CIDADE DAS PEDRAS - Draco & Hermione escrita por AppleFran


Capítulo 37
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Correria louca. Obrigada a todos por serem compreensivos. Motivo do atraso do capítulo explicado na página do facebook!



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35. Capítulo 35

Hermione Malfoy



Acordou na manhã seguinte e havia uma rosa branca na cabeceira ao lado da cama. Estava limpa de espinhos e posta num longo frasco de vidro com água pela metade. Amarrado na boca do frasco havia uma fita fina de cetim perolado num laço muito singelo.

Hermione sabia que havia sido ele assim como sabia que todas as vezes que algum frasco de poção aparecia ali, também era ele. Draco era observador. Ele conseguia entender quando ela estava com dor de cabeça porque seu corpo exigia mais horas de sono e ela não o dava, ele conseguia ver quando ela não estava bem, quando havia algo de errado, e sem dizer nada, ele simplesmente encontrava a poção perfeita que ela precisava e deixava em sua cabeceira. Ou ele era um bom observador, o que já havia provador ser milhões de vezes, ou ela era muito expressiva.

Mas a rosa a surpreendeu. Não era o mesmo de uma poção, nada que se assemelhasse a um “tome logo esse líquido e fique melhor antes que os outros comecem a notar que você não está feliz no nosso casamento” ou “É bom que melhore logo antes que algo serio aconteça e comprometa a vida dos meus filhos”. Aquela rosa era... Era uma rosa. Era... simbólico demais. Romântico demais.

Sentou-se e a tirou do frasco para tê-la em suas mãos. Conseguia sentir o cheiro da flor fresca, recém tirada da raiz, sem nem mesmo cheirá-la. Aquela rosa era a prova de que ela não estava delirando quando Draco havia a visitado na biblioteca a noite passada para dizer todas aquelas coisas loucas que mudavam o curso de muita coisa.

O que mudaria depois de todas aquelas palavras?

Ela pensou que tudo mudaria, mas não sabia como mudaria ou como seria e aquilo foi mais um dos pensamentos que se juntou aos milhões de outros que a atormentava. Demorou descer para o quarto, porque tinha receio de se encontrar com ele. Ficou grata por já vê-lo na cama, mas mesmo assim ainda pensou esperou que qualquer reação fora do comum pudesse vir da parte dele a qualquer momento, mesmo que ele já parecesse estar dormindo.

Nada de diferente aconteceu. Quando começou a mover as cobertas de seu lado da cama, a última reação que recebeu foi um murmúrio baixo e abafado da parte dele a lembrando de não esquecer de apagar as velas das penteadeiras próximo a lareira, algo que ele fazia quase todas as noites, porque em quase todas ela esquecia daquele detalhe que o incomodava.

E foi isso. Nada de diferente. Nada de anormal. Foi assim que ela tentou enfiar em sua cabeça de que estava delirando na biblioteca. Só poderia estar. Talvez ela estivesse ferida demais por causa de Draco e fora demais de seu estado racional por tudo que vinha passando, que seu cérebro estava lhe pregando peças.

Mas aquela rosa... O que aquilo significava? Qual era a pretensão dele com aquilo? O que ele queria em troca? Qual era o jogo? Seria aquilo um jogo? Poderia arriscar em acreditar que as palavras dele haviam sido verdadeiras? Ela não queria fazer papel de idiota mais uma vez, não queria se machucar novamente, não queria ser a estúpida. Ela sabia que só sofria agora porque havia sido descuidada, porque havia aberto seu coração. Não deveria nunca ter aberto seu coração. O problema era que nunca esperara conectar-se com Draco Malfoy da forma como havia. Nem em seus sonhos mais loucos no passado ela teria imaginado que uma pequena brecha poderia ter feito o que fez.

Devolveu a rosa ao frasco e tornou a deitar-se. Era cedo e talvez ele ainda estivesse em casa. Ela não queria arriscar a chance de se encontrar com ele. Não saberia como agir ou reagir a qualquer tentativa de contato dele. Mesmo que precisasse ir a Catedral, mesmo que precisasse voltar a biblioteca, mesmo que precisasse continuar sua busca atrás de respostas. Fechou os olhos. Sabia que seu corpo ficaria feliz se caso se permitisse passar o dia inteiro na cama, mas ela sabia que não conseguiria, e mesmo agora, quando se forçava a tentar conseguir pelo menos mais uma hora de descanso, ela se sentia uma covarde. Covarde por temer encarar Draco e por se permitir refugiar-se na cama.

Levantou como a boa Grifinória que podia ser e fez uma nota mental de que seguiria seu dia da melhor forma possível. Tomou seu banho, vestiu um dos seus vestidos novos para o verão, odiou a combinação de cores dourado, creme e coral, mas suas opções não variavam muito visto o novo tom de seu guarda-roupa. De alguma forma, agora ela sentia que havia se acostumado com as cores escuras, de outra, as cores que usava agora a fazia se sentir maior do que realmente estava.

Seguiu para o desjejum faminta e no momento em que descia as escadas principais em direção a sala de jantar, Draco cruzava a casa em direção ao pátio, onde sua carruagem já estava preparada. Ele desacelerou o passo no momento em que a viu e parou. Hermione fez o mesmo congelando no meio da escada e então o silenciosa tensão cresceu entre eles. Ela se questionava se ele estava se lembrando das coisas que havia dito a ela na noite anterior e se ele também estava se questionando o mesmo sobre ela durante aqueles segundos em que seus olhares se cruzaram em silêncio. Ela sentiu a tensão vir dele, e quase se viu presa novamente na atmosfera de nervosismo que havia sentido também vir dele na noite anterior enquanto o ouvia dizer todas aquelas coisas.

– Hei. – ele quebrou a tensão esquisita do silêncio.

Ela não sabia se respondia ou não. Talvez fosse melhor ficar calada, talvez fosse melhor seguir seu caminho e ignorá-lo, mas ao invés disso abriu a boca:

– Hei. – retrucou em sua voz feminina.

O silêncio esquisito novamente. Ninguém se moveu. Eles não desviaram o olhar. Será que ele pensava que ela estava se lembrando daquilo que ele havia dito na noite anterior? Ou será que ele estava se lembrando do que dissera? Ou os dois ao mesmo tempo?

– Pensei que fosse tirar mais tempo da manhã para descansar. – ele limpou a garganta. – Mas já que está pronta, quer que eu a espere?

Ele estava querendo conversar ou era apenas uma pergunta rápida? Ele teria a ignorado e seguido para sua carruagem se aquilo estivesse acontecendo dois dias atrás e ela teria realmente preferido que ele a ignorasse, assim não teria que gastar sua energia com qualquer possível interação.

– Eu iria te atrasar. Ainda tenho que tomar café. – ela decidiu responder.

O silêncio outra vez. Nenhum deles se moveu, nem desviaram o olhar.

– Eu não me importaria de esperar. – ele finalmente disse.

Ele realmente não se importaria? Hermione tinha certeza de que se ele a esperasse, ele se atrasaria.

– Eu não me sentiria confortável com vocês me esperando. – também não se sentiria confortável de ter que dividir uma carruagem durante toda a viagem até a Catedral.

Draco permitiu que ela conseguisse captar apenas um segundo de sua reação de decepção. Nada mais do que isso

– Certo. – ele soltou bastante estável e consciente de sua postura, mas Hermione sentia que havia uma parte dele que estava com raiva da vontade que ela tinha de se manter distante. – Vou voltar para o jantar caso não nos vejamos na Catedral. – e continuou seu caminho.

Hermione queria deixá-lo ir, mas precisava esclarecer logo as coisas entre eles. Não queria que aquela situação, nem aquele estranho silêncio, acontecesse novamente.

– Draco. – ela o chamou e ele parou. Eles se encararam novamente e Hermione terminou de descer os degraus que faltavam para que pudessem estar no mesmo nível. A verdade era que ela queria ganhar tempo para criar coragem de trazer aquilo a tona. – Se eu realmente entendi o que entendi das coisas que disse ontem, não espere que eu tenha acreditado nelas. Qualquer que seja o plano que tenha em mente, é melhor parar, não vai funcionar.

Ele uniu as sobrancelhas parecendo confuso por um momento e logo depois a encarou como se estivesse querendo dizer que ela havia entendido tudo errado. Então Draco se aproximou.

– Acha que eu estou fazendo isso por você? – havia um ar de ressentimento e raiva no olhar dele. – Acha que aquelas palavras foram para você? Acha que estou mesmo esperando que acredite nelas? – aquilo não fazia sentido. - As razões de eu ter dito as coisas que disse ontem vão muito além de você. As razões que me levaram a deixar aquela flor em sua cabeceira vão muito além daquilo que sinto por você. Não consegue enxergar isso porque sempre esteve acostumada a Potter, ou a Weasley, ou Krum, ou Theodoro, ou seja lá quem for, tentando te ganhar, tentando ganhar sua atenção, seu afeto, seu coração. Eu não tenho a mínima intenção de te ganhar, Hermione. Minha maior motivação é me salvar em primeiro lugar, porque não gostaria de ser o culpado por te permitir ser minha ruína. – deu as costas e foi embora.

Todas aquelas palavras foram o suficiente para que ela entendesse que sim, ele gostava dela e não, aquilo não o agradava nem um pouco. Seu coração apertou por um momento enquanto ela lamentava pela frustração do sentimento que havia criado por ele, um sentimento que ela tão arduamente lutava para tentar se livrar. Logo ela tratou de respirar fundo. Não deveria se focar em Draco. Ele não era importante. Ele não deveria ser importante. Haviam tantas outras coisas para se focar naquele momento e Draco definitivamente não deveria ser uma delas.

Iria para a Catedral e esperava não ter que lidar mais com ele até o dia seguinte. Seguiu seu caminho de volta para a sala de jantar, tomou seu lugar assim que a alcançou e se ocupou em se alimentar da melhor forma possível até que Tryn aparecesse carregando o envelope negro com o selo do gabinete de Voldemort o lacrando. Seu coração acelerou e ela se apressou para abrir esperançosa a correspondência.

Não. E não peça novamente.

Era tudo o que havia escrito numa caligrafia inclinada e muito bem uniforme. Hermione quis amassar o pergaminho e gritar de frustração. Estava farta daquele jogo que vinha tendo com Voldemort. Quanto ela precisava barganhar para ter a liberdade de procurar respostas do seu passado? Ela precisava deixar Brampton Fort, precisava falar com pessoas, colher provas ou documentos que estavam fora do alcance de bibliotecas de famílias. Não iria se conformar com as respostas secas de Voldemort. Levantou-se pronta para seguir para a Catedral quando Narcisa apareceu.

Narcisa vinha se trancando em seu quarto desde dos aparecimentos desastrosos de Lúcio Malfoy. Ela não queria contato com ninguém, não queria ver ninguém, não queria nem mesmo aparecer. Hermione não fora atrás. Primeiro porque não ousava pisar no território privado de um Malfoy, mesmo sendo uma. Segundo porque estava ocupada demais lidando com seus próprios mártires. Quando a viu ali ficou consciente do tanto de tempo que ficou sem vê-la.

– Oh. – disse surpresa. – É bom te ver.

Narcisa não respondeu nada, apenas seguiu seu caminho para o lugar que ela ordenara a Tryn que sempre fosse posto na mesa.

– Quer que eu te faça companhia. – perguntou, mesmo já tendo terminado seu café da manhã.

– Não. Tenho certeza que tem outras programações. – ela respondeu numa voz completamente sem vida, mesmo usando sua postura e o tom de voz que sempre usava.

– Como está se sentindo?

Narcisa parou e ergueu os olhos para ela confusa. Aquela pergunta não era muito popular entre Malfoys.

– Já deveria ter a noção do quanto essa pergunta pode ser inconveniente, Hermione. – Narcisa foi séria.

– Para Malfoys talvez. Para qualquer outra pessoa, pode significar cuidado e preocupação.

– Sou Narcisa Malfoy e irei dizer apenas isso. – ela continuou séria. Hermione recebeu as palavras como um convite para se retirar. Não a contrariou. – Hermione. – Narcisa a parou antes que ela deixasse completamente a sala de jantar. Hermione virou-se para encará-la de costas, sentada em sua cadeira. Viu-a suspirar. – Desculpe, não quis ser grossa.

Hermione não culpava Narcisa, mesmo que a mulher já tivesse lhe ensinado milhões de vezes anteriormente que saber colocar máscaras por cima das suas piores frustrações era o mesmo que saber olhar para a vida de forma profissional. O que obviamente Hermione discordava, por mais que fosse obrigada a viver assim. Esconder frustrações não era a maneira mais eficaz de lidar com elas. Narcisa estava sendo humana a respeito das suas e o mínimo que Hermione poderia ficar com isso, era feliz.

– E eu não quis ser invasiva. Respeito sua decisão de manter particular, seus assuntos particulares. – disse.

– Sei que decidimos ser um suporte uma para a outra. – Narcisa suspirou. – Mas me envergonho do tanto que me tornei dependente do amor que tenho por Lúcio. Ele quem me ensinou a esconder minhas fraquezas e minhas vergonhas. Tenho dificuldade em mostrá-las quando necessário. Sinto muito.

– Não sinta. – Hermione sorriu. – Apenas tenha em mente que é humana e não é a única que tem fraquezas e vergonhas. – pensou em dar as costas e seguiu ser caminho novamente. Precisava ir a Catedral. Mas hesitou. Era um tormento ter mil pensamentos em sua cabeça e mesmo assim ainda ter espaço para Draco Malfoy. Hesitou antes de abrir a boca e ficou entre ir embora e perguntar o que queria perguntar por quase um minuto inteiro. – Narcisa, espero que não estar sendo intrusa, mas... – respirou fundo. – O quão bem conhece sobre os relacionamentos de Draco?

Narcisa parou com a uva que segurava a meio caminho da boca. Ela devolveu a fruta com cuidado ao prato e só então se manifestou:

– Está se referindo aos relacionamentos amorosos? – indagou ela.

– Sim. – confirmou Hermione.

Narcisa virou-se para poder encará-la.

– Não é segredo para ninguém que Draco já se envolveu com 80% das mulheres que atravessaram seu caminho e tiveram a sorte de despertar seu instinto de atração física.

Aquilo não era segredo nem para Hermione. Não era aquilo que queria saber. Hesitou se deveria ou não continuar aquilo, mas não demorou a se aproximar e cruzar a mesa para ficar de frente a mulher.

– Estou me referindo aos sentimentos dele. – disse finalmente.

Narcisa precisou de alguns segundos para processar aquilo.

– Os sentimentos de Draco são um segredo e um mistério até mesmo para ele, se quer saber. – ela respondeu.

Hermione não estava satisfeita com a resposta.

– Mas e Parkinson? O que ele sente por Pansy Parkinson? O que ele sente até mesmo por Astoria. As vezes ele a olha como se lamentasse por algo. E Parkinson, ele deu a ela um colar com a pedra da família e eu sei que eles não estão próximos agora, mas sei que estão juntos há anos e Parkinson sempre diz que uma hora ou outra, ele sempre volta para ela. Sem contar todas as outras mulheres que entram e saem de Brampton Fort que parecem conhece-lo ou ter alguma história com ele que...

– Hermione! – Narcisa a interrompeu. – Acaso está apaixonada por ele? – Hermione quase perdeu o ar. – Você soa exatamente como Astoria quando era adolescente. Eu não faço a menor ideia do que Draco realmente tem na cabeça a respeito de todas as mulheres com quem se relaciona.

– Tenho mais motivos para ter raiva dele do que para estar apaixonada. Apenas me diga o que pensa sobre elas, sobre o que acha que ele pensa. Você o conhece melhor do que ninguém. É a mãe dele.

– Hermione, por que isso lhe traria conforto afinal? – Narcisa parecia confusa.

Por que? Ela se fez a mesma pergunta. Por que ter a mínima ideia do que Draco pensava das mulheres que aparentavam ter algum significado na vida dele parecia lhe trazer algum conforto?

Abriu a boca uma ou duas vezes enquanto tentava encontrar a forma mais discreta de informar a ela o que havia acontecido na noite anterior. Céus, ela queria sua mãe. Ela queria muito sua mãe. Poderia contar a sua mãe o que bem quisesse, da forma que quisesse, sem ter medo, sem ter vergonha. Sua mãe a consolaria e lhe daria o melhor dos conselhos, sem contar que sua mãe muito provavelmente conseguiria colocar sua cabeça toda no lugar usando uma ou duas palavras. Narcisa não chegaria nem perto disso, mas era tudo que ela tinha.

– Draco me disse ontem... – ela não sabia como colocar em palavras. – Ele me disse muitas coisas ontem... – não sabia se conseguiria ouvir sua própria voz dizer aquilo. – Eu acredito que ele tenha me dito que talvez possa... gostar de mim. Que possa talvez até me amar.

Narcisa não demonstrou nenhuma reação por longos segundos e Hermione começou a lamentar por ter aberto a boca consigo mesma. Ela queria muito sua mãe. Sua mãe nunca teria ficado imóvel como Narcisa.

– Tem certeza? – foi tudo que ela perguntou depois de quase um minuto inteiro em silêncio.

Hermione quis chorar. Tem certeza? Ela duvidava?

– Foi o que eu entendi. – abaixou seu tom de voz e odiou-se por ter introduzido o assunto.

Então Narcisa mostrou-se totalmente confusa.

– O que o fez te dizer isso? – ela indagou. - Não me entenda mal, Hermione. Não é que eu não acredite que ele não a ame, na verdade, eu defenderia o que eu sei que ele sente por você hoje até o fim como sendo amor. Só não entendo o porque ele te diria isso. Por mais que fosse verdade, conheço Draco o suficiente para saber que ele é tão igual como o pai quanto parece. Eu nunca esperaria que ele fosse ser honesto em relação a isso com ninguém, mesmo que fosse verdade. Eu nunca esperaria que ele te dissesse isso. Ele lamentou por muito tempo o fato de ter se envolvido com Astoria e não ter sido capaz de corresponder o mesmo sentimento dela. Ele sempre foi muito consciente do estrago que causou nela e eu sei que ele não estaria disposto a arriscar estragar ninguém novamente.

– Você acredita que o que o motivou a se envolver com ela foi amor?

Narcisa negou com rapidez.

– O que o motivou a se envolver com Astoria foi o medo de acabar se casando como se casou com você. Ele sabia que se não encontrasse a mulher ideal até um certo momento da vida, nós, eu e Lúcio, acabaríamos tirando o poder de escolha dele. Draco se envolveu com Astoria porque achava que se caso se esforçasse, poderia se apaixonar por ela e ele temia que acabasse em um casamento como eu e Lúcio.

Hermione ponderou aquilo por um longo minuto. Ela estava bem longe de atender a mulher ideal que ele havia enxergado em Astoria. Talvez por isso Draco não se agradasse tanto com o fato de gostar dela, se é que ele realmente gostava. E se ele realmente gostava, deveria estar engolindo muito orgulho para deixá-la saber disso. Ela não acreditava que aquilo era possível, mas ao mesmo tempo o lado de seu coração que ainda o queria e que ela com tanto afinco tentava ignorar, chorava para que fosse verdade.

– Acaso está pensando no quanto você não se encaixa sequer minimamente no padrão ideal de Draco? – perguntou Narcisa. Hermione a encarou, mas não conseguiu responder aquela pergunta. Sim, estava pensando exatamente naquilo, e sentir que a afetava a fazia odiar a si mesma. – Hermione. - a voz dela foi suave dessa vez. – Te conhecer de verdade fez Draco perceber que queria coisas que ele nunca esperava que fosse querer. Coisas que ele sequer conhecia. Sequer sabia que existiam. Isso finalmente o fez aprender que o que ele julgava ideal, não era o que o faria feliz.

Feliz? Ela não o fazia feliz, tinha certeza disso.

– Ele também está longe de ser meu ideal. – sua voz saiu baixa.

– Lúcio também não se encaixa em nada do meu ideal, Hermione.

– Isso não é nada justo.

– Eu sei.

– Não que eu esteja apaixonada por ele. – sabia que era uma mentira. Na verdade, não sabia se realmente estava porque o que sentia por ele era diferente demais. Era intenso. Era confuso. Ao menos tempo que queria estar longe, queria estar perto. Ao mesmo tempo que queria que ele a amasse, preferia que ele a odiasse. Ao mesmo tempo que queria ser tocada, queria que ele sequer ousasse pensar em encostar o dedo nela. Isso havia a levado a voltar para a cama que dividiam todas as noites todos os dias. Podia muito bem mudar de quarto quando bem quisesse agora que estava grávida, mas não o fazia. Queria mudar de quarto, mas na verdade, não queria.

Narcisa não expressou nenhuma reação, mas disse:

– Me cansa ver o quanto vocês gastam energia tentando mentir para si mesmos. Vi Lúcio fazer isso por tantos anos que ver vocês fazerem o mesmo é absolutamente lamentável. – ela se levantou. – Ao menos parece que Draco não está totalmente disposto a ser como o pai. Você também não deveria. Seria deprimente ver vocês se perderem por causa do orgulho. – deu as costas e foi embora.

Hermione se sentiu culpada por ter estragado o café da manhã dela. Talvez naquele momento estivesse lamentando demais por Lúcio tê-la perdido por causa do orgulho que terminar seu café lhe exigiria mais esforço do que ela realmente tinha.

Hermione sentou-se na cadeira mais perto sem sequer notar o que fazia. Sua cabeça havia entrado na inércia dos pensamentos com relação a Draco e ela nem mesmo se lembrava do pergaminho negro que tinha nas mãos, pergaminho direto do gabinete de Voldemort.

Os minutos se passaram e ela continuou sem se mover, com os olhos perdidos num único ponto. Sua cabeça tentava processar o fato de o que Draco havia lhe dito no dia anterior mudava muita coisa. Ela havia se achado tão radical de ter dito a ele que quase havia se apaixonado, mas ele foi muito mais radical ainda dizendo que estava se cansando de ter que ignorar que poderia amá-la. Amá-la. Como? Como Draco Malfoy poderia amá-la? Draco Malfoy jamais poderá amá-la! Draco Malfoy havia a odiado a vida inteira. Ele poderia, no máximo, aprender a viver diplomaticamente com ela. Nada mais do que isso.

Defenderia aquilo com todas as forças se pudesse dizer o mesmo de si. Mas não podia. Não podia porque ela mesma duvidava do que poderia sentir por ele. Tentava se convencer de que não era nada mais do que familiaridade, mas quando se pegava chorando trancada em algum lugar porque havia o visto com alguma outra mulher, ela acaba entregando as cartas para si mesma, cartas que nem sabia que existiam.

Balançou a cabeça tentando apagar todos aqueles pensamentos, mesmo que soubesse que fosse impossível. Aquele era a última coisa que gostaria de se afogar pensando. Havia milhões de coisas a respeito de si mesma que ela precisava priorizar naquele momento. Seus filhos vinham em primeiro lugar. Por isso continuava indo a Catedral para trabalhar com a Comissão todos os dias, mesmo que não sentisse sua cabeça se recusasse a focar-se no que tinha que fazer ali. Em segundo lugar ela tentava lidar com toda a bomba que havia sido entregue a ela a respeito de seu passado. Em terceiro... Draco.

Tudo ficaria bem se as três coisas não competissem incessantemente pelo primeiro lugar. Acabou respirando fundo, levantou-se e apressou-se para providenciar tudo que precisava para ir a Catedral. Não demorou e em menos de uma hora ela já esperava para parar e descer no movimentado pátio principal. A imprensa havia recebido novas ordem, diretas do gabinete de Voldemort, e todos eles deveriam se comportar de modo mais organizado e de acordo com as regras estabelecidas pelo gabinete. Aparentemente o modo como as imagens da imprensa em cima dela no dia que deixara a Catedral após receber a noticia de que era descendente de Morgana haviam repercutido pelos fortes de modo preocupante, o que levou a alta sociedade a julgar severamente o comportamento abusivo da imprensa. Hermione via a resposta de Voldemort a pressão da alta sociedade que o “seguia” como uma enorme brecha. Voldemort era mais frágil do que ele mesmo pensava que era.

Assim que mostrou seu rosto, descendo de sua carruagem, ninguém se empilhou em cima dela. Obviamente tinham medo de perder a cabeça por desobedecerem alguma ondem vinda direto do gabinete de Voldemort. Mas as perguntas não deixaram de vir, mesmo com toda a organização. Eles estavam curiosos para saberem o que havia acontecido no dia em que ela havia deixado a Catedral em péssimo estado. As informações começavam a vazar aos poucos e ela já ouvia as pessoas comentando que o Mestre pretendia usar “as crianças dela”. Saber que seus filhos, que ainda nem haviam nascido, estavam no sussurro das bocas de gente que ela detestava era enfurecedor, mas o suporte que vinha recebendo era, sem dúvida, recompensador. Ela tinha certeza que em algum momento, a forma como o povo reagia horrorizado a essa informação, encurralaria Voldemort.

E foi com esse pensamento e a carta que havia recebido aquela manhã em mãos que ao invés de seguir para o departamento de Draco, tomou o rumo da torre do gabinete do mestre. Aparentemente Voldemort sabia que ela o procuraria, porque mesmo não tendo hora marcada, não foi nenhuma dificuldade conseguir acesso a sala do tão resguardado “mestre”.

– Tem me procurado mais vezes do que eu esperaria numa vida inteira, Hermione Malfoy. – Voldemort pronunciou-se assim que a viu entrar. – Eu já a informei que não sei absolutamente de nada do seu passado e não me importo em saber. É melhor que tome cuidado com suas vindas antes que Bellatrix comece a tomar providencias ou antes que seu marido saiba dessa sua frequência. Draco sabe ser inteligentemente insuportável quando quer.

– Sei disso e não me importo. – ela respondeu sentindo-se enojada apenas pelo cheiro de todo o ambiente que o cercava. Havia tanta magia negra para mantê-lo vivo naquela forma que a energia que sentia era negativa o suficiente para que nunca conseguisse se acostumar. – Vim porque tenho assuntos a resolver e você não está ajudando.

Ele riu se levantando.

– Acaso eu deveria? – ele puxou um charuto – Já deveria saber como as coisas funcionam comigo. Se precisa de mim para algo, encontre uma forma de me recompensar pelo favor.

– Não é um favor se existir uma recompensa.

– Bom, esse é o seu estúpido ponto de vista. Se no seu mundo favor significa sacrificar algo, por mais mínimo que seja, sem receber nada em troca, prefiro nem mesmo usar a palavra favor no meu. Então vamos dizer que, se quer algo e precisa de mim, encontre uma forma de me recompensar. E também já deve saber que não gosto de recompensas baratas.

Hermione sabia que nunca era fácil reagir como gostaria de reagir sempre que estava próximo a Voldemort. Era impossível não teme-lo, mesmo que estivesse sendo obrigada a vê-lo com muito mais frequência agora. Tinha que constantemente se lembrar que precisava ser corajosa. Precisa ser corajosa. Aproximou-se da mesa dele e jogou o pergaminho negro que recebera aquela manhã ali.

– Quero saber sobre o meu passado e eu preciso sair de Brampton Fort para conseguir informações...

– Você já me escreveu tudo isso e eu não...

– Me deixe terminar! – ela foi severa e só depois percebeu que havia cortado ninguém menos que Lorde Voldemort.

O silêncio caiu sobre eles quando o cérebro dela travou ao confrontar com as inúmeras maldades que ele poderia estar processando para poder fazê-la pagar por sua ousadia, falta de respeito e reverência.

Ele por sua vez apenas a encarou, nada contente com aquele feito, acendeu o charuto e aproximou-se. Aproximou-se tanto que Hermione começou a sentiu suas pernas quererem tremer.

– Termine então. – ele cruzou os braços e Hermione ficou um longo minuto com as palavras engasgadas na garganta olhando de perto aqueles temíveis olhos felinos.

Seja corajosa.

– Eu preciso saber do meu passado. – sua voz saiu baixa, porém determinada.

– Eu-não-me-importo. – ele proferiu sem qualquer reação e ela se sentiu enfraquecer pelo poder da assustadora voz que ele tinha.

Seja corajosa. Seja inteligente. Precisava fazer com que ele se importasse.

– Eu posso ser muito poderosa. Sabe disso. Sabe o que fadas humanas podem fazer. Sabe que eu posso ser uma boa ferramenta na sua mão. Com certeza se importa. – mesmo que não tivesse certeza, precisava jogá-lo para aquele lado.

– Você não é nem metade do que Morgana um dia foi. Não seja ingênua. Seu sangue é tão misturado que não foi capaz de segurar minha metamorfose por mais de dois minutos. Eu não vejo em você uso algum se posso ter seu filho. Seria uma dor de cabeça a menos vê-la morta assim que conseguisse o que quero.

Hermione precisou forçar sua expressão vitoriosa.

– Não iria me dizer isso se realmente tivesse a intenção de me matar, porque sabe muito bem que eu poderia me fazer ser útil.

– E essa é a exata brincadeira que vamos brincar assim que eu tiver sua criança. Tenho absoluta certeza de que você se faria ser bem útil para não perder a vida. – riu Voldemort. – Não sei você, pequena Morgana, mas até onde temos jogado, eu tenho sido bastante vitorioso.

E isso é exatamente o que você precisa pensar.

– Então me permita encontrar formas de ser útil. – precisava demonstrar estar furiosa visto que ele precisava ter certeza de qual parte era realmente a vitoriosa naquele jogo. – Me deixe conhecer meu passado, me deixe ter acesso a informações que possam ajudar a ativar o que sei que tenho em mim agora. Conhece magia, sabe que esses detalhes são extremamente importantes.

Voldemort abriu aquele sorriso maléfico, intenso e assustador. Aqueles dentes amarelos fizeram o estômago de Hermione revirar. Ele mordeu o charuto e soltou a fumaça em cima dela que precisou prender a respiração.

– Eu sabia que se viesse até aqui, conseguiria o que queria. – ele disse numa voz rouca e densa. – Mesmo depois da enorme carta que me passou e depois do claro não que eu respondi, eu sabia bem que se viesse, saberia me envolver um uma jogada de argumentos que me faria reconsiderar meu “não”. – havia um ar de vitória tão grande naqueles olhos monstruoso que Hermione não pode deixar de sentir a raiva crescer em seu peito. – É exatamente por isso que eu preparei meu outro “não”. – sorriu abertamente. – Você irá investir nos seus poderes quando eu decidir que quero investir neles. Enquanto isso, contente-se com o enorme ponto-cego no seu passado. Acredito que seja até um exercício interessante para você praticar já que não sabe muito bem lidar com falta de conhecimento de qualquer coisa. Comece com sua própria história.

Hermione já havia sentido raiva muitas vezes em sua vida, mas desde que engravidara, percebera que quando sentia raiva, sentia não só vontade de acabar com a vida de alguém, mas sentia vontade ter o prazer de acabar com alguém de uma forma cruel, maliciosa, longa e agoniante. Ela tinha certeza de Voldemort deveria viver em constante raiva, era a única explicação para o comportamento que tinha. Havia pensado o mesmo de Draco quando pouco o conhecia e pensava que as ordens que proferia, a forma como agia profissionalmente, e o trabalho que desenvolvia, o definia. Pouco ela sabia sobre o Draco que no final do dia só queria uma boa taça de vinho, uma lareira e o silêncio para poder pensar em como fazer tudo aquilo acabar mais rápido.



Engoliu sua necessidade de fazer Voldemort pegar fogo naquele exato momento e tentou varrer de suas emoções o prazer que seria vê-lo em agonia. Ela sabia que era impossível. Sabia que se ele a liberasse, ela estaria livre demais, solta demais, e ele não poderia ter controle do que quer que ela estivesse fazendo fora de Brampton Fort. Mesmo que ela jogasse contra ele o mais esperto e inteligente dos argumentos, ele não cederia.

– Eu não sou do tipo que me conformo. Eu não sei me contentar com o injusto. Não espere que eu vá aceitar não saber sobre a minha própria história. – deu as costas e tomou seu caminho de volta.

– Não tentei quebrar as regras, Hermione. Sabe que pode se arrepender amargamente. – ele agitou a varinha e trancou a porta quando ela puxou a maçaneta. – Tenha um pouco mais de respeito. Sabe que não pode sair assim da minha presença.

Hermione travou os dentes. Respirou fundo, virou-se.

– Posso ser dispensada, mestre? – sua voz saiu por entre seus dentes.

– Ainda não. – ele aproximou-se dela novamente e Hermione lutou para não recuar. – Preciso fazê-la se lembrar, antes de ir, que quando tiver meu herdeiro, não vou me importar se Draco toca ou não as mulheres que já estiveram alguma vez comigo.

Hermione sentiu seu estomago revirar ao reencontrar com aquela antiga e assustadora realidade novamente.

– Se algum dia me tocar, será o dia que irá morrer. – vociferou entre os dentes.

Ele riu.

– Palavras vazias, Hermione. Ninguém pode me derrotar. – aquele ar vitorioso era absolutamente insuportável. – Você pode ir agora. – destrancou a porta.

Hermione não hesitou por um segundo sequer em sair dali. Se ele disse aquilo para afugentá-la, ele tinha conseguido, porque agora não pensava em voltar ali tão cedo, mesmo que precisasse sair de Brampton Fort para salvar a própria vida.

Aquilo fez o favor de estragar por completo qualquer esperança de ter um dia melhor que o anterior. Teve vontade de voltar para casa e passar o dia se negando a cruzar com qualquer ser humano que fosse, mas sabia que tinha muito o que fazer. Se havia algo com o que deveria enfiar em sua cabeça, era que estava correndo contra o tempo.

Refugiou-se num dos banheiros de uma ala vazia para colocar seus pensamentos em ordem. Encarou-se no espelho pelo que pareceu horas enquanto tentava engolir o fato de que era uma prisioneira. Não conseguia entender como aquilo muitas vezes lhe escapava a memória. Sentia como se o tempo estivesse ensinando-a aos poucos a aceitar que poderia passar o resto de sua vida ali. Tudo isso porque tinha uma vida decente, uma casa confortável e a vida parecia se arrastar normal e pacata. Um tanto dolorosa, mas lutava para admitir que Draco Malfoy havia sido uma importante figura desde que sua história ali havia começado. Ainda lutava para aceitar que havia vivido dias em que ele fora o responsável pelo o único sorriso que conseguira abrir.

E ali estava ela com Draco Malfoy rondando sua cabeça novamente. Respirou fundo vendo seu olhar, cheio de raiva e fúria, se tornar um de dor e rancor. Fechou os olhos por três segundos apenas permitindo-se vasculhas flashes de sua memória onde ele a tocava, onde podia escutar a voz dele macia e profunda perto de seu ouvido, onde o peso e o calor do corpo dele a envolvia, onde o húmido da boca dele encostava em sua pele. Eles haviam sido tão íntimos e havia sido tão intenso, rápido e ao mesmo tempo estranho, porque ela sentira que fora verdadeiro, mas quando tentava provar para si mesmo que havia sido, encontrava falhas em todos os lugares. Não tinha como ter sido verdadeiro. Quanta história eles haviam ignorado para que aqueles curtos meses pudessem ter acontecido? E agora... Agora ele alegava que poderia amá-la... Acaso Draco Malfoy sabia ao menos o que era amor?

Abriu os olhos enquanto soltava um palavrão junto com sua respiração. Somente a ideia de ocupar aquela posição na vida dele fazia seu coração bater tão forte contra suas costelas e seu sangue correr tão rápido por suas veias que até mesmo respirar se tornava uma tarefa complicada. Ela não podia deixar que seus sentimentos tivessem tanto poder assim sobre ela. Era errado. Seu lado racional a alertava que estavam alcançando um estágio extremamente perigoso. Draco jamais poderia amar Hermione assim como Hermione jamais poderia amar Draco. Não era um exatamente um fato, era uma segurança. Eles tinham um passado.

Afastou todos aquele pensamentos quando percebeu que estava se afogando em Draco novamente quando ele não deveria ser uma prioridade. O ódio voltou para seu olhar quando tornou a focar seu raciocínio em Voldemort. Conseguiria sua saída de Brampton Fort e conseguiria sem precisar subir novamente naquela torre que fazia seus membros ficarem dormentes e seu senso de alerta aguçado.

Deu as costas e seguiu para a ala da Comissão no departamento de Draco que já estava em pleno funcionamento. Assim que chegou em sua sala conjunta a primeira sugestão de seus adoráveis colegas de pesquisas e estudos foi discutir as ultimas notificações vindas do escritório de Draco. Hermione claramente negou, mesmo prevendo todos os olhares de receio que receberia.

– Mas nós temos reunião hoje. – manifestou um dos bruxos de sua equipe.

– Sei disso. – na verdade, não sabia. Deu de ombros. – Não me importo que leiam as notificações para saberem o que vai ser abordado na reunião, apenas não iremos perder tempo discutindo sobre elas. Não estamos trabalhando em cima do que o escritório principal tem nos pedido.

– É a última reunião. Nós todos sabemos o que irá ser abordado. – tornou a se manifestar o homem.

Hermione passou os olhos por todo o grupo de bruxos e bruxas em sua sala e percebeu que nenhum deles parecia muito feliz.

– Hermione, poderíamos conversar em particular por um segundo, por favor? – a antiga líder de sua equipe pediu de uma forma bastante cuidadosa e educada.

– Sim. – respondeu ela tão cuidadosa quanto, mas sem perder sua autoridade como nova líder. – Enquanto isso todos vocês podem continuar trabalhando em cima dos feitiços que irei precisar para a próxima semana.

Nenhum deles questionou a ordem que ela lançou. Todos tomaram seus lugares e continuaram trabalhando. Hermione limitou-se a deixar a sala com a mulher ao seu lado.

– Nós todos estamos preocupados. – ela começou, ali mesmo, no corredor. – Nunca ficamos em desacordo com o escritório principal e sempre respondemos a todas as notificações que recebemos. É a primeira vez que estamos trabalhando com magias e feitiços que não fazem parte do plano principal vindo do general, especialmente agora que a o Conselho foi desfeito e ele assumiu todo o departamento. Nós ainda não sabemos até onde o poder absoluto dele pode nos prejudicar por estarmos trabalhando em desacordo com as ordens dele.

Hermione percebeu que sua ausência, por mais mínima que fosse, estava começando a afetar sua influência ali.

– Se está preocupada por causa de Draco, é melhor que não fique. Sou a cabeça dessa seção agora, portanto se algo acontecer de errado, eu responderei a ele por todos vocês e eu não tenho medo dele. Portanto apenas continue trabalhando no que eu peço para que vocês trabalhem.

Aquilo não pareceu suficiente para a mulher.

– Me desculpe, mas sinto que tenho a responsabilidade de te guiar a entender como essa seção funciona...

– Você não tem essa responsabilidade. – Hermione a cortou. – Draco me colocou como líder por um motivo e ele já estava bem consciente de que sei como a seção funciona quando me nomeou para o cargo. Estamos em desacordo com o escritório principal porque Draco não está me escutando. Sei lidar com ele. Portanto estou trabalhando para que ele me escute. Não se preocupe. Você não responde mais pelo trabalho da Comissão.

Deu as costas e voltou para sala. Mas não era estúpida para não saber que ela estava conduzindo a equipe, em sua ausência, para trabalhar em cima do que as notificações que o escritório de Draco vinha mandando. Não ousava duvidar da lealdade daqueles que trabalhavam para seu amado marido.

**

Ela só foi oficialmente avisada da reunião quando Tina, por um acaso, esbarrou com ela num dos corredores do andar da Comissão. A mulher parecia surpresa por vê-la na Catedral e Hermione sentiu uma imensa vontade de ser grossa, porque por mais que não estivesse tão presente como antigamente, ela continuava em dia com seu trabalho e até bastante frequente para o tanto de vezes que simplesmente gostaria de deixar de existir. Agiu apenas no nível de educação dentro dos limites Malfoy. Sabia que seu humor não precisava tomar controle sobre suas atitudes. Era irracional, estúpido e infantil que deixasse seu humor ditar sobre seu nível de educação.

Desceu até as masmorras quando a hora se aproximou e imaginou o quanto Draco deveria estar ocupado com prisioneiros para ter que fazer uma reunião ali. Não deveria ficar surpresa visto o número de capturados em York que ainda precisavam receber um fim.

Desejou não ter tido esse pensamento em seu caminho até ali porque cruzou com Draco no exato momento em que ele sentenciava um corredor inteiro. Não podia culpá-lo, era o trabalho dele e Voldemort não iria perder tempo com inúteis portanto Draco tinha que separar apenas os importantes. Mesmo assim, ele colocava uma máscara tão neutra para fazer o trabalho que tinha que fazer, que parecia realmente que não se importava. Hermione não queria se convencer daquilo quando já havia o escutado por horas no escuro da noite lamentar por cada uma das vidas que ele havia tirado.

Apenas cruzou seu olhar com o dele enquanto avançava. Ele parou de falar com os homens que o cercavam assim que a viu. Hermione sentiu seu coração querer quebrar suas costelas ao ter essa reação dele. Por que ele estava permitindo que ela fosse uma distração? Por que ele estava permitindo demonstrar isso? Ele poderia muito bem lutar contra, se ela realmente fosse uma.

Desviou seu olhar e passou por ele. Ainda demorou para poder escutar novamente a voz dele as suas costas voltando a tomar a linha de raciocínio que perdera com seus homens. O que ele queria com isso? Ou ele realmente a queria, ou apenas queria machucá-la de alguma forma muito nova. Era mais fácil acreditar que ele queria machucá-la porque isso era o que ele havia feito a vida inteira.

Não pense nele. Ele não é uma prioridade. Tentou se convencer novamente.

Seguiu para a sala indicada tentando acelerar o passo para evitar ter que escutar por muito tempo o som dos gritos daqueles que ocupavam as celas de tortura. Quando finalmente alcançou a seu destino, o lugar já estava amontoado com os líderes de seção, as equipes dos líderes e todo o restante de colaboradores. As conversas diminuíram no momento em que ela apareceu. O que não era uma surpresa. Era uma Malfoy e ninguém queria correr o risco de dizer qualquer besteira perto de um, principalmente da esposa do chefe deles.

Draco chegou minutos depois informando que precisava ser rápido visto sua pressa em dar fim a mais dois corredores de prisioneiros até o horário do almoço.

– Como todos sabem essa reunião é parte do protocolo. Como é a última antes do ataque a sede da Ordem da Fênix, preciso ter certeza de que todos nós estamos seguindo o mesmo caminho. Todos sabemos que essa é a chance mais promissora de vermos o fim da Ordem que já tivemos. – Draco sequer sentou. Seguiu direto para um quadro negro pobremente colocado sobre uma mesa, encostado em uma parede. A improvisação ali era clara e ela conseguia ver que Draco estava procurando otimizar seu tempo o máximo possível. Ele enfeitiçou um giz e começou a representar todo o esquema da operação parando para dirigir-se aos seus líderes quando precisava.

A ideia era abrir um ponto fraco na magia de segurança da Ordem e reforçar todo o restante com uma magia de delimitação, encurralando assim todos os membros da Ordem. Para Hermione, aquele plano seria o massacre da Ordem, não só o fim dela e de nenhuma forma ela poderia contribuir mais para isso.

Draco Não demorou a se dirigir a Comissão já nas primeira fases da operação e Hermione conseguiu sentir, de onde estava, a tensão de toda a sua esquipe próximo a ela.

– ...exatamente como apresentei para vocês. Prefiro que eles se sintam encurralados antes de abrirmos o ponto fraco na magia, porque no momento que fizermos eles irão correr para o único espaço com chances de escape e nós vamos estar bem preparados para recebe-los. – ele terminou de se dirigir aos chefes da zona cinco e seis que estavam presente e focou Hermione. – Sua seção foi a única que não me deu nenhuma resposta com relação as especificações do reforço da magia que eu pedi. Podem ou não trabalhar para que eles não consigam quebrar a própria segurança?

– Sim, podemos, e eu já havia o respondido. Mas como também já havia lhe dito, não estou trabalhando em cima disso. – Hermione respondeu sem medo, sem receio, sem hesitar, e sem qualquer dúvida de que estava acendendo uma bomba no meio daquela reunião.

Draco ficou cinco segundos calado, a encarando, como se estivesse realmente pensando se deveria levar aquilo a sério, e se levasse, que maldita reação deveria ter.

– Essa não é nossa casa, Hermione. Não pode me confrontar dessa forma só porque discordamos em algo. – ele foi muito cuidadoso ao soltar aquelas palavras e Hermione ficou surpresa pelo nível da privacidade deles que Draco estava expondo ali.

– Essa não é nossa casa, mas esse deveria ser o nosso plano, o problema é que você o fez ser só seu há muito tempo. – se ele queria os expor, ela não hesitaria também.

Ele ergueu as sobrancelhas surpreso pelo que ela estava dizendo e não demorou a uni-las furioso.

– Eu venho tentado fazer desse o nosso plano há muito tempo, mas você... – ele engoliu as próprias palavras se dando conta da plateia de tinham ali. Puxou o ar uma ou duas vezes como se quisesse soltar mais farpas em direção a ela, mas sua racionalidade tentava segurá-lo, tentava deixa-lo consciente do nível de profissionalismo que os dois estavam expondo ali. – Nós vamos atacar a Ordem em uma semana, Hermione. Não temos tempo para isso.

– Eu não me importo com o tempo que temos. Você sabe o que esse ataque significa para mim. Se quiser seguir com o seu plano, não vou ficar no seu caminho, porque sei muito bem que minha equipe tem trabalhado as minhas costas. Eles são leais a você e não os julgo por isso. As combinações básicas que passei a eles é o suficiente para que trabalhem no que quer você peça. Mas se quiser mesmo seguir em frente com isso, eu não irei fazer parte. – ela se levantou e fez menção de sair.

– Hermione. – ele a parou a chamando. Ela virou-se para ele esperando qualquer reação. Conseguia ver a raiva por trás do olhar dele. – Por que está fazendo isso exatamente agora? – ele quase vociferou com os dentes apertados.

– Porque você não me escutou quando eu fiz antes.

Ele a encarou completamente revoltado. Puxou o ar como se estivesse pronto para jogar um milhão de maldições sobre ela, mas simplesmente manteve a boca travada. Seus olhos passaram pelos líderes e equipes que ocupavam o espaço e todos eles estavam num silêncio apreensivo pulando os olhos de Hermione para ele, esperando para escutar mais, entender mais, saber mais. O silêncio se estendeu pelos segundos em que ele pareceu pensar o que fazer, até que ele abriu a boca e dispensou todos.

– Você fica. – ele foi firme com Hermione.

Um dos coordenadores de zona manifestou-se antes de se levantar do lugar:

– General, eu não acredito ser uma boa ideia atrasar sua agenda de hoje.

– Esse é o me casamento. – foi tudo que Draco precisou responder. Ninguém questionou e todos saíram em silêncio com uma expressão apreensiva.

Hermione tinha certeza de que alguém abriria a boca para mídia e não ficaria surpresa se visse algo relacionado no jornal do próximo dia. Ela esperou sem se mover até que porta fosse selada e ela e Draco estivessem sozinhos.

O silêncio caiu sobre eles primeiro. Draco estava claramente irritado e não parecia preocupado em se esforçar para esconder. Ele deu as costas para ela, puxou o ar novamente e passou as mãos pelo rosto. Quando ele tornou a olhar para ela, parecia farto, cansado e extremamente irritado.

– Por que está querendo me fazer desejar te matar, Hermione? – ele disse e ela podia perceber o quanto ele lutava para não travar os dentes e ranger para ela. – Você passou da linha! Me confrontou na frente de todos os meus líderes! Você expôs nosso casamento! Expôs nossa situação!

– Você está preocupado com isso? – ela não precisou de um segundo sequer para pensar em retrucar. – Você quer seguir com uma operação cheia de falhas, uma operação brutal, um massacre e quer que eu colabore? Eu tentei te dizer um milhão de vezes que deveríamos seguir com isso de uma forma diferente, logo quando começamos a pensar sobre a queda da Ordem e o quanto isso era necessário, mas desde que nos afastamos tudo o que tem feito é aceitar o fato de eu não argumentar contra você. Eu não abandonei o barco, você quem deixou de me escutar!

– Você sempre argumentou, Hermione! O que esperava que eu fizesse quando simplesmente passou a aceitar tudo que eu colocava a sua frente?

– Eu nunca aceitei! Você quem decidiu ignorar o fato de saber que eu discordava no fim das contas! Sabe disso! Não minta para si mesmo! Você conhece a pessoa que eu sou!

– Por que então você também não para de mentir para si mesma? Também sabe a pessoa que eu sou!

– Não, eu não sei! – como ele tinha a coragem de dizer aquilo. – Eu não faço a mínima ideia de quem seja você porque já vi tantas das suas máscaras que não sei qual delas é a verdadeira!

O olhar dele flamejou de fúria e quando ele caminhou até ela, Hermione pensou que ele fosse devorá-la. Felizmente ele parou, mas parou próximo a ela. Já haviam estado mais próximo na verdade, mas a distância que suas almas estavam naquele momento fazia com que aquela pouca distância parecesse milimétrica.

– Sabe que está fazendo isso porque tem raiva de tudo que eu te disse ontem. – ele vociferou. – Por que está me fazendo pagar por isso, Hermione?

– Por que você não tinha o direito!

– Eu não tinha o direito de ser honesto?

– Não jogue comigo, Draco! Você passou a vida inteira me fazendo mal, não me faça acreditar que pode me fazer bem.

– Eu fiz bem para você uma vez, sabe disso.

– Você nunca me fez bem! Nem mesmo quando eu pensei que você pudesse estar me fazendo bem, você estava! No fundo, eu sempre soube que você estava me preparando para me quebrar! Não duvido que esteja fazendo o mesmo agora.

As faíscas nos olhos dele eram tão visíveis quanto a decepção agora. Ele deu mais um passo em direção a ela, furioso, e Hermione tentou colocar um limite no espaço entre eles estendendo o braço. Draco tratou de segurá-la pelo pulso sem a menor piedade afastando qualquer chance que ela tivesse de aumentar o espaço entre eles.

– Se não pode acreditar em mim. Se é completamente incapaz de acreditar em qualquer palavra. Se nada em você, nenhuma parte da sua alma, do seu corpo, do seu espírito, quer que qualquer vírgula de qualquer frase daquilo que disse ontem seja verdade, então me diga o que infernos vocês fez. Me diga que maldita magia, pensamento, feitiço, motivação, você usou para me tirar de dentro de você! Porque até onde me lembro você havia deixado claro que quase se apaixonou por mim e se isso significa que eu estive na sua cabeça da mesma forma como você tem estado na minha, eu faço exatamente o que você quiser se me disser o que fez para esquecer, para apagar, para abolir todos esses sentimentos, esses pensamentos, essa constante preocupação, essa maldita incerteza. Por que eupreciso! Me diga, Hermione! O que infernos você fez?

Ele a encarava tão intensamente que ela se sentia sem ar. Seu coração parecia cair num precipício infinito enquanto ela o fitava. O Draco esperançoso. Era o que ela via ali. Ele falava sério. Ele queria saber o que ela havia feito. Que feitiço havia proferido, que magia criara, que exercício mental havia praticado para limpá-lo do sistema dela. Ele queria tanto uma resposta, parecia tão faminto pelo existência da chance de tirá-la da cabeça que foi o suficiente para fazer Hermione ter uma pequena e curta crise interna.

Não...

Se havia qualquer chance daquilo ser verdade, ela não queria que ele a esquecesse, que ele deixasse de vê-la com aqueles olhos, que ele se livrasse daqueles sentimentos. A parte de sua alma que tentava se livrar dos que ela tinha por ele chorava para que ele não a tirasse de dentro dele.

Não!

Mesmo que aquilo fosse verdade, era uma loucura que nunca deveria ter acontecido, que eles não deveriam alimentar nem incentivar. Aquilo acabaria mal. O passado deles destruiria aquilo mais cedo ou mais tarde.

O nível de confusão em seu cérebro foi tão grande que ela foi obrigada a torcer o braço para se livrar das mãos firmes dele e se afastar. Voltou a sentir seu próprio coração e o modo como ele parecia querer quebrar suas costelas naquele momento. Desejou nunca ter feito aquilo. Teria sido melhor se ela não tivesse enfiado na cabeça que precisava confrontá-lo na frente de quase todo o departamento. Se ela tivesse seguido sua ideia original, esperado o momento certo para ir até ele para dizer que não faria parte daquele plano contra a Ordem e que precisava abdicar de seu cargo na comissão ou colocaria em risco a lealdade de seus funcionários, certamente não estaria ali naquela posição agora.

Racional e sentimental. Ela sabia que essa briga era parte de todo e qualquer relacionamento, por mais simples que fosse. Mas que nível era aquele que ela tinha com Draco? Seu coração e seu cérebro parecia estar numa briga tão voraz que ela conseguia visualizá-los se rasgando, se destruindo, se mutilando.

– Eu não fiz nada. – sua voz saiu fraca e rouca. Sentia como se estivesse reagindo aos destroços daquela guerra. Draco não esperava aquela resposta. Ele não queria aquela resposta. – Por que quer tanto se livrar de mim, Draco?

– Por que dói, Hermione! – ele respondeu como se não fosse óbvio, como se ela já não soubesse que doía. – Eu não sei o que fazer, não sei como reagir, não sei o que pensar, não sei como agradar, como concertar, como agir. Eu não sei nem o que infernos é! Não sei se vai durar, não sei se vai passar, não sei como me livrar. É maçante, é cansativo e eu sinto como se fosse um idiota vinte e quatro horas por dia, sem descanso.

Ah Céus. Ele estava apaixonado. Estava apaixonado e estava provando o lado mais amargo daquele sentimento. Quantas vezes sua mente havia a alertado para o fato de que ele nunca havia se apaixonado. Narcisa havia lhe dito isso, Astoria havia lhe dito um milhão de vezes, até mesmo ele havia a deixado saber daquele fato.

– Por que eu? – ela sussurrou. Aquela pergunta era mais para si mesma do que para ele.

– Por que você? – ele fez a mesma pergunta.

O silêncio entre eles ergueu-se poderosamente. Ela sentia a pressão crescer dentro de si. Precisava tomar uma decisão. Precisava tomar uma boa decisão.

Seja sábia, Hermione. Faça a coisa certa. Isso tudo é muito frágil. É mais fácil para ele. Draco te machucou muito mais do que seus atentados contra o orgulho dele. Você conhece muito bem o passado que carregam. Isso pode desmoronar daqui a uma mês da mesma forma como pode desmoronar daqui a uma semana. Seja racional. Seja esperta. Seja inteligente. Não ande ouse entrar nesse campo minado...

Mas a parte dela que o queria, realmente o queria.

E aquilo foi suficiente para que ela fosse até ele, como se os últimos meses nunca tivessem acontecido na vida deles.

– Não é sempre tão doloroso, Draco. - Sua voz não precisou sair alta porque nesse ponto, ela já estava próxima o suficiente.

Colou seu corpo no dele ao mesmo em que ficava na ponta dos pés, perdeu seus dedos nos cabelos dele como havia feito milhões de vezes antes, num passado que parecia muito distante agora. Tocou os lábios dele com os seus muito cuidadosamente, como se precisasse fazer aquilo com calma para que as sensações viessem uma por uma, porque sabia que se as tivesse todas de uma vez poderia perder a cabeça.

Draco apenas a aceitou, como se estivesse sendo pego de surpresa, por mais cuidadosa que ela tivesse sido. Os segundos voaram enquanto ela sentia o calor dos lábios dele novamente contra os seus. Era como se estivesse reencontrando um bom amigo de bons momentos e só agora estivesse se dando conta de que não sabia como conseguira viver sem ele por tanto tempo.

Somente quando se afastou que Draco a cercou e tocou seu rosto como se precisasse fazer aquilo para que ela não fosse muito longe. Seguiu seu rosto como se também não tivesse o mínimo interesse de fazer com que a distância entre duas bocas fosse maior do que poucos centímetros.

– Me diga que há alguma chance de voltar apensar em mim. – ele parecia quase em sofrimento.

– Eu não acredito que tenha parado algum dia. – ela retrucou e ele não deu nem mesmo o espaço de um segundo antes de beijá-la. Dessa vez, com vontade.

Ah céus! A boca dele! O beijo dele! Aquele amigo! Aquele velho amigo... Como ela havia sido capaz de viver tanto tempo sem ele? Sem aquelas sensações, sem aquele calor, sem o poder libertador que ela sentia quando o provava, quando o tocava, quando podia sentir suas almas próximas como agora.

– Me dê seu coração, Hermione. Por favor. – ele sussurrou contra a boca dela e voltou a beijá-la. – Me dê seu coração. Por favor.

– Você seria capaz de me dar o seu também? – ela indagou e ele parou antes de voltar a beijá-la novamente. Hermione sentiu a tensão que seus músculos começavam a criar. Draco era possessivo. Ele era possessivo com as coisas dele e isso incluía seu coração.

Ele se afastou minimamente apenas para abrir os olhos e encarar os dela de muito perto.

– Não sei como fazer isso. – respondeu.

Ela ergueu as sobrancelhas.

– Você quer fazer isso?

Draco pensou por um segundo e ela temeu a hesitação dele.

– Se isso significar que eu vou ter seu coração...

Ela sorriu levemente. Tinha que falar na linguagem dele e se havia algo que os Malfoy conseguiam fazer bem, era fechar negócios.

– Posso te dar meu coração se você também me der o seu.

Ele sorriu.

– Precisamos assinar em algum lugar?

Ela negou com a cabeça.

– Apenas prometa que não irá quebrá-lo.

– Posso fazer isso se for uma promessa recíproca.

– Eu acredito que nada tenho o poder de quebrar seu coração. – embora, no fundo, desconfiasse que ele guardava o coração mais frágil e mais machucado que algum homem um dia possuíra.

Ele riu.

– Pensava isso até me casar com você.

Hermione deslizou seus dedos pelos fios dele enquanto sorria. A paixão podia ser tão doce. Ela esperava, com todas as suas forças, que aquele mel não amargasse.

– Prometo que será uma promessa recíproca. – apostou.

– Perfeito. – ele estalou sua boca na dela. – Adoro fechar bons negócios. – e a beijou novamente.


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Notas finais do capítulo

Correria louca. Obrigada a todos por serem compreensivos. Motivo do atraso do capítulo explicado na página do facebook!