CIDADE DAS PEDRAS - Draco & Hermione escrita por AppleFran


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

E as recomendações não param!! Obrigada Uncompletable! Não sei nem como agradecer!! Aí vai um capítulo esperado por muitos. haha Espero que gostem!



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Capítulo 11

Hermione Malfoy

Hermione olhou no relógio, bateu nervosamente os dedos contra a superfície da mesa e imaginou o que Luna estaria escutando naquele momento. Havia combinado com a amiga que ela tentaria entrar numa das sessões de interrogatório de Viktor Krum.

Luna havia sido liberada há alguns dias. Ela podia vagar pela catedral sem escolta e podia sair pela cidade acompanhada. Hermione não podia negar o alívio que sentia, ao ver a amiga saudável e bem vestida depois de todo o sofrimento físico que ela havia passado. Sentia que finalmente sua submissão estava tendo algum resultado positivo, se é que ela poderia chamar de positivo.

Havia tirado algumas horas para ir com Luna a um dos parques de Brampton Fort. Elas caminharam em silêncio pela natureza um bom tempo. Depois de todos os anos que passaram em guerra, elas sabiam o valor do que era estar ao ar livre sem precisar se esconder ou usar um disfarce ou se preocupar com um possível ataque. Em silêncio, elas fingiram que haviam voltado no tempo e passeavam como se a realidade da guerra não existisse. Hermione nunca havia visto Luna abrir um sorriso como aquele desde Hogwarts.

Mas Hermione sendo quem era, não deixou que o momento se alongasse como Luna gostaria que tivesse e entre protestos da loira, as duas retomaram o foco. Luna por ser uma figura que passava facilmente despercebida entre os comensais da catedral poderia tentar se infiltrar numa das sessões de interrogatório de Viktor Krum, que aconteciam com hora marcada no salão principal e vez ou outra era conduzida por Voldemort.

Hermione estava nervosa pela amiga, mas aquele era um dia que ela tinha muitos motivos para se sentir apreensiva. Tentava se focar nos estudos que havia começado aquela semana sobre o novo cargo que ocuparia no departamento de cidades, mas aquele realmente era um dia impossível.

A segunda vez que olhou o relógio foi suficiente para que ela conseguisse forças para fechar o livro pesado. O grupo sentado em sua mesa ergueu os olhos para ela.

— Estou indo para casa. – Hermione anunciou aos mentores ao se levantar.

— Nós ainda temos mais uma hora, Hermione. – Jodie, sua principal assessora comentou.

— Sei disso. – respondeu ela. – Mas tenho que ir. – juntou suas coisas. – Vocês estão liberados. – disse, quando percebeu todos continuarem na mesma posição, encarando-a como se ela estivesse fazendo alguma piada. – Leon, você pode guardar essas coisas no mesmo lugar de sempre, por favor? – pediu educadamente, apontando para uma pilha de pergaminhos que havia feito à sua direita.

O homem se levantou para fazer o serviço, e então, todos começaram a recolher as próprias coisas. Hermione jogou uma bolsa de rolos de pergaminhos sobre o ombro e passou a tomar seu caminho, deixou o pequeno salão onde gastava horas com o grupo de assessores que Nott havia montado para ela e passou a cruzar o hall para a área de circulação. Não demorou e Jodie estava tentando a alcançar.

— Não vai nos dizer no que temos que trabalhar para amanhã? – perguntou a mulher.

— Estamos seguindo num bom ritmo, não acho que é preciso adiantar nada. – respondeu Hermione.

— Hermione. – Jodie a chamou e, pelo tom que ela usou, Hermione achou interessante parar e voltar-se para a mulher. Foi amigável e preocupado, e considerando que Hermione havia pedido que não a chamasse de Sra. Malfoy, o nível da intimidade do uso de seu primeiro nome por desconhecidos ainda a pegava de surpresa, algumas vezes. – Ainda não me confirmou se o horário que estamos trabalhando pode ser definitivo.

Jodie Hall era uma mulher apenas um pouco mais velha do que Hermione. Ela era formada pela Academia de Especialização de Brampton Fort, com o poder de exercer Tirania, um dos pré-requisitos para assumir a posição que havia sido proposta a Hermione. Era casada com um dos herdeiros do Profeta Diário e toda a vida havia convivido com a alta sociedade do mundo bruxo, mas ao contrário da mulher que Hermione esperava ao ter conhecimento desse histórico, Jodie se provava ser muito racional e bastante dedicada a manter seu interesse por novos conhecimentos. Ela havia servido a um dos tribunais por um ano e sabia muito bem como tudo funcionava no sistema das casas de justiça. Deixara o cargo para investir em outro aprendizado, mas por agora havia sido nomeada assessora principal de Hermione Malfoy pelos meses que se seguiriam a frente onde Hermione precisava aprender muito, em um curto prazo de tempo.

— Creio que poderá ser. É um horário que tem funcionado bem, mas eu ainda preciso me estabilizar para te dar uma certeza. – Hermione foi cuidadosa. Sempre tinha cuidado ao confirmar algo, porque sabia que era orgulhosa para voltar atrás com suas próprias palavras, fossem elas insignificantes ou não.

Jodie sorriu.

— Me desculpe, eu não queria pressionar. – ela era sincera. Hermione achava interessante que comparado ao padrão de Brampton Fort, Jodie podia ser uma pessoa bem humilde para o status que carregava. – Faço isso pelos mentores, eles têm horários muitos restritos e precisam marcar presença na Academia todos os dias.

Hermione não os conhecia e não se importava também.

— Bem, creio que talvez eles possam esperar pelo menos mais uma semana. – ela disse tomando cuidado para não soar grosseira ou autoritária. – Espero que me entenda, Judie. Tudo tem acontecido de uma forma muito rápida e eu ainda preciso me acostumar com muita coisa diferente. – ficou grata por ter conseguido uma justificativa superficial.

— Eu entendo. – Jodie usou um sorriso amigável. – Sei o que é a vida de recém-casada, e muito provavelmente para você, está sendo bem confuso não ter Draco em casa. – Hermione teve que forçar um sorriso para concordar com a mulher. Se Jodie acreditava que ela realmente concordava, Hermione a deixaria continuar acreditando. – Sei que há uma audiência fechada marcada para hoje quando ele voltar. Talvez você esteja animada por ele estar voltando para casa. – ela usou um tom baixo, por saber que raras pessoas sabiam da ausência de Draco na cidade.

Hermione suspirou. No fundo gostava de Judie e, por algum motivo do universo, se sentia confortável perto dela. Talvez ela fosse uma pessoa confiável, mas mesmo assim Hermione seguiria a passos lentos com a mulher. Por agora, ela apenas sorriu sincera e respondeu:

— Na verdade, Jodie. Não estou. – Jodie era uma mulher inteligente e entenderia o que Hermione realmente quis dizer com aquilo e por julgar a expressão surpresa e confusa que a mulher havia feito, talvez não fosse demorar muito. – Nos vemos amanhã. – despediu-se. A mulher apenas sorriu atordoada em resposta e Hermione se sentiu livre para seguir seu caminho.

O caminho estava se tornando cada vez mais decorado. Sair da sessão das cidades, cruzar até o pátio leste onde atravessava a galeria e pegava sua carruagem. Sabia que o quanto mais cedo saísse da catedral, melhor. Draco, muito provavelmente, já estava lá e a última coisa que Hermione queria era ter que cruzar com ele.

O caminho para casa era um pouco longo. Ela ia em silêncio, mas a cada dia que se passava acabava por se acostumar e ela já podia dizer que nem demorava tanto assim. Nos portões da mansão, havia sempre gente escondida. A mídia sempre estava lá, mas também havia uma guarda que estava sempre pronta para espantar os flashes. Narcisa disse que era apenas uma fase. A mídia estava em cima porque o assunto Draco e Hermione estava vendendo. Logo as pessoas se cansariam e Hermione contava os dias para que elas se cansassem.

Assim que chegou em casa subiu para o sótão, onde organizou cada rolo de pergaminho na nova estante que pedira para Tryn esvaziar. Desceu para o quarto, se livrou da roupa que usava e tomou banho. Queria fazer isso enquanto sabia que Draco estava ocupado na audiência ao qual deveria estar presente. Não queria correr o risco de precisarem tomar banho ao mesmo tempo.

Ao terminar, Hermione se enrolou em uma toalha e seguiu para o closet. Sua área era junta com a dele e sua curiosidade também já havia a feito dar uma olhada nas roupas de Draco. Ele era doentiamente organizado, e o modo como exigia que suas roupas fossem arrumadas era até mesmo engraçado.

Hermione gastou, no mínimo dez minutos, apenas passando os olhos por todo o seu guarda-roupa. Não queria parecer arrumada demais, mas também sabia que não podia usar qualquer roupa. Por algum motivo irritante, ela sentia-se nervosa com tudo aquilo. Chamou Tryn duas vezes e após mais quase dez minutos ela finalmente colocou um vestido de corte reto com o busto num cinza escuro e o resto num verde fechado. Simples, mas Hermione sabia o que deveria usar para ostentar o visual, sem parecer elegante demais. Desceu para sua prateleira de jóias e colocou um colar um tanto exagerado. Anéis, brincos e pulseiras vieram seguidos de uma escolha mais discreta. Tentou não usar maquiagem demais, escolheu um dos sapatos altos, e então, finalmente se olhou no espelho. Suas mãos suavam. Faltava alguma coisa. Ela ajeitou os cabelos de uma forma diferente com as mãos e não gostou. Alisou o vestido, enquanto colocava uma mecha do cabelo para frente. Analisou-se no espelho virando de lado e foi então que parou e balançou a cabeça.

O que estava fazendo? Ela não precisava impressionar Malfoy! Aliás, não havia motivo para que ela tivesse que impressioná-lo. Deu as costas ao espelho, fechou os olhos e rapidamente tentou se imaginar em seu jeans e suéter. Gostava do conforto de como se vestia antes. Virou-se e se encarou novamente no espelho. Mas também gostava de suas novas roupas. Suspirou preocupada e decidiu que mesmo que seu visual não estivesse perfeito para o marido, estava para ela e isso era o que mais importava.

Desceu e foi até a cozinha verificar se estava tudo nos conformes para o jantar. Deu direções à Tryn de como arrumar a mesa segundo o que Narcisa havia a ensinado, e então, finalmente sentiu que havia cumprido seu dever como dona de casa para aquele dia. Hermione tinha que confessar que não havia nada de complicado quando se tinha empregados para dar ordens.

Foi quando terminava de agradecer a Tryn na sala de jantar pela estante vazia que havia pedido na casa de poções, que escutou o barulho vindo da porta principal. Hermione sentiu todos os pelos de sua espinha levantar. Draco estava em casa. Ela ficou na dúvida se deveria ir até ele ou se deveria simplesmente ignorar. Optou apenas por ficar onde estava, já que realmente não queria encontrá-lo. Voltou-se para a elfa e tomou o ar para continuar, mas no mesmo segundo a criatura travou, arregalou os olhos, anunciou que seu senhor a chamava e sumiu num estalo.

Hermione murchou os ombros ao ver-se sozinha. Conseguia ouvir a voz grosseira de Draco se dirigindo a elfa, chegar abafada até ela e sumir à medida que ele avançava pela escada da sala principal. Inconscientemente, ela alisou o vestido para ver se tudo estava no lugar e ajeitou o cabelo. Sim, estava nervosa, e ter consciência disso lhe deixava irritada. Sacou a varinha e começou a limpar os ornamentos da mesa de jantar. Alguns segundos depois, a elfa voltou num estalo surpreendendo Hermione, dizendo que seu senhor desceria para o jantar em quinze minutos. Ela olhou o relógio e viu que quinze minutos era o tempo exato que faltava para a hora do jantar. Draco parecia um ser tão pontual, que às vezes até assustava.

Então, ela e a elfa se dedicaram ao serviço de montar a mesa. Não era nada complicado com o poder de magia da criatura e a varinha de Hermione. Em poucos minutos, todas as pratas e louças reluziam para servir a entrada. Tudo estava pronto, mas Hermione não havia gostado de como a organização de tudo estava ao alcance de quem se sentava na cabeceira. Rearranjou a posição de alguns objetos e assim que soltou o último, Draco passou por um dos arcos para dentro da sala.

— Terminando o serviço em cima da hora? – a voz dele soou, fazendo Hermione prender a respiração.

— Estava apenas me certificando de que tudo está posto no lugar correto. – justificou-se ela, dando a volta para ir para sua cadeira à direita da cabeceira onde Draco já havia se colocado.

— Aprecio o cuidado. – finalizou ele seriamente e pelo modo como havia dito, não parecia que realmente apreciava.

Em silêncio, eles se sentaram e Hermione dirigiu seu olhar a Draco para que tivesse sua aprovação, e assim, pudesse ordenar a Tryn que a entrada fosse servida. Mas ele a ignorou e, antes mesmo que ela fosse mais direta, Draco ordenou que a entrada fosse servida. Hermione uniu as sobrancelhas sabendo que de acordo com Narcisa, a mulher era quem conduzia a entrada e saída de pratos durante o jantar.

— Estava esperando que eu fosse dar essa ordem. – manifestou-se ela, enquanto a pequena cerâmica com sopa de batata era posta a sua frente.

— Estou acostumado o conduzir o jantar e prefiro manter as coisas como eram. – ele respondeu friamente, sem sequer direcionar o olhar a ela.

Hermione tinha a impressão de que desde que ele entrara ali, os olhos dele não haviam caído sobre ela, em nenhum momento. Draco parecia ter a intenção de ignorá-la, o que para Hermione não era um ponto a favor, considerando o tanto de perguntas e dúvidas que ela tinha entaladas na garganta.

O silêncio para ela foi um inimigo ali. Encarava esporadicamente a figura de Draco Malfoy com a barba sem fazer e os olhos fundos, mas ainda sem deixar de emanar o ar poderoso que ele havia adquirido, tomando de sua sopa num ar muito desinteressado, com uma veia tensionada em seu pescoço e com uma expressão muito dura.

Foi apenas quando ele esticou a mão para agarrar a garrafa de vinho e encontrou o espaço vazio que levantou os olhos, o passou pela mesa, e então, direcionou-o para Hermione que estava pronta para aquela parte.

— Por que mudou a mesa? – Draco mostrou que não estava nem um pouco feliz com aquilo.

— Porque seria justo, visto que não é mais o único que está a usando. – ela respondeu.

Ele estreitou o olhar não achando plausível a justificativa dela.

— Justo? – cuspiu ele – Realmente acha que eu me importaria com o que é justo? Essa é a minha casa e você não vai mudá-la nem que tenha o direito. Eu me fiz claro?

Hermione deu de ombros, puxando a garrafa de vinho que estava tanto ao alcance dela quanto dele na nova posição.

— Se quiser mesmo travar essa guerra, Draco, que fique claro também que a escolha foi sua. – Hermione disse despreocupadamente, enquanto enchia sua taça. – Vai sair da cidade amanhã? – aproveitou que ele havia quebrado o silêncio.

— Não é o meu plano. – ele respondeu, enquanto Hermione tomava um gole de seu vinho. A resposta a fez soltar um murmúrio enjoativo. – Seja mais discreta nas suas reações de desgosto, Hermione. – Draco demonstrou irritação para com a atitude dela.

— Não preciso ser, querido esposo. – foi irônica, devolvendo a taça à mesa com tranquilidade. – Se não vai deixar a cidade como fez da última vez e considerando que o prazo que o mestre te passou no dia do casamento vai se esgotar amanhã, eu presumo então, que o seu dever lá fora está cumprido. – Hermione começou sorrateiramente.

Os olhos dele estavam estancados nela, tão friamente, que mesmo Hermione tendo sido cuidadosa, soube que sua pergunta havia cutucado alguma ferida e por não ser nenhuma idiota, soube que o que quer que Draco tivesse feito do lado de fora de Brampton Fort, ainda o atormentava.

— Será que podemos comer em paz? – ele usou de um tom severo, desviando do assunto que ela havia apontado.

— Pode confirmar minha suposição? – Hermione retrucou.

— Pelo amor de Merlin, estamos jantando! Se quiser conversar faça isso outra hora! – irritou-se Draco.

— Não vou procurar outra hora para gastar meu tempo na sua companhia, vou usar a que estou tendo agora! É uma única e simples resposta, Draco!

— Você vai ter a sua resposta logo, Hermione. Ela não depende de mim. – ele vociferou se levantando. – Desfrute do jantar. – disse, largando com brutalidade, o tecido de seu guardanapo sobre o prato.

Hermione permaneceu estática, enquanto o observava deixar o salão não entendendo o porquê aquilo havia o irritado tanto. Ela suspirou frustrada por saber que a linha de diálogo que esperava traçar não aconteceria e as dúvidas que tinha continuariam sem ser sanadas. Olhou seu prato quase intocado e chamou por Tryn.

— Pode me servir o resto do jantar. – pediu à elfa.

**

Hermione preferiu gastar suas horas após o jantar, na casa de poções. Tinha muito no que trabalhar lá e até que nas primeiras horas se sentiu bastante ocupada, mas à medida que ficava tarde, ela percebia que suas mãos começavam a suar e uma agonia duvidosa lhe subia pelo corpo. Passavam das onze da noite e ela já não conseguia ler e absorver o conteúdo, nem saber o que fazia quando checava suas poções descansando em fogo baixo. Mergulhava tão facilmente nos próprios pensamentos, que se pegava andando de um lado para o outro com a pena na mão pingando tinta.

Guardou toda sua bagunça da melhor forma que pôde e suspirou fechando os olhos, se perguntando se aquela já era uma boa hora para descer para o quarto. Tinha receio do que Draco pudesse tentar se ainda estivesse acordado. Havia o irritado durante o jantar e última coisa que precisava era que ele tentasse fazer com que ela pagasse por isso.

Esperou que marcasse meia noite e então desceu. Quando Hermione entrou no quarto, as velas estavam apagadas, mas o encontrou de pé encostado no vão da janela onde as cortinas estavam abertas. Os olhos dele caíram sobre ela, e por segundos, eles trocaram olharem silenciosos até que ele desviasse os dele de volta para a noite do lado de fora. Draco usava apenas a calça de seu pijama, os pés descalços e as mãos estavam dentro dos bolsos. Hermione sentiu que todos os seus músculos estavam travados enquanto avançava com cuidado. Ela tinha quase certeza de que o encontraria dormindo àquela altura.

— Parece cansado para estar acordado. – viu-se se dirigindo a ele.

Draco piscou, a encarou em silêncio, piscou novamente e voltou a olhar para a noite, a ignorando. Hermione não sabia se havia sido porque tinha o irritado durante o jantar ou porque ele realmente preferia assim. Ela considerou que talvez fosse melhor se agisse como se ele não estivesse ali. O observou por um tempo, não conseguindo decifrá-lo, mas sabia que algo de errado havia. A barba em seu rosto estava crescida e Draco parecia uns dez anos, mais velho do que realmente era. Hermione ficava impressionada como mesmo cansado como ele parecia, havia algo que não conseguia derrubava o homem que era.

Hermione soltou o ar e cruzou o quarto para o closet. Despiu-se sem pressa, colocou a camisola e cobriu-se com o hobby, lavou o rosto, hidratou a pele e quando finalmente havia feito tudo, praguejou por não conseguir encontrar mais nada para ocupar seu tempo. Olhou-se no espelho, respirou fundo, deu as costas e voltou para o quarto.

Draco estava no mesmo lugar, mas dessa vez havia um copo de bebida em sua mão. Hermione seguiu o caminho até seu lado da cama, o arrumou como queria, despiu-se do hobby e o pendurou no dossel. Quando se sentou, o viu a olhando. Seu coração quase perfurou as próprias costelas quando notou o olhar que ele lançava sobre ela. Seus músculos travaram e seu cérebro gritou “não”. O silêncio entre aquela trocar de olhares foi cruel para Hermione.

— Vá dormir. Já é tarde. – Draco mudou para o desprezo e voltou a olhar a noite.

Hermione soltou o ar pela boca e se cobriu com as cobertas o mais rápido que pôde. Deitou de costas para ele e fechou os olhos, tentando esvaziar sua mente. Quase uma hora depois, ela ainda estava acordada e Draco no mesmo lugar. Aquela situação estava começando a irritá-la, virou-se aborrecida e estava pronta pra perguntar o que havia de errado com ele. Não podia dormir com alguém a rondando daquela forma, mas ao mesmo tempo em que estava pronta para soltar a pergunta, se questionava se talvez não fosse melhor ficar de boca fechada. Foi o encarando e se questionando se deveria ou não dizer algo, que finalmente conseguiu dormir.

Sonhou que estava na sede da Ordem. Uma onda de alegria a inundou e ela correu pelos corredores gritando o nome de Harry. O encontrou numa das salas da mansão dos Black, e assim que o viu, pendurou-se em seu pescoço o apertando com tanta força que até seus próprios músculos doeram. De repente, dizer o quanto sentia falta dele e de todos era difícil demais e ao se afastar, começou a se enrolar ao contar rapidamente o que havia acontecido quando fora capturada. Harry parecia uma figura distante, mas mesmo assim Hermione continuou a atropelar as palavras. Foi quando se lembrou que deveria perguntar o que a Ordem havia feito com Azkaban e os dementadores para compreender o comportamento que Draco estava tendo, que se lembrou de que era casada com ele. Harry perguntou o que ela estava vestindo, numa voz que não parecia dele, e então, Hermione olhou para si mesma nas roupas caras que usava em Brampton Fort. Lembrou-se de que era uma comensal e que não podia estar na Ordem sem estar morta. A realidade bateu forte e ela acordou.

Não sabia quanto tempo havia passado, mas o quarto ainda estava escuro. Draco estava no mesmo lugar ao lado da janela. O copo em sua mão ainda estava cheio e o whisky nele, já parecia estar quente. Hermione se perguntou o que havia de errado com ele, deu as costas, seu corpo pesou e ela tornou a dormir muito facilmente.

Acordou com a sensação de que estava sendo observada. O quarto ainda estava escuro, mas assim que se virou, encontrou as costas de Draco sentado do seu lado da cama, ainda encarando a vista da janela que começava a mostrar indícios de que o sol chegaria em poucos minutos.

— Você dormiu? – Hermione escutou sua própria voz rouca e curiosa perguntar, quando viu a roupa de cama bagunçada ao seu lado.

— Tentei. – a voz de Draco saiu tão rouca quanto à dela. Baixa e grave, que quase fez Hermione tremer. Ele havia respondido como se estivesse falando com sua consciência ou algo do tipo, porque não havia nenhum tipo de expressão no tom de sua voz.

Draco tinha os cotovelos apoiados nos joelhos e parecia extremamente concentrado na vista da janela. Hermione se via mais confusa a cada segundo. Ela empurrou as cobertas para longe e se arrastou pela cama, sentando sobre os joelhos, logo atrás de Draco. Estreitou os olhos, tentando ver pela janela o que chamava tanto a atenção dele.

— O que há de tão interessante lá fora? – perguntou confusa.

Draco não respondeu, e o silêncio durou por mais alguns minutos. O primeiro raio de sol que cortou o céu veio logo sobre eles. Hermione sentiu a dor nos olhos e viu Draco se levantar como se aquele fosse um momento importante. Ele caminhou para próximo da janela e Hermione apenas o observou, quando ele abriu as vidraças e o vento cortou para dentro do quarto, fazendo os cabelos dela voarem.

O vento úmido e frio na manhã a alertou para mais um dia ensolarado, mas foi apenas em um segundo que, de repente, um ar gélido cortou sua pele e a seda fina de sua camisola. Ela pôde ver o céu do lado de fora começar a ser coberto, gradativamente, por nuvens cinzas e escuras, e então bastou apenas alguns minutos para que eles emergissem novamente no breu da noite. Foi quando o cérebro de Hermione a avisou que os dementadores haviam voltado.

Draco fechou as janelas e ela o viu respirar fundo, esfregar o rosto e puxar os cabelos. Não parecia claro para ela, mas de alguma forma, Hermione parecia estar vendo-o tirar um peso grande das costas. Draco deu meia volta e sumiu para dentro do lavatório.

Hermione continuou estática na mesma posição. Precisava de alguns segundos para se recompor, pôr a cabeça no lugar e também tentar esquecer o modo como ficara impressionada com os músculos das costas de Draco se movendo. Rolou finalmente até a sua cabeceira e checou o relógio. Já era dia. Parecia noite, mas era dia. Ela se levantou e foi até a janela. Enxergou o pátio vazio lá fora e o céu escuro com as nuvens negras. Tomou o caminho do lavatório com muito cuidado e parou no vão de entrada ao vê-lo pelo espelho, secando o rosto que havia acabado de lavar. Eles trocaram olhares pelo espelho, e então, Hermione se manifestou:

— Acredito que já tive a resposta da minha pergunta do jantar.

Ela viu os olhos dele descerem pelo seu corpo e foi quando se lembrou, de que seu hobby ainda estava lá no quarto, pendurado no dossel da cama. Tarde demais. Cruzou os braços. Draco murmurou algo curto em resposta, desviando o olhar para o próprio reflexo. Os dedos dele moveram o espelho para o lado e tiraram de dentro do nicho por trás do vidro, uma lâmina afiada.

Hermione o assistiu, enquanto ele começava a tirar a barba de seu rosto sem pressa, aproximou-se, foi para o seu lado da pia, arrastou seu espelho e tirou de lá sua escova de dente. Afastou os cabelos, os prendeu no topo da cabeça de qualquer jeito, começando a escovar os dentes. O silêncio entre eles era sem dúvida, notável. A troca de olhares frequente pelo espelho, tão igualmente.

Ela terminou e Draco estava quase no fim do processo. Parecia não ter pressa nenhuma. Hermione enxaguou o rosto e o secou. Aquele silêncio começou a irritá-la, assim como as dúvidas que tinha. Guardou suas coisas, colocou as mãos uma de cada lado da pia e o encarou pelo espelho.

— O que disse a eles ontem, na audiência? – perguntou de uma vez.

Draco dirigiu seu olhar a ela pelo reflexo, mas rapidamente voltou a avaliar o movimento da lâmina sobre sua pele.

— Se quisesse realmente saber, deveria ter ido a assistir. Tenho certeza de que pode frequentar audiências fechadas. – a voz dele respondeu.

Ela respirou impaciente.

— Não tive tempo para a sua audiência, Draco! Tive que vir para cá colocar em ordem o jantar que você não comeu! – disse.

— O jantar que você fez questão de não me deixar comer. – replicou ele, com muita calma.

Ela estreitou os olhos com a resposta dele.

— Não jogue a culpa em mim. – aborreceu-se ela. – Seria muito mais fácil se respondesse as perguntas que eu faço.

Draco soltou uma risada forçada e incrédula.

— E mais o que, Hermione? Acha mesmo que eu iria me permitir, de boa vontade, ser interrogado durante a hora do jantar? E por você! Quem pensa que eu sou?

— Acha que podemos viver uma vida assim? Em silêncio? Se ignorando?! Apenas porque nos odiamos?! – ele arrastava a lâmina muito calmamente pelo último pedaço de barba, enquanto Hermione tentava tirar a atenção dele. – Será que devo te lembrar do maldito papel que assinamos no dia do casamento? Porque por ele eu posso te garantir que vai ser muito tempo debaixo do mesmo teto, Draco.

A veia no pescoço dele reapareceu no mesmo instante em que abandonou a lâmina sobre a pia, sem o menor cuidado.

— Eu estou tentando ter um momento de paz aqui, já acabou com a sua tentativa de me irritar? – Draco havia cerrado os dentes para dizer aquilo, enquanto puxava sua toalha para limpar o rosto. Hermione apenas limitou-se a se voltar para a figura dele ao seu lado.

— Não, ainda não acabei, porque eu fiz uma pergunta e ainda estou esperando a resposta.

— Não tem resp...

— Claro que não tem! – ela o cortou – Não tem porque talvez você esconda algo deles e não quer que eu saiba! – ela mal havia terminado, e num susto, os dedos dele cortaram a circulação de seu braço, quando Draco a arrastou até prensá-la contra a parede.

— Você não fala nessa casa! Não abre a boca, não se manifesta, não faz um ruído! – cuspiu ele, com aqueles olhos cinzas cheios de fúria sobre ela. – Não tem mais o direito para isso!

— Quer uma prova maior para minha suposição, do que a sua atitude extremista? – Hermione usou do mesmo tom, não tendo medo em encarar fundo nos olhos dele.

— Cale-se, Hermione! Eu disse que perdeu o direito de abrir a boca! – ele se irritou ainda mais com a insistência dela e quase gritou.

— Me faça, Draco! Quero ver como vai me tirar esse direito! – ela não havia tido a intenção, mas assim que fechou a boca, se arrependeu de como suas palavras haviam soado. O vacilo de seus próprios olhos ao perceber aquilo abriu espaço para que o cérebro de Draco processasse o desafio que ela, inconscientemente, havia lançado, e então, os cinzas dele desceram para sua boca quase que imediatamente.

Nos segundos que se seguiram, Hermione o viu travar uma luta interna entre a raiva que o consumia, e qualquer pensamento confuso, que pedia espaço para aparecer em suas linhas de expressão. Por um único segundo, ela pensou que a raiva dele havia cedido espaço, e foi naquele único segundo, que conseguiu ter a visão de que no segundo seguinte, Draco avançaria contra sua boa num ato de vingança. Hermione desejou poder voltar no tempo e nunca ter dito suas últimas palavras, mas ao contrário da visão que havia tido, no segundo seguinte, ele apenas a soltou e saltou para longe com desprezo.

— Eu apenas quero viver em paz na minha própria casa! – disse evitando os olhos dela – Faça a sua parte, Hermione. Eu farei a minha.

O segundo em que trocaram olhares, antes de Draco dar as costas, foi extremamente incômodo. Hermione não quis saber para onde ele havia ido quando saiu de seu campo de visão, apenas fechou os olhos com força e tomou alguns bons minutos para se martirizar sobre sua nada sábia insistência. Talvez, ela devesse considerar que se ignorarem poderia ser um excelente caminho a seguir para evitar chegarem perto do contato físico, novamente.

Respirou fundo, abriu os olhos e então o som das duchas inundou seus ouvidos. Ponderou involuntariamente e uniu as sobrancelhas, sentindo uma pontada de angústia ao tomar consciência de que nem mesmo quando Draco a desejava, ele deixava de tratá-la como se ela tivesse algum tipo de doença contagiosa. Soltou o ar frustrada. Seria assim sempre. Havia sido desde Hogwarts. Não mudaria nunca.

Draco Malfoy

Ele podia sentir o suor escorrendo pelo rosto, a blusa ensopada grudada em seu corpo, o calor e todos os seus músculos tensionados com o peso que suportava. A voz de seu treinador gritando ao fundo era a prova de seu péssimo desempenho.

A força que fazia não era suficiente para quebrar a barreira de magia que avançava contra ele. Draco continha a força do que iria o atingir com os músculos e controlava a distância com a mente. Tinha que dominar a magia e estabilizar a barreira, para finalmente parar de contê-la com a força dos braços, só assim poderia passar daquele estágio para livrar-se da pressão da barreira e quebrá-la com o simples impacto de suas mãos unidas. Merlin sabia o quanto ele era bom em controlar aquela magia com a mente em segundos e quebrá-la com os braços, mas não entendia o porquê naquele momento, todo o treino que tinha parecia ter sido em vão.

— Vamos, Draco! – gritou seu treinador – Está usando sua força para conter a barreira, não sua mente! Sabe que tem que usar sua força para quebrar a barreira, não contê-la!

Draco urrou, sentindo a frustração deixar sua concentração cair ainda mais. O peso contra seus músculos aumentou e aos poucos a dor enfraqueceu sua força. Ele sabia que o que estava suportando era mais do que poderia, mas tentava tomar o controle da situação, ainda tendo esperança, de que tinha chances de retomar a concentração que havia perdido, mas foi quando seus músculos se negaram a suportar mais pressão, que perdeu de vez a concentração e as forças. O baque da barreira contra seu corpo o fez voar, cruzando todo o ginásio. Bateu e afundou na parede própria para aquele tipo de situação, e então rolou sobre o chão até perder o momento.

Ofegou, encarando o teto e sentindo como se tivesse sido pisoteado por uma manada. A voz de seu treinador gritava em indignação ao fundo, mas sua cabeça latejava e Draco não conseguia processar as palavras. Um zunido irritante em seus ouvidos ficava cada vez mais distante, e quando finalmente seu coração alcançou um ritmo mais moderado, ele pôde distinguir as palavras que seu treinador esbravejava.

— ... e você teve quase um minuto inteiro para recuperar a concentração! – gritava ele. – Sabe que não pode quebrar uma magia como essa, apenas com sua força! Qual é o seu problema? Será que o que eu o ensinei não lhe serviu de nada? – Draco pode vê-lo ao virar a cabeça. Ele se aproximou e agachou ao seu lado. – Você pode segurar uma magia como essa no caso de não conseguir pensar rápido e detê-la com sua concentração, mas não pode quebrá-la se não alcançar o estágio em que sua mente pode controlar toda a força da magia! – Draco se sentou e apertou os olhos com os punhos tentando melhorar a visão.

— Sei disso. – vociferou ele.

— Sabe? Porque o que eu vi, foi você segurando a força da barreira com os músculos! – exclamou o treinador.

— Eu estava tentando recuperar a concentração! – justificou Draco irritado ao se levantar.

— E era preciso todo aquele tempo?! – questionou o treinador se levantando também. – Vou te dizer, não pode submeter seus músculos a esse nível de pressão durante todo esse tempo! Isso te tiraria todas as forças num campo de batalha! Tem que usar sua concentração, porque não está a usando?!

— Você acha que eu não uso minha concentração, para transferir a força da magia para os meus músculos? – Draco quase gritou, dando as costas.

— Um bruxo de cinco anos pode fazer isso, Draco! – disse o treinador e o seguiu quando ele começou a andar de volta a posição inicial.

— Me mande mais uma, posso dar conta! Sabe que posso! – Draco sabia que não podia.

— Não é necessário provar nada para mim ou para você mesmo! Nós dois sabemos que pode dar conta desse tipo de magia, com muita facilidade! Mas agora você não está em condições, já tentamos três vezes, não posso fazê-lo tentar mais uma...

— QUAL É O SEU PROBLEMA? – Draco se enfureceu e gritou, virando-se para o homem. – É o meu treinador ou não é? – Merlin, cada músculo de seu corpo doía apenas por se irritar. – Está tentando me fazer desistir?

— Não! – seu treinador usou aquela voz de mãe aborrecida que tentava explicar a sua criança o porquê não deveria pular em cima da cama. – Estou tentando te fazer entender que você tem um problema e deve consertá-lo. E o seu problema está aqui! – ele apontou para a cabeça de Draco. – Não pode se concentrar porque algo o perturba. Talvez não saiba, nem mesmo o que o perturba, mas existe algo, e você não vai por os pés nesse ginásio, enquanto não consertar isso. Eu preciso que o seu corpo funcione junto com a sua mente e se sua mente não está em boas condições, seu corpo não pode assumir o trabalho dela!

— Não tente enfiar idiotices na minha cabeça! – exclamou Draco furioso.

— Não estou tentando! – ele se aproximou. – Escute bem, Draco. Sei que gosta de ser o homem misterioso que se tornou, muito diferente do garoto que o mestre me apresentou, anos atrás. Sei que dentro dessa sua cabeça tem segredos que não compartilha com ninguém. Sei que tem seus problemas e o seu mundo conturbado. Sei também que para chegar ao ponto em que conseguisse dominar todos esses problemas você passou por muitos treinos doloridos como esse. Precisa entender, Draco. Há algo novo acontecendo dentro dessa sua cabeça e você precisa aceitar e consertar. Eu sei que pode fazer isso sozinho, porque todas as outras vezes que passou por isso, você não precisou da ajuda de ninguém por causa desse seu orgulho dominante. Conserte isso e poderemos voltar a treinar. – ele deu meia volta e caminhou para fora do ginásio.

O som da porta de ferro se fechando ecoou pelo ambiente amplo e Draco soube que estava sozinho. Sua única opção foi praguejar alto, pegar suas coisas e se mover para o vestiário.

A água gelada que jogou sobre o corpo foi um choque e o ajudou a acalmar o turbilhão de maldições que queria lançar. Fechou os olhos e deixou a água bater contra seu rosto. A voz de Elliot Singh, seu treinador, ainda era um alerta presente em seu cérebro. Cada treino em sua agenda daquele mês, parecia ter sido um passo para trás de tudo que ele mais dominava, cada um deles havia sido uma queda de seu pódio e podia até dizer que não estava muito surpreso pelo desempenho que havia acabado de ter, nem a decepção explícita do homem que, querendo ou não, o ajudou a ser quem era hoje.

— Draco! – era a voz de sua mãe no vestiário. Draco praguejou baixo dessa vez, porque sabia que a presença de sua mãe por perto era a última coisa que precisava naquele momento. – Elliot disse que eu o encontraria aqui.

— Estou aqui. – respondeu sem vontade, enquanto ouvia o salto dos sapatos de sua mãe movimentando-se entre os armários.

— Sabe onde sua esposa está nesse exato momento? – a voz dela saiu mais como se já soubesse a resposta, do que como se realmente estivesse interessada em localizar Hermione.

— Você pode usar o nome dela, mãe! Não precisa refrescar minha memória, sei bem quem ela é! – respondeu com os dentes cerrados, sentindo que a água gelada já não parecia mais tão refrescante.

— Bem, Hermione foi convocada a se apresentar no gabinete do mestre, faz alguns minutos.

Draco sabia que, em algum momento, Voldemort faria seu movimento e Draco esperava que aquela notícia não fosse a prova das suas suspeitas.

— Quem te passou a informação? – perguntou.

— Jodie, a assistente de Hermione no departamento de Theodoro. – respondeu Narcisa. – Tive interesse de ver o trabalho que Hermione anda fazendo e aproveitei que estava na catedral para subir até a sessão da cidade. Cruzei com Jodie e ela me disse que Hermione havia sido...

— Por que veio até aqui para me dizer isso? – ele desligou o chuveiro.

Narcisa pareceu dar a Draco alguns segundos, como se esperasse que ele mesmo pudesse responder a pergunta.

— Draco, não lhe passou pela cabeça, por nenhum segundo, o porquê de Hermione ter sido convocada pelo mestre?

Draco soltou o ar sem paciência, puxou a toalha e enterrou o rosto nela. Sim, ele tinha suas apostas, mas não tinha o menor dos desejos em discutir sobre aquilo.

— Por que está fazendo isso, mãe? – perguntou finalmente, enquanto atava a toalha ao redor dos quadris.

— Porque você sabe que eu já me calei tempo o suficiente, diante dessa situação. – ela foi direta. – Venha até aqui. – ordenou. Ele revirou os olhos, deu a volta para sair do nicho que estava e cruzou os braços diante da mulher. – Você está se afundando, está sendo seu próprio inimigo, está tentando fugir daquilo que uma hora terá que encarar.

— Estou tentando lidar com essa situação da melhor forma possível! – Draco passou por ela e foi até o seu armário.

— E o que é a melhor forma possível pra você, Draco? – Narcisa o seguiu. – Ficar até tarde na catedral? Gastar seu tempo com Pansy? Encontrar mulheres por aí para não ter que voltar para sua casa? Quantas vezes eu te vi em casa nessas últimas semanas, só porque queria estar em um lugar onde Hermione não estivesse. Ter você em casa, na casa do seu pai, por vontade própria, chega a ser assustador!

— Eu evito manter contato...

— Por que? Será que não pode simplesmente aceitar...

— Aceitar? – ele a cortou, virando-se e sentindo que, talvez, seus miolos fossem explodir. – Está sugerindo que não estou aceitando? – matar alguém, quem sabe, pudesse trazer alguma sensação de alívio... – A colocaram sobre minha responsabilidade e eu aceitei! Fizeram dela minha noiva e eu aceitei Colocaram Hermione na minha casa, com o meu sobrenome, e eu aceitei! O que mais quer que eu aceite? Eu já não aceitei o suficiente?

— Você não aceitou que ela é sua esposa, sua companheira, para o resto da sua vida! Se não aceitar isso, vai viver um inferno! – Narcisa parecia querer gritar o óbvio. – Ela está com você, dentro da sua casa, dividem a mesma cama! Não pode ficar lutando para fazer com que ela seja uma estranha para sempre, principalmente quando começarem a compartilhar momentos muito íntimos, o que a propósito é outro problema que evita encarar!

Draco riu, sabendo que a única opção que tinha era achar graça do discurso de sua mãe.

— Eu não a quis, nunca a quis e continuo não a querendo! O que espera que eu faça? Que eu a ame? Que eu cuide dela? Que ela seja minha companheira? – ele riu da palavra. – Está delirando, mãe? Ela é uma Sangue-ruim!

— Ela é sua família!

— EU NÃO QUERO QUE ELA SEJA! – gritou – Aceite isso você, já que gosta dela!

— Eu não gosto dela, Draco! Apenas não a odeio! – irritou-se Narcisa. – Quando seu pai se casou comigo, ele também não me queria e continua não me querendo, mas você cresceu conosco e sabe que ele sempre procurou me respeitar na medida...

— Ele nunca te respeitou! – cortou Draco. – Ele sempre fingiu que a respeitava! Fingiu para você e fingiu para mim!

— Ele nunca fingiu para mim! Talvez no começo sim, mas ele não conseguiria fingir dentro da própria casa, para a própria família, dentro do espaço dele, do refúgio dele. Eu me tornei a família dele, Draco! Entenda! Seu pai nunca gostou realmente de mim e eu não sei tudo sobre ele, mas sei muitos segredos, sei quem ele é, o conheço bem, porque no final do dia, da semana, do mês, ele volta para casa e ele sabe que lá ele não precisa ser ninguém diferente de quem ele é. Lúcio sabe que eu estarei lá e depois de todos esses anos, ele sabe que eu sou a única pessoa em quem pode confiar. Ele compartilha coisas comigo, segredos, os que ele quer, mas não somos estranhos um para o outro. Eu sei que no fundo, eu significo algo para o seu pai. Nós dois tivemos que construir isso e tem sido difícil até hoje, mas não temos outra opção!

— Eu não sou o meu pai e Hermione não é você! Separe isso, de uma vez por todas...

— Não estou querendo fazer nenhuma comparação. Quero que entenda que não pode fugir do papel que assinou no dia do seu casamento, ao tentar ser inimigo de Hermione para sempre! A casa dela é a mesma que a sua agora! Deve parar de se afogar no seu orgulho, não por ela, mas por você mesmo! Não precisa gostar dela, Draco, mas tem que parar de odiá-la!

Draco soltou uma risada fraca.

— Eu tenho motivos para odiá-la! Eu não a odeio, apenas, porque quero!

— Deve esquecer as coisas que ficaram no passado, Draco. Perde tempo demais pensando nelas!

— Esquecer as coisas do passado? Acha que é fácil? Acha que Hermione faria o mesmo? – a mãe dele só poderia estar brincando.

— Deve dizer a ela para fazer o mesmo. Uma hora ela entenderá que terá que fazer. Hermione verá que não terá opção, assim como você também não tem. Quanto tempo acha que pode empurrar isso que está vivendo?

Ele sentiu as palavras o abandonar. Não gostava de revirar aquela sujeira que forçava em colocar debaixo do tapete. Ele sabia que tinha que limpá-la, mas adiava o máximo que pudesse. Tudo era mais importante que se focar em voltar aos dias de Hogwarts, com Hermione dentro de sua casa. Draco lutava uma guerra, uma maior do que a de Voldemort. Maldita havia sido a hora, em que seu pai resolvera colocá-la dentro do jogo. Draco sentou-se num dos bancos do corredor, encarando fixo o chão, enquanto descansava os cotovelos contra os joelhos. Narcisa acomodou-se ao seu lado, colocando a mão sobre o ombro do filho.

— Sabe que deve parar de ignorá-la. – ela começou numa voz suave. – Sabe que deve se importar com ela. Sabe disso. Se continuar agindo dessa forma, vamos ter problemas porque Hermione é uma de nós agora, Draco. Deve aceitar isso para o seu e para o nosso bem. Sabe que seu pai a escolheu por um motivo, e sabe que o mestre concordou também, por um motivo ainda maior, um do qual deve se preocupar todos os dias em tentar entender! – Narcisa se aproximou do ouvido do filho e diminuiu o tom de voz. – Ela é parte de tudo isso agora, e não se esqueça. Nós, os Malfoy, sempre viemos em primeiro lugar. – deu um beijo terno contra os cabelos molhados de Draco e se levantou. – Seja o homem que eu sei que é e pare de agir como o seu pai. – finalizou e o deixou.

Draco permaneceu um bom tempo onde estava odiando o quanto sua mãe era dotada de razão. O som dos ponteiros do relógio na parede ecoava pelo ambiente. Ele considerou cada palavra que havia ouvido, e por mais que devesse tomar uma posição, ainda precisava de sua teimosia. Somente com a sua teimosia sentia que estava fazendo, pelo menos, algo pelo seu orgulho.

Levantou-se quase meia hora depois e se vestiu sem pressa. Subiu para sua torre e sentou-se em sua cadeira, colocando os pés sobre a mesa. Enviou um memorando para Naomi pedindo para que ela cancelasse uma pequena assembléia interna dentro de seu departamento que havia marcado para discutir o caso de Viktor Krum. Havia a marcado naquele horário para ter uma desculpa para não voltar para casa na hora do jantar. Encarou o relógio sobre sua mesa e apenas esperou o tempo passar. Draco deveria voltar passa casa, mas não queria.

Recebeu um memorando do departamento de Theodoro, informando sobre uma pequena recepção que seria feita aos chefes de províncias num dos salões da área oeste. Por uma hora, Draco olhou o convite e os minutos passando no relógio de sua mesa. Não queria ir ao encontro, mas não queria ir para casa, e estar no encontro poderia ser uma boa desculpa para não ir para casa, mas ainda assim, não se moveu de sua cadeira.

Mais alguns longos minutos passaram e Naomi lhe informou que Pansy estava à procura dele, para saber se ele ainda estava na catedral. Aquele aviso era sinal de que ela queria o encontrar, e talvez, se tivesse recebido esse recado no dia anterior, muito possivelmente, Draco teria se levantado e tomado a direção da torre dela. Não gostava de ter o contato que Pansy queria com frequência, além de irritá-lo, ele também não queria causar nenhum tipo de confusão com relação ao que ela pensava e ao que ele havia deixado claro sobre o relacionamento deles. E também, no último mês podia até dizer que fugira de relações sexuais, porque toda vez que se deitava com uma mulher, sabia que deveria estar se deitando com Hermione para garantir que seu mestre teria o seu lado do acordo do casamento cumprido. Levantou-se finalmente, sabendo que tinha que dar um fim ao tipo de situação que estava se forçando viver, apenas por pura teimosia.

— Estou indo para casa. – disse a Naomi. – Você pode ir também.

— Não vamos fazer hora extra hoje? – a voz dela soou tentadora e sua expressão corporal, assim como, o olhar sedutor sugeriram tudo aquilo que ele pudesse imaginar.

Draco achou tentador, mas sabia que no momento em que tocasse em Naomi, se lembraria de Hermione e aquilo o atormentaria tanto que a secretária perderia a graça.

— Não. – ele foi direto e teve tempo de vê-la se frustrar.

Desceu até o pátio leste e tomou a carruagem para casa. Já era noite, mas ainda estava cedo para o horário em que normalmente estava voltando para casa, no último mês. No caminho, se preparou para encontrar Hermione acordada.

Já acostumado com o tempo que levava para chegar ao portão de casa, pôde dizer que não se animou muito ao ver as luzes da fachada de sua mansão. Desceu da cabine assim que a carruagem parou, subiu os degraus da frente, passou pela varanda e atravessou para dentro do saguão confortável de entrada. Considerando que muito provavelmente Hermione estaria na casa de poções, seguiu direto para o quarto. Livrou-se de sua gravata, abriu os botões da manga e tomou a direção do banheiro, enquanto desabotoava o restante da camisa.

Parou assim que chegou ao local e encontrou Hermione na banheira, acompanhada de uma garrafa de álcool. Ela o olhou como os olhos vermelhos e sua primeira reação foi erguer a mão, enxugar o rosto e desviar o olhar.

— Chegou cedo hoje. – Hermione comentou, tentando fazer com que ele tirasse a atenção paro o fato de que ela parecia estar chorando. – Continua atrasado para o jantar, mesmo assim. – não voltou a encará-lo. – De novo. – finalizou.

Draco ainda precisou de um tempo para observá-la, surpreso, por encontrá-la ali. Havia um limite silencioso que ambos, inconscientemente, respeitavam que era evitar permanecer muito tempo no mesmo ambiente, e aquele era um dos ambientes que mais contava. Tinha que confessar que mesmo que a pouca espuma e a água difusa o impedisse de realmente vê-la em seu banho, saber que o corpo dela estava exposto ali debaixo, o afetava mais do que ele gostaria que afetasse.

— Mandou que desfizessem a mesa? – ele perguntou, tentando focar-se em outra coisa que não fosse o corpo dela ou os olhos vermelhos que havia visto.

Hermione negou com a cabeça.

— Não. – respondeu. – Depois de quase um mês, eu esperava que já tivesse percebido que nunca desfaço a mesa do jantar quando o perde.

Ele não gostou do ataque, mas considerou que aquilo vinha tão naturalmente para ela como vinha para ele.

— Pode pedir para que desfaçam a mesa. Não irei jantar. Não estou com fome. – deu as costas para deixar o ambiente, já haviam interagido demais.

Draco achou que Hermione fosse respeitar o limite deles e o deixar ir, mas antes que pudesse sair escutou a voz dela novamente:

— Por que não faz isso, você? – ele tomou um segundo para processar as palavras dela, antes de se virar para tornar a encará-la. Estreitou os olhos como se não tivesse entendido o que ela havia dito. – Por que você não faz isso? – Hermione repetiu e o encarou. – Você quem perdeu o jantar. Você quem não vai comer.

Draco sabia que aquilo poderia ser o início de uma longa briga e um mês havia sido o suficiente para que ele soubesse bem disso. Não tinha mais ânimo para aquelas irritantes discussões.

— Esse é o seu trabalho aqui. – disse mesmo assim. – Tenho um exército para conduzir todos os dias.

— Eu também tenho um trabalho fora daqui. – ela não parecia desconfortável com a presença dele, durante o seu banho. – Por que não podemos dividir os trabalhos da casa para uma forma muito mais funcional?

— Porque você conhece a regras de como a casa deve funcionar com você aqui dentro, ocupando a posição de esposa, e isso não vai mudar sendo sua proposta funcional ou não. – Draco foi direto e curto, tentando finalizar aquilo. – Peça que desfaçam a mesa. – deu as costas e voltou para o quarto.

Respirou fundo, sabendo que não dividia mais o mesmo espaço que ela. Pensou em um palavrão e considerou que deveria ter ficado na catedral. Deveria ter ido a recepção dos chefes de província, e depois, ter ido a torre de Pansy, assim chegaria em casa e encontraria Hermione dormindo.

Cruzou o quarto e encheu um copo de whisky até a metade. O entornou em dois goles rápidos. O álcool não fez efeito e ele teve que repetir o processo, até sentir que seus músculos estavam finalmente relaxando.

Foi até o pequeno sofá perto da lareira e sentou-se nele, pendendo a cabeça para trás, fechando os olhos e se perguntando o porquê era tão difícil lidar com Hermione. Draco não tinha idéia do que deveria fazer, de como deveria agir, do que deveria falar. Ela apenas o irritava e ele tinha que ser rude para fazê-la se calar, será que se convivessem dessa forma chegariam a algum estágio de paz? Será que algum dia, eles conseguiriam chegar a algum estágio de paz?

Ergueu uma mão e com o polegar massageou uma de suas têmporas, tentando aliviar o peso da agonia que seus próprios pensamentos lhe causavam. Abriu os olhos quando escutou os passos dela vindo do banheiro. Não demorou muito e Hermione entrou em seu campo de visão, vestida no hobby de seu pijama, com os cabelos presos no topo da cabeça como quando estava na banheira. O rosto limpo e livre de toda maquiagem que era obrigada a usar era algo que captava sua atenção e, definitivamente, Draco tinha que confessar que a preferia assim do que enfeitada. Hermione parou a sua frente e cruzou os braços. Havia um ar de determinação em sua expressão.

— Temos que fazer. – ela disse e um desconforto abalou sua determinação, a fazendoela desviar os olhos por um segundo.

— O quê? – ele não entendeu.

— Sexo. – Hermione foi direta. – Temos que fazer.

Draco processou aquilo e se viu soltar uma risada fraca.

— E é assim que pretende começar? – questionou.

Ela se aborreceu com o comentário.

— Acaso você tem um começo melhor? Porque eu sou a única que estou tentando aqui. – Ela retrucou.

Draco olhou fundo nos olhos estreitos e dourados dela.

— Sim eu tenho, Hermione. – começou. – Me levanto, tiro a sua roupa e te toco. Como você responderia a isso?

Ele notou quando Hermione respirou fundo, tentando manter-se focada e não dominada pelo sentimento de repulsa que aparecia no olhar dela.

— Eu o corresponderia. – ela foi firme, respondendo segundos depois.

Draco ergueu as sobrancelhas, surpreso, pela resposta que havia ouvido. Riu.

— Corresponderia mesmo? – achou graça. – Porque eu vejo como me olha como se eu fosse um monstro, Hermione. Não acho que você corresponderia.

Hermione se aborreceu.

— Eu tenho um dever. Você tem o mesmo. E quem me parece que não está disposto a fazer algo aqui, é você.

Ele riu.

— Não sou eu quem está de braços cruzados, me olhando como se eu merecesse ir para cruz! Se você quer saber, isso não me atrai, nem me parece nada sedutor. Se quer começar algo aqui, terá que provar que realmente quer!

Hermione estreitou os olhos recebendo o desafio, mas não demorou muito para que ela captasse o desconforto que Draco queria provocar. Ele sabia bem que ela recuaria, ao menos, era o que ele esperava e o que seria mais apropriado, mas temeu quando viu Hermione descruzar os braços e puxar o ar, como se estivesse lamentando pela última gota de orgulho que havia lhe restado.

Draco se sentiu completamente desarmado e surpreso, quando ela aproximou-se, puxou a barra de seu hobby, ajoelhou-se colocando as pernas entre ele e sentou-se devagar em seu colo, dando tempo para ele olhar bem cada pedaço do corpo dela coberto pelo tecido fino que passou diante de seus olhos. Quando Draco encontrou os olhos dourados dela o olhando, ele notou que Hermione estava completamente desconfortável. Não que não soubesse o que estava fazendo, o corpo dela havia se movido de forma brilhante naquela pequena e curta performance, mas estava óbvio que ela temia a reação dele.

Nos segundos em que o silêncio durou entre o olhar que trocavam, Draco sentiu que seus músculos haviam travado. Talvez estivesse em choque, mas simplesmente não conseguia reagir à proximidade que Hermione havia criado, tão de repente. Aquilo deu espaço para que ela acomodasse o corpo sobre ele e se aproximasse perigosamente, como se devesse seguir o que havia começado. Sentiu o hálito dela contra seu rosto e soltou o ar ao perceber que havia prendido a respiração. O calor do corpo dela, a proximidade, seu cheiro de rosas misturado com o perfume do banho que havia tomado era absolutamente embriagante e Draco pôde notar que não era tão difícil se sentir fascinado por aquela mulher.

Foi exatamente quando sentiu os dedos frios dela tocarem seu pescoço de modo hesitante, que seu cérebro tornou a funcionar rápido, tentando recuperar o tempo perdido. A boca dela tocou a dele como no dia de seu casamento, e Draco sentiu que se render seria o caminho mais fácil, mas seu cérebro gritou mais alto, alertando que havia algo de muito errado ali. Parou Hermione quando os dedos dela alcançaram os botões de sua blusa que ainda estavam atados. Afastou-se e olhou nos olhos âmbar dela, que agora o olhava como se quisesse saber o que havia feito de errado.

— Me dê um motivo para estar fazendo isso. – pediu, tirando a mão dela dos botões de sua camisa.

Hermione uniu as sobrancelhas, como se estivesse se perguntando o porquê Draco havia feito uma pergunta tão estúpida como aquela.

— Temos uma ordem a cumprir. – ela lembrou-lhe.

— Não esse motivo. – esse, ele já sabia. – Sei que foi ao gabinete do mestre hoje. – a expressão dela mudou tão imediatamente, que Draco soube que estava seguindo o caminho certo. - O que ele fez?

Os olhos de Hermione pareciam estar se lembrando exatamente aquilo que havia vivido dentro de gabinete de Voldemort. Por um segundo, ele viu dor, mas então ela piscou e pareceu refazer a postura.

— Não importa. – foi curta.

— Sim, importa. – ele a deteve novamente, quando Hermione se aproximou para continuar de onde havia parado.

— Não. Não importa. – ela reafirmou, unindo as sobrancelhas e demonstrando que estava começando a se irritar.

— Então porque está fazendo isso? Quero saber o que aconteceu, porque sei que não agiria dessa forma se nada tivesse acontecido!

— Como pode ter tanta certeza? – ela perguntou como se Draco tivesse a ofendido, como se ele não tivesse o direito de ter certeza das atitudes dela, já que não a conhecia.

— Porque nunca fez questão de agir assim desde que nos casamos, mesmo sabendo que tínhamos uma ordem a cumprir. – se fez claro. – Quero saber o porquê de só agora ser necessário você tomar essa atitude.

Ela revirou os olhos e saiu de cima dele, visivelmente irritada.

— Você não tem o direito de falar que sou eu quem não quero, depois disso! – Hermione apontou para Draco, furiosa. – Não importa o que aconteceu! Sabe que temos uma ordem a cumprir e já a adiamos tempo o suficiente.

Draco se levantou aborrecido, com qualquer que fosse o motivo desnecessário que a fizera se irritar tanto.

— Hermione, você estava em cima de mim, vestida desse jeito, com a sua boca na minha! Tem idéia do quanto foi difícil te parar? – ela puxou o ar discretamente e ele pôde perceber que, realmente, ela não tinha. – Eu não a pararia se realmente não importasse. Precisa aprender a compartilhar esses segredos comigo, mas entenda, eu não quero saber por que me preocupo com você, e não precisa me contar porque quer. Nós estamos na mesma família agora e coisas que acontecem com você me afetam também!

Hermione ainda continuava aborrecida.

— E sobre as coisas que acontecem com você? Elas não me afetam? Porque quando sou eu quem faz perguntas, você tem todo o direito de se irritar e se silenciar. E não ouse negar isso, Draco! Estamos vivendo na mesma casa há quase um mês! Sabe do que estou falando!

Ele simplesmente odiava, com todas as forças, aquele jeito dela!

— Por que você sempre tenta prolongar uma briga, Hermione? – ele vociferou.

— Porque tento te mostrar o quanto você sempre está tentando fazer com que as coisas funcionem de maneira injusta entre nós. – Hermione gesticulou. – Nós não somos um casal, Draco, muito menos somos apaixonados um pelo outro, mas isso é um casamento e eu me recuso a viver como o seu pai e sua mãe! Não vou te deixar me manipular!

Draco sentiu o sangue esquentar em suas veias.

— Não faça insinuações sobre minha mãe! – ele a segurou pelo braço.

— E você não me toque dessa forma! – ela se desvencilhou com raiva, mostrando a ele a atitude agressiva do qual já havia pontuado em uma de suas discussões. Aquilo a assustava e Draco sabia.

Eles trocaram olhares em silêncio, com a respiração rápida, como se estivessem procurando palavras para lançarem um sobre o outro novamente. Draco foi o primeiro a desistir. Hermione veio depois. E foi durante alguns poucos segundos, que os dois se conversaram em silêncio sobre o quanto tudo aquilo era desgastante.

— Existem muitas coisas que você não entende, Hermione. – ele disse frustrado.

Ela suspirou.

— Então porque você não pode me fazer entendê-las? – ela perguntou, embora não estivesse realmente esperando por uma resposta.

Hermione deu as costas, caminhou e sentou-se do seu lado da cama. O silêncio durou entre eles mais alguns minutos, até Draco se aproximar dela novamente e colocar as mãos nos bolsos da calça.

— Ele tocou em você? Te forçou a fazer algo que não queria? – Draco tinha que tentar, embora duvidasse muito.

Hermione negou com a cabeça sem olhá-lo.

— Não. – respondeu, usando um tom baixo.

Pensou mais um pouco e não foi difícil chegar até a pergunta que considerou muito provável.

— Ele usou Lovegood para te ameaçar?

O silêncio de Hermione, pelos minutos que se seguiram, foi o sim que ela não chegou a dizer porque não era preciso.

— Ele a prendeu novamente. – foi tudo que ela comentou, usando o mesmo tom baixo de antes. – Não me deixe saber o quão feliz você está por isso. – acrescentou, segundos depois.

— Não estou feliz. Apenas não me importo. – Draco deu de ombros. – Ele lhe impôs alguma condição?

Hermione respirou fundo.

— Não. – a voz dela havia voltado ao tom normal, como se não valesse se lamentar. – Mas ele fez bastante questão de deixar claro que sabia sobre o que não estávamos fazendo. – e levantou os olhos para ele. Draco ergueu as sobrancelhas. – Como ele sabe disso?

— Theodoro, talvez. – Draco sugeriu. – Não importa. O mestre sempre encontra maneiras de saber daquilo que o interessa.

O silêncio seguiu novamente, agora que Draco sabia o porquê Hermione havia agido daquela forma. E talvez, quando a encontrou no banheiro com os olhos vermelhos, ela só estava aproveitando seu tempo particular para lamentar pela vida que era obrigada a viver. Ele achava bom que ela evitasse expressar aquele tipo de angústia na sua frente, não havia se casado para aguentar uma mulher que não soubesse lidar com momentos difíceis. Não tinha paciência para aquilo.

Hermione finalmente se levantou e cruzou os braços a frente dele. Os dois trocaram olhares por um bom tempo e Draco percebeu que ela estava esperando algo. Ele não se moveu e aguardou que ela se manifestasse.

— Você tem as suas respostas. – ela finalmente disse. – Ainda não é o suficiente?

— É o suficiente por agora. – a respondeu e Hermione se mostrou impaciente.

— Então será que podemos continuar de onde paramos? – ela tinha aquele tom severo irritante.

Draco se aborreceu novamente com aquela atitude constante dela.

— Por Merlin, Hermione! Você acha que as coisas acontecem assim? – tudo bem que ela prezava pela amiga, mas sexo não era um botão em uma máquina onde alguém simplesmente podia apertar “iniciar”.

Ela soltou uma risada seca.

— Como você espera que aconteça? Eu não estou a fim de me prestar a fazer nenhuma peça de teatro por aqui. Não precisamos fingir nada para fazer com que, ao menos, pareça que nos queremos. É óbvio para nós dois que não nos queremos!

— E isso já é prova suficiente para você de que não se acontece desse jeito? Será que você conseguiu escutar o que disse?

Hermione estreitou os olhos.

— Qual é o problema com você? – a entonação que ela usou, deu a sensação a Draco de que seu cérebro havia sido perfurado. Era aquela mesmo entonação que Hermione usava no auge das brigas que tinham. – Será que não passa pela sua cabeça, que temos que começar em algum lugar? Eu tenho certeza que passa, Draco! – Céus, ele a odiava tanto! - Por que você tem que ser sempre tão orgulhoso, tão pontual, tão cheio de costumes, tão cheio de razão? – ele odiava quando ela começava a usar aquele tipo de “por que” e quando jogava aquelas palavras cheias de preconceito, como se ela não fosse exatamente a mesma coisa. Fechou os olhos com força, tentando fazer com que aquela voz se calasse. – Você é tão sonserino que não importa a coragem que tenha conseguido construir durante todos esses anos, não é surpresa nenhuma que haja como covarde agora! – Draco cerrou os olhos para Hermione, sentindo a fisgada que havia recebido. Era bom que ela calasse a boca. – Não diga que eu não quero, quando você é o único que realmente não quer, ao menos eu...

Draco a calou, quebrando a distância entre eles, usando uma mão para segurar seu queixo fino com brutalidade e colando sua boca na dela. Tentou abrir espaço entre os lábios dela, mas Hermione não reagiu. Ele tentou mais uma vez e de novo ela resistiu. Mais uma, e então, ela finalmente se rendeu. Era aquilo que Hermione queria, não era?

A sensação de suas línguas se tocando foi fora do comum. Pareciam lutar uma contra a outra e a energia era tão nova e única, que conseguiu o entreter ao ponto de quase o fazer esquecer de que queria matá-la. Quase. Soltou Hermione e se afastou ofegante. Os lábios dela estavam vermelhos e úmidos, e Merlin, aquela visão o fez se perguntar o porquê havia parado de provar o quanto eles eram macios.

— Tem que aprender a calar a boca, Hermione! – Draco vociferou, sendo o mais severo que podia naquele momento. – Você fala demais. Me dá dor de cabeça!

Ela o olhava como se não tivesse sido capaz de processar qualquer palavra que havia escutado. O peito dela subia e descia tentando compensar o tempo que o ar havia sido escasso entre eles. Foi então que ela se tocou para algo, e não havia sido para o que ele havia dito.

— Por que diabos você parou? – Hermione soltou, entre suas buscas por oxigênio.

Draco se fez a mesma pergunta, enquanto olhava para a boca vermelha dela. A voz dela o julgando como covarde soou em sua cabeça. Ele não deixaria que Hermione nem mesmo, ousasse, repetir aquilo. Mas aquela boca o chamava tão alto, que tudo que ele conseguiu se focar foi em ter aquela energia novamente.

Draco a segurou pelo rosto e tomou aquela boca novamente para ele. Se era assim que Hermione queria que fosse, assim seria. Havia uma corrente de tanta coisa diferente naquele beijo, que ele não podia descrever como selvagem, embora fosse bastante ativo, não podia descrever como intenso, embora houvesse muita energia, nem mesmo podia dizer que era desesperador, embora houvesse uma sensação de urgência. Draco sentia que podia passar o dia brincando daquilo. Era uma guerra muito prazerosa a forma como pareciam querer provar quem era melhor, que quem naquele beijo era um entretenimento e tanto.

Notou que ainda havia a hesitação entre seus corpos. Queria tocá-la e queria que seus corpos estivessem unidos, assim como suas bocas estavam. Desceu sua mão e a puxou pela cintura, se irritando com o fato de que Hermione não havia tomado nenhuma atitude com relação aquilo. A sensação do toque e da proximidade era sempre intimidadora. Draco sabia que era tanto para ele quando para ela, e talvez tivesse sido por isso, que suas bocam tomaram centímetros de distância quando a intimidade e a proximidade o assustaram.

Ofegaram apenas alguns segundos perdidos no que deveriam fazer. Draco, pela primeira vez, sentiu que estava provando de algo tão novo e diferente que por aqueles segundos, ele temeu se conseguiria fazer aquilo. Mas foram apenas alguns segundos. No seguinte, Hermione passou os braços pelo pescoço dele como se estivesse mostrando que teriam que se tocar de qualquer maneira, o olhou como se estivesse tentando esclarecer que aquilo não significava nada, e então voltou a beijá-lo.

Ele gostou de saber que ela parecia estar consciente de que nada daquilo passaria do casual. Arrastou-a e a jogou sobre a cama. Hermione o olhou surpresa e ofegante, como se não tivesse esperado por aquilo. Ela havia insistido por sexo, não era? Ela faria o sexo que ele queria fazer.

— Você também é agressivo na cama? – Hermione encontrou espaço para perguntar, erguendo uma sobrancelha quando Draco deitou sobre ela.

— Apenas gosto de surpreender. – a beijou novamente para provar mais do sabor que estava começando a se tornar familiar e delicioso. Céus, ele havia gostado daquilo.

Desceu sua mão pela lateral no corpo dela, tocou sua coxa e enterrou os dedos sobre a carne macia. Puxou a perna que segurava fazendo com que ela abraçasse seus quadris, a empurrou um pouco para o lado e se encaixou entre as pernas dela. Hermione moveu-se como se estivesse espreguiçando a coluna, e então os corpos deles se encaixaram tão perfeitamente que novamente aquele susto atingiu a ambos. Suas bocas se separaram buscando ar, e dessa vez, eles sabiam o que fazer. Os segundos foram poucos, antes de voltarem a se beijar.

Draco estava pronto para começar a explorar o corpo dela, livrá-la de toda aquela roupa que antes parecia pouca e agora parecia muita, mas antes que suas mãos alcançassem o interior do roupão dela, Hermione moveu o corpo de uma maneira tão ágil, explorando o ponto fraco na posição deles, para fazê-los girar e ela trocar de posição ficando por cima, agora. Ele a olhou surpreso pela atitude, ainda não sabendo se havia gostado daquilo.

— Se vai usar o meu corpo e eu vou deixar, é melhor que me faça gostar do que iremos fazer! – ela soou cheia de prepotência.

É claro que ele a faria gostar. Ele era Draco Malfoy, podia apenas piscar para podê-la fazer gostar. Por mais que tivesse que confessar que o que Hermione havia feito o excitasse, não havia apreciado nem um pouco o tom que ela usara, nem mesmo o desafio que havia jogado, como se ele estivesse tendo o interesse de se aproveitar dela e do corpo que tinha. A agarrou pela cintura e fez com que eles voltassem para a posição de antes. Ele por cima. Olhou bem nos olhos dela e disse:

— Você quem insistiu por isso. Encontre uma maneira de se fazer gostar!

Dessa vez, Draco desceu para os lábios dela e os lambeu, seguiu para o pescoço dando tempo para provar o sabor de sua mandíbula e do lóbulo de sua orelha. Hermione era deliciosa. Tocou o seio dela sobre o tecido fino quando ela começou a usar os dedos para desatar os botões de sua camisa. Sentiu-se excitado com o mistério de não poder tocar a textura de sua pele debaixo da seda tão macia que cobria o volume que tinha nas mãos. Viu-a puxar o ar, quando brincou com o mamilo bem aparente sobre o tecido.

Hermione o livrou da camisa e conseguiu ficar por cima, mais uma vez. Draco deixou que ela pudesse observar e tocar o pacote que ele sempre escondia embaixo da roupa, enquanto deslizava os dedos pelas pernas que estavam uma de cada lado de seu corpo. Hermione desceu as mãos para a calça dele. Desatou o cinto, o botão e quando arrastou o zíper, Draco julgou que ela já havia desfrutado demais do trono que ele a permitira ficar. Pegou-a pela cintura mais uma vez e inverteu as posições. Ela, claramente, não gostou daquilo.

Draco finalmente puxou o cordão do hobby dela e pressionando seus quadris contra o dela, sentindo seu sangue descer junto com aquela maravilhosa agitação entre suas pernas. Hermione explorou o ponto fraco da posição deles mais uma vez, fazendo com que eles girassem. Ele a fezela voltar para baixo tão rápido quanto ela havia se colocado por cima. Hermione se irritou e agiu rápido também, fazendo-os girar novamente.

Aquela pequena guerra os levou ao chão e Hermione vitoriosa - sentada sobre ele. Draco quis se irritar, mas a visão que teve dela, com o hobby aberto ainda escondendo o que ele realmente queria ver, mas deixando com que pudesse apreciar a pele que descia pela sua barriga e se escondia novamente na peça única que ela usava nos quadris o fez deixá-la ter seus segundos de glória. Hermione os usou muito bem quando levou uma das mãos aos cabelos e os soltou, fazendo com que as ondas dos seus cachos escorregassem pelos seus ombros de maneira suave e muito sedutora. Agradeceu mentalmente por ela ser magnífica e se sentou, enterrou sua mão entre os cabelos dela, cercou sua cintura e tomou sua boca.

Draco a tocou, arrastando sua mão para dentro do tecido. Sentiu a textura de sua pele e o calor que emanava dela. Passou pela barriga, fez a curva abaixo dos seios e encheu sua mão com eles. Desceu para o pescoço, até poder fazer com que sua boca alcançasse aquilo que brincava com as mãos. A respiração de Hermione era tão ofegante que tudo que ele queria ouvir dela era um gemido, mas não conseguiu lhe arrancar um.

Numa súbita surpresa, os dedos de Hermione se enterraram entre os cabelos de Draco e, muito discretamente, ela moveu os quadris contra o dele. Draco reprimiu um sorriso, enquanto sua língua se divertia com os mamilos excitados dela. Hermione fez com que o movimento se tornasse constante e o membro que ele tinha dentro de sua calça avisou que já estava muito sensível e que logo precisaria ser libertado. Percebeu que sua garganta começava a querer escapar ruídos e não gostou de como estava sentido que estava mais excitado que ela, e talvez, era isso que Hermione quisesse.

Não teve problemas para levantar, e ao mesmo tempo, fazer com que ela tivesse as pernas ao redor dele para tê-la em seu colo. A carregou até que as costas dela dessem com o dossel da cama e a soltou, deixando que os pés dela tocassem o chão. Livrou-a do hobby e se permitiu contemplar aquele bonito corpo, por apenas um segundo. Hermione tinha seios muito belos. Colou seu corpo novamente no dela e beijou rapidamente seus lábios, apertou seus seios e deslizou sua boca até o pé do ouvido dela.

— Feche os olhos. – ordenou numa voz baixa e deslizou sua mão para tocar a parte entre as pernas dela sobre o tecido da calcinha que usava, muito discretamente.

Os dedos de Hermione se enterraram no braço dele, quando repetiu o movimento e dessa vez quis mais tempo para sondar o território. A respiração dela perdeu o compasso por alguns segundos, os dedos da outra mão se enterraram nos cabelos loiros de Draco e ela moveu o corpo, passando uma das pernas por ele.

— Faça novamente. – ela suplicou, quase que como uma ordem.

Draco a olhou, enquanto descia a mão mais uma vez pela sua barriga.

— Você não me diz o que fazer ou não, Hermione! – disse e enterrou os dedos dentro da roupa íntima dela.

Viu-a prender a respiração e Draco achou que receberia o gemido dela, mas este não veio. Seus dedos circularam pela região macia, úmida e quente, sabendo onde deveria manter a atenção. Hermione fechou os olhos e pendeu a cabeça para trás. Sua boca estava aberta, mas dali não saia som. Foi quando ele precisou ir fundo nela para deixá-la mais molhada, que finalmente o gemido escapou da boca dela, rouco e sexy. Draco sorriu recebendo seu ponto. Hermione o olhou com os olhos estreitos, mas ele trabalhava ali para que ela perdesse o controle.

— Eu mandei fechar os olhos. – disse ele.

— Cale a boca! – Hermione terminou e gemeu, puxando seus cabelos quando Draco usou o dedo para ir fundo nela apenas mais uma vez, para sentir o quanto ela estava completamente molhada para ele. Ele ainda queria muito mais do que aquilo.

Aproximou sua boca da dela.

— Verá como eu trabalho aqui. – sussurrou e com a agilidade que ele tinha a girou e colou seu corpo nas costas dela. Prendeu Hermione contra o dossel, passando a cercá-la com o braço e agarrando um dos seios dela que havia se tornado o novo brinquedo dele.

Enterrou os dedos mais uma vez entre as pernas dela e a viu lutar contra os gemidos. Hermione agarrou o dossel e Draco brincou com o clitóris dela para fazer com que se rendesse à posição que, claramente, não havia gostado. Sentiu quando uma mão dela entrou pela sua calça e se fechou em seu membro. Teve que sorrir.

Sua garganta emitiu um som que Draco abafou, enterrando o rosto no pescoço dela. Hermione tinha uma mão muito macia, mas ele também sabia trabalhar e quando foi fundo nela e deixou que a palma de sua mão fizesse pressão sobre o ponto mais fraco, pôde finalmente conseguir ver a guerra do silêncio dela começar a perder. Isso não só a incomodou, como também a irritou, e então, Hermione finalmente lutou para sair da posição que ele havia a prendido.

Claro que Hermione era muito orgulhosa para ficar ali, onde Draco tinha completo domínio sobre ela, então, finalmente conseguiu fazer com que ele perdesse o controle. Draco ainda tentou segurá-la de costas quando cambalearam pelo quarto e esbarraram numa das mesas altas que deixava como display, um vaso extremamente caro do século passado. Conseguiu dominá-la colocando-a contra a parede, ao mesmo tempo em que o som da mesa e do vaso se espatifando no chão ecoou pelo quarto. Não se importaram, e talvez, não tivessem nem mesmo prestado atenção. Hermione conseguiu se virar para encará-lo e abriu a boca para protestar, mas Draco enterrou os dedos nela e começou de onde havia parado, fazendo-a arquear as costas e gemer.

Trocaram olhares como se tivessem todo o ódio do mundo um pelo outro, mas o desejo que haviam acendido ali já havia alcançado um estágio que não dava para voltar atrás. Ela parecia querer ainda encontrar espaço para abrir seus protestos, mas ele não deixava, tornando seu serviço a cada segundo mais intenso. Os dedos dela apertaram seus cabelos mais uma vez. Draco olhou a boca vermelha e inchada de Hermione e aproximou-se de seu rosto. A respiração descompassada e apressada bateu contra ele e o excitou. Ela estava perdendo e sabia disso.

Sentiu sua vitória quando o gemido que ela soltou foi longo, quando as paredes dela se fecharam contra seus dedos e quando todos os músculos se retraíram e relaxaram contra seu corpo. Hermione passou a ofegar compassadamente dessa vez, cerrando os olhos para ele. Draco viu a raiva dela ali. A mensagem que lhe passou foi a que estava na hora de sua vingança.

Deixou-se ser carregado, quando Hermione o empurrou pelo quarto. Esbarraram em duas ou três coisas quando ele tomou a boca dela novamente e não conseguiram ver por onde andavam. Não se importaram. Ela fechou sua mão contra o membro dele, enquanto o despia da calça, assim que o fez parar contra uma mesa estreita num dos cantos perto da lareira. Draco a ajudou e quando se viu livre de sua roupa julgou que já havia deixado Hermione achar que estava controlando algo, por tempo demais.

Colou o corpo dela no dele, abraçando-a pela cintura, girando e a colocando sobre a mesa, enquanto escutava tudo que havia estado sobre o móvel ir parar no chão. Num segundo, Draco tirou a única peça que restava nela e tudo que recebeu de Hermione foi o olhar surpreso, como se ela estivesse se perguntando como ele conseguira fazer aquilo tão rápido.

Draco abriu as pernas dela e se colocou entre elas. Hermione lutou e relutou, até conseguir descer da mesa. Ele se irritou e considerou que estava sendo gentil demais. Pegou-a e ela teve que se segurar colocando as pernas ao redor dele. Esbarrou em alguma poltrona antes de, finalmente, conseguir deitá-la no sofá. Hermione não perdeu tempo e usou a própria força para fazer com que eles girassem e caíssem sobre o tapete. Ela sobre Draco, dessa vez. O olhar estreito mostrava a ele a Hermione que conhecia dos campos de batalha, que gritava com toda a autoridade para a Ordem manter a linha.

— É a minha vez! – ela fez questão de deixar claro com os dentes cerrados.

Draco não ousou tentar tirar a vez dela novamente, depois daquela pequena e desconfortável guerra. Hermione segurou o membro dele com a mão macia e a fez escorregar como se estivesse descobrindo um novo e diferente brinquedo. O toque fazia sua respiração acelerar. Trocaram olhares quando ela o deixou no suspense, fazendo-o tocar e deslizar pela sua parte molhada. Merlin, aquilo o excitou e Draco teve que fincar os dedos nas cochas dela.

Ainda como se tivesse o tempo do mundo nas mãos, Hermione se excitou o usando para circular sua parte sensível. O macio dela contra seu membro rígido e ereto o deixava ansioso para entrar dentro dela, mas Hermione parecia não ter pressa para isso, fechando os olhos e gemendo baixo, tomando seu tempo para se divertir à custa dele. Queria trocar de posição, se enterrar nela e fazê-la gemer de verdade, mas aquela brincadeira o excitava e parecia muito mais interessante, o fazia se perguntar quem era aquela Hermione que ele não conhecia.

Hermione deitou seu novo brinquedo, pressionou o clitóris sobre ele e começou um movimento discreto com os quadris. Draco arfou, sentindo os líquidos dela cobrindo seu pênis, o calor correu seu corpo e abriu seus poros. Ela ofegava e continuava a tentar reprimir os próprios gemidos, mas mesmo assim, ele continuava a ouvi-la. Ah, se Hermione soubesse o quanto era absurdamente linda e odiável. Ergueu o tronco para poder alcançar a boca deliciosa que ela tinha e a beijou, enterrando seus dedos entre as ondas macias de seu cabelo. Queria beijá-la como antes, mas os sons que escapavam dele junto com os que escapavam dela, mais as respirações descompassadas, tornavam tudo muito difícil, mas sentir o calor da língua dela foi suficiente. Desceu as mãos e as cravou nos quadris de Hermione, pedindo para que ela aumentasse a velocidade. Ela aumentou por necessidade, mas colocou as mãos em seu peito e o forçou para o chão novamente.

— Eu disse que é a minha vez! – ela repetiu friamente.

Deus, que mulher era aquela? Quis mostrar que quem estava a deixando ficar ali era ele, mas antes que pudesse fazer algo, Hermione o surpreendeu enterrando seu pênis dentro dela até o final. Não foi capaz de segurar o som que saiu de sua boca e se juntou ao dela. A sensação de urgência das paredes apertadas que ela tinha o fez querer investir com força dentro dela e teve que começar a se concentrar. O que foi difícil com o som sexy que ela emitia e o movimento provocador de seus quadris. Hermione intensificava e desacelerava, brincando com o próprio êxtase e levava Draco a arfar cada vez mais.

Ela alongou a coluna, arqueando as costas, seus movimentos mudaram da horizontal para a vertical. A respiração dela se tornou ainda mais urgente, intensificando a velocidade e erguendo um dos braços para esconder o próprio rosto nele. Draco precisou se segurar para não chegar ao estágio que Hermione estava chegando. Mais algumas investidas e ela puxou-lhe os cabelos, soltou um gemido longo e rouco, e então, ele pôde presenciar a maravilhosa cena dos músculos dela se retraindo e relaxando umas três vezes, antes de cair sobre ele.

Seu membro lá embaixo suplicou por alívio aos sentir as paredes de Hermione o massagear impiedosamente. Ela havia parado ofegante e sem força, Draco se aproveitou do momento para girá-la sobre o tapete e colocá-la por baixo. Desceu sua mão e tocou a parte entre suas pernas, enterrando os dedos nela para buscar mais do mel que ela havia tido o prazer de liberar. Massageou-a e o espalhou. Tocou seu próprio membro para colocar mais do líquido dela nele. Ele a olhou nos olhos, quando se empurrou para dentro dela novamente e viu Hermione prender a respiração para não soltar nenhum gemido.

Colou seu corpo no dela e começou seus movimentos de onde ela havia parado. Draco desceu, colando suas bocas e gemendo, sentindo sua língua e brincando com os lábios inchados e molhados. Apertou o seio dela sentindo o mamilo rígido contra a palma de sua mão. Seu corpo gritou por alívio e ele precisou se concentrar e desacelerar antes de voltar a investir novamente.

Fez questão de garantir que tocava seu clitóris, toda vez que ia até o fundo dela. Sempre que desacelerava, se deixava ficar fundo ali pressionando seus quadris para fazer pressão nas partes sensíveis de Hermione. Ela não demorou a responder fazendo suas unhas se enterrarem nas costas dele. Em certo ponto, quando Draco parou para retomar o fôlego, ela colocou os pés no chão, ergueu os quadris e rebolou, fazendo-o perder seu momento de concentração. Investiu tão forte contra ela que quis gozar loucamente, precisou juntar força extra para conseguir desacelerar e ganhar mais tempo.

Saiu de dentro dela e Hermione protestou. Agilmente, colocou-a de lado, colou seu corpo contra as costas dela, puxou uma de suas pernas fazendo-a passar por cima dele e entrou novamente nela. Era assim que Draco queria. Investiu na velocidade que o gemido dela pedia. Colocou os dedos contra o clitóris dela e o massageou. Hermione arqueou as costas e ele apertou o seio dela. Enterrou o rosto em seu pescoço, sentindo o cheio dos cabelos dela misturado com o suor de seu corpo. Ela se moveu inquieta, sentiu os dedos dela tocarem a mão que usava para massagear sua parte sensível durante suas investidas, sem piedade. Ouviu o sôfrego de Hermione se misturar com o gemido alto que emitiu e mais uma vez os músculos de todo o corpo dela se retraíram. Draco se deixou gozar dentro dela, sabendo que já não seria capaz de segurar por muito mais tempo. Sentiu toda a agonia de seu corpo ser esvaziada pelo seu membro, no tempo em que, os músculos das partes dela se fecharam contra o dele. O grunhido que saiu de sua boca, Draco abafou contra os cabelos de Hermione, e então, eles caíram no silêncio de suas respirações ofegantes.

Hermione girou a cabeça e Draco pode olhá-la nos olhos. A boca dela o chamou e ele desceu, mas hesitou antes de tocá-la, sabendo que não era mais preciso nenhum tipo de contato daquele nível. Afastou-se, a soltou e deitou sobre o tapete encarando o teto, ainda tentando recuperar o fôlego. Ela fez o mesmo ao seu lado. O silêncio durou entre eles. Aquilo havia sido algo que ele nunca tivera com mulher nenhuma. Tinha que confessar que Hermione não tinha nada da santa sabe-tudo que ele imaginava em Hogwarts. Olhou-a, ao seu lado, encarando o teto assim como ele, e se perguntou quando provaria daquilo novamente. Olhou para o lado oposto e viu pelo chão suas roupas misturadas com a bagunça dos seus artefatos caros quebrados.

— Obrigado por arruinar o meu quarto, Hermione. – soltou de maneira irônica.

— Seu? – ela achou graça – Eu também durmo aqui. – o lembrou. – Quem estava esbarrando nas coisas era você.

— Quem me fez esbarrar nelas foi você. – a culpou. – Se tivesse me obedecido teríamos encontrado uma maneira mais civilizada de fazer isso. – embora Draco tivesse gostado da forma como haviam feito.

— Obedecido? – Hermione soltou como repulsa. – Quem você acha que eu sou?

Ele a olhou e a encontrou o olhando.

Minha esposa. – respondeu.

Ela franziu o cenho.

— Não sou nenhuma propriedade sua. Sou sua esposa tanto quando você é meu marido. – disse e sentou-se. Alongou a coluna, respirou fundo parecendo apreciar o fato de ter acalmado a respiração e passou os dedos pelas ondas de seu cabelo, tentando ajeitá-lo da melhor forma possível. Draco não se importava com o que ela pensava, de uma forma ou outra, Hermione era propriedade dele. Ela não o conhecia.

Analisou a silhueta de suas costas nuas sendo coberta pelo corte dos cachos de seu cabelo. Não havia dúvida de que ela era linda, não importando de que ângulo a olhasse. A viu juntar as pernas e se apoiar no chão. Draco foi mais rápido, sentou-se e cercou sua cintura forçando-a a se manter no chão.

— Onde pensa que está indo? – ele sussurrou ao pé de seu ouvido.

— O que está fazendo? – ela perguntou surpresa.

— Onde pensa que está indo? – Draco repetiu a pergunta mais pausadamente, mostrando a ela que quem havia feito a primeira pergunta fora ele.

— Tomar banho. – Hermione respondeu ainda surpresa.

— Não é uma má idéia. – ele tinha que confessar.

— Draco, o que está fazendo? – ela quis saber, confusa.

Ele sorriu.

— O que te faz pensar que nós acabamos aqui, Hermione? – fez seus dentes escorregarem suavemente pelo lóbulo de sua orelha, enquanto soltava a respiração. Sentiu-a puxar o ar e a viu fechar os olhos. Era bom que Hermione se acostumasse que aquilo que fizeram não era suficiente para Draco.


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Notas finais do capítulo

Gente que alegria vocês me dão!!! Mesmo eu estando atrasada com as respostas dos comentários vocês não param de comentar! Estou adorando essa resposta e PROMETO responder todo mundo pq eu quero sim, mas estou MUITOO sem tempo pra ficar mais de quinze minutos na frente do computador!
E aí?? O que acharam do capítulo?? Agora que Draco e Hermione começaram vai ser difícil parar!! haha Aposto que eles não estavam esperando que fossem gostar tanto. haha Deixem o comentário de vocês sobre o que acharam dessa primeira vez deles e o que esperam que vá acontecer agora que ele começaram a descer a ladeira!
Espero vocês na quarta e não deixem de curtirem a página no facebook:
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