Encantada escrita por SBFernanda


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Um pouco (muito) atrasada, estou chegando com o capítulo 8, com a tão esperada overdose de NaruHina.

Antes de tudo, quero agradecer a "hinadiva", "UzumakiHyuga17", "Jackhina", "Ravena Krane", "Isa" e "Petniss2" pelo comentários. Obrigada pela grande força sempre.

Esse capítulo é dedicado a minha linda UzumakiHyuga17, que mandou a linda recomendação e também é uma das que mais morrem com tanto NaruHina, espero que goste.

Enjoy!

*Capítulo ainda não revisado, pode conter alguns erros.



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Capítulo 8

Aquele dia passou muito mais lentamente do que nenhum outro. Tinha feito planos em sua mente a caminho de casa, mas não poderia abrir mão de suas obrigações para com seu pai e, inclusive, com suas flores. Por isso seguiu o seu dia com a mesma rotina de sempre, apenas parando um pouco antes de sua mãe o chamar para o jantar. Tinha conseguido falar com Hinata também, o que ajudara a completar seu plano.

Enquanto jantavam, Naruto contara sobre o trabalho da faculdade e que, por ter conseguido fazê-lo, agora não precisaria se preocupar com a prova daquela matéria, apesar de achar uma das mais fáceis, por ser algo que ele já tinha em seu dia-a-dia. Quando contou sobre seu professor ser também um Watanabe, sua mãe ficou animada para conhecê-lo e demorou um pouco para acreditar no que o filho descobrira, até ele revelar que o próprio professor desconfiara de algo assim.

Kushina ficou um pouco agitada ao saber disso, se dizendo estar traída e enganada, pois acreditara fielmente na família que era tão amiga. Minato, com seu jeito calmo e gentil foi quem conseguiu acalmar a mulher e no fim, ela se disse arrependida de ter julgado tão mal a família Hyuuga. Foi ao fim deste acontecimento que Naruto avisou que sairia.

– Onde você vai hoje de novo? – todo aquele “ar” calmo de Kushina se fora.

– Amanhã não tenho aula. – Naruto afirmou, já de pé.

– Ainda assim. Você é meu filho e mora aqui comigo, me deve satisfações. – em outras ocasiões como aquela, Minato já tentara interceder pelo filho, mas o resultado era sempre desastroso.

– Faz com que eu me sinta um menino às vezes, sabia mãe? – Naruto murmurou e deu de ombros em seguida. – Vou visitar uma... amiga... no hospital.

– Quem? O que ela tem? – agora, em vez de desconfiança, Kushina parecia estar preocupada.

– Não conhece. – afirmou o loiro indo em direção à porta. – É uma pessoa que eu perdi o contato, mas... descobri ontem que ela está no hospital e... fiquei de ir lá.

– Quem é, Naruto? – sua mãe ameaçava levantar e ela o seguiria se ele não dissesse logo. Por isso, abriu a porta e estava já do lado de fora quando revelou.

– Hinata Hyuuga. Até mais tarde. – mal terminou de falar, bateu a porta e se apressou até a caminhonete. Sabia que sua mãe estaria em um momento de choque que não duraria mais do que alguns segundos, mas eram os segundos que ele precisava.

Por sorte tinha pedido a Hinata que já estivesse no carro quando desse o horário combinado, por isso apenas pulou pra dentro do mesmo e deu partida, no momento exato que sua mãe decidira ir atrás dele em busca de respostas. Ela poderia esperar, mas ele não. Não poderia ir visitar Hinata tão tarde e por sorte Neji afirmara na noite anterior que deixaria o nome dele disponível para visitar a Hyuuga. Combinara com Hinata, sabia que ela queria ir, mas não tinha muita certeza se aquilo era o certo, pois seria o corpo da morena que veriam. Não tinha certeza se estava pronto.

– Você parece nervosa... – aquele era um comentário idiota, ele percebeu assim que falou. Afinal, ela veria a si mesma em coma.

– É, um pouco. – murmurou a morena, dando um suspiro. – Será que... será que vou acordar? Eu estava pensando se há algo que possamos fazer.

– Vamos estar lá. Vamos tentar o que pudermos. Só espero que Neji não esteja lá, ou então não vou poder falar com você. Vai ser um saco. – ele soltou aquilo naturalmente, mas fez com que a morena o olhasse pelo canto dos olhos com um pequeno sorriso no rosto. – Ei, Hinata... por que está com essa roupa?

– E-eu não sei... – mais uma coisa que ela não se lembrava. – Podemos perguntar ao Neji se eu estava em uma festa, sei lá.

– É, isso parece mesmo um vestido de festa... e uma festa bem chique. – comentou o loiro, lançando um olhar rápido pelo longo vestido e novamente para a estrada. Ele abriu a boca para dizer algo, mas mudou de ideia, dando de ombros.

Hinata ficou visivelmente curiosa com o que ele poderia dizer, mas também se calou, se concentrando na estrada que passava. Por vezes Naruto se pegava desviando o olhar para ela e quando percebeu tal coisa, se perguntou por que fazia aquilo. Não achou resposta, mas talvez, apenas talvez, tivesse se tornado amigo daquela estranha menina que conheceu de modo ainda mais estranho.

Ainda em silêncio, quando Naruto parou o carro no estacionamento do hospital, ambos seguiram para dentro do mesmo e Naruto apenas parou quando chegaram a recepção. Passou o nome de Hinata, dizendo o próprio em seguida e sendo direcionado, com a informação, para o quarto 107. Não havia ninguém lá, a enfermeira informou, mas ele poderia ficar até no máximo às 22h, como havia sido o combinado pelo “Sr. Hyuuga”. Naruto duvidava que fosse Hiashi de quem a mulher se referia e se perguntava o quão conhecido Neji já era como herdeiro.

Só quando se virou para ir para o quarto foi que o Uzumaki percebeu que Hinata não estava mais do seu lado. Ao longe, viu o vestido dobrar o corredor. Apressada, Hinata não o esperara e agora Naruto tentava seguir para o quarto o mais rápido que podia sem chamar atenção. Infelizmente, teve de esperar o elevador. No andar seguinte, apressou-se pelos corredores vazios e entrou rapidamente no quarto correto. Foi ali que ele realmente a viu, mas preferia que não o tivesse feito.

O corpo de Hinata estava ligado a muitos aparelhos. Não precisava de nenhum que lhe ajudasse a respirar, o que poderia ser um bom sinal, mas ainda assim, havia soro e muitos outros aparelhos para controlar a atividade cerebral, principalmente, esta que estava caindo, pelo o que Naruto podia perceber. Nada bom. E ele percebeu que Hinata também estava a prestar atenção nisso enquanto se olhava, se analisava.

Quando enfim os olhos azuis do loiro encontraram o rosto da menina na cama, ele sentiu, pela primeira vez, um leve arrepio. Aquilo era tão estranho que chegou a dar dois passos para trás e em seguida desviar o olhar para a Hinata que conhecia e falava, mas o olhar dela ainda estava preso em seu corpo.

– Eu estou pálida, abatida... estou morrendo. – constatou. Na verdade Hinata não falava com Naruto, falava consigo sobre aquilo.

– Mas você... – Naruto murmurou, meio atônito. Tinha medo de olhar para o corpo dela e sentir aquilo de novo. Porém se obrigou a fazê-lo. - ... você é linda, Hinata.

Aquilo pegou tanto a morena desprevenida que no mesmo instante ela corou. Naruto conseguiu desviar o olhar apenas alguns instantes depois, quando percebeu que ela estava se movendo para longe, para se sentar no pé da cama. Ele, aproveitando a deixa, se sentou em uma poltrona ao lado.

– Queria que se lembrasse de algo. Algo sobre você... é tão estranho não te conhecer e ainda sim te ver...

– Eu gosto da flor que me deu. – ela soltou sem pensar. Ao perceber, desviou o olhar e corou, sorrindo ainda assim. – Gostava de dançar, também. Eu me lembro disso. – suspirou e novamente seu olhar foi para Naruto. – Lembro que estava fugindo de algo, mas não sei o que.

– Será que sofreu algum acidente enquanto fugia? – ele murmurou, pensativo. Nem mesmo notara que uma enfermeira entrara ali e o ouvira refletindo.

– Oh, desculpe... – ela falou e Naruto e Hinata pularam onde estavam. – Acho que não sabe o que houve com a senhorita não é? Hm... ela não acordou mais, apenas isso. Bem, foi o que o Sr. Hyuuga disse ao trazê-la, que ela não acordou. Sem acidentes, nada. Os exames dela estão normais, exceto pela atividade cerebral que tem caído... Vim exatamente ver isso. – e como que para provar, tirou a ficha de Hinata da cama, onde ficava e começou a anotar dados que nenhum dos dois ali entendiam.

Naruto olhou para Hinata um pouco alarmado, ainda pego de surpresa por aquela entrada silenciosa. Se perguntava se ela ouvira algo mais além daquilo. Talvez um rapaz louco que estava conversando sozinho. Mas a mulher nada disse e ele preferiu não o fazer, tampouco.

– É o primeiro que vem visita-la sem ser os da família. Ela tem uma família bem grande. – comentou a mulher, aparentemente tentando puxar assunto.

– É... sou um amigo... não sabia que isso tinha acontecido até ontem. – murmurou o loiro, um pouco constrangido.

– Um amigo? – o olhar desconfiado foi lançado para Naruto, mas então ela o desviou. – É realmente uma bela moça, não é mesmo? – Naruto apenas acenou, mas seus olhos tinha seguido para o rosto de Hinata também e como antes, um arrepio lhe passou o corpo. – Espero que ela acorde logo e que possa ficar mais tempo com sua... amiga.

O modo como ela falou “amiga” deixou algo subtendido que fez tanto Hinata quanto Naruto corar. O loiro corar era novidade. Talvez tivesse ficado ainda mais sem graça por ter ficado daquela forma, tanto que coçou a bochecha e desviou o olhar e o rosto até ter certeza que não estava mais assim. Se levantou em um pulo, decidido a quebrar o silêncio que se instaurara ali.

– Anda, vamos, não vamos perder tempo. – recebeu como resposta àquilo um olhar confuso de Hinata. – Vamos ver se conseguimos te acordar.

Concordando com a cabeça, fez menção de se levantar, mas não o fez vendo o loiro acenar para ela ficar ali.

– Deite-se sobre seu corpo. – ela pareceu confusa novamente. – Sabe, como se fosse fazer o espírito entrar. Vamos lá... – ele a incentivou e no mesmo instante, um pouco enrolada com o vestido, Hinata o fez.

Por um instante pareceu estar dando certo. A morena sumiu em seu próprio corpo e cobertas que estavam ali dispostas. O som de um coração mais forte ecoou, assim como em vez e descer, subiu a atividade cerebral.

– Ta funcionando. – exclamou o loiro, mas foi ele dizer isso, Hinata se levantou, sentando-se na cama e olhando. E tudo voltou ao que era antes. – Não! Volta, volta! – e novamente ela fez, mas nada mudou agora. Talvez ela precisasse acreditar? Naruto espantou aquele pensamento ridículo e deixou-se abater por um falso sinal.

– É, acho que não... – murmurou a morena, saindo da cama e ficando ao lado dele. – Será que... estou desconectada do meu corpo? – fora um pensamento rápido que passou por sua mente e ela não conseguiu evitar verbaliza-lo.

– Não acho que esteja... – murmurou o loiro. Ele ainda não tinha se decido se acreditava naquelas coisas, mas se estava passando por aquilo e estava decidido a ajudar, precisava admitir que acreditava. – Fique de costas. – ele pediu. – Quero testar algo, por favor. – um pouco relutante ela se virou, olhando para o outro lado do quarto enquanto Naruto se aproximava do corpo dela.

Demorou alguns segundos mais do que pensara para conseguiu o fazer, mas então enfim pegou a pequena mão de Hinata. Uma pele alva e macia, muito macia. Ela não devia trabalhar na terra como ele, claro, pela casa ele apostava que não fazia nada ali e por isso tinha tais mãos que o fizera apertar ali devagar. Com o polegar, lhe acariciou as costas da mão. No mesmo instante ouviu a moça arfar e virar-se, vendo aquela cena.

– Eu senti isso! – ela soltou, surpresa. – Juro que senti isso. – e dava para perceber por ela segurar a mesma mão junto do peito.

– Viu? Não está desconectada de seu corpo. Apenas não sabemos ainda como fazer você voltar pra ele. Nossa, como isso é estranho! – ele riu, porque era a coisa mais estranha de se dizer para alguém que apenas ele via. Muito estranho.

– Acha que há uma forma? – a voz baixa agora estava esperançosa, mas até ele estava, não podia dizer o oposto.

– Eu acho que sim, espero que sim. Podemos tentar lhe conectar cada vez mais... eu não sei, podemos vir sempre aqui lhe ver.

– Mas você... você tem coisas pra fazer.

– Eu dou um jeito, sempre dou. – disse o loiro, dando de ombros e abrindo um grande e brilhante sorriso.

– As pessoas vão pensar coisas... como a enfermeira. – dizendo aquilo, Hinata corou e Naruto quase.

– Ah, quando você acordar a gente arruma isso. No fim das contas, acho que vamos ser amigos mesmo, você não? – e isso era algo que nenhum dos dois poderia negar. Hinata sorriu e Naruto fez o mesmo.

Não demorou muito mais, a mesma enfermeira veio lhe avisar sobre a hora e Naruto se levantou. Sabia que Hinata ficaria se pudesse, mas já que não... Virou-se, pronto para sair, mas como que para provocar a enfermeira, o loiro voltou e se inclinou, dando um breve beijo na testa do corpo de Hinata. Esta, observando a cena agora, levou a mão até o local, surpresa e ambos ouviram a enfermeira dar uma risada baixa.

Enquanto dirigia, percebia que Hinata evitava olhar ou mesmo falar com ele. Sempre que passavam sob uma área iluminada, percebia que as bochechas da menina ainda estavam coradas. Talvez, pensou, não devesse ter agido daquela forma, mas agora estava feito e no fundo, não se arrependia.

– Ei, Hinata... – a chamou depois de algum tempo. Estavam quase chegando em sua fazenda agora. – Você gostaria de ir comigo na cidade, sabe... vizinha? Vou lá semana que vem, para poder vender as minhas flores, como sempre faço.

– Quer que eu vá com você? – ela parecia não acreditar naquilo.

– Bem, se você quiser... – ele disse. Pensou em dizer que deveria ser chato ficar presa na fazenda, mas a verdade é que seria bom viajar com alguém, para variar.

– É... claro, eu adoraria. – se possível ela pareceu ainda mais corada, mas também muito mais feliz pelo sorriso que dava ao loiro que intercalava o olhar dela para a estrada da fazenda.

Assim que parou o carro, Naruto percebeu que teria de falar com a mãe antes de ir dormir, isso porque as luzes da casa ainda estavam acesas. Naquele instante ele queria não ser visto por mais ninguém que não Hinata, seria muito bom. Mas já que não podia ele simplesmente se despediu dela, que perguntou se podia ficar ali dentro. Apesar de estranhar aquilo, acenou afirmando e saiu, dando um breve olhar para ela, que acenou timidamente. Mal passou pela porta, sua mãe estava de pé, com as mãos na cintura e seu pai sentado, com um olhar cansado.

– Não podia deixar isso pra amanhã, mamãe? – murmurou Naruto, com um bico.

– Claro que não! Desde quando você é amigo de uma Hyuuga? Eu nunca ouvi você falar disso, ou mesmo falar dela. E mais ainda, o que estava fazendo lá até agora? Era por isso o interesse todo nos Hyuuga? Você não podia ter dito antes? Anda, responde logo, Naruto!

– Você não me deixa responder, mãe, logo vem com outra pergunta. – coisa errada para se dizer, pois agora Kushina estava ainda mais raivosa. – Olha, eu estudei com Hinata há muito tempo, mas a gente acabou perdendo um pouco o contato. Você não sabe dela porque não andávamos muito juntos, como eu Sasuke e Sakura, só isso. Mas não deixou de ser minha amiga. Além do mais eu nem sabia da sua implicância com a família dela. E mais... – Naruto se jogou na poltrona na frente de onde o pai estava sentado. – Kiba engravidou a irmã mais nova de Hinata.

Aquilo sim foi uma surpresa que fez até mesmo Minato se arrumar na poltrona. Nem ele acreditava naquilo. Sua mãe então... ela não parava de fala, tão rápido que nenhum dos dois homens entendia.

– Pois é, foi assim que descobri que Hinata estava no hospital. Ele me pediu para ir com ele, aquele frouxo, e acabei perguntando a Neji como estava Hinata e bem... – ele deu de ombros.

– Nossa, a mãe de Kiba sabe? Ela irá mata-lo. – naquele momento Kushina se controlou para saber uma resposta. Naruto negou, até onde sabia, ninguém mais tinha conhecimento daquilo. – Mas e essa menina, Hinata... como ela está?

– Ela está em coma, mamãe. – aquilo também pegou Kushina de surpresa – Eu sei, é meio idiota ficar visitando alguém que não responde, mas Hinata é... não sei, ela merece uma atenção, mesmo estando assim, e pelo que vi fica lá sozinha. – ele estava pensativo, falando e também não se lembrando que era com seus pais. – Eu só quis fazer companhia, não sei... acho que tinha esperanças de ela acordar, de tudo não passar de uma falta de companhia, talvez.

Os pais do rapaz o observavam atentamente, tinham um certo interesse e era a primeira vez que Kushina permanecia em tamanho silêncio. Nenhum dos dois tinha visto Naruto agir daquela forma, ou mesmo falar algo assim. Nem mesmo ele sabia como aquilo começara, mas a verdade é que com todo o seu jeito hiperativo, Hinata conseguia lhe trazer a paz de alguém que percebia que não precisava de tanta pressa e aquilo o agradou muito.

– Se me permitem, vou dormir agora. – disse, ficando desconfortável ao notar como os pais o encaravam. Se levantou e já estava subindo as escadas para o quarto quando ouviu sua mãe:

– Mas o que aconteceu a ela para estar em coma, Naruto?

– Ninguém sabe, mamãe. Ela apenas não acordou mais. – dizendo aquilo, um pouco mais triste do que tentava não demonstrar, Naruto seguiu para o quarto. Kushina, após ouvir o filho, levou as mãos ao peito, em direção ao coração e então olhou para o marido com os olhos cheios de lágrimas.

...

Como havia prometido para a menina, e mais ainda para si, Naruto passou a semana seguinte visitando Hinata no hospital. Seus pais estranhavam aquilo, mas Naruto ignorava os olhares que lhe eram lançados e seguia para o local. Hinata parecia confortável perto de si mesma, e depois de dois dias ela começava a ter flashes do que os dois desconfiavam ser lembranças.

Ela se lembrou de quando fugira de casa à noite com a irmã, para poderem ver o cometa passar, coisas que resultara em uma pequena festa na cidade. Lembrara-se da mãe e também do pai. A relação entre os familiares era sempre muito cortês, ela explicara a Naruto após lembrar-se, eles não eram rudes, mas também não gostavam muito de demonstrar sentimentos, não tinham essa facilidade. Hinata puxara a mãe, que era o oposto disso e justamente por esse motivo, sofria querendo algo que não podia. Quando chegou neste ponto, Hinata descobriu que não conseguia forçar sua mente a lembrar-se e desistiu.

Ela se lembrou também de como ela e a mãe viajavam horas e sempre voltavam com flores e chocolates. Lembrara-se que fora assim que conhecera a sua flor preferida e que sua mãe passou a lhe dar sempre desta. Suas maiores e mais doces lembranças eram com a mãe e Naruto se sentiu bem por ela não lembrar de nada triste até aquele momento.

Ao fim da semana, na sexta-feira, Neji entrou no quarto no instante em que Naruto pegou a mão de Hinata, ou melhor, do corpo dela, para fazer aquilo que sempre faziam: testar se ela ainda estava conectada ao corpo. Quando viu o Hyuuga o loiro soltou a mão na mesma hora e se levantou, mas Neji já tinha percebido e olhava para aquilo com curiosidade, ou talvez até outra coisa que Naruto não soube identificar.

– As enfermeiras disseram que você veio aqui todos os dias. Não sabia mesmo que tinha ficado tão amigo de Hinata, nunca o vi com ela.

– Como falei, tínhamos nos afastado um pouco, mas acho que não haverá problemas quando ela acordar.

– Brigaram? – naquele instante Naruto percebeu que estava sendo sondado.

– Não. Não tínhamos porque brigar, foi algo natural, só espero conseguir mudar. Bem, eu só espero não estar causando nenhum mal...

– Acredito que não. Mas se não quer as pessoas comentando eu sugiro que não venha todos os dias.

– Não me importo com as pessoas.

– Mas nós sim. Vamos limitar para duas vezes, tudo bem? Hinata não merece ficar mal vista. Agora, acho que está tarde...

– Ah... – Naruto começou, mas viu Hinata negando com um aceno de cabeça mudou de ideia. – Tudo bem, boa noite. – saiu apressado, um pouco irritado também, e apenas voltou a falar com estava sozinho em seu carro com a morena. – Qual é o problema dele? Uma hora posso vir quando eu quiser, no outro não?

– Íamos ter que nos casar. – ela soltou, quase chorando. Naruto parou, freiando bruscamente.

– É o que?

– Meu pai, eu não sei porque lembrei agora, mas meu pai me deu um tempo para “pensar”, na verdade para achar alguém e se eu não achasse teria de casar com Neji, porque ele herdará tudo por ser homem e eu por ser filha única. Isso é tão... nojento.

– Isso é velho também! – comentou Naruto. Estava achando aquilo um absurdo, um completo absurdo. Como podiam obrigar uma menina como Hinata a se casar? Ela nunca seria feliz se tudo fosse armado, ele já notara pelo jeito de ela falar, era uma menina romântica e... Parou seus pensamentos quando percebeu o que pensava, quando percebeu que agarrava o volante com força. – Mas não vai. – ele disse e ela afirmou. Ambos não sabiam se pensavam por ela mesmo ou pelo fato de ela estar desacordada. – Esperto, pode até não querer casar, mas não quer que ele saia parecendo corno.

– Naruto... – apesar de tentar o repreender, Hinata estava rindo daquilo e apenas de ouvir e a ver rindo, Naruto também riu.

– Vamos esquecer isso. Só é uma pena que você não poderá ir também né? – ela acenou, mas depois apenas deu de ombros. – Então... vai mesmo comigo amanhã? Sairei pela manhã bem cedo.

– Estarei já dentro do carro. – ela comentou e com um rápido olhar, ele lhe lançou uma piscadela.

...

Naruto tinha deixado todas as flores colhidas arrumadas dentro de cada caixote, separadas e bem presas. Passou uma parte da manhã, ainda escura, arrumando todos dentro da picape. Tinha visto a previsão do tempo, constatando que não precisaria tampar a parte de trás e quando terminou, o dia começava a nascer.

Hinata realmente estava dentro do carro, como tinha dito que estaria e observou todo o trabalho dele enquanto o mesmo o fazia. Esperou enquanto ele tomava café, que Kushina fez mais cedo justamente para ele e em seguida, ambos estavam seguindo pela estrada para a cidade vizinha, que era um pouco maior do que a deles e por isso, a maior compradora das flores de Naruto.

Durante todo o caminho, pequenas memórias de Hinata voltavam, ela apontava alguns lugares que tinha parado com a mãe e um deles Naruto comentou que ficou preso em um dia de neve. Era um posto de gasolina comum, com uma venda ao fundo e uma senhora que atendera a ele. Quando Naruto saiu de lá uma tempestade de neve tinha se iniciado e ele não tivera escolha se não esperar. Enquanto contava, decidira parar ali e comprar algo para comer. Hinata indicou um doce que o loiro nunca tinha comido e ele comprou junto com algumas coisas salgadas. Ele comia muito, a morena constatou.

Fora, para Naruto, a melhor viagem que fizera. Hinata, ele percebeu naquele tempo, era uma menina tímidas, mas que quando passava a se sentir a vontade não tinha vergonha de contar coisas engraçadas, de rir e até de puxar assunto, como quando o silêncio reinou por alguns instantes e ela perguntou o motivo de ele cultivar flores. Ele explicou a história, explicou o quanto fazia ele se sentir bem e calmo.

– Ultimamente, tenho ficado assim quando estou perto de você também. – comentou de forma casual. Mas então, Hinata corou e, percebendo o que dissera, Naruto também. Tão assustado ficou que seus olhos até mesmo se abriram um pouco. Acabou dando uma risadinha baixa e ligou o som. O resto do caminho foi arranhando em músicas que conhecia e não conhecia, apenas para fazer a menina rir.

Assim que pararam em frente a loja, Hinata sorriu, reconhecendo o local. Naruto ficou feliz com aquilo, mas disfarçou seu sorriso e começou a trabalhar, primeiro falando com a dona em seguida carregando as flores para dentro da loja. Hinata apenas andava pela mesmo, observando as flores diferentes que tinha ali e constatando que as que Naruto levava nunca eram as mesmas que elas cultivavam. Assim, Hinata percebeu que sempre comprara as flores de Naruto. Ele sabia disso no momento em que ela reconheceu a loja.

– Naruto! Achei que não viria dessa vez. – uma loira bonita saiu de dentro da loja.

– Hey, Ino. – murmurou o rapaz, parecendo envergonhado. – Ér... estive um pouco mais ocupado. Uou! – quando a loira então saiu de trás do balcão ele percebeu a barriga sobressalente, coisa que não notara da última vez que a vira. – Q-Quem?

– Sai, claro. – ele revirou os olhos, passando as mãos pela barriga. – Largue de ser implicante. E aqui... – ela entregou um envelope nas mãos do loiro. – O convite do nosso casamento. Se puder vir...

– Claro, claro que virei. – o loiro parecia surpreso. Ino vivia com o discurso de “não se apegue” e agora aquilo.

– Tente trazer alguém. – ela implicou, apoiando-se no balcão.

– É, é... quem sabe. – murmurou o loiro em resposta. Seu olhar foi para Hinata antes que pudesse se conter e aquilo não passou despercebido. Ino olhou, mas viu apenas as flores que ele trouxera.

– Deveria leva-las se for pra alguém especial. Você desconta no valor total e está tudo certo, o que acha? – ela deu uma piscadinha marota e Naruto, um pouco corado, concordou.

Apesar de não ter certeza do que fazia, ele acabou tirando uma muda dali, esperou que Ino preenchesse o cheque e então saiu. Não falara com Hinata porque não dava, mas também não a olhava. Sempre que pensava em fazê-lo se sentia um pouco bobo. A verdade é que Naruto estava confuso com tudo aquilo. Estava confuso por não saber o que era aquilo e também com medo de ser algo mais forte. Primeiro porque Hinata não era uma pessoa acessível, segundo porque não acreditava em romances que começavam rápidos, simples e... bem, é, rápidos.

Apesar de trocarem algumas palavras, ainda ouvirem música, o clima pareceu um pouco mais constrangedor na volta. Naruto queria saber o que Hinata estava pensando, mas não teria coragem de perguntar, ao mesmo tempo tentava entender os próprios pensamentos. Hinata, porém, apenas olhava para a flor e pensava no que Ino dissera.

Em vez de seguir direto para casa, Naruto foi para o hospital e naquele instante a morena soube que suas desconfianças estavam corretas. O loiro trouxera as Asagao lilases para ela. Com um breve olhar e um pequeno sorriso, Naruto se apressou para ir para o quarto dela. Apesar de relutantes, as enfermeiras permitiram que ele entrasse para colocar as flores lá. A surpresa de Naruto foi encontrar Neji e Hiashi na sala, falando baixo e um pouco afastados de Hinata.

– Pensei que tivesse pedido para diminuirmos... – Neji parecia um pouco inalterado naquele momento, coisa incomum de se ver.

– Peço desculpas. Acabei de voltar de uma entrega... Bem, não vou me demorar, apenas vim trazer algo para ela. – explicou, mostrando as flores. Hiashi o observava agora com curiosidade e apenas acenou para que ele continuasse.

Naruto sabia que eles estavam discutindo algo muito sério, pois seus semblantes os entregavam. Colocou as flores em um jarro ao lado da cama e olhou para Hinata. Ela estava perto dos parentes e não prestava muita atenção nele. Aproveitou o breve momento para olhar apenas para o corpo dela. Não estava muito saudável, mas nem isso diminuía a beleza que percebera assim que a vira em seu jardim. Naruto não tinha ideia se o que sentia era mesmo um sentimento forte, mas sentia algo e não dava para negar. Mesmo achando ridículo toda essa rapidez... ele não sabia explicar, apenas sabia que sentia.

Mais uma vez pegou a mão de Hinata e quando o fez notou que não era a mão de sempre. Esta mão estava fechada ainda, prendendo um pedaço de papel. Aquilo chamou atenção da menina que sentira o toque e o olhava. Seus olhos mostravam medo, os de Naruto surpresa. O loiro se apressou em retirar o papel dali e percebeu ser bem em tempo, pois Neji já vinha lhe expulsar. Para não dar tempo, Naruto apenas deu um beijo na mão de Hinata e saiu, se despedindo dos dois e sendo seguido por Hinata. Ambos estavam apressados, meio ofegantes até.

– Achei isso em sua mão, ou melhor, na mão de seu corpo... – explicou ele, mostrando o pedaço de papel para a Hyuuga que mal parecia ouvir. – Ei, Hina... Vê? É um endereço... O que foi?

– Eles estão pensando em desligar os aparelhos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sim, sem muitas respostas, na verdade, mais perguntas nesse capítulo e tem apenas mais 2 pela frente. Mas sem dúvidas, o próximo vem com as respostas que todos esperamos.

Então aproveitem, digam o que estão achando e o que esperam para os próximos!