The place that never sleeps escrita por Elizabeth


Capítulo 21
Reencontro




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A pizzaria estava abarrotada de gente, ficamos todos em uma mesa da janela que ficava no canto do salão. Jasmine chamou as mesmas pessoas que vieram na minha última noite em Lexington antes de eu viajar, com exceção de Brad, é claro. Contei tudo desde a minha chegada até o presente momento, isso os empolgou, foi como se pensassem “Aurora finalmente fez alguma coisa da vida que não seja se lamentar”.

Pedimos uma pizza grande que estava no topo do cardápio e enquanto esperávamos que ela chegasse ficamos tomando refrigerante como todo adolescente normal.

— Como vai a faculdade, Brian? — perguntei.

— Bom… — ele suspirou — Não é como no filme do American Pie.

— Sua vida inteira foi uma droga de mentira — comentou Oliver.

— Tenho que admitir, uma grande merda de mentira — replicou Brian. — O que você faz? — ele se dirigiu a O’Conner.

Até agora ele havia respondido mais perguntas do que eu, por uma lado foi bom me livrar de interrogatórios persistentes.

— Eu trabalhava em uma biblioteca, mas pedi demissão. Quer dizer, a senhora Lourien é uma coroa bacana, quem sabe ela me contrate de novo quando eu voltar.

Jamais ouvi Dean se referir à senhora Lourien como “coroa bacana”, talvez aproximá-lo demais dos meus amigos não tivesse sido uma boa ideia. Havia uma grande probabilidade de ele passar a fumar baseado como Brian, aprender o linguajar de Oliver e tagarelar como Jasmine.

— Ela gosta de você. — Firmei — Com certeza se souber que você quer trabalhar para ela de novo talvez lhe dê um aumento de dois mil por cento só para não deixá-lo ir embora novamente.

Imaginei a diretora da Book’s Machine como uma cadela velha de rabo levantado e língua para fora esperando que Dean volte para o meio das prateleiras. Para ela ele é como um filho, posso ter uma ideia das horas de despedida que ela gastou quando O’Conner foi se demitir, isto se não tiver ocorrido qualquer cena de imploração para a permanência dele.

— E como vocês se conheceram? — Oliver perguntou tomando um gole do conteúdo de seu copo.

— Bom, é uma história bem interessante para mim. — Começou Dean — Eu estava pondo uns livros de volta numa prateleira quando vi a Aurora. Na verdade não vi ela por inteiro, sabe. Só os olhos. E ela olhou para mim de volta. Acho que foi a primeira evidência que tive de que havia alguma coisa prestes a acontecer. Tomei isso como sinal e fui falar com ela. No começo ela não estava nem um pouco interessada, mas não resistiu ao meu charme e aceitou sair comigo.

Bufei com a última parte.

— Jasmine como você sabia o dia e a hora que eu e Dean desembarcaríamos no aeroporto? — tive curiosidade de saber. E também usei essa tática para mudar de assunto.

— Sua tia ligou para sua mãe e esta ligou para mim. — respondeu ela — Ela soube do seu término com o Brad e como eu tirei carteira era a única pessoa que poderia ir buscar vocês.

— Hum — ponderei — E onde está sua namorada, Brian?

— Flórida, estudando — ele revirou os olhos e murmurou um palavrão.

— Ele está desconfiado de que ela esteja traindo ele — disse Oliver — O que não é algo a se descartar, ela é muito gostosa.

— Cala a boca. — ameaçou Brian — Não ligo se ela está trepando com os caras de lá, nosso relacionamento é aberto.

— Isso é o que você diz — Oliver riu.

— Babacas — murmurou Jasmine.

— Olha quem fala, a nova Penélope Charmosa de Ohio, três multas em dois dias, senhorita? — falou Brian.

— Cala a boca! — retrucou ela.— Que droga, por que não coça suas bolas na lixeira que você chama de casa?

— Como é? — intrometi-me — Três multas em quarenta e oito horas? Casa?

Os outros se entreolharam e Jasmine se antecipou a explicar:

— Eu tinha acabado de tirar a carteira e estava super empolgada para começar a dirigir. Dois dias depois recebi um convite para uma festa na boate HUGE, fui e bebi demais por lá. No caminho de volta para casa acelerei para chegar no prazo das duas da manhã que meu pai estipulou, mas eu não sabia que havia uns policiais na rodovia. Eles vieram atrás de mim, óbvio. Peguei multa por excesso de velocidade. No dia seguinte decidi ir ao shopping, o trânsito estava horrível e os semáforos lentos. Tentei passar no sinal amarelo, mas ele ficou vermelho quando eu já havia passado da faixa. E a terceira multa foi neste mesmo dia quando estacionei em uma vaga para deficiente. — Ela respirou fundo — E sobre a casa, Brian resolveu morar em um trailer mais acabado do que os dentes da minha vó para ser independente dos pais.

— Ok, primeiro, Jasmine seu pai arcou com tudo isso? E segundo, Brian, você precisa de terapia. — falei.

— Sim, e ele teve que falar com uns oficiais para conseguir amenizar minha situação. Mas tive de devolver o dinheiro a ele, isso me custou alguns trabalhos temporários, inclusive no McDonald’s. — respondeu ela.

— Aurora, eu sei. E Jasmine, você fica ridícula naquele uniforme. — Brian gargalhou.

— Jura? O gerente de lá não achava isso. — ela arqueou uma sobrancelha — Não foi à toa que ele me deu um aumento considerável vindo direto do bolso dele.

Todos nós sabíamos o que isso significava. Jasmine com seu 1,70 de pura “patricinhice” e peitos fartos ganhava qualquer homem, mas a imagem dela no colo de um gerente gordo e nojento na salinha interna do McDonald’s embrulhou meu estômago.

— A carteira de motorista te transformou em uma vaca. Quem sabe eles não te fatiam para fazer os sanduíches. — sugeriu Oliver.

— E põe seus peitos como brinde — completou Brian.

— Você deveria ter me apresentado a eles mais cedo. — Dean sussurrou no meu ouvido, ele estava se divertindo com a conversa, ou o que chamávamos de conversa.

A garçonete chegou à mesa com uma bandeja fumegante, quando a desceu a vista da pizza caprichada deu água na boca. Comemos tudo e nos sentimos fartos rapidamente. Dividimos a conta e saímos. O caminho já era conhecido, porém notei algumas mudanças. As ruas passaram a ser mais iluminadas, havia mais pessoas passando nas calçadas e o parque que antes era uma calamidade pública recebeu uma dose significativa de vida.

— Como pode? Então é assim? Eu vou embora e tudo melhora. — indignei-me.

— Não é verdade. — Discordou Brian — Sentimos sua falta, sabia? Eu só vim para Lexington por sua causa, a Penélope aqui convocou todo mundo. Amanhã mesmo volto para Brighton.

Sentamos no mesmo banco daquela última vez, pelo menos isso não havia mudado.

— E agora? O que você vai fazer, Aurora? — indagou Jasmine.

— Como assim? — franzi o cenho.

— Enquanto você estava em Nova York tinha um emprego, mas e aqui? Não vejo muitas oportunidades interessantes em Lexington.

— Eu… Eu não sei. Vou procurar alguma coisa para fazer.

Ela estava completamente certa. Meu ânimo diminuiu um pouco, Dean, que não saiu do meu lado desde que pusemos os pés para fora de casa sentiu que eu murchei um pouco depois desse comentário.

— Querem? — Brian ofereceu cigarros.

Fiquei tentada a aceitar, mas quando quase estendi a mão para receber um dos pequenos bastões O’Conner me impediu.

— Não torne isso a saída para tudo, Aurora — ele sibilou. — Quer ir para casa?

— Não, vamos ficar mais um pouco. Parece que faz séculos que não vejo eles.

Ele suspirou.

— Tudo bem, vou ficar também para garantir que você não cometa nenhum deslize.

— Agora é meu guarda-costas?

— Uau, de assassino para guarda há um enorme precipí- — eu o impedi de completar a frase pressionando meus lábios contra o dele em um beijo — Pagando bem que mal tem, não é?


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