CIDADE DAS PEDRAS - Draco & Hermione escrita por AppleFran


Capítulo 13
Capitulo 12


Notas iniciais do capítulo

Passando na correria só para deixar o capítulo para vocês!



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Capítulo 12

Hermione Malfoy

Voltou à consciência, e ainda de olhos fechados, pôde perceber o ambiente claro no qual se encontrava. Respirou fundo e soltou o ar com calma. Abriu os olhos devagar e encontrou o teto abobadado do quarto onde dormia todas as noites. Sentiu seu corpo exposto e descoberto. Tentou mover-se minimamente e sentiu-se dolorida. Seus lábios se esticaram num sorriso discreto, sem que Hermione pudesse perceber. Havia perdido a conta de quantas vezes Draco havia feito com que ela atingisse seu clímax na noite passada. Aquilo estava acontecendo com frequência quase todas as noites já fazia mais de uma semana. Ela já não sabia mais onde buscar forças.

Virou a cabeça e o encontrou deitado sobre a barriga, ao seu lado. Um de seus braços estava jogado desleixadamente sobre ela e sua respiração era a mesma pesada de todas as noites. Hermione achava incrível como Draco sempre parecia tão inocente com as feições relaxadas, os olhos fechados, os cabelos bagunçados e o rosto liso. Ela suspirou e seu sorriso morreu. Ele não era inocente. Sabia que Draco não era nem um pouco inocente.

Olhou a janela do lado oposto e viu o dia cinza do lado de fora. Por um segundo, ela lamentou por não ter o sol e, no segundo seguinte, a realidade lhe bateu.

– Draco. – o chamou, escutando a própria voz fraca, fina e falha. Ele não respondeu, nem sequer se mexeu, e Hermione estranhou o quanto Draco parecia estar tendo um sono pesado, já que tinha um sono muito leve até onde ela havia notado. – Draco. – o chamou novamente, e dessa vez, ele soltou algo num murmúrio baixo, mas sem mover um músculo sequer. Hermione arrastou a mão hesitante até ele e o tocou nos cabelos fazendo seus dedos deslizarem sobre os fios loiros. – Draco. – o chamou com a voz mais limpa e clara dessa vez.

Demorou alguns segundos para que ele abrisse os olhos cinzas e tentasse se localizar no espaço e tempo. Eles trocaram olhares rápidos, até Draco conseguir recobrar por completo a consciência, desviou o olhar dela, ergueu um pouco do tronco para olhar a janela e perguntou:

– Que horas são?

– Tarde. – Hermione respondeu, sabendo que não importavam as horas. Estavam muito atrasados, de qualquer maneira.

Draco precisou se apoiar no colchão, passando por cima dela, para alcançar o relógio na cabeceira. Olhou as horas e soltou um palavrão. Saiu da cama e Hermione puxou os lençóis para se cobrir, enquanto sentava-se para o ver andar nu pelo quarto tentando encontrar o casaco de sua farda. Ele não tinha nem idéia do quanto era sexy fazendo aquilo e com o passar dos dias, Hermione se descobria fascinada por observá-lo andar pelo quarto sem roupa, apenas como veio ao mundo. Não havia como expressar as sensações que seu corpo respondia ao ver a figura imponente e intimidadora que ele todo era. Tudo em Draco parecia bem trabalhado, bem esculpido, bem simétrico. Talvez fosse o sangue dele, a linhagem da qual vinha.

– Vai à catedral comigo? – ele perguntou, parando e a encarando como se já estivesse preparado para agredi-la verbalmente por estar parada na cama.

– Não tenho planos de fazer com que você se atrase ainda mais. – Hermione resolveu não provocá-lo, já que não tinha ânimo para começar e vencer uma discussão logo pela manhã. – Vou depois do meio-dia.

Eles trocaram olhares em silêncio por alguns segundos, como se esperassem que, em algum momento, um deles fosse obrigado a começar a discussão e ali parecia que nenhum deles realmente estava disposto. Draco se aproximou, pegou o relógio do seu lado da cabeceira e seguiu para o banheiro. Hermione se viu sozinha no quarto, fechou os olhos e esperou ansiosamente pelo som das duchas. Não demorou e ela foi capaz de escutá-las.

Quase que num pulo, desceu da cama carregando os lençóis, abaixou-se e abriu a última gaveta de sua cabeceira. Puxou dali uma pequena caixa de madeira, a abriu e tirou o último frasco da ordem que ainda havia. Virou a poção de uma vez e sentou-se na cama novamente, apertando os olhos e sentindo o gosto amargo descer pela garganta. Torceu para que o líquido pudesse fazer efeito mesmo depois das horas perdidas. Ela não podia engravidar. Não podia! E sua única opção era usar aquele método primitivo e ineficiente de poções individuais, já que não podia deixar nenhuma pista em sua varinha de que andara fazendo feitiços de proteção. Sabia que poções como aquela eram de efeito imediato e deveriam ser consumidas logo após o ato, mas ela também não podia fazer aquilo na frente de Draco.

Não sabia o que iria fazer, agora, que seu estoque havia acabado. Ela mesma havia as fabricado após a primeira noite deles. Era uma poção fácil e rápida que não necessitava de muitos ingredientes em grandes quantidades, mas não podia arriscar fazê-las novamente, primeiro, porque faltava um dos três ingredientes no estoque antigo e vazio da casa de poções, segundo, porque comprá-lo numa das lojas do centro poderia ser uma grande pista que muito provavelmente chegaria aos ouvidos de Lorde Voldemort, que parecia monitorar cada pedra de Brampton Fort e terceiro porque caldeirões sabem guardar um princípio mágico de poções feitas regularmente.

Hermione suspirou, empurrou tudo para dentro da gaveta novamente e a fechou com força. Levantou-se e sentiu seu corpo sujo. O suor da noite passada havia deixado sua pele pegajosa e o cheiro de tudo que haviam feito, antes de caírem no sono, parecia emanar dela. Largou os lençóis e foi até o banheiro, descendo para detrás do paredão e encontrando-se com Draco ao chegar às duchas.

Os olhos dele seguiram-na, mas Hermione não se importou tratando-se de se colocar debaixo d’água, sentindo o calor confortá-la e varrer seu corpo. A sensação de estar sendo limpa era gostosa e ela se deixou molhar os cabelos fechando os olhos e apreciando o momento.

– Temos a Cerimônia de Inverno hoje. – Draco disse, fazendo-a se lembrar de que ele ainda estava ali. – Portanto não precisa...

– Arrumar o jantar. – terminou para ele. – Sei disso.

– Esteja em casa e pronta as nove em ponto. – ele concluiu e saiu antes que ela pudesse argumentar qualquer coisa.

O inverno era a estação mais adorada de Lorde Voldemort, e como demonstração de seu imenso afeto pela paisagem cinza, a natureza morta, as noites prolongadas e o vento gélido, era oferecido todo ano uma importante cerimônia de iniciação da estação para a alta sociedade de todos os fortes do grande imperador das trevas. Os Malfoy normalmente não participavam com frequência de comemorações festivas, mas aquela em especial, era uma das quais não podiam simplesmente ignorar porque fazia parte da tradição do governo do mestre.

Hermione não estava animada para mais um evento social onde a mídia estaria presente. Teria que fazer o árduo trabalho de manter, com frequência, um sorriso no rosto, ser educada com uma lista de pessoa das quais odiava e procurar assuntos entediantes para discursar. Se ao menos Luna pudesse estar lá. Mas não estaria. Embora ela houvesse sido liberada há alguns dias atrás para morar em Whitehall, a loira não fazia parte da alta sociedade de Brampton Fort, portanto estaria livre para fazer qualquer outra atividade dentro da catedral, sem poder chegar perto da ala principal.

A água quente adormeceu seus músculos e lavou seu corpo. Ela abriu os olhos e passou os dedos ao redor do rosto. Um nó repentino subiu para sua garganta, seus olhos marejaram e Hermione se segurou. Tinha que parar de se martirizar. O que Harry pensaria dela se tivesse a chance de colocar os olhos nela agora? O que ele pensaria se soubesse que ela havia ido para cama com Draco Malfoy? E se ele soubesse que ela havia gostado e que gostava de todas às vezes, em que eles duelavam durante o sexo? Na verdade, de todas as vezes que faziam sexo! Ah, se Harry soubesse... Se ele soubesse a vida que Hermione tinha agora, as roupas que usava, o tesouro que tinha no seu cofre em Gringotes, as comidas que comia, os vinhos que bebia... Soluçou, sabendo que qualquer lágrima que estivesse escapando de seus olhos estava se misturando com a água do banho.

O sentimento de traição a acompanhava todos os dias, junto com todos os outros desejos que seu corpo despertara, desde a primeira vez que Draco e ela haviam estado juntos. Hermione esperava o contrário de tudo que estava acontecendo. Nunca havia esperado que mesmo com todo ódio que tinha por Draco, seu corpo fosse sentir que precisava entrar naquele jogo que começavam todas as vezes que se permitiam tocar um ao outro. Cobriu o rosto com as mãos sentindo vergonha. Seu coração apertou forte em seu peito e ela soluçou mais uma vez.

Era isso que Voldemort queria, não era? Era aquela vida que ele esperava que ela tivesse, não era? A vida carregada da culpa daquilo que ele a obrigava a fazer. Hermione sentia que definharia não sabendo o que mais a consumia, se a vergonha, o sentimento de traição ou a culpa. Aquilo era tão difícil de viver. Naquele momento, apenas preferiria ser jogada em uma masmorra, parecia muito mais fácil e ela havia se preparado para aquilo caso fosse pega, não para o que estava vivendo.

Permitiu que expressasse sua vulnerabilidade até conseguir juntar as forças para retomar a postura e terminar seu banho. Chorou, sabendo que havia prometido a Harry que sempre estaria ao seu lado, e agora, simplesmente não podia mais estar.

Assim que seguiu para o closet, tentou ocupar a mente na sua difícil tarefa diária de se vestir. Deixou-se quebrar a cabeça diante de suas roupas e quando finalmente encontrou uma adequada, vestiu e se olhou no espelho. Estava ótimo como sempre. A cada dia, Hermione demorava menos para finalizar aquele serviço. Logo que se moveu para móvel de suas jóias, sentindo-se um pouco melhor por ter percebido seu avanço miserável no mundo da moda que agora vivia, parou e sofreu alguns segundos de confusão ao ver uma pequena caixa de veludo com o emblema de uma das caras lojas do centro. Aquilo não estava ali antes. Ela pegou e a abiu podendo então, ver a perfeita peça de ouro para seu pescoço. Era tão lindo que não pôde deixar de perceber os músculos de seu rosto se esticando para abrir um sorriso discreto. Quem quer que tenha feito aquilo era um verdadeiro artista.

Fechou a caixa, sabendo que Draco havia a posto ali. Ele normalmente ordenava a Tryn que entregasse seus presentes a Hermione e dissesse em que ocasião deveria usar, mas parece que dessa vez não foi preciso e ela foi capaz de entender perfeitamente que aquilo deveria ser para a cerimônia de inverno, mais tarde. Obviamente que ele não estava tentando agradá-la, aquilo não passava de ordens que deveria cumprir. Muito provavelmente, Narcisa havia dado algum toque ao filho sobre o baixo estoque de acessórios de Hermione, visto que ela mesma não tinha paciência para frequentar o centro e gastar o dinheiro que não era seu em artigos caros como aqueles. Seu estoque já era muito mais do que imaginara ter algum dia na vida, mas aos olhos de Narcisa, não importava a quantidade de brincos, colares e anéis, sempre seria precário.

Hermione terminou todo o serviço. Olhou-se no espelho, colocou-se de lado e desenhou seu perfil para constar de que tudo estava exatamente no formato que ela conhecia. Fechou os olhos e respirou fundo. Esperava realmente que aquela poção servisse para alguma coisa. Às vezes pensava que não deveria se preocupar tanto. Nunca havia feito sexo com tanta frequência e sem proteção, mas uma semana e, um descuido aqui e ali, como o da noite passada, não poderia tão facilmente engravidá-la. Abriu os olhos e se encarou. Realmente esperava que não.

Deu as costas e saiu do quarto. Quando passou a descer as escadas, Tryn apareceu carregando um bolo de pergaminhos lacrados. A elfa informou que havia recebido aquilo durante toda a manhã, mas não queria perturbá-la, pois sabia que estava dormindo. Hermione pegou o pacote e passou a destrinchá-lo, quando se sentou rapidamente para a refeição leve do almoço. Eram todos de Jodie. A mulher procurava por informações e perguntava muitas vezes se Hermione iria a Catedral ou então, se poderia dispensar os mentores. No final de tudo, Jodie enviou que havia dispensado os mentores e que estaria na catedral aguardando por informações.

Hermione respondeu a mulher informando que estava a caminho e que se explicaria assim que pisasse os pés na Catedral, chamou Tryn e pediu que ela despachasse uma das corujas mais rápidas com sua resposta, se levantou, saiu de casa e tomou seu caminho diário, entrando na cabine de sua carruagem e esperando pelo tempo que levaria até a colossal estrutura de Lorde Voldemort.

A catedral fervia em plena atividade quando ela desceu no pátio principal, fazendo a alegria da mídia. Muitas pessoas voltavam do horário curto e livre do almoço e Hermione tentou se camuflar no meio delas. Subiu para a sessão das cidades e passou direto por todos os corredores, sem perder tempo se identificando. Todos ali sabiam quem ela era e aquele protocolo de identificação sempre a irritava. Quando finalmente entrou em seu salão, encontrou Jodie fechando o pergaminho que escrevera antes de deixar sua casa.

– Bem, isso foi mais rápido do que eu imaginei. – Jodie disse, erguendo os olhos para receber Hermione.

– Jodie, eu sinto muito... – Hermione começou quase que imediatamente.

– Não. Não sente. – ela retrucou. – Sei que não sente. – colocou a carta de Hermione sobre uma pilha de livros e se levantou, dispensando a coruja ao seu lado. – Olha, eu entendo. Não sou estúpida ao ponto de acreditar no que o mestre quis vender a todos nós. – Jodie pausou e respirou fundo, voltando atrás. – Quero dizer, confesso que sempre soou bem convincente as matérias da mídia e os discursos do mestre a seu respeito, e que depois de um tempo é até interessante e empolgante aceitar tudo isso. Mas estar perto de você me fez entender que tudo isso não passa de uma fachada, não é? – Hermione não soube o que responder ao ser pega de surpresa por aquilo. Ela apenas permaneceu imóvel, enquanto o silêncio esperava pela sua fala. – Vamos, Hermione! É apenas uma fachada, não é?

Hermione respirou fundo e não viu a necessidade de perder seu tempo, convencendo o cérebro de Jodie do contrário daquilo, sendo que ela já parecia bem convencida.

– Eu jamais me aliaria a Voldemort se quer saber. Não por vontade própria. – seu coração apertou por querer dizer aquilo a Harry, se caso ele soubesse de sua atual posição dentro do ciclo da morte. – Nunca. – terminou.

Os lábios finos de Jodie tremeram discretamente, quando ela os apertou.

– Então o mestre está a forçando, não é? – ela começou, após alguns segundos de silêncio. Se levantou em pausa e aproximou-se de Hermione. – Você e Draco Malfoy nunca tiveram um romance secreto em Hogwarts, tiveram?

– Ainda não entendo como as pessoas acreditam que alguém como Draco Malfoy se permitiria olhar para uma Sangue-Ruim. – Hermione se limitou a dizer.

Jodie a encarou.

– Uma história bem contada, usando as palavras certas e os arranjos corretos, tem um poder de convencimento que ultrapassa fronteiras e ganha o coração de muita gente, Hermione. Ultrapassa até mesmo o preconceito. Deveria ler alguns livros de romance já que se limita bastante aos didáticos.

– Continua sendo uma história louca e que não se cabe a realidade. – apressou-se Hermione.

– Uma história muito bem contada. – recolocou Jodie. – Mas claramente é visto agora que foi forçada a se casar com ele, assim como foi forçada a se tornar uma comensal. Me diga ao que mais foi forçada a fazer?

A pergunta que Jodie fez, atingiu Hermione duramente. Ela desviou o olhar e recuou.

– Cada passo que dou, sinto que fui forçada a dá-lo. – ela disse, mais para si mesma do que para a mulher. Recobrou a postura e encarou Jodie novamente. – Sou uma prisioneira, eu não faço nada além daquilo que me mandam fazer.

– Eu não acredito nisso.

Jodie era mesmo esperta de não acreditar.

– Não tenho outra opção. – Hermione tentou convencê-la.

– Se você é a mulher da qual a resistência tinha mais orgulho, então não posso ser obrigada a acreditar que não está fazendo o seu movimento sorrateiro dentro dos limites possíveis que encontrar. – Jodie respondeu ao recuo de Hermione, aproximando o passo que ela havia dado para trás. – Você é um perigo aqui dentro. Por que o mestre a quis colocar aqui? Por que ele poupou sua vida?

– Causei irritações demais a ele e isso fez minha morte ser uma vingança muito fácil e rápida.

– Isso foi o que ele te disse? É uma tola por acreditar nessa desculpa.

– Esse é apenas um dos motivos. – Hermione disse, embora não estivesse nem um pouco a fim de contar que teria que dar um herdeiro a ele.

– Esse motivo não tem força o suficiente para deixar uma inimiga como você, viva dentro de uma fortaleza como essa, sentando-se num dos patamares mais altos do trono. E ainda, casada com o herdeiro da família mais poderosa e importante da história do mundo bruxo. – Jodie terminou e elas se olharam em silêncio por um longo minuto, até que a mulher desviou o olhar e deu as costas para se concentrar em dar uma pequena volta pelo salão, enquanto Hermione percebia que o cérebro dela fervia trabalhando rápido. – Quando Draco se tornou um comensal, o mestre tinha planos em fazer com que ele fosse seu herdeiro. Todos esperaram pelo dia em que isso seria anunciado e, por um bom tempo, Lúcio e Narcisa esnobaram esse destino, mas Draco era alguém muito diferente naquela época. Ingênuo, esnobe, arrogante, orgulhoso, mimado e preconceituoso. Ele não passava de uma criança sem controle e o mestre fez questão de querer mudar isso o colocando debaixo da autoridade de Elliot Singh, para um treinamento pesado e intensivo que fez Draco crescer e mudar em muito pouco tempo. Mas então, por motivos que eu apenas posso sugerir e não afirmar, o mestre desistiu da idéia de torná-lo herdeiro. Todos nós sabemos que ele procura por um, agora. Ele quer que você dê um a ele, não é? Um seu e de Draco. - Hermione não soube exatamente o que fazer. Lembrou de Narcisa lhe ensinando que mesmo que estivesse sendo carregada para a forca, não poderia desfazer sua postura e tudo que foi capaz de fazer foi permanecer intacta e firme. – Me diga. – insistiu Jodie. – Você irá dar a ele um herdeiro, não é? Um que ele criará desde pequeno para ser exatamente como ele. Isso é verdade?

Hermione respirou, piscou mais do que deveria e disse sentindo seu coração ser esmagado:

– Sim.

Jodie a olhou parecendo intrigada com tudo aquilo. Hermione apenas a achava esperta demais por ligar tudo aquilo nos minutos em que estavam ali.

– Então porque ele escolheu você? – aquilo parecia realmente a consumir e a pergunta fez Hermione se questionar o porquê ela havia parado de se questionar sobre aquilo também. – Entendo perfeitamente que Draco tenha sido a opção mais adequada para o mestre, visto que ele era o mais novo dos comensais e de uma família de muito bom nome no passado, e também consigo entender o porquê ele tenha desistido da idéia. Faz sentido, visto que Draco não se vê devoto ao mestre como se via no passado. – Hermione questionou aquilo também. – Mas você... – Jodie se aproximou – Uma Sangue-Ruim. Porque ele te quis? Por que ele escolheu você?

– Fui uma péssima inimiga e Voldemort sabe que os planos dele me fariam sofrer mais, do que eu sofreria no inferno.

– É uma tola por acreditar nisso também. – Jodie foi dura outra vez.

– Acaso você tem o conhecimento de um motivo mais convincente? – irritou-se ela.

– Não! Mas estamos falando sobre o herdeiro dele! Draco significa muito dentro do ciclo do mestre e ele o rejeitou. Por que ele escolheria logo você junto com Draco, para dar a ele um herdeiro? – ela parecia realmente intrigada com aquilo e Hermione se preocupava, pois pelo pouco que conhecia a mulher, sabia que quando ela tinha dúvidas sobre algo ela corria os quatro cantos da terra para ter suas respostas. – Se nunca se questionou isso, saiba que está na hora de começar, se não for esperta aqui dentro eles te engolirão, e se está tentando encontrar uma maneira de deixar esse lugar, deve parar imediatamente de jogar seu tempo no lixo. A marca em seu braço te liga a ele e você nunca será capaz de se desconectar. – Hermione não entendeu o porquê a mulher havia dito aquilo, parecia uma forma muito sutil de dar um conselho. – Peço também que se atente em enviar avisos, se caso vier a se atrasar novamente, como hoje. – ela recuou e deixou de ser a mulher irreconhecível que estava sendo desde que Hermione entrara naquela sala. – Tenho permissão para encerrar a sessão de hoje já que liberei os mentores?

Hermione a encarou por um minuto em silêncio, sem saber o que realmente dizer de tudo aquilo.

– Sim. – foi tudo que saiu de sua boca, e então, observou a mulher dar as costas e começar a recolher suas coisas. Hermione não podia negar que estava surpresa que a única dica que havia dado a Jodie, há um tempo, dizendo que não estava tão contente assim pelo retorno de Draco, pudesse levar a mulher a tudo aquilo em um prazo tão curto de tempo. – Espere! – soltou, quando ela estava quase saindo do salão. – Sabe que se espalhar isso...

– Não passarão de rumores e fofocas. – ela terminou para Hermione. – Eu não seria estúpida de desmanchar a credibilidade do meu nome, em rumores e fofocas. – disse. – E não apenas por isso, Hermione. Tirando o fato de ter escolhido o lado errado da guerra para lutar, a admiro pelo empenho que tem em tudo aquilo em que coloca as mãos, pelo conhecimento que carrega e pela apatia à futilidade da vida feminina desse lugar. Respeito-lhe agora, por ser uma Malfoy também e pode ter certeza que isso só mudará se caso eu precise pisar nas suas costas para não ser pisada. São as regras de sobrevivência. Todos sabemos disso aqui. – ela disse e saiu.

Hermione soltou o ar e fechou os olhos. Teria a prova se Jodie era alguém de confiança com o tempo, mas as pessoas eram tão incertas em Brampton Fort que sentia que para ser confundida bastava um segundo de alienação. Um apenas.

Caminhou e sentou-se em uma das cadeiras, colocando os cotovelos sobre a mesa e cobrindo o rosto com as mãos. A vida ali era tão difícil. Encarar seu futuro era tão difícil. Sentiu o nó novamente em sua garganta e o engoliu. Pensou sobre as questões que Jodie havia levantando e considerou pensar nelas, mais do que em todas as outras. Julgou-se irresponsável por isso, e então, lamentou por ser coisa demais para pensar e por não saber o que realmente deveria priorizar. Tinha que encontrar uma forma de tirar Luna de Brampton Fort, tinha que decifrar o homem com o qual dividia a cama, tinha que lidar com sua vida de casada, tinha que descobrir o porquê Voldemort havia a escolhido, tinha que entender o motivo para Lúcio a querer casada com Draco, tinha que lutar contra Voldemort naquele novo jogo que haviam começado, tinha que estudar as milhões de coisas que seus mentores a ensinavam, tinha que encontrar uma forma de não engravidar, tinha que descobrir o veneno em seu sangue, tinha que se mostrar sempre impecável, tinha que entender o porquê os dementadores eram tão importantes para aquela terra, tinha que conseguir encontrar onde Draco guardava as moedas que possuía da Liga dos Alquimistas e mais incontáveis coisas que, se ela fosse continuar sua lista, sem dúvidas enlouqueceria.

A porta foi aberta e Hermione refez sua postura automaticamente na cadeira. Viu Luna entrar e antes que pudesse se sentir confortável pela presença da amiga, seu cérebro a alertou que ela era um problema a mais. Tinha que tirar Luna de Brampton Forte, o mais rápido que pudesse.

– Onde você estava? Estive procurando por você aqui desde que o dia amanheceu! – Luna se aproximou. Hermione não podia negar que era um alívio ver a amiga saudável, entretanto. – Fui ao quartel e me informaram que Malfoy também não colocou os pés aqui.

– Perdemos a hora. – Hermione disse cansada.

Luna sorriu se sentando a mesa junto com ela.

Perderam a hora? – repetiu a loira interessada. – Perderam a hora fazendo o que?

Hermione encarou o sorriso maroto de Luna e percebeu que não tinha paciência para aquilo.

– Sim, nós fizemos sexo a noite toda e perdemos a hora dormindo, Luna. – ela disse de uma vez.

Luna ficou um tempo em silêncio, desmanchando o sorriso e absorvendo o que havia escutado.

– Você não parece muito contente com isso. – ela disse.

Hermione curvou as sobrancelhas, julgando a amiga insana. Às vezes, a mente exótica de Luna ultrapassava alguns limites.

– Eu deixei o homem que eu odeio me tocar, o homem que me humilhou durante toda a minha adolescência, o homem que estava lá quando meus pais foram mortos, o homem que me ameaçou e ameaçou as pessoas que amo inúmeras vezes durante essa guerra, o homem que lançou ordens para te torturar na minha frente, Luna! Eu o deixei me tocar! – ela puxou o ar. - E adivinha? – sentiu o nó em sua garganta - Eu gostei tanto que foi como se eu estivesse redescobrindo como fazer sexo. Gostei tanto, que nem consigo contar às vezes em que gozei descontroladamente com ele dentro de mim! – ela soltou com desgosto das próprias palavras. – Tenho que parecer contente com isso?

Luna parecia um pouco atordoada com o que ouvira.

– Sexo faz as pessoas se sentirem melhor. – a loira soltou.

– Sim. Faz. – concordou Hermione. – Esse é o ponto, Luna! Dentro desse maldito inferno, tudo que eu penso o dia todo é voltar para casa, para cama e fazer sexo com Draco Malfoy a noite toda. Mas isso tem me matado aos poucos.

– Está se julgando.

– Não seria eu se eu não estivesse. – Hermione soltou.

– Deve parar. – Luna a aconselhou – Draco é o seu futuro agora. No que você pensa? Pensa em Harry?

– Penso em tudo! Penso em mim, penso em Harry, penso em tudo pelo qual lutei toda a minha vida, penso na Ordem, penso em Rony, penso em Draco fazendo o que ele faz comigo com as outras mulheres que ele tem, penso em todos me julgando, penso em todas as circunstâncias, penso em ficar grávida e... – seu coração palpitou. – Oh, Luna! – Hermione sentiu que desmancharia. – Não tem nem idéia do quanto à idéia de engravidar me assusta!

– Vocês estão se protegendo? – ela perguntou.

Hermione suspirou.

– Sei que homens como Draco são ensinados sobre magias muito discretas para evitar que moças espertas encontrem um caminho fácil para entrar para a família, mas talvez ele não esteja usando, já que o motivo pelo qual estamos fazendo sexo é cumprir a ordem de Voldemort. Tenho tentado tomar poções de urgência, mas tenho que esperar que ele durma antes de tomar e às vezes estou tão cansada que acabo dormindo na espera, e você sabe que essas poções só funcionam algumas horas após o ato. – Hermione soltou o ar, decepcionada. – E meu estoque de poções acabou. E não posso usar minha varinha para fazer nenhum tipo de feitiço protetor já que Draco poderia ver.

Luna esticou o braço e tocou a amiga.

– Posso tentar pegar algumas poções na ala das enfermarias se quiser. Talvez eles não venham sentir a falta. – a loira tentou.

– E se eles sentirem? – Hermione abaixou os olhos. – O que vai acontecer com você? O que aconteceria comigo? Eu encontrarei um jeito, talvez eu compre alguns ingredientes misturados no centro, talvez eu consiga encontrar algum feitiço que dure por bastante tempo...

– E durante esse tempo ficará desprotegida.

– E o que mais eu posso fazer, Luna? – ela se irritou e levantou os olhos novamente para a amiga. – Não se preocupe quanto a isso. Também vou encontrar um jeito de te tirar daqui, o mais rápido possível. Sinto que aos poucos você se tornará inútil para Voldemort e sabe bem o que ele faz com peso morto aqui dentro, não sabe?

Luna revirou os olhos.

– Não quero falar sobre isso. – ela apressou-se. – Estive te procurando para avisar que eles soltarão Viktor.

Não era bem uma novidade, visto o andamento das sessões de interrogatório

– Draco não ficará feliz com isso. – comentou Hermione.

– Soube que ele que terá que assinar a procuração. – informou Luna. – Já que foi Draco quem ordenou que o prendessem.

– Talvez ele tenha sugerido isso. Manteria a paz. Viktor foi preso porque poderia significar uma ameaça, não porque era uma. – disse Hermione. – Acha que vão usá-lo como agente duplo, novamente? Não faria sentido visto que a Ordem esteve esperando por ele todo esse tempo. O que acha que pensaríamos se, depois de tudo isso e depois de todo o tempo que o prenderam aqui, ele aparecesse na casa dos Black?

– Entendi que parece que Voldemort quer afastá-lo da Ordem depois de algumas conversas privadas que teve com Draco. Voldemort quer tratar Viktor pessoalmente, agora.

As duas ficaram em silêncio um tempo, enquanto ponderavam sobre aquilo.

– Talvez as coisas melhorem para a Ordem, enquanto Draco não tiver nenhum informante dentro dela. – comentou Hermione.

– Espero que sim. – disse Luna.

O silêncio durou mais um bom tempo, até Hermione finalmente voltar a dizer algo.

– Estive pensando por um tempo. – começou ela. – Juntar todos os grupos da resistência novamente, pode ter sido a única tática que a Ordem encontrou depois do sacrifício que fiz em vão. – disse e respirou fundo, soltando o ar com calma. - Mas penso que, talvez, não tenha sido realmente em vão. – as duas se olharam. – Luna, como que a Ordem conseguiu atrair todos os dementadores?

Luna ergueu as sobrancelhas.

– Tenho feito essa pergunta desde o dia do seu casamento.

– Tenho me feito essa pergunta por muito tempo também.

Então as duas entraram novamente no silêncio, enquanto desviavam da possibilidade de começarem a levantar hipóteses esperançosas e sem embasamento.

– Tem feito algum progresso com os arquivos que Nott lhe passou? – Luna mudou o assunto em resposta àquilo.

Hermione fechou os olhos frustrada soltando o ar.

– O único progresso que tenho feito é cumprir os cronogramas que Jodie trás para mim. – olhou Luna. – Estou completamente sem tempo para olhar aquelas pastas e sempre quando consigo um espaço para poder sentar com elas, não consigo absorver todas aquelas informações vagas, sem fundamento, e logo tenho que desviar minha atenção para outra coisa.

– Hermione, você sabe que é isso que Voldemort queria te oferecendo esse cargo. Mantê-la muito ocupada.

– Eu sei! – Hermione sabia daquele maldito jogo. – Eu ainda preciso aprender a como lidar com isso. As coisas estão se tornando mais estáveis com o passar dos dias e acho que vou conseguir mais domínio sobre o meu tempo e sobre essa nova vida, num futuro bem próximo. – tentou convencer a si mesma daquilo.

– Espero que sim. – tornou a dizer Luna. – É importante saber o que mais a lenda dessas terras escondem.

Hermione uniu as sobrancelhas ao escutar aquilo.

– Lenda? – questionou. Espere um minuto! O que ela havia deixado passar que não sabia? – Que lenda? – conseguiu se lembrar de Luna dizendo uma vez, que Voldemort era louco de plantar o forte dele logo nas terras de Brampton.

– Não sabe da história da família Brampton? – Luna parecia surpresa com aquilo. – Como não sabe da história da família Brampton? Todo mundo sabe da história deles.

– Não, Luna! Não sei. E talvez, metade do mundo bruxo também não saiba. – porque ela havia aprendido que algumas histórias apenas Luna e o pai dela conheciam no mundo bruxo.

– Os Brampton eram uma das grandes famílias bruxas num desses séculos passados bem antigos. – começou Luna empolgada. – Dizem que eles eram donos de quase toda a metade da Escócia e produziam o melhor Whisky de Fogo do mundo bruxo. Mas por algum motivo econômico, eles começaram a cair em decadência, perderam tudo, mas nunca venderam suas terras. Elas foram tomadas pelo Ministério Bruxo na caça as bruxas mais tarde na história, e retidas por ele não passando a ninguém por algum motivo muito secreto. Sei que todos que carregavam o sobrenome Brampton foram queimados na fogueira na caça as bruxas e todos eles amaldiçoaram suas terras antes de serem queimadas.

Hermione achou uma história muito breve e confusa.

– O Ministério ainda tem o poder dessas terras? – perguntou ela.

Luna deu de ombros.

– Não sei. – respondeu ela. – Talvez as pastas de Nott digam algo sobre isso, não? Sei que com o passar dos anos, eles foram obrigados a liberarem algumas por pressão trouxa com a união dos países do Reino Unido. Mas todos sabem sobre as terras amaldiçoadas da família Brampton. Lembro que meu pai costumava dizer que trouxas moravam numa das penínsulas que antes havia pertencido a eles e se falavam sobre rumores de que era a cidade mais assombrada da Escócia.

Hermione achou tudo aquilo muito vago. Com certeza, aquela história não passava de contos para roda de criança e que foi se perdendo com o passar dos anos. As histórias de Luna nunca eram muito confiáveis, mas sempre tinham um ponto a provar.

– Acho que posso trabalhar com isso, Luna. – forçou um sorriso para a amiga. – Obrigada.

Luna se levantou.

– Certo. – ela parecia contente por ter ajudado em algo – Vou tentar me aproximar da cela de Krum hoje à noite, já que sei que todos vão estar muito entretidos com essa tal cerimônia de inverno, ou seja, lá o que ela for. – Hermione percebeu que ela não parecia muito feliz por não poder participar.

– Fará muito bem. – sorriu Hermione.

A loira assentiu, foi embora e assim que ela saiu Hermione imediatamente soltou o ar sentindo a pressão da responsabilidade que tinha sobre Luna. Era necessário tirá-la de lá o mais rápido possível, senão Voldemort a mataria assim que tivesse a oportunidade. Ele não iria transformá-la em comensal, nem a deixaria morar em Brampton Fort sem nenhuma pretensão de usá-la, ainda mais com ela desfrutando de todo conforto quando deveria estar no escuro das masmorras passando frio e fome.

Isso era uma das coisas na qual deveria estar trabalhando dia e noite. Céus, Hermione se sentia mais atarefada agora do que quando estava na Ordem. Fechou os olhos, respirou fundo e começou a contar em sussurros, até sentir que sua mente estava vazia. Abriu os olhos e tentou se concentrar no presente e no ambiente onde estava. Abaixou os olhos para a mesa e viu algumas pastas e pergaminhos que Jodie havia deixado. Os manuseou e se permitiu ficar ali por algumas horas, reordenando os conteúdos para a semana seguinte de modo a não perderem o cronograma devido ao seu atraso de hoje. Quando finalmente olhou no relógio, se assustou e se levantou num pulo. Céus! Ela poderia entrar em um grande problema por outro atraso.

Organizou as pastas com pressa, as fechou e as juntou num canto da mesa para o dia seguinte. Apertou o passo enquanto cruzava a catedral, e então, tomou sua carruagem num pátio reservado onde disse ao cocheiro para ir o mais rápido que pudesse.

O caminho para casa não ajudava muito, e assim que parou de frente a mansão, subiu os degraus da varanda com pressa, passou para dentro do hall de entrada e se desculpou pelo atraso, no mínimo umas cinco vezes, para a consultora que Narcisa havia indicado para escolher sua roupa da noite. Ambas subiram para o closet e passaram alguns bons minutos ali onde a mulher tratava de dar uma aula completa à Hermione que desejava, urgentemente, que ela fosse embora ou teria que enfrentar os olhares de Draco por estar atrasada.

Assim que finalmente se viu livre da mulher, tirou a roupa, tomou um banho rápido e chamou Tryn para tratar de seu cabelo e também de sua maquiagem. Quando a elfa terminou e deixou o lugar Draco apareceu atando o nó de sua gravata. Hermione se lembrou de que ele tinha treino aquele dia e havia começado a se arrumar dentro do Q.G da catedral.

– Ainda não está pronta? – perguntou ele, parando e a encarando não muito contente com o que via.

– Ainda não são exatamente nove horas. – ela respondeu, colocando os sapatos.

Hermione se livrou do roupão que vestia e percebeu os olhos de Draco sobre ela, enquanto dava as costas, pegava o vestido que havia sido escolhido e o vestia. Olhou-se no espelho antes de pegar a varinha para fechar a roupa e encontrou os olhos cinzas dele a encarando às suas costas, como se pudesse devorá-la e fazê-la atingir seu ápice apenas com aquilo.

O silêncio entre eles os consumiu como sempre, quando Draco se aproximou por trás, postou as mãos uma de cada lado seu quadril e a puxou para colar nele. Hermione se lembrou de como as mãos dele conseguiam ser firmes explorando seu corpo, e então, piscou mais do que deveria quando ele abaixou a boca para próximo de seu ouvido, enquanto ainda mantinham contato visual pelo espelho.

– Nós não temos tempo. – ela tratou de lembrá-lo também, se lamentando por isso.

Draco abriu um sorriso safado, como se quisesse chamá-la de ingênua.

– Não aqui. – respondeu, e uma de suas mãos a cercou pela cintura como suporte para a outra que subiu o zíper de seu vestido. – Esperarei por você do lado de fora. – informou ele, soltando-a e se afastando para logo pegar o casaco de seu terno e sair do closet enquanto o vestia.

Hermione soltou o ar e fechou os olhos colocando as mãos sobre o estômago, como se tentasse acalmar as inúmeras borboletas que brincavam com as sensações dela. Abriu os olhos e puxou o ar se olhando no espelho. Ele é Draco Malfoy e você o odeia, sua mente a lembrou e ela se sentiu grata por aquilo. Hermione não precisava ir muito longe para se lembrar que o odiava, ela não precisava nem mesmo fazer muito esforço. Por mais que em momentos como aquele, sua memória inteira se apagasse, ao fim de tudo, ela precisava de apenas uma das diversas lembranças da passagem de Draco Malfoy em sua vida para se lembrar que tinha motivos de sobra para odiá-lo.

Revirou os olhos, se julgando fraca por cair nos encantos nojentos de um homem sem caráter e deu as costas ao espelho, hesitando na escolha do perfume que deveria usar novamente. Brigou consigo mesma por não ter deixado a mulher escolher o perfume que deveria usar, olhou à hora e arriscou um dos caríssimos que havia em seu estoque.

Colocou as jóias que deveria, pegou seus pertences e desceu com pressa olhando todos os relógios, das paredes, dos armários e dos móveis. Entrou na carruagem e encontrou Draco a encarando. Sentou-se no banco oposto ao dele, como sempre faziam, e soltou o ar, aliviada, por saber que não iria ouvir o enjoativo tom que ele tinha para reclamar de atrasos.

– Dia ruim? – perguntou Draco, enquanto dava duas batidas na cabine informando ao cocheiro para seguir caminho.

Hermione ergueu os olhos para encará-lo e guardou para si a surpresa pela pergunta dele.

– Como sabe? – ela perguntou.

– Está com a mesma expressão de todos os dias. – ele respondeu e Hermione estreitou os olhos.

– Não tente me irritar. – ela apenas disse e desviou o olhar. Draco aparentava ter tido um bom treino, ela já havia notado que ele costumava agir assim quando tinha bons treinos.

Olhou pela janela, enquanto deixavam o pátio e passavam pelo portão de saída da residência de Draco. Observou a noite por um bom tempo e lamentou pelo inverno. A estação fria nunca havia sido sua preferida. Voltou-se para o interior da cabine e encontrou os olhos de Draco, ainda sobre ela. Merlin, ele a devorava! Hermione queria entender como ele conseguia a seduzir sem ter a menor intenção. Talvez, nem ele mesmo percebesse o poder de todo o seu potencial.

– Eu não me importo realmente com o seu dia, mas... – Draco olhou para o relógio em seu punho, e então, fechou as janelas. – Temos quinze minutos e nenhum tempo para pensar. – terminou como se estivesse comentando sobre o tempo e Hermione soube exatamente o que ele estava sugerindo, e Deus do céu, se ele dissesse aquilo mais uma vez, com aquele olhar, ela podia jurar que perderia a cabeça. – Eu disse que não temos tempo para pensar. – ele tornou a dizer quando ela hesitou.

Ela sempre hesitava. Claro que hesitava. Era aquela voz, que chegaria a sua mente, depois que tudo aquilo terminasse e ela visse o homem que Draco realmente era. Olhos nos olhos, tudo que conseguiu pensar foi que no meio de tudo aquilo, Brampton Fort e ela prisioneira, merecia pelo menos alguns segundos de anestesia de toda dor que passava. Mesmo que ele fosse Draco Malfoy.

Hermione apenas precisou mover um músculo, indicando que estava se movendo para perto, que Draco usou de seus surpreendentes movimentos para trazê-la muito mais rápido para seu colo.

– Não rasgue meu vestido! – brigou ela.

– Não deixe seu sangue-ruim fazer você esquecer que é uma bruxa! – provocou ele e Hermione sentiu a fúria subir pelo seu sangue. Draco abriu um sorriso, sabendo que era exatamente aquilo que queria, e quando ela brigou para sair de cima dele, ele a agarrou pelo pescoço e a beijou.

Hermione lutou, tentou se afastar, mas Draco seguiu a boca dela e a prendeu fazendo seus corpos entrarem ainda mais em contato. O calor dele fez as borboletas aparecerem em seu estômago novamente e, enquanto tentava cravar as unhas contra os braços dele como vingança, sentiu aquela língua invadir a sua com toda a agilidade que ele tinha. Foi tarde demais para que ela pudesse se apoiar na cabine para sair de cima dele. Tentou se vingar enquanto o beijava, tentou morder seus lábios, tentou dominar a situação, tentou se afastar, mas Draco tinha lábios lindos e macios demais para ser estragados por ela, ele era dominador demais para ceder a ela e aquele beijo era bom demais para que Hermione juntasse forças para acabá-lo.

Foi somente quando realmente aceitou que já era tarde demais para negar aquilo, que Hermione desceu as mãos para o meio das calças dele e passou ousadamente os dedos ali. Draco se afastou minimamente para puxar o ar e olhar nos olhos dela, que ainda estava furiosa.

– Poderia matá-lo por aquilo que disse. – Hermione ofegou, enchendo sua mão entre as pernas dele e o apertando ameaçadoramente.

Draco sorriu com os lábios vermelhos e inchados.

– Adoraria a ver tentando, mas podemos guardar isso para quando estivermos com mais tempo. – disse e tornou a beijá-la. Hermione se sentiu ser devorada por e passou mais uma vez a mão sobre ele, enchendo-a novamente e a apertando com menos cuidado. Draco soltou um gemido desgostoso e afastou-se. – Tome cuidado com aquilo que tem em mãos, Hermione! – ele soltou aborrecido, e o tom dele a fez se sentir melhor. Pelo menos Draco não estava com aquele sorriso superior no rosto.

– Então freie sua língua da próxima vez que for soltar provocações, Draco! – ela jogou o alerta e foi suficiente. Quem o beijou dessa vez foi Hermione e quem pareceu não gostar da reação foi ele.

Aquela mínima vitória a fez sentir que podia continuar aquilo, com muito mais vontade. Começou a sentir o membro dele ganhando vida debaixo de tecido de sua calça e do movimento sutil de sua mão ali. Juntou as duas mãos, afrouxou a gravata dele e abriu os botões de sua camisa, enquanto Draco se livrava do casaco do terno. Desceu novamente sua mão e o tocou sobre o tecido. Desatou o cinto da calça e abriu o zíper, mas antes que pudesse colocar sua mão para o lado de dentro para realmente tocá-lo, Draco usou de sua força e agilidade mais uma vez, levantando-a e a girando dentro daquela cabine que, de repente, havia se tornado mais minúscula do que parecia.

Hermione foi obrigada a colocar os joelhos contra o assento para se apoiar e segurou o fundo da cabine para manter a distância entre seu rosto. Ela odiou aquela posição, mas logo esqueceu o desconforto quando ele, por trás, separou suas pernas, colocou uma mão por dentro da fenda de seu vestido, subiu os dedos pela sua coxa e os deslizou para dentro de sua calcinha. O movimento que Draco começou ali, a fez prender a respiração inicialmente, contendo-se para não soltar nenhum som. A outra mão dele empurrou o zíper do vestido que usava para baixo e Hermione deixou as alças escorrerem pelo seu braço até se verem livre deles. Draco encheu a mão com um seio dela, e intensificou os movimentos lá embaixo. Ela começou a ofegar em resposta.

Sentiu a boca dele em seu ombro, a língua quente em sua pele, a respiração abafada, mas não conseguia entender o que ele realmente fazia ali quando colocava pressão. Draco estava a entretendo tão bem com o movimento dos dedos em outro lugar, que sua respiração acelerava cada vez mais e seu corpo começava a se agoniar com a urgência que ele estava provocando. Deus! Hermione não conseguia entender como ficava tão molhada daquele jeito.

Seus dedos não conseguiram enterrar na madeira da cabine e ela levou uma das mãos aos cabelos dele e os puxou, começando a soltar gemidos longos nos intervalos de sua respiração rápida. Seu corpo se contorceu e Hermione largou os cabelos loiros e desceu a mão para tocar a dele que trabalhava intensamente lá embaixo, pedindo para que não parasse. Quando achou que já não aguentaria mais, Draco a soltou e ela quis protestar e espancá-lo por aquilo.

Draco tratou de se exibir novamente, mostrando o quanto podia movê-la e dominá-la quando a girou colocando-a de frente novamente. Hermione tentou se aproveitar cercando suas pernas ao redor dele forçando-o a se sentar para que ela pudesse estar sobre ele novamente, mas Draco facilmente encontrou o apoio de sua mão para isso, puxou-a, e então, Hermione se viu deitada sobre o banco.

– Já te dei liberdade demais, noite passada. – Draco disse e ela se enfureceu por saber que ele achava que era o rei de tudo aquilo.

Mas antes mesmo que pudesse retrucar qualquer coisa, ele deslizou para dentro dela sem pressa, como se quisesse a torturar, e então Hermione se viu perder o compasso de toda a sua respiração, se perguntando quando foi que Draco havia ficado tão duro sem que ela percebesse. Gemeu sentindo o quão fundo ele estava indo e curvou as costas apertando o estofado do banco e empurrando a parede da cabine acima de sua cabeça.

– A quem está tentando convencer de que... – ela teve que gemer quando ele começou a se movimentar -... tem algum domínio sobre mim... – soluçou e ofegou, sentindo como era fácil para Draco deslizar para dentro e para fora -... quando fazemos sexo? – ele aumentou o ritmo, mas ainda parecia estar sem pressa e apenas aproveitando o prazer que sua área molhada e quente o proporcionava. – Nós dois sabemos que não é assim que funciona e Oh! – Hermione soltou um gemido longo de protesto. – Deus, Draco! Por que está indo tão devagar?

Ele apenas sorriu e Hermione colocou o salto sobre o outro banco para buscar apoio, o cercou com a outra perna e ergueu seu quadril, começando um movimento muito mais ágil que o dele. Não se importou que estivesse por baixo. Fez seu quadril ir contra o dele inúmeras vezes, rebolando e estimulando sua área mais sensível. Draco tomou seu tempo para descer até o pescoço dela, a lamber, seguir para seu seio e usar a boca para brincar com o mamilo, enquanto cravava os dedos no macio de sua nádega em sinal de que aprovava qualquer movimento dela.

O sôfrego dele aumentava cada vez mais e os ruídos que escapavam de sua garganta eram roucos e muito prazerosos de se ouvir. Hermione sentia que estava em um estágio muito mais avançado que o dele, quando tentava conter seus gemidos e não era capaz. Seu corpo inteiro ardia em uma agonia imensamente prazerosa e intensificar seus movimentos parecia o caminho mais rápido para o alívio. Draco subiu e tomou sua boca fazendo suas línguas brincarem mais uma vez. Ele segurou o quadril dela soltando um som urgente, a pressionou contra o banco e estocou dentro dela com rapidez.

Hermione sorriu, sabendo que era aquilo que precisava e sentiu que não estava muito longe de atingir o seu ápice. Draco parecia trabalhar para que o dele também não estivesse. Ela ergueu o tronco apoiando-se no banco com uma mão e segurando os cabelos da nuca dele com a outra. Ambos trocaram olhares com o peito subindo e descendo em compassos exagerados e fora do ritmo. Hermione tinha a respiração tão pesada, que cada vez que soltava o ar, emitia um som. Não tinha controle sobre isso e todas as vezes que tentava ter acabava segurando a respiração e não podia manter por muito tempo.

Draco parou quando ela sentiu que estava prestes a gozar, ele pressionou seu quadril contra o dela e eles se mexeram limitadamente, quando Hermione tentou continuar por ela mesma estreitando os olhos, irritada, para ele.

– Não pare, pelo amor de Deus! – ela suplicou, puxando o cabelo dele.

Draco soltou um riso fraco.

– Calma, Hermione. Não seja tão desesperada. Ainda temos alguns minutos a mais. – ele soltou de uma maneira tão sexy, que Hermione achou que pudesse virar manteiga ali dentro daquela carruagem.

Draco começou novamente, mais devagar, segurando os quadris dela para impedir que ela tomasse alguma iniciativa. Hermione julgou aquilo tortura. Contorceu-se pendendo a cabeça para trás e gemendo em protesto, enquanto perdia o contato visual com ele.

– Você é doente! – ela soluçou, tentando fazer seus quadris se moverem contra as mãos pesadas dele. Sua mente estava tão fora de sua consciência que talvez nem soubesse o que estava dizendo. – Vou te fazer pagar por isso!

Draco riu com vontade dessa vez.

– Mal posso esperar por isso também. – Ele disse e voltou a estocar forte como se também não estivesse aguentando manter aquele ritmo.

Hermione gemeu em tom alto e tornou a olhá-lo nos olhos. Seus sons se misturaram um sobre o outro, acompanhando o ritmo ao qual iam. As investidas dele estavam tão suficientes para ela que não bastou muito, para ela sentir todo o corpo formigar. Perdeu o controle sobre a respiração, tentou puxar o ar e não conseguiu. Sua boca aberta tentou soltar o som que não veio pela garganta, e então seu corpo sofreu o primeiro espasmo quando seus músculos todos se contraíram e relaxaram de uma vez. Hermione pendeu a cabeça para trás, sua garganta emitiu um som gostoso e ela tentou puxar o ar pela boca novamente, mas não conseguiu. Seu corpo sofreu outro espasmo e ela sentiu que toda aquela agonia encontrava o fim mais delicioso de todos. Olhou-o nos olhos e foi no seu terceiro e último espasmo que ele soltou o som de seu clímax e jogou seus líquidos dentro dela.

Hermione deitou mole sobre o assento e deixou seu pulmão puxar o oxigênio que precisava. Por que aquilo tinha sempre que chegar ao fim? Ela desejou estar em casa com ele na cama, para poderem se recuperar, se olharem novamente e começarem tudo de novo. Porque era assim quase todas as noites e Hermione precisava sentir aquela dormência em sua dor. Precisava daquela anestesia. Precisava esquecer tudo e aquilo a fazia esquecer.

– Seja rápida agora. Temos poucos minutos. – Draco disse, saindo de dentro dela.

Ela se viu obrigada a sentar. Estava toda bagunçada. Colocou os braços para dentro das alças do vestido e alongou as costas subindo o zíper novamente. Abriu a janela e usou a varinha para colocar no lugar os cabelos, repintar a maquiagem e limpar-se. Desceu a fenda de seu vestido para o lugar certo, ajeitou sua roupa de baixo e quando encarou Draco, ele estava apertando a gravata novamente e terminando de colocar o terno. Seus olhos se encontraram e o silêncio os consumiu como nas muitas noites anteriores. O vento gelado entrou pela janela que ela havia aberto e soprou entre eles, quando a carruagem diminuiu a velocidade e parou.

– O que está preparada para ver hoje à noite? – ele quebrou o silêncio entre aquela troca de olhar.

Hermione ponderou por alguns segundos a resposta que deveria dar, enquanto conseguia escutar o cocheiro descer de seu posto e a agitação do lado de fora.

– Uma grande festa? – sugeriu ela. – Não faria sentido nos vestirmos assim para outra coisa que não fosse uma festa ou um baile.

Draco a encarou por um tempo com um olhar indecifrável.

– Não se esqueça que nós chamamos isso de cerimônia. – ele terminou e a porta foi aberta. – Pronta? – ele apontou para o lado de fora indicando que ela deveria sair primeiro.

Hermione assentiu, passou o longo tecido de pele pelos braços cobrindo suas costas, sentiu os pelos fazerem cócegas em sua pele, respirou fundo e saiu para o banho de flashes no tapete vermelho que se estendia do lado de fora. Seria uma noite difícil e certamente entediante. Mas talvez, quem sabe, interessante.


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Notas finais do capítulo

Parece que muitos de vocês curtiram bastante o capítulo passado! hahaha Embora ainda seja algo muito físico, as coisas vão melhorar. Quero que vocês percebam a evolução de como as cenas de sexo entre eles são descritas. Agora está uma coisa meio pesada, fica um pouquinho mais pesada nos dois ou três próximos capítulos, mas, as coisas vão mudando em detrimento aos acontecimentos. É bem sutil, mas tentem observar essa mudança no decorrer da fanfic. Lá para o capítulo 29-30 quero que vocês comentem como perceberam a mudança na narração das cenas deles. :)
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Até sexta! :)



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