Pov. Bellamy Clarke

Não sei quanto tempo perdi mais uma vez, ou exatamente o que me trouxe aqui. È tudo um tanto confuso em minha mente, tenho vagas memórias de uma fuga, Ade, Jake e … Clarke?

Antes mesmo de abrir meus olhos, várias imagens como flash surgem de uma Clarke bem mais bronzeada que normal e fraca. Será tudo isso real? Ou mais uma das minhas alucinações…

Sinto uma mão quente apertar a minha e me estremeço. Sinto um cheiro estranho e ao mesmo tempo familiar, posso jurar que Clarke está ao meu lado, que é ela quem aperta minha mão. Aperto com ainda mais força meus olhos, tentando me ater a essa ilusão. Sinto um beijo no meu queixo bem acima de umas das cicatrizes mais nova, os calafrios se espalham por meu corpo. Ade nunca ousaria fazer algo assim mesmo eu estando desacordado. Se essa não for Clarke não sei quem mais seria.

È quando escuto, aquela voz doce mais uma vez: Clarke…

—Me perdoe, eu nunca mais vou me afastar de você. Nunca mais, eu deveria tê-lo protegido, eu nunca deveria ter ido embora e deixado o homem que eu amo sozinho…

Sorrio automaticamente, mas ainda tenho medo, medo de despertar e nada disso ser de fato real. Sinto um beijo em minha bochecha e abro meus olhos, preciso vê-la para acreditar que não é apenas mais um sonho.

Lá está ela, olhando nos meus olhos, me encarando como se me ver fosse tão irreal pra ela quanto pra mim.

— Clarke… é você? -MInha voz sai mais rouca do que eu gostaria, nada fora do normal depois de mais um envenenamento.

— Claro que sou eu, quem você esperava que fosse.- A loira segura minha mão com ainda mais força e eu sorrio.

— Não é um sonho?

— Sou real, Bell, de carne e osso. Estou aqui e prometo que não vou embora tão cedo.

— Senti sua falta.

— Eu também…Espero que você me desculpe, eu não deveria ter partido, te deixado só, fui tão egoísta… E olha só tudo o que você passou, suas mãos Bellamy, seu rosto… Como ela pode fazer isso? Como eu pude deixar isso tudo acontecer? Se eu estivesse aqui…

— Nada disso importa. Não agora, estou bem, vivo e tenho você bem a minha frente. Não me importo se minhas mãos tem essas cicatrizes horríveis ou se meu rosto não é tão bonito quanto costumava tudo o que importa é que não é uma ilusão, pela primeira vez em meses eu te vejo…- Passo minha mão por seu rosto. Sinto sua pele estremecer pelo contato e sorrio com tanta alegria que não me controlo, sequer penso no que estou fazendo, só termino nossa distância e a beijo.

Passo minhas mãos por seu pescoço, me deixando levar pelo momento. Clarke me corresponde com a mesma força, não consigo respirar, mas não me importo. Nâo quero me afastar, quero uma vida assim somente eu e ela. Sem Lexa, ou qualquer um que pudesse nos atrapalhar. Deslizo minhas mãos por seu corpo, ainda sem acreditar, ela segue meus movimentos e eu sorrio parando o beijo por alguns segundos.

Passo minhas mãos em seus cabelos e encosto meu nariz no seu. Tudo parece um sonho. Clarke direciona seus lábios no meu, mas eu a impeço de continuar.

— Obrigada, Clarke… Por estar viva e aqui do meu lado. Não sabia quanto mais eu podia suportar preso com Lexa.- Meus momentos com Lexa surgem em minha mente, mas eu os afugento, pensar neles me faz mau. Clarke não precisa saber de nada disso.

— Obrigada por me esperar… E me desculpe por demorar, por te deixar…

— Não importa, nada mais importa.- A beijo de novo, mas sou interrompido por Ade.

— Desculpa, gente. Não..- Seu rosto está vermelho como um tomate. Todo incomodo passa e eu rio com certeza a morena não esperava por essa.

— Pode entrar, Ade…

— Eu só queria checar suas feridas, Bell. Desculpa incomodar.

— Não é incômodo nenhum. Cuide bem dele!- Fala Clarke se levantando.

— Aonde você pensa que vai?

— Ao banheiro. Por que a pergunta ? Não posso mais?

— Se eu disser que não o que acontece?- Penso em responder algo, mas me lembro de Ade e acabo por não dizer nada.

— Cuide bem dele. Estou de olho.- Se eu não conhecesse Clarke muito bem poderia jurar que isso é ciúmes. Ade dá uma olhada em minhas feridas e me obriga a comer um pouco da sua sopa.

— Me desculpe, tá bom? Não queria atrapalhar nada…

— Eu sei, não acho que você esperasse que algo pudesse estar acontecendo afinal eu sequer estava acordado na última vez que me viu.

— E isso nos leva a uma outra questão. Não acho que seja o momento de você… bem você fazer coisas… com a Clarke, entende?- Seu rosto está ainda mais vermelho do que antes e eu gargalho. Adelaide é tão... inocente.

— Você diz… sexo?

— Sim. Querendo ou não você acabou de ser envenenado, isso além de tudo o que você passou nos últimos meses. Acho que você deve ir com mais calma.

— Se é assim que você quer posso tentar, está bem? Não se preocupe mais comigo, Ade. Eu estou bem agora.

— Sinceramente não acredito. Da tortura física eu acredito que você possa já estar curado, mas agora todo o resto. Tudo o que Lexa te fez fazer, Clarke precisa saber de tudo isso e te dar tempo.

— Clarke não precisa saber de nada. Não quero que ela nem ninguém saiba o que tive que fazer para me livrar daquela prisão. Essa é a última coisa que te peço depois de tudo, agradeço por tudo que fez por mim, porém imploro a você não conte a ninguém a respeito.

— Sou sua amiga, Bell e enquanto isso for o melhor pra você não contarei a ninguém.

— Isso não é o suficiente e você sabe disso.

— Prometo Bellamy, seu segredo é meu segredo.

— Perdi alguma coisa?- Fala Clarke ao se sentar na cama ao meu lado com um olhar desconfiado.

— Nada. Só estava dando uma bronca em Bellamy. Ele ainda está muito fraco para certas coisas.

— Acho que ele melhor do que ninguém sabe o que é melhor pra ele. - Clarke é rude e eu não entendo porquê não é como se Ade tivesse dito algo ameaçador.

— Se vocês me dão licença, acho que só resta a vocês dois descansarem e aí poderemos partir pra Jaha.

— Não precisava ter sido grossa.- Digo assim que Adelaide se retira.

— Não fui. Ela que estava se intrometendo onde não devia.

— Se não te conhecesse juraria que você está com ciúmes.

— E se eu estiver? Mas falando sério o que diabos essa garota desconhecida tem haver com o que você faz ou deixa de fazer?

— Se estiver eu vou ficar todo bobo, mas isso não te dá o direito de ser grosseira, ok? Se estou vivo, é graças a ela, você não tem ideia da quantidade de ferimentos que ela limpou e das vezes que ela contra as ordens da Lexa me alimentou. Não sei se estaria vivo se não fosse por ela, por isso o mínimo que você pode, deve e precisa é ser educada.

— Você também não precisa ser grosso, sabia?

— Desculpa, eu só… Adelaide foi tudo pra mim esses meses e eu preciso que você entenda isso.

— Já entendi.- O resto do dia passa de forma arrastada, Clarke não parece ter entendido o que quis dizer e mau fala comigo. Se diz cansada e vai dormir, apesar de preocupado todo meu cansaço me domina e eu caio no sono mais uma vez.

Pov Clarke Griffin

Tudo parece um sonho. Bell abre seus olhos bem na minha direção e me beija, do modo que eu venho desejando a meses, mas a morena que se diz sua amiga nos interrompe. Ela parece envergonhada, mas não consigo confiar, algo me diz que o interesse dela por Bellamy é bem mais profundo que o Bell percebe. Por que diabos ela aceitaria ajudá-lo em uma fuga se não fosse esse o caso?

Me afasto quando ela diz que quer examiná-lo, só porque preciso espairecer e tirar essa ideia maluca de minha cabeça. Os dois não tiveram nada se tivessem tido Bellamy teria falado algo. Quando retorno Bellamy ainda conversa com ela, o que me irrita, qual a necessidade dela ainda estar no quarto? A morena teve tempo o suficiente para examiná-lo mais de quatro vezes se quisesse.

Sou rude e mau educada com a mesma, o que aparentemente não agrada Bellamy. No fim contas essa garota desconhecida teve um papel muito mais importante vida dele do que eu imaginava. E mais uma vez me culpo, se eu estivesse aqui tudo teria sido diferente. Bellamy nunca teria precisado dela.

Quando o moreno adormece, eu saio do quarto. Preciso conversar com Adelaide entender melhor tudo o que aconteceu, seu papel nessa história e principalmente seus sentimentos por Bellamy.

— Podemos conversar, Adelaide?- Falo interrompendo o diálogo dela com Jake.

— Claro.

— A sós.

— Já entendi, Princesa dos Sky. Queria ficar um pouco lá fora de qualquer maneira.

— Vou ser bem direta. O que você quer com o Bellamy?

— Como assim?

— Eu não sou boba. Algum motivo você teve para ajudá-lo nessa fuga, trair todo seu povo por um dos sky people. Ninguém faria isso por nada.

— Não foi por nada. Eu vi todo o sofrimento de Bellamy, ele se tornou meu amigo. Além do mais sempre odiei Lexa, a comandante sempre foi uma líder impiedosa até mesmo com seu próprio povo. Sabe, Clarke eu tinha um irmão, ele era o único familiar que me restava, Lexa sabia disso, sabia de todo o contexto, mas não se importou de entregá-lo a morte.

— Me desculpe eu não sabia…

— Óbvio que não, pois nem se importou em me conhecer antes de me julgar.

— Só me diz uma coisa você sente algo por Bellamy?

— Defina algo, Clarke. Ele é meu amigo, meu melhor amigo. O assisti gritar por sua ajuda por meses e ninguém aparecer, eu vi Lexa fazer todo tipo de tortura e ele resistir por amor a você. O tempo passava, mas tudo sempre o levou até você, ao dia em que ele poderia te reencontrar, estou em feliz em tê-lo ajudado se é o que quer saber. Não vou dizer que não sinto nada, pois estaria mentindo, contudo não tentarei nada, não é a mim que ele ama dessa maneira. Não sou uma inimiga, Clarke. Isso é algo que eu posso lhe prometer.

— Eu só queria deixar isso claro. Desculpa se eu fui mesquinha e ciumenta.

— Você só estava se assegurando. Eu faria o mesmo, só peço uma coisa: cuida dele. Bellamy se faz de durão, mas não vai ser fácil superar o inferno que ele viveu naquela aldeia.

— Soa exatamente como Bellamy.