Encantada escrita por SBFernanda


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Gente, eu tenho dois sentimentos conflitantes neste momento. Estou muito feliz de ter conseguido concluir esta fanfic, de ter tido tão bons momentos com vocês através da nossa interação pelos comentários de Encantada. Muito obrigada a todos vocês que acompanharam a história comigo, que me mandaram suas opiniões e que estão sempre aqui, me ajudando e incentivando. Muito obrigada!
Ao mesmo tempo que estou feliz, estou de luto. Sentimento de fim é meio complicado. Eu confesso que enrolei bastante para escrever esse capítulo, mas espero que vocês vomitem muitos arco-íris com ele. Foi escrito com todo carinho, viu?

Agora, agradecimentos pelos comentários de vocês, sempre lindos. Obrigada "Jackehina", "Romario", "Petniss2", "Geny", "Isa", "hinadiva", "Koalla", "Fluffy Mary", "Emiko Nekokayo", "Lily Hyuuga", "Maguh" e "UzumakiHyuuga17".

Vejo vocês nas notas finais!
Enjoy!



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Capítulo 10

Naruto estava de frente para o espelho, mirando seu reflexo neste enquanto abotoava a manga de sua blusa social branca. As últimas semanas haviam sido bem agitadas, mas nada se comparava a como aquele dia o estava. Ainda conseguia ouvir sua mãe gritando pela casa e também enquanto estava do lado de fora. Ordens e mais ordens eram dadas e ele ria a cada vez que algo parecia não sair como ela queria. Aquele, realmente, não era um dia qualquer e se sua mãe ficava feliz gritando ordens para os outros, tudo bem. Ele estava nervoso demais para conseguir pensar em alguma coisa que não os próximos minutos.

Bastou pensar nisso e seu pai apareceu na porta, já completamente vestido com um terno, o cabelo loiro agora meio grisalho também. Seus pais estavam ficando idosos rapidamente agora, ambos, mas não perdiam sua energia, e por sorte, também não a sanidade. Apesar de ter tido uma época em que Naruto pensou que sim. Ao pensar nisso o loiro mais novo riu e o pai, como se descobrindo o que era, fez o mesmo, se aproximando dele para o ajudar com a gravata.

– Deixe-me adivinhar, estava pensando no dia em que conversou comigo? - Minato não fez nenhum rodeio sobre aquilo, o que arrancou uma risada em concordância do filho.

– Lembro-me de como fiquei achando que você e mamãe estavam começando a perder a sanidade, assim como eu. Foi bem difícil acreditar nisso tudo, e saber de vocês ainda…

⋙⋙⋙

As lembranças que tomaram a mente de Naruto o remeteu ao momento em que Hinata o havia esquecido. Ela havia acordado do seu coma, um coma que na verdade não passava do sono que a deusa do amor a havia ajudado a entrar, um sono que, aparentemente, a faria encontrar o amor verdadeiro. Naruto se lembrava de seu desespero, lembrava-se de como queria poder a conhecer e quem sabe a amar, mas que quando os olhos perolados o encararam, ele notou que já amava. E foi por isso que perdeu seu chão, perdeu até mesmo o equilíbrio e se não fosse o médico e as enfermeiras ele teria caído ali mesmo.

Hinata pediu desculpas diversas vezes, de um jeito que apenas ele sabia como ela sabia ser, e aquilo lhe doeu ainda mais. Mesmo ela não o reconhecendo, ela ainda se preocupava. Naquele momento a família da Hyuuga o encarava buscando explicações, já que para eles os dois se conheciam. Ao se desvencilhar das pessoas que o seguravam, Naruto se aproximou da Hyuuga novamente, mas agora não tentando a tocar.

– Nós… nós nos conhecemos. Eu sei que não lembra, mas… você lembra de algo? Ér… melhor dizendo, qual a última coisa que se lembra antes de acordar aqui? - ele precisava saber se ela se lembrava daquela senhora, se ela se lembrava do que tinha escolhido.

– Eu… - ela olhou em volta e o médico já começava a se pronunciar, dizendo que precisava fazer os exames e que as perguntas teriam de ficar para depois. - Não - a Hyuuga cortou o médico. - Eu quero responder. Sinto muito, eu não me lembro de você. - ela disse para Naruto. - A ultima coisa que me lembro é de meu pai dizendo que eu teria de me casar. A partir daí… nada.

– Hinata, você não se lembra de semanas da sua vida! - Neji exclamou, perplexo. Sabia quando tinha sido aquilo, pois fora quando ele fora informado também. E se o que a prima dizia era verdade, ela tinha se esquecido de semanas tristes, mas necessárias.

– Tudo bem, o que acham de agora me darem um tempo com a minha paciente e depois vocês conversam? Por favor. - o médico sabia da grande influência que era Hiashi Hyuuga, por isso usava de pedidos para dar uma ordem, na verdade.

O Hyuuga acenou, afirmando, e começou a conduzir o sobrinho para fora. Mas Naruto continuou onde estava, olhando para a menina. Ao notar isso, Hiashi o encarou que não pedia grandes explicações para deixar claro que era para ele se afastar naquele instante. Ignorando o mais velho, o loiro continuou a olhar para a jovem, que começava a corar devido o olhar insistente sobre si.

– Será que eu poderia lhe visitar? Quando estiver melhor. Gostaria muito de conversar com você agora… Digo, para que se lembre…

– Si-sim. - ela gaguejou, ficando vermelha e sem saber bem o motivo. - Pode deixar o seu contato, lhe aviso se for pra casa… pode ser?

Feliz por ter conseguido uma resposta positiva, Naruto deixou seu número em um bloco de papel que recebeu da enfermeira já bem conhecida por ele. Agradeceu e entregou para Hinata, que apenas acenou. Só então ele saiu, ansioso para voltar, ansioso para a encontrar. Nunca imaginaria que ele poderia gostar de alguém de uma forma tão rápida e muito menos que só perceberia aquilo quando ela não se lembrasse dele.

– Quero falar com você. - era Neji, o loiro percebeu pela voz, séria, mas não tão forte quanto a de Hiashi.

– O que quer? - ele enfiou as mãos nos bolsos, notando que mesmo que não ouvisse, o Hyuuga mais velho estava de olho nos dois.

– Quero saber como conheceu a Hinata, realmente. Se ela não se lembra de você…

– Ela se lembra apenas até um certo ponto, claramente muitas semanas se perderam, como você mesmo disse.

– Sim, mas…

– Mas quando estudamos juntos fazia muito tempo, isso não conta. - o que ele sentia? Por que sentia tanta raiva do Hyuuga? - Olha, eu sei que ela não queria se casar com você e pelo o que ela me disse, você também não. Qual é o problema, Neji?

– O que…? Você…? - definitivamente Neji ficara surpreso e Naruto não pôde deixar de se sentir bem com aquilo.

– É, ela me contou. E ela não se lembra de mim porque faço parte das últimas semanas, as que ela não lembra. Eu gostaria muito de poder retomar de onde parei, Neji. - apesar de ainda se sentir estranho com o Hyuuga, Naruto foi sincero e um pouco mais calmo.

– E onde foi que parou? - o outro ergueu uma sobrancelha ao perguntar aquilo. Claro que desconfiara dos dois quando vira Naruto com sua prima no quarto, mas queria ter certeza. Precisava ter certeza.

– Isso você vai descobrir se eu conseguir falar com ela. Ou serei impedido?

– Apenas esteja aqui amanhã. Caso ela seja liberada, o avisarei. - o moreno acrescentou depois de vários instantes em silêncio e logo após falar se virou e deixou o loiro ali, sozinho.

Foi depois disso que Naruto foi para casa. Por mais que ainda quisesse continuar ali, sabia que não conseguiria nada ficando por lá sobre os olhares dos parentes da moça. O que não esperava era chegar em casa e encontrar seus pais ali, já de pijamas e parecendo cansados demais, velhos até. Só ao ver a expressão da mãe, sentir o abraço sôfrego dela e, em seguida, seus tapas e resmungos é que se lembrou quando e como saíra de casa. Eles deveriam ter ficado preocupados, sem saber onde o filho estava e se tudo estava bem. Naruto se sentiu mal por isso, ainda mais por saber que agora teria que se explicar mais e qualquer mentira poderia ser detectada.

A conversa não aconteceu enquanto sua mãe não liberou toda a raiva. Mas logo em seguida Kushina havia ido buscar algo para o filho comer e o observou o fazer, até que Naruto terminasse. Após isso, apenas olhares. Era a hora de ele falar:

– Descobri que a família da Hinata estava querendo desligar os aparelhos. - fez uma pausa para que os pais se recompusessem, e assim aconteceu. Eles já sabiam disso, mas parecia que a cada vez que dizia, um choque passava por sua mãe. - Eu precisava fazer alguma coisa, eu não podia ficar parado. Sei que não era pra eu agir de cabeça quente, mas… ela sumiu! - nem mesmo notou o que tinha dito, apenas abaixou-se, passando a mão pelo cabelo, relembrando aquilo.

– Como assim ela sumiu, filho? - foi Kushina quem perguntou, mais calma do que nunca. Notando o que tinha dito, o loiro se sentou ereto novamente. Seu olhos lhe entregavam, pois mostrava o quão assustado estava, surpreso por ter dito o que realmente acontecera.

– Nada, eu… eu estou com sono. Amanhã a gente conversa, tudo bem? - ele se levantou, gaguejando e tropeçando. Mas seus pais não desistiram com facilidade. Tanto Minato quanto Kushina continuaram pressionando o filho, perguntando o mesmo para ele, de modo que Naruto parou no topo da escadas com as mãos na cabeça, parecendo desesperado. - Eu a via, ok? Eu a via enquanto ela estava em coma. Não faz sentido, eu sei, nada do que eu posso contar faria sentido pra vocês, mas é isso. E ela sumiu e eu fui atrás de respostas. Agora ela acordou e não lembra de mim. Eu não tenho ideia de porque ela não lembra de mim, mas tenho que fazer algo. E quer saber por quê? Porque eu a amo!

O loiro se lembrava bem do que dissera, lembrava bem do que sentira quando dissera aquelas palavras. A pura certeza de que a amava, não sabia desde quando, não sabia como começara, mas a amava com tamanha intensidade que não podia perdê-la, ainda mais agora. Até mesmo a ideia de estar maluco, que ainda estava em sua mente, não importava agora. Estava ofegante e os pais estavam se olhando, como se compartilhassem um segredo apenas entre eles e quisessem decidir se contavam ao filho.

– Vem aqui, filho. - pediu Minato, acenando para que o filho descesse.

– Eu não estou maluco, ta legal? - apressou-se a falar, mesmo que no fundo desconfiasse da mesma coisa.

– Não acho que esteja. Apenas temos algo para lhe contar. Por favor, venha até aqui e se sente. - calmo como sempre, Minato o chamou novamente se sentou, levando a esposa consigo. Pela primeira vez Kushina estava quieta.

Mesmo não querendo, Naruto foi. Se sentou novamente no mesmo lugar que estava antes e sua curiosidade era tamanha pela expressão que os pais faziam que os encarava, quase esquecido do seu desespero.

– Nós acreditamos em você, filho. - Kushina disse, um tom baixo que era raro de ver a mãe usando. Ele não disse nada, apenas o encarava, esperando aquilo que mudaria sua vida para sempre.

– Há alguns anos, me lembro de ter começado a sonhar com uma mulher linda que nunca tinha visto antes. - Naruto olhou para o pai quando o ouviu. Desconfiado, ele respirava bem lentamente. - Pouco depois, eu não a via mais apenas em sonho, eu a via onde ia, e qual foi a minha surpresa ao notar que apenas eu a via?!

– Espera… o que? - Naruto não podia acreditar. Seu pai deveria estar louco, assim como ele. Quando olhou para sua mãe, havia um sorriso saudoso nos lábios dela.

– Isso mesmo. E ainda assim, eu não conseguia parar de querer a presença dela. Eu não conseguia nem parar de pensar nela. Quando descobri que ela estava dormindo, aparentemente em coma, eu sabia que precisava fazer alguma coisa. E foi aí que eu soube que a amava. - Naruto estava ficando tonto enquanto o pai falava aquilo. Só podia ser brincadeira, ele pensava, a cada instante achando que todos estavam ficando malucos, mas nada falava, apenas ouvia. - Eu estava lá quando ela acordou. Ela me mostrou onde ir e eu soube, exatamente, o quanto a amava naquele momento, e falei para ela.

– Isso só pode ser brincadeira… - murmurou o Uzumaki mais novo, novamente curvando-se e passando as mãos pelo cabelo, claramente desesperado.

– Eu sei que parece loucura, mas acho que você passou pelo menos, não é?

– Você viu a velha também?

– Não, eu não a vi. - disse Minato.

– Eu a vi. Eu nem sei bem porque fui até ela. Sempre fui muito cética. Foi um momento desesperado e ao mesmo tempo queria provar que ela era falsa. Que minha amiga estava errada. Foi ela quem me contou sobre isso. Mas qual foi a minha surpresa quando isso foi real? - era Kushina falando, com seu jeito energético, mas muito mais calmo.

– E… você também esqueceu do meu pai? - Naruto quase ria. Ao mesmo tempo que não queria acreditar, seu corpo e sua mente caminhavam para aquilo, para mais explicações.

– Não. Eu sabia bem quem ele era. Ele me amava e era tudo o que eu tinha em mente quando acordei. Nosso relacionamento aconteceu rápido justamente por isso. - havia o olhar apaixonado junto com o saudoso e apesar de Naruto adorar ver os pais assim, se sentiu mal. Por que Hinata não lembrava de si já que era a mesma coisa?

Como se soubesse o que o filho pensava, Minato o olhou, esperando o olhar do loiro cair sobre si para sorrir, gentil e continuar:

– A amiga de sua mãe passou por isso, filho. O marido dela não acreditou, ele dizia que queria tentar, mas que não podia dar grandes esperanças. A escolha dela de tentar, mesmo sem ter certeza se daria certo a trouxe de volta, mas como uma forma de provar a ele o que ele sentia, ela não se lembrava… - Naruto, claro, percebeu o quanto aquilo era parecido com ele. Ele não dera nenhuma esperança a Hinata, mas ela quis tentar e agora… Agora o que? O que ele tinha de fazer?, era o que se perguntava naquele momento. - Você foi conquistado por ela durante esse tempo. Agora, Naruto, é a sua vez de conquistá-la.

Por mais que quisesse discutir aquilo, sempre que abria a boca, e Naruto fez isso diversas vezes, o pensamento lhe fugia. Ele sabia que ele precisava fazer algo. Não podia simplesmente esperar que ela se lembrasse, ou mesmo chegar e contar, não é mesmo? Mas mentiria? Ele não tinha certeza do que fazer, mas precisava estar perto dela, a conquistar. Seu pai tinha razão, em meio a toda aquela loucura.

⋙⋙⋙

De volta ao presente, saindo da lembrança daquele dia, os mesmo olhos azuis e sábios de seu pai o encarava e ambos estavam sorrindo por lembrarem-se da mesma coisa. Minato já havia terminado de arrumar a gravata do filho e foi para trás do mesmo, apertando os ombros do mesmo. Nenhum dos dois disse qualquer coisa. Além de pai e filho, além de trabalharem juntos para erguer novamente o nome da família, eles também compartilhavam de uma experiência única.

– Você está nervoso? - enfim perguntou Minato ao filho, quebrando o silêncio.

– Muito. - murmurou, soltando um suspiro. - Eu sei que nada vai dar errado. Sei que é certo, mas não sei porque estou nervoso.

– Talvez pelo o que vai vir depois de hoje?

– Muito engraçado, pai! - riu, revirando os olhos. Novamente os dois mergulharam em um silêncio, até Naruto encarar os próprios olhos no reflexo. - Estou com medo de realmente estar louco e em algum momento voltar a sanidade e perceber que não a tenho. Que ridículo, não é?

– Muito. - disse Minato, indo até a cômoda e pegando um copo de água para o filho. Após entregar, continuou: - Se você está louco, apenas aproveite a loucura, como fiz durante todos esses anos. Até agora não acordei, então acho que você também consegue.

Aquilo foi o que Naruto precisava ouvir para se sentir melhor. Era como ele tinha dito. Tudo estava bem, tudo estava certo. Não havia nada mais certo e ele tinha plena certeza. Todo o seu corpo tinha plena certeza. Estava tão distraído, pensando nos próximos minutos que não viu sua mãe entrando no quarto, um tanto afobada, até que a mesma soltou um soluço.

– Mamãe, por que está chorando? - se aproximou da ruiva, a abraçando e rindo fraco. - Você não está feliz?

– Claro que estou, não seja idiota. - ela se desvincilhou dos braços dele, apenas para lhe dar um tapa e o abraçar novamente. - Não acredito que o meu menino vai casar! - e mais lágrimas vieram.

– Mamãe, eu não vou morrer…

– Não seja idiota, Naruto, estou chorando porque estou feliz. Finalmente o meu menino vai casar. Minato… - ela estendeu os braços para o marido que a abraçou e deu um sorriso divertido para o filho. - Ele não está lindo? - ela soltou, virando-se novamente para o loiro mais novo.

– Eu sou lindo, sempre fui, mãe.

– Ah, idiota. - ela comentou, secando as lágrimas, mas rindo mesmo assim. - Vim ver se estava arrumado. Tudo já está pronto e os convidados já estão chegando. Falta pouco agora.

– E Hinata? - foi a única coisa que Naruto perguntou, era a única coisa que realmente importava.

– Ela também já está arrumada. Passei lá agora para poder conferir tudo… Está muito nervosa, a irmã fica dando água pra ela. Daqui a pouco a menina vai querer fazer xixi toda hora. - riu, revirando os olhos. - Água não vai acalmar.

Foi então que Naruto percebeu que ainda segurava o seu copo de água. Não que ele tivesse se acalmado depois de beber, mas os olhos de sua mãe pousaram no mesmo objeto e os três riram.

– Acho que não é só a noiva que está nervosa, não é mesmo? - ela sorriu, tirando o copo da mão do filho e lhe dando um beijo no rosto. - Vocês serão felizes.

– Eu sei, mamãe. Acho que estou mais ansioso do que nervoso.

– Em poucos minutos venho lhe chamar, tudo bem? Vou apenas conferir se seu padrinho atrasado já chegou. - ela parou na porta e o olhou. - Quer que eu dê algum recado à noiva?

– Sim! - ele exclamou, animado e então parou, respirando fundo. - Diga que a amo e que estarei esperando por ela, ansioso. Diga… diga que nos veremos em breve.

– Eu direi. - sem dizer mais nada, Kushina saiu e Naruto estava ansioso para o momento em que ela voltaria e ele, enfim, poderia sair do quarto para o altar.

⋙⋙⋙

No dia seguinte a todo o acontecimento, Naruto acabou levantando cedo e fazendo o seu dejejum em um silêncio grande, porém, mantivera o celular sempre perto de si, verificando várias vezes se estava em modo alto, para que não perdesse nenhuma chamada. Aguardava a ligação de Hinata, ou mesmo de Neji, ao mesmo tempo tentava processar tudo o que acontecera em um único dia. Sua vida era fruto da mesma coisa que passava com Hinata e isso era o mais difícil de se acreditar.

A ligação só foi ser recebida durante a tarde, pouco depois do almoço Naruto estava com o pai, trabalhando, mesmo não sendo um dia de o fazer e quando o celular tocou, ele atendeu imediatamente, logo em seguida avisando que iria sair. Um banho e um breve aviso foi o necessário para que em poucos minutos o loiro estivesse dentro de sua picape em direção a casa dos Hyuuga, como fora pedido por Hinata, uma Hinata ainda muito tímida e confusa.

Ele não demorou e foi recebido por Hanabi, uma Hanabi alegre e muito, muito direta. Por sorte dele Hinata estava na sala ao lado e cortou logo a irmã. Os dois, Hinata e Naruto se olharam em silêncio e desviaram o olhar no mesmo momento, apenas esperando Hanabi os deixar a sós.

– Pra quem não lembra, está bem sem graça ein, Hinata.. - ela soltou e, com uma risada, os deixou.

– Não ligue pra ela, por favor. - pediu a Hyuuga e apontou a poltrona a sua frente para o loiro, que logo se sentou.

– Até onde sei ela vai se casar com um amigo meu e para que ela o aguente, não pode ser completamente normal. Com todo respeito. - acrescentou rápido, mas ficou feliz de ver Hinata rindo.

– Ah, então você já sabe. Ela me contou as novidades assim que cheguei e pediu ajuda. - a morena deu de ombros e ficou ereta. - Ela me disse que você veio aqui e que também ia muito ao hospital. Neji me disse a mesma coisa… - Naruto esperou para saber onde ela queria chegar. - Tenho que perguntar, antes de qualquer coisa… nós estávamos tendo alguma coisa?

– Bem… - ele começou e percebendo que Hinata começava a se assustar, sentiu vontade de rir. - Você não estava traindo seu noivo comigo, Hinata, se é isso que te preocupa.

– Não! - ela corou violentamente. - Eu e Neji não queríamos isso, apenas faríamos pela família. Ele, principalmente. Me contou que estava quase se tornando noivo de uma amiga, mas… não queria que nenhum outro membro fosse designado para mim, pois sabia que ninguém mais respeitaria meu acordo.

– Que gentil… - murmurou o loiro, sem perceber fazendo bico.

– O que tínhamos então? Era meu amigo? Eu sinto muito, realmente não lembro.

– Sim. Eu era. Ou ao menos, estava sendo e… e era alguém que… queria… - porque fora fácil dizer aquilo pra tantas pessoas e não estava sendo pra ela? Naruto então fitou os olhos perolados, os mesmos olhos que via todos os dias nos últimos dias e semanas. - Queria muito te conhecer melhor e me tornar algo, talvez, futuramente. Mas então você ficou em coma e o máximo que pude fazer foi te visitar e esperar.

– Então nós nos... gostávamos? - ele percebia o quanto ela ficava sem graça por perguntar aquilo e realmente achava uma coisa bonita dela.

– Sim, eu acredito que sim. Só não falei antes porque era um idiota. - murmurou, sabendo que ela não se lembraria. - Digo, eu sei que não tem como você sentir o mesmo agora, afinal você nem se lembra de mim, mas… - o que ele diria agora? Olhando para ela, percebeu que a mesma esperava a continuação. - Mas eu queria muito poder lhe conhecer de novo e poder lhe fazer me conhecer novamente.

– Tudo de novo? - ela estava surpresa, não desanimada, nem mesmo incomodada. Apenas surpresa. - Eu… Eu não sei. Me sinto diferente… - ao perceber que dissera isso, fechou os olhos. - Não sei se vai gostar dessa Hinata.

– Apenas tenho que fazer você gostar do Naruto. - ele falou, sorrindo abertamente ao receber o olhar dela. - E a primeira coisa é lhe levar em um lugar, se puder sair.

Ela acenou, afirmando. Hinata estava bem. Os médicos não sabiam ainda dizer o motivo de ela ter simplesmente entrado em coma, mas não havia nenhuma sequela, nenhum problema e nada que pudesse indicar que ela poderia entrar em coma novamente. Ela estava bem. Por isso a morena apenas avisou a irmã que iria sair e assim o fez.

Naruto acabou a levando em uma das pequenas lojas da cidade onde vendiam flores, onde ele fornecia as flores. Fizera aquilo de propósito, é claro, apenas para poder dar a ela a flor que sabia ser dela. Hinata pareceu surpresa com aquilo, mas pareceu se lembrar que ele a conhecia bem. Depois de ter uma flor em suas mãos e um sorvete em outra, ambos se sentaram na praça da cidade, a mesma que Naruto fora com ela para conversarem, que Kiba apareceu e os atrapalhou. Agora, todos viam os dois juntos. Todos olhavam e alguns cochichavam. Aquilo não incomodou o Uzumaki, mas pareceu deixar Hinata sem graça.

Foi contando as mesmas histórias que contara para ela antes, histórias sobre sua infância e sobre coisas que passara de complicadas e engraçadas que ele a distraiu e a fez rir. Era exatamente como ele se lembrava, só que melhor. Melhor porque quando menos perceberam, a mão do loiro apoiou-se sobre a da Hyuuga sem notarem, apenas o fazendo ao ocorrer o toque. Afastaram rapidamente, e Hinata pareceu confusa por um instante, o olhando como se quisesse desvendar alguma coisa.

Mas Naruto ansiou por mais, não apenas por mais toques, mas mais momentos como aquele, que vieram, cada um de uma forma mais tranquila do que a outra. Ele manteve a rotina de estudo e trabalho, mas agora, toda noite, conseguia um tempo para falar com Hinata um pouco. A cada vez eles tinham mais o que conversar, a cada vez ela parecia mais disposta a se abrir e, realmente o fazia. Ele conhecia alguns medos bobos dela, como sapos e ela conhecia o grande medo dele, ficar louco, como seu avô ficara antes de partir.

Os dois saíam agora todo fim de semana, fosse para irem a uma loja ou ao parque de diversões e voltar no fim do dia. Se antes a família de Hinata não desconfiava de nada, agora estavam mais do que isso. Hiashi começava a pressionar Naruto para que ele dissesse o que queria com a filha, mas o loiro continuava com a mesma frase, “quero conhecê-la e se ela me aceitar, quero estar com ela pra sempre”. Hanabi dizia que era lindo isso, mas não na frente dele, mas para Kiba, que dava quase no mesmo. Foram diversas as vezes que até mesmo jantara na casa dos Hyuuga, como um deles, ou quase. Muitos se perguntavam quando Naruto tomaria o próximo passo, mas ele ainda não tinha certeza se Hinata o aceitaria. Sabia que ela sentia algo. Ele via nos olhos da morena, Neji mesmo o dissera e Hinata até mesmo enfrentara o pai para dizer que não se casaria com o primo, mas algo ainda impedia o loiro. E esse algo era a verdade. Ele precisaria contar a verdade antes de se comprometerem, sabia disso.

Mas ele não conseguiu contar imediatamente. Ao invés disso, convidou Hinata para sua acompanhante no casamento de Ino, que explicou, estudara com ele por um curto período de tempo e se tornara um grande amiga depois de ele começar a vender suas flores para ela. Combinado de que, mesmo sendo na cidade vizinha, eles não dormiriam fora, Naruto ganhou a confiança de Hiashi de entregar Hinata bem em casa. E assim, ambos foram para o casamento de Ino e Sai, um cara estranho, que Naruto poderia jurar que era gay, se não fosse alguns apertos na bunda de Ino que o mesmo dera diversas vezes, sem disfarçar. Hinata era quem ficava envergonhada a cada momento, rindo daquilo.

Ela estava deslumbrante, é claro, e Naruto perdera a noção de quantas vezes tinha dito isso ao ver a morena com os cabelo preso em uma trança e vestindo um longos vestido azul royal com mangas em renda. Nada parecido com o vestido que a vira antes, mas igualmente lindo nela. Dançaram juntos a noite inteira e claro, ouviram muitas piadinhas da noiva que deixava claro que nunca vira Naruto assim, mas não deixava claro o que significava aquele assim. Ele sabia bem, pois ela queria dizer perdidamente apaixonado.

A decisão, porém, ele apenas tomara no caminho de volta. Não querendo deixá-la muito tarde em casa, saíram um pouco depois de Ino jogar o buquê, e talvez isso tivesse ajudado Naruto a decidir também. Hinata fora puxada pela noiva para estar no meio das mulheres e mesmo sem entrar na grande briga, com os braços estendidos, ela conseguiu pegar o buquê, o mesmo que quase foi arrancado de sua mão se Ino não tivesse visto e gritado. Dentro do carro, Naruto via Hinata olhando para o mesmo, perdida em pensamentos como ele já cansara de a pegar fazendo. Foi ali, sob a luz da lua que entrava no carro e o brilho dos olhos dela para o buquê, que ele decidiu que contaria.

– Estamos quase chegando, mas antes, gostaria de te mostrar uma coisa. Posso? - com Hinata tudo deveria ser explicado antes, ao menos um pouco, ele aprendera. - É lá em casa, mas não vamos nem entrar e prometo que vai ser rápido.

– Não posso mesmo demorar, Naruto-kun. - ela disse, parecendo com medo do que ele estava pensando.

– Prometo, não vamos. E acho que você vai gostar. - ele sorriu ao perceber que ela entendera que não era nada demais. Como que para garantir sua promessa ele acelerou e não demorou para que chegassem próximos a garagem da fazenda Uzumaki.

Naruto a ajudou a descer, já que o vestido impedia que Hinata fizesse grandes movimentos e ainda segurando na mão dela, coisa que agora faziam o tempo todo e todas as vezes ela fazia uma expressão pensativa. Ele se acostumara com algumas coisas, outras lhe despertavam a curiosidade, mas não naquele momento. Naquele momento Naruto estava nervoso. Foi para trás da Hyuuga e lhe tampou os olhos, a guiando assim e com indicações na voz. Ambos riam daquilo, mas ele não parou até que estivesse no centro de onde a conhecera.

Ao tirar as mãos dos olhos de Hinata percebeu o deslumbre nos olhos dela, percebeu que a menina olhava cada parte do lugar prendendo a respiração e ficou feliz por saber que aquele seu canto ainda tinha o mesmo efeito sobre ela. Ali, daquela forma, ele se lembrou quando a vira pela primeira vez, mais muito mais do que isso, ele percebeu que agora verdadeiramente a amava. Porém, não esperava o que se seguiu:

– Eu conheço esse lugar. - afirmou, surpresa e sem ar, buscando o olhar do loiro. - Eu juro, eu acho que já estive aqui. Mas… como?

Naruto abriu um grande sorriso. Aquilo deixou a Hyuuga mais confusa, sem dúvidas, mas não mudou o fato de ele estar feliz. De alguma forma, ela lembrava, mesmo sem saber como ou porquê.

– Sonhos? - ele tentou. Hinata pareceu pensar e então afirmou. Ele sorriu ainda mais. - Com o que mais tem sonhado, Hinata?

– Com… - ela parou e pelo modo como desviava o olhar, Naruto soube exatamente o que era antes que ela falasse. - Com você, aqui e em outro lugares. Não faz sentido…

– Eu te amo. - ele mal esperou ela terminar de falar. Era algo que precisava colocar para fora e a surpresa de ouvir isso a fez se calar e o olhar. - Eu realmente te amo, Hinata. Sinto muito por ter demorado a perceber isso. - pegando as duas mãos da moça ele entrelaçou os dedos. - E eu preciso que você se lembre, de verdade, mas acho que precisa querer se lembrar.

– Do que…? - ela perguntou, a voz fraca, baixa, mas visivelmente emocionada.

– Disso… - ele não soube porquê, mas precisava correr o risco, pela primeira vez ele não buscava mais a razão, ele queria mesmo se afundar nos sonhos, naqueles sonhos. Foi por isso que ele a beijou, um encostar de lábios, uma pressão mais forte dos lábios dele nos dela, que só depois se transformou em um beijo onde os lábios se encaixavam de forma natural e carinhosa.

Não foi um beijo sôfrego, desesperado ou qualquer coisa que pudesse lembrar avassalador, mas puro, como Hinata era, como ela merecia ter o primeiro beijo, de fato. E quando Naruto se afastou, fitando o rosto da morena, ela permanecia com os olhos fechados e aos poucos sua respiração acelerava. Foram vários minutos assim, até que enfim as perolas se afundaram no azul.

– Acho que… você realmente me ama, Naruto-kun. - por um instante ele não entendeu, até o brilho nos olhos dela mudarem, até um pequeno sorriso aparecer nos lábios de Hinata. - Quem mais poderia me ver quando eu era invisível e me conquistar quando sou completamente visível?

Foi assim, no mesmo lugar onde ele a conheceu que Hinata se lembrou quem eles eram.

⋙⋙⋙

Naruto se ergueu ao ver a porta se abrindo, esperando ver sua mãe a lhe dizer que estava na hora, mas foi a vez de seu sogro entrar, como sempre acompanhado de Neji, o filho mais velho que ele adotara de seu irmão falecido. Naruto sorriu, ainda mais nervoso, mas contra todas as expectativas, Hiashi também sorriu para o genro e foi assim que Minato pediu licença e os deixou sozinhos.

– Está levando o maior dos meus bens, Naruto. É bom que saiba dar valor. - não havia rodeios para com Hiashi, ele era sempre muito direto.

– Eu sei e aprenderei cada dia mais, eu prometo. - Naruto era brincalhão, todos já haviam notado isso, mas haviam momentos onde sua seriedade surpreendia a todos e aquele era um dos momentos.

– Vocês foram muito rápidos e eu ainda não acredito na história de vocês. - Hinata havia contado para o pai sua louca aventura extracorporal, mas o pai era um clássico cético, nada o faria crer, então os dois deixaram isso de lado. Porém, não impediu que Naruto pedisse a mão de Hinata meses depois de ela se lembrar daqueles dias.

– Eu sei. Mas agradeço a confiança em me dar a mão de sua filha. Creio que deixei isso claro diversas vezes. Além do mais, nada a faltará aqui, posso lhe garantir.

– Eu não duvido. Sabe, Naruto, estive conversando com Neji, o meu futuro herdeiro, e ele me explicou o quanto sua família lutou para conseguir o status que ela possui hoje, que devo dizer, é relativamente melhor do que há algum tempo atrás. Levando em conta isso, e acreditando que não vai desistir enquanto não conseguir chegar ao topo…

– Eu não vou. Definitivamente não vou. - desistir não era algo que Naruto Uzumaki estava pronto para fazer algum dia, ainda mais agora tendo uma família, além dos pais para cuidar.

– Levando isto em conta, espero que após este casamento os Uzumakis estejam dispostos a enfim fazerem um acordo conosco.

– O que? Não estou me casando com Hinata por interesse!

– Não, meu rapaz. Não se ofenda. - Hiashi percebeu que o loiro havia entendido tudo errado e olhou para Neji, procurando apoio.

– O que meu tio quer dizer Naruto é que há muito anos os Hyuuga vêm tentando fazer um acordo com sua família, mas por conta dos boatos que inventaram sobre nós, isso nunca foi possível. Mas com a união das famílias você está provando não acreditar nessas bobagens. E não vamos descansar enquanto não fizermos esse acordo.

– E por quê?

– Porque vocês são honestos. - explicou Hiashi com naturalidade. - Vocês nunca desistem. Precisamos de pessoas como vocês e vocês precisam um pouco de parceiros como nós. Converse com Hinata daqui a alguns meses, quando voltarmos a nos vermos para isso. Hoje… - o senhor enfiou a mão no paletó, retirando de lá um velho relógio de bolso. - Isso foi do avô de Hinata, pai da mãe dela. Estivemos conversando e achamos justo que o marido de Hinata ficasse com essa velha peça de família. Não é nada demais, Naruto, mas lembre-se apenas uma coisa, meu jovem: O tempo pra família precisa ser ocupado com a família. Faça minha filha feliz, por favor. - e inesperadamente, Hiashi fez uma pequena reverência ao genro, que mesmo um pouco surpreso retribuiu:

– Prometo fazê-la feliz para sempre.

Os Hyuuga saíram e no mesmo instante o loiro colocou o presente no bolso interno no paletó do terno. Comumente os casamentos eram realizados com os tradicionais kimonos, mas eles, os Uzumakis, não eram assim tão tradicionais. Assim sendo, nem mesmo a cerimônia seguiria os padrões tradicionais do país, mas sim seria feita por um juiz e cada um diria os votos. Na verdade, Hinata queria que aquele casamento fosse abençoado por uma deusa esquecida, praticamente amaldiçoada, mas que ela era grata. Naruto não pôde deixar de concordar com isso e era por isso que seus padrões eram completamente fora dos padrões japoneses.

Duas batidas na porta indicaram ao loiro que era chegada a hora. Sua mãe apenas sorriu, e retribuindo, ele a acompanhou para até onde tudo mudaria.

De pé no altar, com seu amigo de infância, Sasuke, ao lado parecendo tão surpreso quanto quando Naruto lhe contara sua história, além dos pais, Naruto não conseguia desviar o olhar de onde Hinata apareceria a qualquer momento. Seu coração estava acelerado e ele teve certeza que não era de nervosismo. Por um instante teve medo, medo de acordar de sua loucura, mas a voz de seu pai com o conselho lhe acalmou e justamente neste momento ela apareceu.

Seu vestido era simples e lindo, combinando perfeitamente com ela. Rendado da cintura para cima, onde o forro fazia um decote em coração em seu busto e as mangas compridas do vestido eram apenas de renda. Não era, tampouco, armado, mas era longo e liso, arrastado apenas um pouco conforme ela andava. O cabelo de Hinata não estava completamente preso, apenas uma pequena parte onde se encaixava a coroa com o véu. Naquele momento, Naruto teve certeza que era a forma mais linda que já a tinha visto até aquele momento.

Quando os olhos dos dois se encontraram, o sorriso de ambos aumentou. Mesmo a distância ele percebeu que ela corou antes de desviar o olhar para o local onde estavam. Tudo fora devidamente planejado para que os poucos convidados ficassem contornando o local onde estava o altar e este último se encontrava no centro do jardim de Naruto. Era ali que tinham se conhecido e era ali que Naruto percebeu o quanto a amava, onde verdadeiramente a beijara. Tinha de ser ali, portanto, que os dois se uniriam.

Quando enfim Hinata chegou no arco montado para os dois, parando de frente para Naruto, foi que o mesmo percebeu que ela não entrara sozinha e sim com o pai e Hanabi, e sua já aparente barriga, tinha vindo na frente. Quase riu de si quando percebeu que não notara ninguém a não ser ela. Quando tocou a pequena mão, os dedos se entrelaçaram e naquele momento ele soube que tudo o que viesse pela frente seria bom, mesmo em meio as dificuldades.

Não houve nada muito demorado, algumas mensagens, algumas dessas dadas pelos familiares dos dois, e então eles estavam trocando alianças - algo que também não era típico da cultura japonesa - e fitando-se mutuamente para o momento da troca de votos. Hinata foi primeiro, como combinado, por conta de sua timidez. Naruto sendo depois a deixaria confortável, ela explicara.

– A nossa história não tem um inicio normal, comum do que todos têm, mas ela começou da forma como tinha de ser. Quando lhe vi a primeira fez eu já sabia o quão especial era, mas não imaginava sentir o que senti de forma tão rápida. - ela falava para ele, apenas para ele. E muitos poderiam não entender o que ela queria dizer, mas não importava. - Se eu tivesse que escolher passar pelo o que passei mil vezes, eu escolheria se no final viéssemos sempre parar neste momento. Você foi meu amigo, minha salvação e, principalmente, se tornou minha alma gêmea. Não há ninguém que eu possa amar mais do que a você. Obrigada, Naruto-kun, por me deixar estar ao seu lado sempre.

Por um instante Naruto achou que não conseguiria falar. Estava com um bolo na garganta, algo bom que lhe fazia querer a beijar naquele instante e esquecer que estavam seguindo algo que os dois combinaram. Ela não tinha que agradecer e ele queria dizer isso.

– Você me salvou. Não foi o inverso. Você me tirou da minha bolha de razão e ceticismo. Você provou que posso sonhar novamente, que posso conseguir alcançar esses sonhos. Foi você. Você me mostrou o que é o amor, e que não chega nem perto do que eu, tolo, imaginava. Você está me dando a oportunidade de ser melhor e ter o que sempre quis, uma família como os meus pais são. - Ele via, enquanto falava, os olhos de Hinata lacrimejarem e ela apertar sua mão com mais afago. - Quando lhe vi, soube que era especial. Você sempre foi e sempre será, e meu maior objetivo é sempre lhe fazer feliz. A cada dia, arrancar um sorriso seu, este que dá apenas para mim. - e era o que ela estava mostrando naquele momento, o mesmo que a fizera corar na hora. - Meu objetivo é te amar, te fazer feliz e mostrar que as melhores histórias são as não convencionais, as que têm início estranho, complicado e inexplicável, como a nossa, mas que são reais. Eu agradeço por acreditar em mim quando não acreditei, por confiar em mim e por me deixar te amar a cada dia mais. Eu amo você, Hinata.

A Hyuuga chorava, emocionada e ele mesmo sentia vontade de o fazer, mas em vez disso, apenas ouviu quando lhe foi permitido beijar a noiva e ao fazer isso, sem demora, a puxou para perto de si, levando a mão direita até a nuca dela e a inclinando um pouco para trás quando seus lábios encaixaram-se nos dela para o beijo cálido que os selava, enfim, como marido e mulher.

Após aplausos, cumprimentos e fotos, os dois foram se reunir com a família e realizar algumas convenções necessárias, onde responderam que morariam ali na fazenda, em uma casa que Naruto construíra, junto do pai e alguns funcionários. Eles ficariam ali, onde era de herança do Uzumaki e onde Hinata poderia ajudar com o jardim que tanto amava. Onde quer que um estivesse, o outro também estava, fosse para fotos ou mesmo para conversar com uns convidados. Ao menos as mãos tinham de estar unidas e uma breve troca de olhares ocorria de momento em momento. Quem olhava não entendia, mas se encantava com o modo com que percebia o verdadeiro amor entre eles naqueles gestos.

Foi durante a última dança que esse amor ficou mais visível. Ambos esqueceram-se de onde estavam, dançando no meio do local iluminados pelas luzes que haviam sido instaladas para aquele dia. Nenhum dos dois dizia nada, mas seus olhos ficavam fixos um no outro, risadas baixas eram dadas, assim como sorrisos. Era como se conversassem apenas com o olhar.

– E agora? - ela enfim perguntou, percebendo só então que o local esvaziava.

– Agora eu vou lhe contar uma história. - Naruto não parara de dançar ao receber o olhar curioso da esposa. - Era uma vez…

– Como? - ela riu e, como sempre, ele acabou acompanhando.

– Uma linda moça encantada me contou um vez que as melhores histórias começam com “era uma vez”.

– É, é verdade, porque elas sempre terminam com “E viveram felizes para sempre”.

– Eu prometo isso. - ele sussurrou, a beijando em seguida. Porque era ali, naquele momento, que o “felizes para sempre” deles começava.


Fim.

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Notas finais do capítulo

Tenho algumas coisas para esclarecer agora que a fanfic chegou ao fim.
Como sabem, eu me inspirei em "A Bela Adormecida" para escrever essa fanfic. O que acordou Hinata não foi "o beijo de amor verdadeiro" de Naruto, ele a beijou em um momento desesperado. Ela estava acordando quando ele o fez. Nesta fanfic eu quis abordar o amor, sendo ele a coisa mais forte que existe, sim, mas também a que nós às vezes não percebemos sentir, sem nos permitimos sentir. Naruto é um cético, mas ele era ainda mais cético em relação aos sentimentos. Foi essa a mudança que quis trabalhar na fanfic, uma mudança que acontece apenas quando estamos amando, mesmo sem perceber, e é uma mudança real, não apenas um clichê da ficção.

Eu realmente espero que tenham gostado. Foi maravilhoso escrever "Encantada", ainda melhor com a presença de vocês nos comentários, me mostrando o que gostaram, o que esperavam... Foi uma experiência maravilhosa. Espero vê-los novamente por alguma fanfic minha e espero que gostem também! Deixei o link da minha long que ainda está em andamento e de uma One que fiz nesse meio tempo. Espero que, se forem ler, gostem.

Um último pedido agora. Tenho um pouco mais de 70 pessoas acompanhando a fanfic e sei que não vão todos comentar, mas aos meus queridos que foram imensamente fofos favoritando, caso você nunca tenha comentado, peço com todo o carinho que o faça agora, que me diga o que gostou, o que lhe levou a ler até o fim e, caso tenha favoritado, o que lhe fez favoritar. Vamos ter uma despedida de "Encantada" juntos? Espero vocês nos comentários!

Obrigada! Beijos!