Avatar: A lenda de Mira - Livro 2 Ar escrita por Sah


Capítulo 4
Ponto de equilíbrio




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A Mira é uma das pessoas mais inconsequentes que eu conheço. O que ela estava na cabeça quando sugeriu essa espécie de desafio. Duvido que a união do fogo concorde com isso. Era tão mais fácil fazer uma demonstração simples.

O conselho é formado por pessoas muito metódicas. Elas seguem um protocolo predefinido, eu tenho que admitir foi incrível os ver aceitando essa proposta maluca. Acho que no fundo eles também querem ver uma demonstração de poder.

Mira olhava para mim e Suni. Sua cor estava voltando ao normal. Quando ela fica brava é perceptível como o seu rosto muda. Ela fica em um tom mais corado, além de seus olhos. O dourado ganha um tom avermelhado. Será que ela sabe que fica assim?

— Daqui a duas horas. Na arena. – Meu pai diz para todos ouvirem.

— Dispensada até a segunda ordem. Não saia da ilha. – O presidente do conselho diz em direção a Mira.

— Não se preocupe. Eu não perderia isso por nada. – Mira provoca.

Ela se levanta.

Sina está ao seu lado e cochicha alguma coisa no ouvido dela. Ela olha para ele com uma surpresa aparente.

— Depois resolvemos isso. – Ela diz apreensiva.

Ela vem na minha direção, com o seu sorriso habitual.

— Temos duas horas para você me ensinar todos os truques.

— Truques? Eu achei que você sabia dobrar ar.

— Por algum motivo eu só consigo impulsionar o ar. Eu não consigo fazer as coisas legais que você faz. Tento fazer parecido com a dobra d’água mas não funciona.

Coloco a mão na minha cabeça.

— Claro que não vai funcionar. Água e ar são duas coisas diferentes, e assim devem ser manipulados de formas distintas. Mas não vamos falar dessas coisas aqui.

Eu a levei para a arena de dobra de ar.

Suni também nos acompanhou e vinha conversando com a Mira desde então. Elas pareciam animadas com alguma coisa.

— Você já pararam com a fofoca? – disse provocando.

— Isso não é fofoca. Só estamos comentando em como você realmente parece com um professor.—Suni me disse entre risadas.

— Você acha que eu acredito em vocês?

— Não estou pedindo para que acredite.

Agora não é hora para discutir.

Chegamos na arena. Ela fica em um espaço aberto, bem no epicentro da corrente de ar oceânica. É o melhor lugar do mundo para se treinar dobra de ar. O chão é feito de cascalho marrom. Há alguns poços com água ao redor, e piras de óleo queimam a volta. Na verdade é o lugar perfeito para todas as dobras.

— Você sente essa brisa? — Pergunto para Mira.

Ela para e fecha os olhos.

— Cheiro de sal.

— Sim, isso mesmo. Tente notar todas as notas do cheiro. Sal, argila, e até um leve cheiro de peixe. Deixe que tudo isso entre pelo seus pulmões.

Ela respira profundamente.

— Quando dobramos ar, sentimos um leve formigamento nas nossas extremidades. Palma das mãos, sola dos pés.

Ela assente.

— Com isso você consegue impulsionar o ar. Mas o grande segredo da dobra de ar e o ponto de equilíbrio e o movimento . Bem parecido com a dobra de água. O ar requer um pouco mais de delicadeza e movimentos bem rápidos.

Faço alguns movimentos simples. E movo um pequeno redemoinho.

— Uau, isso é muito legal. – Mira diz.

Suni se sentou no chão com os braços cruzados, parecendo uma criança birrenta

— O que foi Suni?

— Por que ela só vai aprender a dobrar o ar? A terra é bem mais legal.

Será que ela ainda não tentou dobrar outros elementos?

— Mira? Você já tentou dobrar a terra ou o fogo?

— Na verdade ainda não.

— Certo.Suni explique para ela.

— Explicar?

— Sim, explicar como se dobra terra. Eu não tenho a mínima noção disso.

— Ah, ok.

Ela se levanta rapidamente.

— Primeiro tente sentir o chão.

— Sentir o chão? – Mira pergunta.

— Sim, o chão. Você não sente as vibrações?

— Vibrações?

Suni abaixa a cabeça.

— Lamento, mas você não está pronta para dobrar a terra. – E ela se senta novamente.

— O que acabou de acontecer? – Pergunto

— Eu também não entendi. – Mira afirma.

— É simples. Se você não sente o chão. Você não pode dobra-lo. È totalmente inútil eu te ensinar alguma coisa assim.

Dobra de terra sempre foi um tanto quanto enigmático para mim, por isso não pergunto mais.

— E o fogo? Como se dobra fogo? – Mira pergunta um pouco acanhada.

— Eu não tenho ideia – Suni diz e deita no chão sujo de uma vez.

— Fogo? Eu já ouvi dizer que você deve sentir muita raiva. E essa energia é transformada em fogo.

— Eu já sinto muito raiva, mas sempre eu acabo dobrando a água.

Coço o meu queixo.

— Isso é interessante.

— O que é interessante?

— Quando você dobrou água pela primeira vez?

— Foi quando eu cai na piscina. Mas espera...

Ela ficou pensativa.

— Eu tenho uns sonhos, ou visões sei lá. E nesses sonhos eu consigo dobrar o fogo.

— Me conte desse sonho.

Ela olhou para baixo.

— Eu não consigo falar sobre isso.

— Certo, vamos ver isso com calma depois. Agora temos que te ensinar a como dobrar o ar.

Me aproximei dela e fiquei em uma posição que nós dobradores chamamos de ponto de equilibrio.

— Me imite, Mira.

— Afaste os pés. E contraia o abdômen. Esse é o seu centro de equilíbrio. Quando estiver dobrando o ar fique assim. E mova seus braços cortando a corrente de ar.

Ela fez perfeitamente. Senti a corrente de ar se inverter. Ela aprende muito rápido.

— Uau. Isso é incrível. Me sinto tão leve. Não é como antes. O formigamento diminuiu e o ar está mais forte. – Ela me diz feliz.

Resolvo me exibir.

Com os pés eu reúno o ar necessário e pulo. Uma bola de ar está abaixo dos meus pés.

Ela olha para mim com convicção.

— Me ensina a voar assim.

Riu.

— Você vai precisar de muito treinamento para chegar ao meu nível.

— Eu nunca ouvi você se gabar! -- Suni de repente fala. Tirando totalmente a minha concentração. E eu caio

As duas desatam a rir. E eu fico muito irritado.

— Quer saber. Se virem as duas.

— Não fique chateado Meelinho. Não estamos rindo de você e sim com você. – Suni provoca

— Eu pareço estar rindo?

— A alguns momentos você estava.

Noto a aproximação de algumas pessoas. A corrente de ar fica pesada. Suni também notou a aproximação. Nem acredito que o tempo já se passou. Já está na hora.


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