       General. – outro homem se aproximou. Fox. Hermione o reconheceu. – O mestre está pronto para a audiência fechada no átrio principal.

 

Hermione sentiu-se desesperar mais ainda.

 

—       Hermione. – Draco pronunciou depois de respirar fundo. – Eu preciso confiar em quem eu confio. Eu não tenho outra opção. Nós não temos outra opção. Eu não podia deixar que estivessem juntos, que vocês três fossem um alvo só. Seriam três coelhos em uma cajadada só para Voldemort. Seria estúpido. Eu estaria violando um princípio básico que me foi ensinado. Preciso confiar em quem confio! Entende? – ele aproximou-se dela. Aproximou-se bastante. – Pare de chorar. – ele ordenou numa voz baixa. – Eu preciso que saía daqui porque Scorpius e Hera precisam de você quando eles saírem. Preciso que você foque. Preciso que esteja lá para eles. – ele levantou os olhos para Fox. – Fox e Devon. Peguem uma carruagem e a levem para o portão norte. Matem quem precisar ser morto. Tire-a daqui.

 

**

 

Ela apertava o passo para acompanhar os dois homens que a apressavam. Sua cabeça estava nos filhos. Havia uma pressão em seu peito que consumia seus nervos. Ela queria explodir. Mas não podia. Tinha que aguentar a pressão. Tinha que controlar seus nervos. Tinha que ser forte. Ela sabia. Sabia desde sempre que em algum momento a bomba iria explodir. Sabia que seria feio, que ela não estaria pronta e que não saberia como reagir. Tudo que ela podia fazer agora era confiar que tudo ficaria bem. Eles haviam trabalhado muito espertamente para que quando o momento chegasse, tudo ficasse bem. Mas ela duvidava. Duvidava porque por mais que tivessem se desgastado e trabalhado com tanto afinco e empenho em garantir a segurança da família para quando o grande momento chegasse, por mais que tivessem conseguido fazer tudo que fizeram oitenta vezes melhor, nunca conseguiriam ter cem por cento de certeza de que tudo daria certo. Isso matava Draco. Matava a ela também.

 

—       Olá! – Theodore apareceu quando fizeram a curva para cruzarem de ala. Vinha acompanho de três homens da zona cinco, o que estranhou Hermione imediatamente. O que os homens de Draco estavam fazendo na companhia de Theodore? – É sempre bom te ver, Hermione. Você é sempre uma bela visão.

 

Hermione não parou porque Fox e Devon não pararam.

 

—       Não tenho tempo agora, Nott. – ela continuou focada.

 

—       Eu acredito que encontrará tempo...

 

Ele foi cortado quase que imediatamente quando Devon e Fox sacaram a varinha e estuporaram os homens da zona cinco que começavam a formar uma barreira impedindo a passagem deles. Hermione sacou sua varinha num reflexo confuso. Ela não estava esperando por aquilo. Queria repreender Devon e Fox por começarem um ataque desnecessário. Sua saída era para ser sutil! Mas não teve tempo porque os homens de Theodore que haviam conseguido se manter de pé foram tão rápidos para sacar a varinha e contra atacar quando Fox e Devon para atacar.

 

—       Você não luta! Você foge! – Fox a lembrou quando ela, um tanto confusa e receosa avançou para tomar a frente daquela confusão. – Devon!

 

Devon a segurou pelo braço e servindo como escuro a encurralou para os espaços que Fox estava criando em seu ataque.

 

—       Acredite em mim, Hermione! Você não vai querer ir embora! – Theodore gritou por cima do barulho de colisão de feitiços. Tudo acontecia tão rápido que Hermione não tinha tempo de reagir contra ninguém. A verdade e que se descobria com um medo que nunca havia sentido antes quando via todos aqueles feitiços e toda aquela ação ao seu redor. Ela aceitava ter Devon como escuto. Aceitava ser protegida e direcionada porque nada podia acontecer a ela. Se algo acontecesse a ela, o que seria de Scorpius e Hera? Seus filhos precisavam dela! Entrou em conflito consigo mesma viu que aquela não era ela. Ela nunca havia recuado. Nunca recuava! – PAREM! EU NÃO ORDEM PARA NENHUM ATAQUE! – Theodore bradou tão frustrado com aquilo quanto ela. – ELA NÃO VAI A LUGAR ALGUM! ISSO É TOTALMENTE DESNECESSÁRIO!

 

Os homens da zona cinco se reposicionaram na defesa em obediência a Theodore. Foi quando Hermione concluiu que Fox era definitivamente no mínimo duas vezes melhor do que cada um daqueles homens. Era apenas um e conseguia estar em posição de ataque e não defesa.

 

Devon quis aproveitar quando eles recuaram para apressá-la, mas ela acabou parando e forçando a Devon a parar com ela quando escutou da boca de Theodore:

 

—       Acabei de ver seu filho sair de uma das carruagens no pátio principal.

 

—       Ele está mentindo. – Devon soltou quase que imediatamente e forçou Hermione a seguir caminho.

 

Ela não teve muito tempo, mas tentou se convencer de que aceitava aquilo porque tinha que aceitar aquilo. Tinha que seguir caminho. Mesmo que seu coração estivesse querendo sair pela boca com a ideia de seu pequeno e indefeso menino ter sido levado a Catedral.

 

—       Eu não posso... – ela soltou por baixo de sua respiração, muito baixo, enquanto seus passos relutavam a ideia de ser tirada dalí.

 

—       Seus filhos estão a caminho do portão norte, Sra. Malfoy. – Devon tentou ajuda-la a se convencer. – Nott tem tentado tomar o lugar do general há um bom tempo dividindo o exército. Não acredite no jogo dele.

 

Hermione entendeu finalmente o porque Fox não hesitou sequer um segundo para iniciar conflito então. O ressentimento da divisão e da tomada de lados era clara para ela agora.

 

—       Thomas! – Theodore apressou-se enquanto tinha segundos para se fazer manifestar. Devon desacelerou quase que imediatamente ao escutar o nome. Hermione não entendeu. – Ele está do meu lado, Devon!

 

—       Devon! – Fox lhe chamou atenção. – Nós não temos tempo!

 

—       Quem é Thomas? – Hermione fez a pergunta no automático e quase que imediatamente seu cérebro lhe mandou a imagem de Devon chegando em sua casa horas antes, acompanhado de uma outro homem do exército de Draco que tinha na tag de seu uniforme o nome ‘Thomas”.

 

Hermione sentiu seu estômago cair, seu coração pular, seu cérebro dar voltas e sua visão escurecer.

 

—       Vamos. – Devon somente deu as costas e tentou redirecioná-la.

 

—       Não. – dessa vez ela não poderia tentar se convencer de mais nada. Sentia um terrível monstro acordar dentro dela. Uma força que tinha o poder de projetar fogo em qualquer um que cruzasse seu caminho. Voltou-se para Theodore. – Onde ele está?

 

—       Ele está mentindo! – Devon insistiu relutando com si mesmo se deveria ou não usar a força contra ela.

 

—       Você sabe bem onde seu filho poderia estar, Sra. Malfoy. – Theodore soltou com um sorriso nojento enquanto se aproximava.

 

—       Devon! – Fox irritou-se tentando segurar a posição que estava para dar vantagem a ela e Devon. – Temos uma ordem!

 

Devon segurou o braço dela com força, mas antes que fosse puxada Hermione sacou sua varinha contra Devon e se livrou dos dedos dele. Não iria pedir desculpas porque não tinha tempo. Sim, ela entraria no jogo de Theodore. Sabia que era burrice, mas o monstro dentro de si jamais deixaria que qualquer informação sobre seu filho, por mais mentirosa que pudesse ser, fosse ignorada. Se Scorpius estivesse realmente ali, ela só sairia com ele nos braços.

 

Ela ainda escutou Fox soltar um palavrão, escutou Devon retrucar algo grosseiro e a chuva de feitiços que certamente voavam contra os dois, impedindo que conseguissem ir atrás dela. Era burrice não ter ninguém para defende-la, era burrice sair do plano que havia acordado com Draco minutos atrás, mas ela não podia lutar contra o instinto do monstro que rugia dentro dela. O que estava fazendo era exatamente o que Nott queria, mas algo que Nott não sabia era que ela não precisava de ninguém para defendê-la.

 

Seus pés a carregaram direito para o átrio principal onde sabia que não deveria ir de forma alguma, mas por algum motivo, por algum instinto, ela sabia que era ali que seu filho estaria.

 

Fox conseguiu alcança-la. Devon veio logo atrás. Ele foi agressivo e sem hesitar Hermione retrucou sem sequer precisar sacar sua varinha. O que o fez recuar imediatamente ao se lembrar de quem ela era. Ela era poderosa e o maior enigma do mundo bruxo.

 

—       Você pode segurar quantos homens for, mas não consegue me segurar. Nem tente. Você pode me dizer que isso vai me cair morta em segundos, mas não vai me convencer de deixar o meu filho para trás. Eu não vou deixar essa catedral sem ele se ele estiver aqui!

 

—       Esse é exatamente o que pensamento que Nott quer que tenha. – Fox parecia furioso. – Nós temos ordens para passarmos por cima do que for para te tirar daqui. Eu nunca falhei com o general. Não será agora que irei falhar! Se seu filho estiver aqui, o resto de nós fará o que for para tirá-lo daqui porque essas são as ordens do general. Esse é o plano. Sempre foi. Precisa confiar no que foi construído até aqui!

 

—       Não tente me convencer disso quando acabei de ter a maior prova de que o exército está dividido e nem vocês mesmos sabem quem está do lado de quem! Não tente me parar. Sou uma mãe bastante furiosa no momento! Não tente. – ela deu as costas e seguiu seu caminho.

 

Surpreendentemente eles não se meteram no caminho dela. O que na verdade lhe serviu de aviso porque Hermione sabia muito bem que eles não iriam simplesmente desistir da ordem que haviam recebido.

 

As portas do átrio principal estavam fechadas com avisos de audiência interna. A sua esquerda ela viu comensais de Draco esgueirarem figuras da mídia para dentro do salão pelo mezanino. Hermione avançou sem medo e sem hesitar por qualquer mínimo segundo que fosse, escancarou a porta trancada usando a magia vinda pelo seu sangue em suas próprias mãos.

 

Chocou-se com a cena que apareceu diante dela e ficou completamente imóvel, sem reação. Seus olhos caíram primeiro em Draco, suando como se estivesse debaixo de tortura, preso por três pares de mãos usando uniformes da zona três, sem sua varinha. No momento em que Hermione entrou, ele conseguiu se esquivar de algumas mãos, foi com o punho fechado contra aqueles que o seguravam, atingiu um, mas foi segurado de volta por dois. Ele desmoronou como se aquele pequeno movimento tivesse acabado com suas forças. Hermione não entendeu o porque dele estar naquele estado, mas sua atenção, que quis se fixar em Voldemort para buscar respostas, foi levada pelo som do choro desesperador de Scorpius, entrando no salão por um dos acessos laterais. Ele estava sendo muito mal carregado pelo comensal Thomas. O que havia entrado em sua casa horas mais cedo acompanhado de Devon.

 

Foi naquele segundo que o monstro dentro de Hermione rugiu. O sangue subiu quente pelas suas veias e ela sentiu o chão tremer sob seus pés. O sorriso de Voldemort quando avançou fez com que ela sacasse a varinha. Iria mata-lo! Não se importava com profecia! Não se importava com a ordem mágica ou com Harry! Ela iria mata-lo!

 

—       SOLTE-OS AGORA! – Ela jurou que escutou sua voz projetar-se num eco muito maior do que a capacidade daquele salão.

 

Voldemort apenas juntou as mãos numa palma para que a varinha dela escapasse de sua mão. Hermione não se deixou intimidar e extraiu a magia que conseguia puxar de dentro de si para externar. Os bancos nas galerias, assim como as tapeçarias, os candelabros e os lustres voaram sequencialmente contra ele, mas aquilo foi muito pouco para a figura impecável de Tom Riddle abaixo de seu trono.

 

Foi enquanto ele se defendia e quando ela estava quase terminando de cruzar todo o salão que ele realmente jogou a carta que guardava com todos aqueles de seu Império. A dor foi tão aguda que ela perdeu a visão por alguns segundos e foi de encontro ao chão perdendo as forças da perna. Foi como se a marca em seu braço explodisse em crucio por todo o seu corpo. Hermione escutou Draco soltar uma suplica muito abafada que ela não foi capaz de processar pela perde do seu senso cognitivo. O choro de Scorpius sumiu e seu mundo rodou.

 

Ela lutou para não perder os sentidos. Lutou com todas as suas forças. Fazia tantos anos que ela não tinha os treinos de resistência a tortura que quase diariamente praticava na Ordem, mas mesmo assim, ela ainda conseguia se lembrar que a chave número um era buscar forças para não perder os sentidos. Precisava lutar contra aquela magia. Precisava usar seu corpo para isso. Começou por sua respiração.

 

Desfocou-se de tudo, concentrou-se em sua respiração e tentou levar toda aquela dor para segundo plano. Por algum motivo seu cérebro a levou de volta para o dia de seu parto. Lembrou-se de como respirava para passar pelas dores das contrações e quase que automaticamente o sistema de defesa de seu corpo começou a fazê-la encontrar o melhor caminho para repetir aquelas respirações. Só começou a abrir seus sentidos para o que acontecia a sua volta quando se sentiu confiante o suficiente em sua própria respiração para saber que precisaria mais do que aquilo para perder o sentidos.

 

—       ...e tudo que eu estava esperando era você. Senhora Malfoy. Descendente de Morgana. Fada-Humana. Eu precisava apenas de você para selar esse acordo que fizemos há tanto tempo. – Hermione só era capaz de escutar a voz de Tom Riddle soar distante. – Vamos só pausar um segunda para eu apreciar a preciosa família Malfoy sob o meu controle. – ela teve que se concentrar para não deixar a raiva fazer com que ela fugisse do ritmo de sua respiração. – A punição é bem maior para aqueles que sentam mais alto na hierarquia, Draco. E agora é bem melhor saber que finalmente tenho uma arma para usar contra você. Talvez assim aprenda a não ser tão infernalmente rebelde. A era em que me fazia te tratar como alguém especial por ser um Malfoy finalmente chegou ao fim! Seu jogo acabou. – havia um tom de enorme satisfação naquilo que ele proferia. – Bella! – ele berrou. – Tome a criança e faça com que ele cale essa maldita boca!

 

—       NÃO! – Hermione perdeu todo o seu controle. Sua respiração foi pelos ares e a dor voltou a ser o foco principal a lhe consumir. Lutou para não perder o sentido quando quase voltou a perder a visão novamente. – NÃO TOQUE MEU FILHO! – Ela chorou. Desesperou-se.

 

Conseguiu ver a sombra de Bellatrix passar por ela. Ergueu os olhos para poder se mover até ela e impedi-la de chegar até seu filho. A dor a consumia fazendo-a ficar mais fraca cada vez mais. Ela era incapaz de retornar ao seu estado de concentração com o tamanho do desespero de ver os filhos nos braços de Bellatrix, de vê-lo ser passado para os de Voldemort, de perder o filho, de não poder mais ser a mãe que sempre havia sido para ele no tão pouco tempo de vida que tinha.

 

Ela chorou por cima da dor, chamou por Draco, tentou mover-se, mas tudo que conseguiu só a fez perder mais e mais força. Estava sendo vencida pelo fogo que a consumia por baixo da pele. Pelo sangue que parecia ácido em suas veias, pelo gosto amargo na boca, pelo volume do ruído em seus ouvidos, pelo desespero. Considerou até mesmo cortar o próprio braço com a Marca Negra fora.

 

Mas foi quando se sentiu a pior mãe a pisar no planeta terra, a mãe mais fraca e incapaz de todas, a mãe sem forças que era consumida pela sua falta de forma e preparação para proteger o filho, a mãe que estava prestes a ser dada como morta, que um avalanche de feitiços voou por cima de sua cabeça. Sua pouca visão só distinguiu vultos e sombras saindo das galerias e do mezanino com força total.

 

Foi muito rápido. Foram questão de segundos. Os olhos dela só estavam grudados em Bellatrix e por causa disso, ela só viu a bruxa sacar a varinha e se preparar para o que parecia um intenso combate. Mas inesperadamente a visão de Hermione foi borrada por Fox que avançou contra ela pelo lado mais fragilizado. Bellatrix foi pega de surpresa e antes mesmo que pudesse usar seus habilidosos dotes em magia contra ele, Fox arrancou de sua mão a varinha e a enfiou, sem qualquer dó, em sua garganta no sentido mais gráfico, físico, perturbador e repugnante possível.

 

O urro furioso que Voldemort rugiu acompanhou a intensidade do crucio que saia da Marca Negra no braço de Hermione. Ela não conseguiu segurar o seu próprio grito quando achou que fosse morrer com o nível da dor que caiu sobre ela. Seus olhos se fecharam e seus sentidos apagaram com a última visão de Bellatrix no chão não muito distante dela sendo afogada pelo próprio sangue.


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Notas finais do capítulo

Oi. Quanto tempo! :)
Sei que o capítulo demorou bastanteee pra sair, mas como eu disse na página do facebook, tive que tirar um tempo para mim e espero que possam respeitar e aceitar isso.
As postagens ainda vão continuar meio bagunçadas, sem um dia definido por enquanto, mas entendam que nunca se passou pela minha cabeça a ideia de desistir da fic.
Quanto ao capítulo, as coisas vão mudar DRÁSTICAMENTE depois desse capítulo. É impossível contornar toda a situação agora. A bomba explodiu. Agora é separar o joio do trigo e ver quem ta realmente do lado Malfoy e quem ainda é devoto a Voldemort, ou com interesse no novo jogo Nott e Voldemort.
Quanto a Draco e Hermione, deu pra ter uma ideia mais ou menos de como eles tem tido suas dificuldades em ser um casal, mas ainda assim deu pra ver que eles não estão dispostos a desistir. Que família mais fofa. E nada comum. haha
Torcam pelo bem de Hera e Scorpius. A vida deles ficou bem em jogo com esse final de capítulo. Tadinha da Hermione.
No mais, aguardem o próximo capítulo. Acho que vamos ter um encontro que muito de vocês queria que acontecesse faz TEEEMPOOOO!

No mais, FELIZ 2017!


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CAPÍTULO NÃO REVISADO!