Parei em frente às casas, estava parado diante do número onze; olhei para a esquerda e vi o número dez; para a direita, no entanto, o número era treze. Eu apenas ri, olhando para as casas, uma porta escalavrada se materializou entre os números onze e treze, e a ela se seguiram paredes sujas e janelas opacas de fuligem. Era como se uma casa extra tivesse se inflado, empurrando as suas vizinhas para os lados. A música no número onze continuava a tocar com força. Aparentemente, os trouxas que estavam ali dentro não haviam percebido nada. Subi os degraus de pedra gastos. A tinta preta estava desbotada e cheia de arranhões. A maçaneta de prata tinha a forma de uma serpente enroscada. Não havia buraco de fechadura nem caixa de correio. Peguei minha varinha e toquei a maçaneta, e a porta a minha frente se abriu, passei por ela e caminhei lentamente pelo corredor, “Monstro essa comida está pior que a de ontem!”, ouvi a voz de meu amigo vindo da cozinha, e logo em seguida o barulho de um prato sendo quebrado.

A porta da cozinha foi aberta rapidamente, e Sirius Black surgiu, ele se encontrava vestindo uma camisa preta dobrada até os cotovelos com o símbolo Griffyndor e com uma calça jeans escura que evidencia suas coxas musculosas, sacudo a cabeça tentando tirar alguns pensamentos da minha cabeça, “Tudo bem meu amigo?”, Sirius falou tão próximo de mim, que até me assustei, fiquei observando-o que nem percebi que ele se aproximava “Tudo sim.”, concordei baixinho, ele sorriu “Mas porque devo a honra de sua humilde visita?”, perguntou caminhando em direção a seu escritório, “Só queria conversar.”, falei seguindo-o, assim que passei pela porta, ele a fechou, sentei em uma poltrona, enquanto Sirius servia dois copos com uísque, “Minha prima veio aqui ontem.”, falou entregando-me a bebida, “Tonks?”, perguntei pensativo, ele concordou sorrindo, fiquei encarando-o esperando que ele me contasse o resto da história.

Ele ajeitou-se no sofá o qual estava, “Ela veio falar sobre você.”, falou calmo, acabei engasgando-me com a bebida, “O que ela queria?”, perguntei nervoso, “Saber se você estava disponível.”, falou sério, fiquei em silêncio encarando-o, “E você?”, falei ainda mais nervoso, “Falei que não, é claro.”, Sirius disse maroto, “Ela ficou arrasada, mas entendeu.”, completou bebendo mais um gole do uísque. Fiquei pensativo, Sirius sabia que eu não estava envolvido com ninguém, então por qual motivo, ele mentiria para sua prima, “Porque você mentiu?”, perguntei o olhando sério, “Porque nós vamos voltar.”, ele respondeu bebendo mais um copo do seu uísque.

Fazia seis meses que a guerra tinha chegado ao fim, e fazia seis meses que eu e Sirius tínhamos terminado nosso relacionamento, “Sirius já conversamos sobre isso.”, falei calmo, “Não Remus, você falou sobre isso.”, ele respondeu-me irritado, “Não somos mais aqueles garotos com quinze anos, eu não sou mais nenhum moleque.”, completou se erguendo do sofá e caminhando pelo escritório. Ainda quando estávamos em Hogwarts, começamos a namorar, escondido de nossos amigos é claro, tínhamos medo do que eles iriam pensar de nós, “Eu vou revelar todos os meus segredos” ele falou me olhando, e isso me fez lembrar de um jogo, que ele me ensinou quando éramos jovens.

FLASH BACK ON

Sirius e eu estávamos no dormitório sozinhos, Peter estava comendo algo escondido na cozinha, e James estava com uma alguma garota na sala precisa, “Você quer fazer um jogo?”, Sirius perguntou-me sorrindo, eu estava na minha cama lendo um livro antigo, “É claro.”, falei fechando o livro e o guardando, Sirius levantou-se da sua cama, e não pude deixar de admirá-lo, o quadribol estava fazendo efeito em seu físico, ele usava uma camisa de botões que destacava seus músculos, subi o olhar prestando atenção em todos os detalhes do seu corpo, até que cheguei em seu rosto, e percebi que ele também me observava, tenho certeza que corei, pois ele riu baixinho, “Como é o jogo?”, perguntei nervoso, ele sentou em minha frente e cruzou as pernas, “O nome do jogo é, “Eu vou revelar todos os meus segredos.””, falou maroto, o olhei confuso, “Vamos falar juntos, segredos que mais ninguém sabe. Mas não podemos julgar o outro”, Sirius falou respondendo o meu olhar.

Fiquei nervoso, mas eu não poderia desistir agora, pois assim Sirius saberia que tenho algo a esconder, e faria de tudo para descobrir, como sempre faz, “Tudo bem.”, falei sorrindo, “No três falamos.”, ele disse ajeitando-se na cama, respirei fundo,”1,2,3”, “Tenho medo de palhaços.”, “Eu comi seu chocolate.”, falamos juntos, “Você comeu meu chocolate?”, falei sério, ele gargalhou na minha frente, jogando a cabeça para trás, “Lembra sem julgar o outro.”, falou ainda rindo, cerrei os olhos e concordei, “Vamos continuar.”, ele falou mordendo os lábios, “Sou virgem.”, falamos juntos, nos olhamos surpresos, “Não precisa comentar isso.”, ele falou passando a mão pelo cabelo, concordei, e nos ajeitamos, para assim continuar, “Minha mãe me bateu.”, “Eu tenho medo da noite.”, contamos nossos segredos mais uma vez.

Continuamos por um longo tempo, cada um contando seu segredo, sem que o outro o julgasse, “Agora, é o nosso segredo mais intimo.”, Sirius falou maroto, nesse momento, pensei em desistir, eu não poderia contar meu segredo mais intimo, ele nunca poderia saber, “Pronto?”, perguntou sorrindo, concordei com um aceno, respiramos fundo e falamos, “Eu te amo.”.

FLASH BACK OFF

Eu sei que as mesmas memórias que invadiram a minha mente, também invadiam a mente de Sirius, pois ele me olhava sério, “Eu tenho que ir.”, falei erguendo-me e indo em direção a porta, mas Sirius entrou na frente, impedindo minha passagem, “Diga-me o que você quer ouvir, algo que agradará aos seus ouvidos.”, falou olhando-me, “Eu quero que o mundo saiba sobre nós.”, falei rapidamente, Sirius se afastou, sempre ficamos juntos em segredos, porque tínhamos medo do que os outros iriam pensar ao nosso respeito. Na escola era assim, encontros as escondidas nos armários de vassouras, ou nos banheiros vazios, e por muitas noites, enquanto nossos amigos dormiam, deitávamos juntos em silêncio, apenas ouvindo um o coração do outro, e mesmo depois de anos, ainda vivíamos em segredo. Durante as reuniões da Ordem, tínhamos as trocas de olhares, e sempre que sentávamos juntos, as mãos de Sirius ficavam pousadas em minha perna, enquanto todos dormiam, ele escondido entrava no meu quarto, e dormíamos juntos, como dois amantes que se amam em segredo.

Eu sabia que ele nunca iria assumir para o mundo nosso amor, “Eu tenho que ir.”, falei saindo do escritório, caminhei em direção a porta e fiquei parado, esperando que Sirius me puxasse para si, e selasse nossos lábios com um beijo quente, mas isso não aconteceu, deixei que uma lágrima escorresse, e sai daquela casa.

MESES DEPOIS

Desde meu ultimo encontro com Sirius eu me isolei do mundo, recebi diversas cartas dele, mas eu fui forte e não respondi nenhuma delas. Não saia de casa nem nas luas cheias, tomava minha poção e ficava controlado dentro do meu quarto. Por vários dias eu sempre ouvia batidas na porta, e as suplicas, de Sirius pedindo para que eu o deixasse entrar, mas depois de um tempo ele desistiu. Mas hoje não tenho como continuar me escondendo, é o casamento do Harry, e não posso faltar, vesti o terno que tinha comprado, me arrumei e aparatei onde seria o casamento, “Remus.”, alguém gritou assim que meus pés tocaram no chão, e um par de braços agarrou meu pescoço abraçando-me, “Tonks.”, falei sorrindo, ela estava linda, com um vestido amarelo, até a altura dos joelhos, com o cabelo num verde limão, que era possível de vê-la a metros de distancia, “Você sumiu.”, falou arrumando meu cabelo, “Eu precisa ficar um tempo sozinho.”, respondi baixinho, “Tonks cadê você?”, uma voz chamou nossa atenção, e Sirius surgiu de trás de um arranjo de flores.

Ele estava mais lindo do que nunca, usava um terno totalmente preto, seus cabelos tinham crescido, tentei desviar o olhar, “Tonks, a Mione está te chamando.”, Sirius falou sorrindo para prima, “Tente não sumir.”, Tonks falou beijando minha bochecha e saindo correndo, “Você veio.”, Sirius falou me olhando dos pés a cabeça, eu corei, mesmo depois de anos, sempre que ele me olhava assim, eu ficava completamente nervoso, ele se aproximou e tocou meu pescoço, “Mais uma.”, falou baixinho enquanto acariciava uma das minhas cicatrizes, “Eu machuquei-me na ultima lua.”, falei encarando-o, Sirius trincou os dentes, eu sabia o quanto ele detestava quando eu saia machucado depois das luas cheias.

Ficamos em silêncio, um encarando o outro, “Temos que ir.”, falei quebrando o silêncio, ele concordou, e deu passagem para que eu fosse à frente, ele ficou ao meu lado o tempo inteiro do casamento, me fazendo sorrir, e gargalhar, como a muito tempo eu não fazia, “Senti falta disso.”, Sirius falou durante o jantar, estávamos num canto do salão, “Eu também.”, concordei o olhando, e como de costume, aqueles olhos negros fizeram-me ficar hipnotizados, “Preciso ir.”, falei levantando da cadeira e caminhando entre as pessoas, mas alguém me segurou, Sirius me virou para si, se aproximando, tocando levemente meu queixo, “Eu não vou deixar você nunca mais ir.”, falou antes de selar nossos lábios com um beijo.

Foi como se o tempo tivesse parado ao nosso redor, eu não ouvia mais as vozes dos convidados, nem ao menos os vultos das pessoas dançando ao nosso redor, O toque das mãos de Sirius sobre o meu rosto eram como uma lembrança ocorrendo em tempo real - eu não desejava mais que esse toque se limitasse ao seu rosto, mas que me envolvesse como um todo. Sirius separou nossos lábios, e sorriu me olhando, não pude deixar de sorrir, quando nos demos contas todos estavam nos olhando, entrei em pânico, “Até que enfim, pensei que nunca iriam se assumir.”, Harry falou ao nosso lado rindo, Sirius o olhou com espanto, mas logo em seguida sorrio, e voltou a me beijar, e naquele momento eu soube, que nunca mais iria poder parar de beijá-lo.