II

Naquele mesmo dia, depois de Naruto ajudou o pai a separar alguns papeis, leu alguns contratos e disse ao pai o que mudar e o que acrescentar; depois que trabalhou na terra junto com alguns funcionários, trocando algumas risadas boas, ele foi para o seu local preferido ali.

Algo que poucos sabiam de Naruto é que aquele jovem hiperativo, que aparentemente gastava toda sua energia ajudando os pais e os funcionários no campo e, quase sempre, também na administração do local, tinha também uma paixão apenas sua e que lhe fazia ser muito mais calmo e cauteloso. Primeiro apenas observou aquele pequeno espaço cuidadosamente calculado com a admiração de sempre. Era um belíssimo jardim, que Naruto cuidava pessoalmente todos os dias.

Não entendia porque sempre sentira necessidade de fazer aquilo ele mesmo, não sabia de onde viera aquela ideia. Aliás, já passaram por alguns momentos constrangedores com seus velhos amigos quando descobriram, mas em resposta deu de ombros e continuou o que fazia.

Muitas vezes o loiro pegara sua mãe ali, observando ou apenas sentada no centro do jardim ao fim da tarde. Se ele soubesse pintar, faria um quadro dela ali, mas já que não, se contentara com uma foto em seu celular para ter para sempre. De fato, ninguém poderia negar que ele era um jovem apaixonado por sua mãe e ela por seu filho atrasado.

Kushina e Minato demoraram a ter filhos, assim como demoraram a se casar. Nenhum dos dois explica muito bem o motivo, já que afirmam terem se conhecido muito tempo antes de se relacionarem, mas Naruto, com um pouco de pesquisa sobre a época dos pais, percebeu que seu pai não fora muito querido pelos pais da mãe e isso complicou para os dois.

Enquanto cuidava de suas flores, essas que sempre vendia para uma floricultura local e também distribuía em um local junto com a mãe, a pedido desta, deixou sua mente vagar por um dia em especial que pedira aos pais para falar sobre eles. Seus pais sempre foram muito reservados e era nesses momentos que sua mãe se mostrava tímida, uma coisa que ele nunca esperaria que ela fossem.

Ao fim o feitiço virara contra ele quando sua mãe disse que ainda esperava o dia que ele apareceria ali com uma linda moça, completamente apaixonado e pronto para se casar. Obviamente Naruto ficou sem graça, desconcertado e tentou mudar de assunto, mas a mãe não deixou.

Apesar de fazer amizades com facilidade e não ser feio, e saber disso. Naruto tinha um moral grande e, sem dúvidas, algumas meninas iam atrás dele mesmo. Mas a maioria Naruto conhecera pequena, vira sua pior fase ou, pior ainda, as via como irmãs, como fora com Sakura. A menina era sua melhor amigas e a maioria das pessoas acharam que eles acabariam juntos, mas Naruto percebeu que aquilo era um amor fraterno e uma eterna disputa com seu amigo quase-irmãos, Sasuke. No fim, os dois foram morar juntos na cidade e eles se falavam regularmente.

Ao pensar naquilo novamente o Uzumaki deitou-se no chão de terra e olhou para o céu que dava sinais da noite que caía, em algum ponto estaria rosa-alaranjado pelo crepúsculo, mas tudo o que conseguia encarar eram as estrelas que começavam a aparecer discretamente.

Se perguntava por que não conseguia se ver preso a nenhuma menina. Algumas era extremamente bonitas, tanto que tivera alguns relacionamentos, mas quando era pra ficar sério, como um pedido oficial de namoro aos pais - como era de costume ainda, naquela cidade pequena -, ele terminava e se afastava. Por algum motivo que nem ele entendia, não conseguia se prender a elas.

– Ah, eu sabia que você estaria aqui! - ouviu a voz de sua mãe e se levantou, sorrindo. - Vá tomar um banho, menino. O jantar está quase pronto.

– Tudo bem. - ele falou, se levantando e batendo as mãos pela roupa para soltar a terra.

– Céus, como você está imundo! - sua mãe agora que batia por sua roupa com um pano enquanto ele tentava fugir, afinal aquilo doía um pouco. Ambos riram daquela pequena corria de fuga dele.

…

Durante as semanas que se passaram uma rotina se estabeleceu. Naruto ia para a universidade pela manhã, voltava na hora do almoço, fazia rapidamente algum trabalho (ou começava), em seguida ia ajudar o pai com papeis e burocracias e ainda tentava correr para ajudar no campo, este nem sempre conseguia. E então, antes da noite cair e antes do jantar, ia cuidar de seu jardim. No jantar conversava com os pais e só então ia dormir.

Naruto se sentia muito confortável com sua rotina. Era algo estranho até para ele já que o loiro não gostava de manter uma rotina, sempre enjoara e buscara coisas novas a se fazer. Aquilo estava sendo novidade, uma que, inclusive, o assustava.

Naquela noite deixara a janela do quarto aberta, pois estava uma noite quente de verão, ótima para se olhar a lua cheia que iluminava o lado de fora. Já com sua calça de moleton, deitado na cama enquanto ouvia música no celular, apenas esperando o sono o tomar, Naruto desejou que algo diferente acontecesse.

Só então se entregou a música, acompanhando a letra mentalmente enquanto fechava os olhos. E como em qualquer sonho, não conseguia saber quando começara. Apenas se viu parado perto de seu jardim, na mesma noite que estava do lado de fora da janela de seu quarto: uma noite quente e de lua cheia. Antes que pudesse pensar em algo mais, ou mesmo se jogar no chão como costumava fazer, ele a viu. E congelou.

Sem dúvidas nenhuma nunca tinha visto ninguém assim em toda a sua vida. Ela poderia ser apenas sua imaginação, ou como veio a pensar depois, seu sonho devido a sua mãe insistir tantas vezes que precisava de alguém. Mas ao mesmo não acreditava que iria imaginar alguém assim.

Apesar de não ver seu rosto, sabia que ela era linda. Os longos cabelos eram negros como o céu iluminado pela lua, um negror azulado e brilhante. A pele, que via apenas dos braços, era branca e com o banho da lua parecia quase porcelana e ao mesmo tempo pareceram macias. Todo o resto de seu corpo estava escondido por um longo vestido lilás, que lhe marcava a cintura fina, que era tudo que ele conseguia ver com ela de costas.

Quis chamá-la, mas não encontrou voz. Se perguntava o que estava acontecendo, porque nunca ficara assim. A verdade é que estava deslumbrado com ela, mesmo sem ver seu rosto. Deu alguns passos meio arrastado em direção a ela e, como se lhe ouvisse, a jovem virou para fitá-lo.

Prendeu a respiração. Ela realmente era linda. Seu semblante demonstrava inocência e era como se estivesse confusa, talvez perdida… Os lábios eram rosados, naturais. Os olhos… únicos. A jovem menina tinha olhos perolados, completamente hipnotizantes, tanto que esqueceu de falar enquanto a olhava.

– Me… - ela começou e ele prendeu a respiração. Sua voz baixa deixou Naruto sem fôlego por ser doce. O que raios era aquilo? Ela parecia estar lhe enfeitiçando…. - Me desculpe… aqui é sua casa?

– Sim… - a voz dele saiu fraca, falha. Pigarreou e sorriu. Deslumbrado, ele apenas ficara deslumbrado. A luz da lua a deixava mais atraente, então era normal. - Sim, esta é minha casa. Está perdida?

– Acho que sim… - ela sussurrou, como se tentasse se lembrar de algo. - Me desculpe mesmo, não sei como vim parar aqui.

– Ah… - ele soltou. Talvez ela estivesse com amnésia e o primeiro local que vira fora buscar ajuda.

– Este lugar é lindo… - soltou em tom baixo, olhando para o jardim a sua volta. Orgulhoso, Naruto foi até ela com um grande sorriso. - Você quem o fez?

– Sim, cuido dele todos os dias. - e então, em vez do olhar desconfiado que algumas pessoas (e não todas) lhe davam, ela suspirou. Um grande sorriso apareceu nos lábios do loiro. - Mas me diga, lembra-se de onde mora?

A menina apenas negou com a cabeça, ficando sem graça por conta daquilo. Ele deu um sorriso gentil.

– Tudo bem… Então, vou me apresentar para você não acabar falando com um estranho na casa dele. - brincou, conseguindo arrancar um sorriso divertido da jovem. - Sou Naruto Uzumaki e moro neste belo local que vê… E você se lembra quem é?

– Hinata. - ela disse, gentil. - Hinata Hyuuga. - agora, ele tinha um nome.

Antes que Naruto pudesse dizer alguma coisa acordou com um barulho do lado de fora da casa. Levantou-se rapidamente, sem poder processar nada do que sonhara.