Clínica Psiquiátrica escrita por Saky_Rae


Capítulo 1
Incomum, mas de certa forma importante...


Notas iniciais do capítulo

...



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Eu estava em uma clínica psquíatrica. Na verdade estava no jardim da clínica. Era o maior jardim que eu havia visto. Sabe aqueles jardins de desenhos ou de filmes de comédia, onde os jardins dos ricos que é ENORME? Então, é exatamente assim, GIGANTE.

Mais para o final desse jardim havia um prédio, também grande em relação aos prédios que estava acostumada a ver na cidade. Era todo branco por fora e tinha muitas janelas, não consigo lembrar de mais nada sobre sua aparência exterior, apenas não gostava dele. Seu interior também não era dos melhores. As paredes eram amareladas e sempre havia muitas pessoas no 1º andar. Na verdade, eu simplesmente não ligava para o 1º andar.

Do lado desse prédio havia uma clínica psquíatrica, me lembrava muito uma mansão que por coincidência também era de um tamanho absurdamente grande. Essa clínica era em algumas partes de madeira e outras de concreto, a sua forma lembrava as casas antigas, daquelas que não existem mais. Eu simplesmente adorava sentar com minhas costas apoiada no caule de uma árvore, pegar meu caderno de desenhos e desenhar a clínica ou até mesmo desenhar as pessoas que eu imaginava que moravam lá. Queria muito entrar nela, mas sempre falavam que não era lugar para mim e que só loucos entram e que nem mesmo os médicos saem.

Eu moro no 3º andar do prédio que odeio, no quarto 171 para ser mais exata. Moro com meus pais, mas não falo muito com eles, pois raramente fico em casa de dia e eles parecem não se importar muito com isso. Quando não estou sozinha desenhando, estou junto do meu único amigo aqui.

Ele é filho de um dos cozinheiros do prédio, e é por esse motivo que ainda passo algum tempo naquele lugar, mais precisamente na cozinha, pois ele insiste em me dizer que sou péssima em cozinhar e que quer me fazer ser uma excelente cozinheira, em troca ele fica desenhando comigo perto da clínica. Sou um ano mais nova que esse meu amigo, mas sou muito parecida com ele em termos de "esquisitice". Bom, vamos só dizer que temos gostos, interesses e pensamentos um pouco diferentes dos outros, o que claro, muitos não classificariam como normal. Nunca tinha pensado nisso, mas talvez seja por causa desse nosso jeito que gostamos tanto da clínica.

Porém, certo dia, enquanto eu estava na cozinha procurando pelo meu amigo, ele entra pela porta com uma expressão assustadora. Pergunto "o que aconteceu?" e ele me responde "a clínica pegou fogo!" No mesmo momento eu corro para a clínica. Não poderia acreditar nisso, melhor, eu NÃO QUERIA acreditar nisso. Mas ela realmente estava sendo queimada, a parte de madeira estava sendo tomada pelo fogo. Não sei explicar o porque, mas meu peito doeu muito, fiquei com um aperto na garganta e começei a chorar. Chorei porque era um lugar que eu amava, mesmo nunca entrando lá dentro, ele me passava paz. Chorei porque ninguém se importava que ela estava sendo dilacerada pelo fogo. Chorei porque todo o mistério que ela tinha, toda a minha imaginação de como ela era por dentro, foram levadas junto com as cinzas.

Senti braços me rodearem, e foi então que ouvi sendo sussurrado no meu ouvido "Não se preocupe, eu entendo, e vou estar sempre aqui." Não precisava abrir meu olhos, sabia quem era, somente meu amigo poderia me confortar nessa hora, somente ele saberia o que dizer nesse momento.

Anos depois, estou nesse mesmo lugar. A clínica está sendo reaberta por mim e o garoto que ficou junto comigo nos melhores e piores momentos que já passei. Estamos tomando o máximo de cuidado para que ela fique do mesmo jeito que era por fora. O interior dela está sendo feito conforme meus desenhos de como eu imaginava que era por dentro. Nunca mais terei aquela sensação de paz que eu tinha quando criança, mas agora sinto como se estivesse criando um sentimento. Às vezes a vida tenta destruir com aquilo que mais amamos e prezamos, mas mesmo em meio às tormentas precisamos seguir em frente e mostrar pra ela que podemos dar a volta por cima junto das pessoas que nos levantam quando desabamos.


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Notas finais do capítulo

E é isso... obrigada por ler ^^