O Bilhete escrita por Kaline Bogard


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Não foi betada. Ignorem os erros, a culpa é do corretor ortográfico do Word.

Personagens levemente OOC, mas é para combinar com o Universo Alternativo. Estou me arriscando em um fandom novo e muito fora da minha zona de conforto. Vamos ver no que vai dar! :D

Boa leitura!



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O Bilhete

Kaline Bogard

Violetta conquistara muitas coisas em sua vida. Descobrira a paixão pela música e a voz impressionante que herdara da mãe. Algo que mudara seu destino e a fizera ver o mundo com outros olhos. Graças à música conhecera pessoas novas e solidificara amizades que seriam para a vida toda.

Mas tinha apenas uma coisinha que não a satisfazia. Seus dois grandes amigos desde o Jardim da Infância: Diego e Tomas.

Sim. Os três eram melhores amigos desde que podia se lembrar. Andavam sempre juntos e ganharam o apelido de “Trio Dourado”. Sabia que Tomas era chamado de “Hermione” pelas costas, já que era tão estudioso!

Falando nisso, as diferenças entre os três eram impressionantes! Violetta era uma garota animada, brilhante, um tanto superprotegida pelo pai e solitárias vezes. Diego era o típico Bad Boy, desde pequenino tinha um gênio indômito, bravio, jeito que se refletia nas roupas que usava. E Tomas... ah, o garoto era o sonhador, com aquele ar distante e meio inocente, sempre confiante no melhor das pessoas.

Tão diferentes entre si, mas ligados por aquele vazio inerente ao existir. Um forte laço se criou entre eles e a amizade floresceu e cresceu no decorrer dos anos.

Agora estavam em 2015. O último ano do Colegial. Faltavam dois meses para se formar e o futuro era incerto. Talvez se separassem, trilhando caminhos diferentes. E, em todo aquele tempo, Violetta fora mera expectadora assistindo a amizade entre Diego e Tomas transformar-se em algo mais... algo que os dois se recusavam a aceitar e assumir.

Estavam apaixonados!

Naquele jeito de menino rebelde, todos os atos de Diego para com Tomas tinham um ar de cuidado, de carinho... e Tomas devolvia a afeição com seu jeito de garotinho perdido... um par tão contrário e tão perfeito. Como pólos opostos de um imã, unidos por irresistível magnetismo.

Diego, apesar do gênio forte, era bonito e charmoso. Não poucas garotas tentavam a sorte se declarando. E ele ficava com uma ou outra, aproveitava o que podia, sendo aquele egoísta. Todas impiedosamente descartadas, sem a menor chance de relacionamento sério, tão logo se cansava delas. Tomas, com seu jeito meigo, também atraía pretendentes. Mas não tinha olhos para ninguém. Sua mirada seguia uma única direção.

Foi então que, em um arroubo de coragem, Violetta resolveu interferir. Numa sexta-feira de fim de semestre escreveu dois bilhetinhos, disfarçando com letras de forma. Enfiou um entre as coisas de Tomas e o outro escondeu na primeira página.

Era só deixar as coisas rolarem. Um pequeno empurrãozinho do destino.

D&T

Diego chegou ao Café um tanto mal humorado. Estava curioso sobre aquilo, claro. Recebera um bilhete muito suspeito, não completamente anônimo. Marcava um encontro naquele lugar e terminava com “Gosto muito de você, T.”.

Quem poderia ser “T”?

Alimentava uma pequena esperança de que fosse... não. Não poderia ser. Melhor nem pensar naquela probabilidade. Ajeitou a jaqueta de couro, fechando-a ao redor do corpo. Passou a mão pelos fios de cabelo escuro e respirou fundo, entrando no Café.

No mesmo instante os lhos caíram sobre uma pessoa conhecida. Era ele mesmo, seu grande amigo Tomas, sentado de costas para a entrada. Em qualquer lugar o reconheceria, usando a blusa preferida de algum super herói nerd, os fios escuros sempre bem penteados. E ao redor dele, aquele ar de desamparo que eram como pontos fracos nas defesas de Diego.

Então fora ele mesmo que enviara o bilhete...

Seria possível? Havia alguma chance de que Tomas correspondesse aos seus sentimentos? Sufocara a paixão por tanto tempo, por medo de perder aquilo que chamavam de amizade... o simples pensamento de ter uma chance com o garoto o fazia suar frio em expectativa.

Corajoso foi sentar-se a frente dele, na cadeira vazia.

— Tommy? — lançou em forma de cumprimento.

Tomas se sobressaltou. Estava tão distraído que não notara a aproximação sorrateira.

— Diego! — exclamou sem jeito. Estava claramente perdido, como se não esperasse que o outro fosse realmente até ali.

Nesse momento uma garçonete aproximou-se querendo anotar os pedidos. Grato pela interrupção, Tomas pediu uma grande caneca de Cappuccino. Diego preferiu uma Coca-cola bem gelada. E uma cesta de paezinhos de queijo para dividirem.

Enquanto aguardavam, um silêncio confortável se instalou. Eram amigos, no fim das contas.

Diego aproveitou para observar o outro garoto e sua paixão secreta de longa data. Tomas parecia feliz. Tinha um sorriso singelo, quase satisfeito. Não se arrependeu de estar ali. Parecia uma chance de fazer tudo direito.

Só depois que o pedido foi trazido pela garçonete tiveram coragem de retomar o assunto. E foi Diego quem tomou a palavra, naquele seu jeito peculiar. Não tinha fama de Bad Boy só por causa das roupas. Podia ser bem grosseiro e desagradável às vezes.

— É isso então? Cansamos de fingir?

Tomas ergueu os grandes e desamparados olhos, fitando Diego com certo ar perdido.

— Você sabia dos meus sentimentos?

— Não. Eu estava cego pelo que eu mesmo sentia. Nunca pensei que tivesse uma chance. E aqui estamos nós.

Tomas sorriu um pouco mais confiante, soprou a bebida quente antes de dar um gole pequeno.

— Isso é meio embaraçoso...

Diego deu de ombros.

— Inesperado? Sim. Algo que pensei inalcançável? Sim. Embaraçoso? Não. Nem um pouco, bobão.

A ofensa infantil fez Tomas rir e relaxar. Ele olhou fundo nos olhos do amigo, devolvendo a mirada profunda.

— Quem fala! O bobão maior que sempre me pede cola na prova!

— E você passa todas as vezes!

O outro corou e olhos, encabulado:

— É assim que nós somos, hum? Você me tira do bom caminho!

Diego deu uma risadinha debochada, recostou-se na cadeira. Então levou o refrigerante aos lábios e deu uma grande colada, sem desviar os olhos de Tomas em momento algum. Adorou ver como seu rosto corou ainda mais, ficando todo acabrunhado.

— Gosto de você — se viu confessando assim que terminou de beber — Um bocado, Tommy.

Direto como sempre. Guardara o sentimento fundo em seu peito, incapaz de acreditar que seria correspondido. E ali estavam eles, em algo que sonhara impossível.

— Eu... também gosto de você. Não sei desde quando, mas...

Não completou a frase. Não precisava. O que guardava no coração era reflexo gêmeo do que ia no coração do próprio Diego.

— Vamos tentar? — lançou a queima-roupa.

Foi tão espontâneo que fez Tomas piscar duas vezes, tentando compreender.

— Tentar?

— Namorar, Tommy — Diego girou os olhos.

O outro garoto engoliu em seco. Às vezes esquecia como seu “amigo-quem-sabe-futuro-namorado” era direto! Balançou a cabeça para cima e para baixo, em uma muda concordância. Os olhos brilharam, revelando o quanto estava feliz. Diego também guardou silêncio. A felicidade que o dominou era igual.

Terminaram de comer e dividiram a conta. Assim que saíram do Café a mão de Diego procurou pela de Tomas, entrelaçando os dedos de ambos. Recebeu um apertão carinhoso em troca, que espalhou um calorzinho agradável por seu corpo. Sentiu-se bobo. E alegre.

Era assim que os apaixonados correspondidos ficavam? Que patético! Que agradável...

Caminharam lado a lado, ombro roçando contra ombro, até uma praça próxima dali. O lugar estava deserto àquela hora, final de tarde. Isso deu coragem a Diego. E o garoto pouco se importava com convenções socais, obviamente.

Ele parou de frente para Tomas, que não compreendeu a atitude. Demorou meio milésimo de segundo para a ficha cair. Assim que Diego passou a mão por sua nuca e o puxou para um beijo. Os lábios se encontraram, vorazes. Foi quente. E um tanto desastrado. O primeiro beijo de Tomas! E com o garoto que amava desde sempre... por sua inexperiência deixou que Diego dominasse e ditasse o ritmo, tentando acompanhar a língua afoita que desvendava cada pedacinho da sua boca.

Ao se afastarem estavam sem ar, os lábios vermelhos, úmidos e inchados. O coração disparado e os rostos tingidos de rubor quase inocente. Crianças ainda, na arte de amar.

Diego puxou o rapaz para um abraço, aconchegando-o com força. Não permitiria que ele saísse dali nunca! Nunca! Nem Tomas queria estar em outro lugar. Depois de todos aqueles anos estavam juntos finalmente.

Graças a um simples pedacinho de papel.

Fim

— Tommy, obrigado por sua coragem. Se não tivesse me mandado o bilhete talvez nunca ficássemos juntos.

— Do que você ta falando, Diego? Você que me mandou um bilhete!

Os dois se entreolharam, confusos. Então compreenderam a verdade.

— VIOLETTA! — disseram ao mesmo tempo.

Seriam gratos a ela para sempre!


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Notas finais do capítulo

É isso!

Espero que tenha gostado e até a próxima :3