Existia Um Garoto escrita por lagrimas estelares


Capítulo 1
Aula de Francês.


Notas iniciais do capítulo

HEY, EU POSTEI ELA DE NOVO! Para a alegria de muitos que me cobraram... agora podem divulgar u-u -q mentira.

Àqueles que leem pela primeira vez essa história, eu a escrevi para o desafio "Abril é o mês do yaoi" daqui no Nyah!. Eu gostei bastante do desafio e acho que vocês, amantes de yaoi - pelo visto -, também gostaram.

Espero que apreciem a leitura ou a releitura do conto.

Até.



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Existe um garoto na minha aula de francês. Seu nome é Castiel Novak e ele cheira a sabonete.

Pergunto à Sammy se ele o conhece, e o meu irmão diz que ele é o nosso vizinho novo.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele usa calças justas e blusas que escondem seu tronco.

Pergunto à Gabriel se aquela roupa não é estranha, e Gabe fala que garotos do tipo dele costumam usar isso.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele chega com um olho roxo na escola e não olha para a lousa.

Pergunto à John e Mary sobre isso na mesa de jantar, e eles se entreolham e voltam a comer.

Existe um garoto na minha aula de francês. Eu o vi saindo da sala do psicólogo e o ouvi falar sobre “hidrofobia”.

Pergunto ao Google o que é hidrofobia, e ele responde que é aversão ou terror mórbido aos líquidos.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele não vai à escola hoje e assim que chego em casa, ouço gritos na casa do vizinho.

Pergunto à Sammy por que ele está gritando comigo, e então percebo que estou no asfalto choramingando o nome de Castiel Novak.

Existe um garoto na minha aula de francês. Hoje eu não o vejo, pois fui ao dr. Chuck.

Pergunto ao dr. Chuck o motivo de me preocupar tanto com Castiel Novak, o garoto da minha aula de francês, e ele responde que talvez eu possa gostar dele.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele sorri para mim quando eu aceno para ele.

Pergunto à Charlie se eu posso gostar de Castiel Novak, e ela diz que sim depois de sorrir também.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele não entende as referências de filmes que o professor faz.

Pergunto à ele se ele quer assistir “Bastardos Inglórios” na minha casa, e depois da aula assistimos o filme.

Castiel Novak prefere as pipocas brancas às amarelas.

Existe um garoto na minha aula de francês. Hoje nós almoçamos juntos, e eu percebi que ele tinha marcas estranhas na pele do pescoço.

Pergunto à Sammy o que é aquilo quando nós passamos por ele novamente, e Sam diz que aquilo parece uma marca de mão.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele falta na primeira aula da matéria e quando chega na segunda aula, tem os olhos inchados e vermelhos.

Pergunto à ele se está tudo bem, mas ele grita comigo.

Eu choro no banheiro escondido, assim como chorei quando o meu pai disse que eu sou um retardado autista que nunca será nada na vida.

Existe um garoto na minha aula de francês. Seus cabelos estão bagunçados e ele me pede desculpas.

Pergunto à ele o motivo das desculpas, e Castiel Novak gargalha como se aquilo fosse algum tipo de piada.

Existe um garoto na minha aula de francês. O professor pede para que nós façamos duplas, e eu faço dupla com Castiel Novak.

Pergunto que música ele quer que usemos para o trabalho, e ele simplesmente coloca para tocar “L'amour Dan Le Mauvais Temps”.

Escuto essa música todos os dias.

Existe um garoto na minha aula de francês. Ele diz que eu canto bem e eu sei que posso cantar todas as músicas que ele me pedir no mundo.

Pergunto ao meu tio Bobby qual é a sensação de amar, e ele responde que é a mesma sensação de beber uísque: quanto mais você recebe, mais entorpecido fica. O tio Bobby entende bastante de bebidas, ele sabe do que fala.

Existe um garoto na minha aula de francês. Como e faltei em uma aula, peço seu caderno emprestado. É azul, com caneta preta e prata.

Pergunto à Gabe se ele acha o caderno organizado demais, e ele abre um sorriso meio lateral e diz para eu não sujar as páginas de branco. Assim como Castiel Novak, eu não entendo a referência.

Existe um garoto na minha aula de francês. Hoje ele não foi na aula, então eu vou até a sua casa e bato na sua porta.

Pergunto à mulher de cabelos vermelhos se posso ver Castiel Novak, mas ela fecha a porta na minha cara.

Peço para Sam me ajudar a dormir, já que estou tão triste.

Existe um garoto na minha aula de francês. Hoje eu não reparei tanto nele, eu estou indisposto.

Pergunto à minha mãe se posso tomar uma cartela de comprimidos para dormir, e ela diz com uma calma forçada que é mais seguro eu tomar chá.

Existe um garoto na minha aula de francês. Eu não o vi novamente hoje, já que tive de ir ao dr. Chuck.

Pergunto ao dr. Chuck se eu posso arrombar a porta da casa de Castiel Novak e salvar ele, mas ele apenas balança a cabeça e me receita outro remédio.

Existe um garoto na minha aula de francês. Hoje ele está usando um sobretudo muito bonito e as costumeiras calças que realçam suas coxas.

Pergunto à ele se eu sou tão bonito quanto ele é, e seu rosto fica avermelhado enquanto ele responde que sim.

Existe um garoto na minha aula de francês. Apresentamos o trabalho juntos e tiramos a nota máxima.

Pergunto à Castiel Novak se ele continua ouvindo a música, e ele responde sempre.

Existe um garoto na minha aula de francês. Crio uma teoria sobre ele ser um anjo e ele me proteger, já que ele me salvou de escorregar na escada.

Pergunto à ele se ele acredita em reencarnação, e ele dá um meio sorriso como Gabe. “Claro”, ele responde.

Existe um garoto na minha aula de francês. Depois de faltar dois dias, ele aparece pálido na sala, com duas camadas de blusas.

Pergunto à Castiel Novak se está tudo bem, e ele arregaça as mangas das blusas com cuidado para

não

enroscar

nos

fios

de

pontos

que

ele

tem

por

todo

o

braço.

Existe um garoto na minha aula de francês. Hoje ele me trouxe uma flor roxa e um chocolate meio amassado.

Pergunto à ele o motivo disso, e ele me dá um beijo sobre os meus lábios, pedindo desculpas. Eu como o chocolate rapidamente, e quando chego em casa coloco a flor em um copo.

Existia um garoto na minha aula de francês. Eu tentei resumir dele apenas coisas boas, mas tudo o que ele passou perto de mim foi bom – só não o fim da vida dele. Ele tinha 17 anos quando nos conhecemos e ele tinha olhos azuis perfeitos. Seu sorriso sempre foi o mais bonito depois do da mamãe e eu acreditava que a sua clavícula era charmosa.

Perguntei à Sammy como são funerais, e no carro ao caminho do funeral de Castiel Novak ele me explicou que são escuros como dias nublados e chorosos como as gotas que caem desse céu.

Existia um garoto na minha aula de francês. No seu enterro, compareceram apenas parentes e eu, seu único amigo, e meu irmão que me acompanhava.

Perguntei ao corpo de Castiel Novak deitado no caixão escuro se ele está confortável. Eu ainda espero que ele sussurre uma resposta no meu ouvido de noite.

Existia um garoto na minha aula de francês. Eu não sabia o motivo de sua alma ser triste e tão gelada, mas eu sabia que se ele deixasse eu cobri-la como uma mãe faz com sua criança ele estaria corado novamente.

Perguntei à Sammy o motivo do meu coração bater tão forte e o meu estômago doer tanto, e ele me respondeu que aquilo era culpa e saudades e me abraçou até eu deixar de chorar.

Existia um garoto na minha aula de francês. De tudo o que eu poderia ter esperado dele, eu recebi. A sua amizade, a sua voz rouca que ficaria na minha cabeça, uma última imagem de seus olhos e seus sorrisos e a textura dos seus lábios.

Perguntei à mim mesmo, de frente para o espelho, o que eu não havia recebido de Castiel Novak por não ter pedido à ele. Percebi, que mesmo sendo um retardado mental, eu não recebi a coisa mais óbvia de Castiel Novak que eu poderia ter recebido.

A chance de ter ouvido a sua voz em francês.


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Notas finais do capítulo

Gente, leiam minha nova fanfic Sabriel, Boys Don't Cry.