República Evans escrita por Carol Lair


Capítulo 2
O Primeiro Dia




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Capítulo 2 – O Primeiro Dia

O domingo em que James Potter fizera sua mudança para a república fora um dia realmente agitado para todos os seus moradores. Mas carregar malas e caixas para o andar superior não os impediram de passar o dia conversando, rindo e conhecendo melhor o recém-chegado. No entanto, Lily, ainda se sentindo um pouco contrariada, deteve-se apenas em ajudar na mudança e fechou-se em seu quarto assim que todos os pertences de James já se encontravam perfeitamente alocados.

Antes de dormir, James deu uma última olhada em seu novo quarto, o qual seria compartilhado com Sirius e Remus. Era um ambiente bem espaçoso e muito desorganizado.

— Que bela bagunça aqui, hein? – James não pôde evitar o comentário, mas seu tom de voz divertido demonstrava apenas o quanto aquilo não o incomodava.

— Lily odeia este quarto. – Sirius respondeu, distraído, se jogando em sua cama.

— Por quê? – perguntou James. Lembrou-se de Lily Evans, a ruiva sempre séria, a única que não conversara com ele.

— Ela tem uma fixação por limpeza e organização que eu nunca vi igual. Digamos que este quarto não se encaixa em seus refinados padrões – Remus explicou. – Você não percebeu?

— Ah, sim, percebi. Aliás, essa Evans é assim... controladora com tudo? – James tinha um tom preocupado.

— Quanto à limpeza é sim, cara. – Sirius disse, ponderando. – Mas eu entendo o lado dela, quando ela se mudou para cá, ano passado, a casa estava em péssimas condições. Mas não se preocupe. – Sirius fez uma pausa, sorrindo maliciosamente. – Você poderá trazer garotas para cá sem problemas. A Lily não se mete na nossa vida pessoal. – ele riu. – Só é bom avisar antes, para evitar constrangimentos. Caso não dê para avisar por mensagem ou telefone, a regra é colocar uma meia na maçaneta da porta, do lado de fora. Foi o Remus quem inventou isso.

— Por que será, não é? – perguntou Remus, irônico. – Eu "inventei" essa regra depois da segunda vez em que abri a porta do quarto de madrugada e presenciei nosso amigo Sirius interagindo com uma moça. Desnecessário detalhar mais.

Os outros dois começaram a rir. Sirius acrescentou:

— Remus não aguenta mais ter que ir dormir no sofá por minha causa!

— Minhas costas já estão doendo!

— E as garotas, também trazem muitos... caras para cá? – James perguntou, tentando imaginar que tipos de caras a tal Lily Evans traria. Ou não traria. Vai saber.

— Ah, não muitos. – respondeu Sirius, pensativo. – Não sei se elas não trazem para que eu e o Remus não saibamos de nada, ou se não trazem porque não querem trazer.

— Também conta o fato do Sirius ser fofoqueiro. – Remus achou melhor acrescentar, balançando a cabeça.

— Hum... Mas se elas não querem que vocês saibam, então é porque vocês provavelmente têm algum rolo com alguma delas. – James suspeitou e sua voz continha um tom quase imperceptível de malícia.

Sirius se ajeitou na cama. Remus prosseguiu:

— Só a Anita e o Sirius que se pegam às vezes.

— Como assim você e a Anita se pegam? Você nunca me falou dela, Sirius! – James exclamou, se interessando pela conversa.

— É que é meio estranho... Acho que é mais pela convivência. Você vai ver, não vai ser fácil morar com uma mulher daquelas e não ter vontade alguma de ficar com ela. E para ela não deve ser fácil também, convenhamos.

Remus revirou os olhos. Ele ouvira Sirius falar daquilo tantas vezes que praticamente já havia decorado todo o repertório.

— Mas não é nada sério. – ele continuou contando. – E também não acontece sempre... Aliás, faz uns meses que a gente não tem nada. E não nunca passa de beijinhos, infelizmente. Segundo ela, se passasse disso, estragaria a amizade. Enfim, ela não sabe o que está perdendo.

De fato, Sirius jamais conseguira ir muito longe com Anita. O que, em sua opinião, era um desperdício.

— Você sabe que não seria a mesma coisa. – Remus concordou, como se fosse muito óbvio. – Conhecendo vocês, está na cara passaria a acontecer todo o dia. E, como vocês moram juntos, seria como... se vocês fossem casados.

Os três se entreolharam.

Eu, hein. – Sirius fez uma careta. – Você tem razão, Remus. Melhor deixar as coisas como estão.

Os três ficaram alguns segundos em silêncio, refletindo. Remus começou a imaginar o quão estranho seria a ideia de Sirius casado; Sirius começou a cogitar seriamente a nunca mais tentar ir para a cama com Anita, com medo de acabar "casado", enquanto James ainda estava muito curioso para saber sobre as outras duas.

— As outras não têm ninguém?

— A Lorens é tranquila, nunca namorou. Já a Lily nem comenta disso aqui em casa. – Remus resumiu.

— Eu andei ouvindo umas conversas delas um dia desses e parece que a nossa querida Lorens está saindo com o nosso vizinho, o Bill. – Sirius contou.

— Eu não falei que ele era fofoqueiro? – Remus perguntou para James, fazendo-o rir.

Sirius rolou os olhos e resolveu mudar o assunto.

— E por que tanto interesse, James? Já está querendo atacar uma delas?

James começou a rir. Não tinha pensado exatamente naquilo, mas não seria má ideia.

— Não é isso. É que essa Evans me pareceu tão fechada.

— Ah, sim, a Lily é um desperdício, realmente. – Sirius suspirou. – Bom, não sou um observador como o Remus, mas pelo que eu reparo, é mais ou menos assim: a Anita é a mais experiente das três. Já a Lorens, por ser atriz, tem muito boato sobre ela e pouca coisa é realmente verdade. Mas ela nunca sai com alguém por muito tempo. E os "quase-namorados" dela que eu já conheci eram caras completamente estranhos, barbudos, tatuados...

— Ela não quer namorar. – Remus explicou. – Ela sempre fala isso.

— Já a Lily parece ser feita de ferro. – Sirius continuou. – Já dispensou um monte de gente de Hogwarts, sem nem pensar no caso, sabe? Aliás, ela teve um namorado ano passado que durou uns dois meses, mas depois nunca mais ouvi falar de nada. Não sei por que ela é assim, tão fechada. Quando ela se mudou, a mãe dela veio aqui conhecer a casa e acho que nunca conheci alguém tão intimidador. Falo sério.

— Nem me lembre daquele dia. A Sra. Evans é de dar medo, de verdade. – Remus completou, fazendo uma cara de desgosto. – De qualquer forma, a Lily sempre diz que não tem tempo para essas coisas enquanto estiver na faculdade.

— Ah, mas não é possível que ela viva de livro. Ela deve sair com alguém de vez em quando e vocês que não ficam sabendo. – James palpitou. Mas algo lhe dizia que os amigos estavam certos.

— Não acho, James. Você vai entender o por quê mais para frente, sério. – Remus respondeu. – Lily é um pouco exigente, se é que me entende.

James lançou-lhe um olhar confuso, enquanto Sirius voltava a falar:

— Acho que a Lily simplesmente não se preocupa com isso. Talvez ela seja a única que você não consiga ter nada. Eu percebi que eu nunca teria chances com ela no minuto em que a conheci.

Depois daquela conversa sobre as garotas da república, os rapazes não demoraram para irem dormir. O dia seguinte reservava o retorno à faculdade logo pela manhã e o estágio pela tarde, os quais exigiriam a energia que só uma boa noite de sono poderia fornecer-lhes.

—--

Hogwarts era considerada uma das mais conceituadas Universidades do Reino Unido. Localizava-se a algumas quadras da república e era uma enorme construção antiga, em forma de castelo medieval, que abrigava a maioria dos cursos de exatas, humanas e biológicas. Também era decorada como a maioria das universidades tradicionais da Inglaterra e possuía uma rica biblioteca frequentada tanto por estudantes, quanto por visitantes. O jardim era vasto, bem cuidado, havia bancos de praça espalhados por ele e um lago cheio de peixes logo na entrada. No centro do lago, havia uma fonte com uma escultura de um enorme dragão, escrito "Universidade de Hogwarts" em letras grandes.

Lily adentrou o saguão de entrada, que estava lotado de calouros pintados e sorridentes. Após cumprimentar alguns veteranos conhecidos, ela se dirigiu às escadarias e alcançou o corredor de Direito, seguida por Potter, mostrando-lhe o caminho.

— Sua primeira aula é na 131, não é? Então é aqui. – Lily apontou para uma sala à sua esquerda, cuja porta entreaberta possuía uma placa indicando "Direito – Sala 131".

— Obrigado. – ele agradeceu. Percebeu que era a primeira vez que estava sozinho com a estranha-bonita-ruiva desde o dia anterior, quando ela o recebera pela manhã. – Então, parece que vamos nos ver o dia inteiro, não? Estudamos no mesmo corredor, trabalhamos no mesmo lugar, moramos na mesma casa...

— É, parece que sim. – Lily desviou o olhar.

Potter sorriu para ela.

— Lily! – chamou alguém.

Uma garota baixa surgiu e cumprimentou Lily.

— Oi, Alice!

Alice tinha um rosto redondo e com ar bondoso, os cabelos eram castanhos e enrolados.

— Alice – recomeçou Lily. – Este é James Potter, o novo morador da minha república. Potter, essa é Alice Flynn.

— Oi, Alice. – Potter a cumprimentou, com mais um enorme sorriso no rosto.

— Então, é novo aqui, não é?

— Sou, sim. Me transferi de Oxford.

— Sabia que não te conhecia! Está em que ano?

— Terceiro e você?

— No segundo, sou da mesma turma que a Lily. Aliás, estudamos juntas desde sempre, não é, Lil?

Naquele momento, o sinal estridente tocara e ecoara por todo o campus, indicando que o horário da primeira aula havia começado.

— Bom, boa aula para você, James! – Alice se despediu, amigavelmente.

Lily e Alice entraram pela a porta sob a placa "Direito – Sala 130", que ficava em frente à sua. Quando James entrou em sua sala, muitas pessoas o observaram. Sentou-se ao lado de uma garota morena muito bonita, propositalmente, e já começou a conversar com ela.

—--

Os estudantes, principalmente o departamento feminino da universidade, não pararam de comentar sobre o 'novo morador bonitão' da república mais falada de Hogwarts. Principalmente porque James era o melhor amigo de infância de Sirius Black, o garoto 'mais popular e cobiçado' de Hogwarts, o que também contribuiu para o despertar de tanta curiosidade. Ao final daquela manhã, todos já sabiam seu nome e todas as garotas já desejavam conhecê-lo.

Quando a sineta tocou ao meio dia, anunciando o término das aulas, James, que já havia conhecido um grande grupo do terceiro ano de Direito, os seguiu para o Salão Principal, o local onde os alunos almoçavam. De lá, rapidamente avistou Sirius e andou em sua direção.

— E aí?

— Hey, James. Esse é Peter Pettigrew. Peter, esse é o novo morador da república, o James.

James apertou a mão do rapaz a sua frente. Era muito mais baixo do que ele e Sirius, tinha os cabelos claros e o nariz levemente arrebitado.

— E então, gostou de Hogwarts? – Perguntou Sirius, enquanto os três se sentavam em uma mesa, já carregando bandejas com o almoço.

— Bem grande, cheio de mulheres bonitas. É claro que eu gostei.

Sirius e Peter riram.

— Enjoou das mulheres de Oxford e vai passar a experimentar as de Hogwarts? - Peter perguntou.

— Antes fosse esse o meu problema, cara. - James respondeu, em tom de desabafo. Virou-se para Sirius, acrescentando: - Aliás, vê se me apresenta alguma amiga sua, preciso me convencer de que fiz a escolha certa me mudando para cá.

Chamando a atenção de todas as pessoas do sexo feminino que estavam por perto, Sirius caiu na risada. Mas mesmo depois que sua risada cessou, as garotas continuaram prestando atenção nele e em James, curiosas.

—--

Do outro lado da mesa, Lily estava sentada com Alice, e as duas almoçavam e conversavam, animadamente.

— Quando que aquele cara chegou à sua república, Lily? - Alice perguntou, logo depois de beber um gole do seu suco.

— Ontem.

— Ele parece ser bem legal! - E depois, dando uma cotovelada na amiga, acrescentou: - E é muito bonito.

— É... - Lily resmungou. - Mas eu não gostei do jeito dele. Ele quer ficar chamando a atenção toda hora, parece criança.

Alice riu.

— Você acha?

— Acho. E também acho que ele me olha meio... estranho. Não fui muito com a cara, deve ser isso. - Ela suspirou, balançando a cabeça. - E ele me chamou de ruiva umas trezentas vezes ontem.

Alice riu mais ainda.

— Ok, Lily, eu sei que você tem sérios problemas com sua auto-estima, mas considere ser chamada de "ruiva" um elogio, ok?

— Fácil para você falar, não é, Alice? Não era você quem tinha os piores apelidos na época da escola.

Alice deu de ombros e voltou a comer. Alguns minutos depois, quando a morena abaixou os olhos para conferir as horas em seu relógio de pulso, constatou que já estava atrasada para o estágio e teve que sair às pressas.

Depois de férias bem aproveitadas, a rotina voltara à tona.

—--

— Como foi sua aula? – Perguntou Lorens para Sirius, que acabara de chegar com James e Remus.

— Chata como sempre, mas o que me conforta é que agora eu já vou para a academia "trabalhar".

Anita olhou severamente para Sirius e este sorriu, satisfeito. Lily estava ali também, distraída.

— O Fórum St. Mungus fica longe daqui? – Perguntou James, consultando o mapa do celular, atentamente.

— Não, fica a umas duas, três estações de metrô. Mas a Lily trabalha lá também, você pode ir com ela. – Sugeriu Lorens, sorrindo despreocupada.

Lily, que até então estava absorta em seus devaneios, arregalou os olhos.

— Eu o quê?

— Você trabalha lá, não é? O James vai com você para aprender o caminho... assim é muito mais fácil do que explicar. – Lorens esclareceu, não parecendo notar o desgosto na voz da amiga.

A outra revirou os olhos, pesarosamente.

— Mas eu vou caminhando e acho que o Potter prefere ir de metrô. É super simples, nem precisa mudar de linha! – Lily sugeriu, olhando esperançosa para James, que sorrira maravilhosamente. - Não é mesmo?

— Eu adoro caminhar!

Como ela poderia se livrar daquela situação? Tentou pensar rápido, olhou para os lados em busca de uma desculpa, depois olhou para Remus procurando ajuda, mas ele estava distraído conversando com Sirius. Ela sentiu a mão de Potter sobre o seu ombro esquerdo e o olhou surpresa.

— Não tem problema se eu for com você, não é?

Ela finalmente fitou-o nos olhos. Alice tinha mesmo razão, ele era muito bonito.

— Hum... se eu dissesse que tem, não adiantaria, não é?

E, como o esperado, Potter riu. Afinal, era tudo o que ele sabia fazer quando ela lhe dizia alguma coisa. Em meio a um suspiro, Lily olhou as horas. Meio dia e quarenta.

— Eu entro à uma e meia, Potter. Costumo sair daqui à uma, então encontro você aqui em vinte minutos para irmos. Combinado?

— Não se preocupe, ruiva. Eu estarei aqui.

Oh, não. Era o fim. Ela teria de aturar James Potter chamando-a de ruiva até no trabalho. O que os outros colegas do Fórum pensariam? E se o maldito apelido pegasse? Pressentiu que seus dias de despreocupação haviam ido embora.

Ela lançou a ele um último olhar antes de sair. Ele permaneceu encarando suas costas até ela desaparecer de vista. Lily queria que ele se tocasse e não fosse caminhando com ela. Queria que ele percebesse que ela não gostara do jeito que ele olhava para ela. Queria que ele parasse de chamá-la de ruiva. Queria, acima de tudo, que ele não falasse com ela. Mas ele parecia prepotente demais para perceber isso.

—--

— Acho que ela não gostou muito de mim. – Foi o que James concluiu, assim que Evans sumira de sua vista.

— Ela não gosta que você a chame de ruiva. – Remus esclareceu.

James o encarou, com uma charmosa expressão de desentendimento.

— E por quê? Ela é ruiva, não é?

Mas Remus não teve tempo de responder, embora estivesse com uma bela resposta na ponta da língua. Sirius se aproximou e puxou James para o lado:

— James, vou te apresentar uma amiga. Na verdade, ela quer ser a primeira a ser apresentada a você e já que você está afim de estrear Hogwarts, então ela é perfeita. Venha comigo.

— Quem é ela?

— Você já vai conhecer.

Sirius conduzira James na direção de duas garotas risonhas, a poucos passos dali.

— Oi, Sarah. Oi, Kate. – Cumprimentou Sirius, sorrindo sedutoramente. - Esse é James Potter.

A garota que não tirava os olhos de James era Sarah. Ela possuía cabelos longos, ondulados e escuros que combinavam perfeitamente com seus olhos castanhos-claro. Usava um vestido de verão com um estimável decote e era inegavelmente bonita.

— Oi, Sarah. Oi, Kate. – James as cumprimentou, com a voz sedutora. Sarah suspirou brevemente.

Kate olhou significadamente para a amiga, como se estivesse encorajando-a.

— Oi, James. – Sarah o cumprimentou. – É novo aqui, certo?

— Sou. Me transferi de Oxford.

James e Sarah mantiveram um contato visual por alguns segundos. Kate interrompeu, dizendo:

— Sirius, você pode me mostrar onde fica a academia onde você trabalha?

— Venha aqui que eu te explico. – Disse Sirius, puxando Kate para longe.

Sarah admirava o rosto bem desenhado de James e nem ouvira a conversa dos amigos.

— Você cursa Direito, não é?

— Sim, e você? – James perguntou de volta.

Sarah sorrira.

— Sou de Medicina, terceiro ano. Mas não pretendo exercer a profissão. – Ela fez uma pausa para jogar os cabelos para trás. Sorriu. – Enfim, James... Serei sincera com você. Eu pedi para o Sirius te apresentar para mim porque...

James sorriu e continuou calado para ver o que ela falaria. Ou ela seria direta, ou daria a entender, ou iria fazer com que ele, de alguma foram, a chamasse para sair.

— ...Bem, você vai fazer alguma coisa hoje à noite?

Direta.

— Humm... – Ele fingiu estar pensativo. – nada.

— Que bom. Eu sei que é segunda-feira, mas as aulas ainda não começaram de verdade. Eu moro na república ao lado da sua, então não vamos ter trabalho algum.

— Então somos vizinhos?

— Sim. Mas a minha república é feminina. Somos em cinco.

James não se recordara de receber uma notícia tão boa em toda sua vida.

Os dois ficaram conversando por um bom tempo. Não foi difícil conceber que Sarah estava dando em cima dele. No instante em que James gravava o número de telefone de Sarah em seu celular, a garota o cutucou, dizendo:

— James, por que a Evans está nos olhando desse jeito?

Ele mecanicamente consultou o relógio. Uma e vinte da tarde. Evans estava com uma expressão muito séria, seus olhos em chamas, logo atrás deles.

— Potter, nós não tínhamos combinado um horário? Estou te procurando há vinte minutos!

— Foi mal, Evans... eu me esqueci!

— Vamos, estou atrasada e você supostamente não deveria chegar atrasado no primeiro dia!

James ia começar a se desculpar, mas Evans já havia lhe virado as costas e começado a se afastar. Ele se voltou para Sarah.

— Te vejo às nove então?

— Com certeza!

A morena lhe lançou uma piscadela charmosa. James quase correu para alcançar Evans, que já estava bem a frente, andando apressadamente.

— Hey, me espera! – Ele a chamou, enquanto contornavam o lago, em direção à saída de Hogwarts.

Evans parou e se virou para ele. Aqueles olhos magnificamente verdes o fuzilaram.

— Potter, estou lhe fazendo um favor em ir à frente, assim você não vai precisar me ouvir reclamando, está bem?

James segurou uma risada. Percebeu que Evans se sentira quase insultada quando percebeu que ele queria rir diante de tal situação, e virou-se com veemência, continuando a andar rapidamente, quase correndo.

— Foi sem querer, ruiva! Prometo que não acontecerá de novo. - Ele disse, ao alcançá-la novamente.

— Não haverá próxima vez, Potter. Ou seja, aprenda bem o caminho, porque eu não vou ficar esperando por você todos os dias! E pare de me chamar de ruiva.

— Hey, Evans! Não precisa fazer esse drama!

Ela parou novamente e se virou para ele. O vento atiçou seus cabelos ruivos. James finalmente percebeu que a situação era um pouco mais séria do que ele julgava, ao se sentir momentaneamente intimidado com o olhar dela.

— Escute. – Ela respirou fundo. – Eu prezo o meu emprego e todas as coisas que eu conquistei por mim mesma, desde que eu fui aprovada em Hogwarts. Mas você infelizmente não sabe o que é isso, transferiu-se de outra Universidade e provavelmente conseguiu o estágio graças a um telefonema do seu pai. Não chame isso de drama.

— Você não me conhece tão bem quanto acha, Evans.

No entanto, Evans simplesmente deu-lhe as costas e continuou seu caminho, ignorando sua réplica. Por alguns instantes, ele não se mexeu. Ok, sua família era consideravelmente influente, isso ela talvez já soubesse por conta de seu sobrenome, mas ele abrira mão de todo o conforto de que podia usufruir quando decidira se mudar para a república.

Por fim, os dois fizeram o resto do percurso em silêncio. Assim, James confirmou sua suspeita de que Evans fosse o único tipo de mulher que nunca se interessaria por ele, uma vez que mal o conhecia e já o julgava daquela maneira. E adicionou mais um adjetivo para o seu já longo apelido: louca-estranha-bonita-ruiva.

—--

Lily chegou dez minutos minutos atrasada e os promotores já estavam lhe esperando para uma reunião. Ela correu para sua sala, deixando James para trás e ligeiramente perdido no grande Fórum St. Mungus.

Havia um supervisor esperando por ele para mostrar-lhe o fórum e seus setores. Enquanto caminhavam, o supervisor falava animadamente:

— Então, Potter, agora estamos indo para o segundo andar, como você acabou de perceber. – Ele se chamava Arthur Weasley, era um supervisor dos processos criminais. – Aqui neste andar fica a área trabalhista.

James ficou ouvindo o Sr. Weasley tagarelar alegremente sobre os andares, enquanto saiam do elevador, no segundo andar.

— ... Esta é a Sra. McGonagall – Uma mulher na casa dos cinquenta anos acenara gentilmente para ele, de sua mesa mais adiante. – Ela cuida da agenda dos promotores e é a secretária do Juiz Presidente do Fórum, o Dr. Dumbledore.

Eles atravessaram a mesa de McGonagall, que lia uma pasta atentamente. Logo a frente, seguia-se um enorme corredor, cheio de portas, cada uma com uma placa. Eles começaram a atravessá-lo, vagarosamente.

— Estas salas são as salas dos promotores. Os melhores do país. Eles trabalham aí, isso quando eles não estão nos tribunais de Justiça etc. Somente aquela última sala ali não pertence a um promotor.

— E de quem é aquela sala, Sr. Weasley?

— Ah, de uma jovem chamada Lily Evans. Ela é a assistente número um dos promotores desse setor inteiro. Só ouço falarem bem dela nesse lugar, parece que terá um futuro brilhante pela frente.

James sorriu, contrariado. Percebeu que tudo o que ouvira envolvendo o nome de Lily Evans trazia consigo adjetivos como "brilhante" e "exigente". Como isso era possível?

— Quer conhecê-la, Sr. Potter? Acho que ela deve ter a sua idade.

— Hum... Quem sabe outro dia?

—--

Após o jantar, Anita Ecklair se encontrava em sua casa assistindo à sua série americana favorita, tranquilamente. Estava exausta e precisava descansar. Sirius Black ainda não havia chegado em casa até aquele momento. Remus Lupin estava lendo um livro numa poltrona próxima à Anita. Lorens Ludmann também não havia chegado, provavelmente o ensaio perduraria até mais tarde. Lily Evans descia as escadas em direção à sala. James Potter estava no andar de cima, fechado dentro do quarto, e ninguém sabia o que estava fazendo.

Lily sentou-se ao lado de Remus. Ele fechara o livro e começaram a conversar, enquanto Anita mal piscava para assistir ao seriado.

Ouviram passos afobados pela escada. Os olhos de Lily caíram sobre um James Potter muitíssimo bem vestido, com os cabelos apontando propositalmente para todas as direções.

— Vou sair. – Potter anunciou, indo em direção à porta.

Anita finalmente desviou os olhos da televisão para olhá-lo.

— Hum... você se veste bem, James. - Ela comentou. - Aonde você vai?

— Obrigado. Vou sair com uma nova amiga.

Lily reparou que Potter estava olhando para ela. Será que ele também estaria esperando por um elogio? Há, era só o que faltava.

— Sei... amiga. – Remus repetiu, sorrindo.

— Não posso me atrasar. - Potter deu sua típica risada cínica. - Eu não costumo deixar garotas esperando. Vejo vocês mais tarde.

Antes de sair, Potter ainda lhe lançou outro olhar. Assim que a porta se fechou, Anita voltou-se novamente para a televisão.

— Ele se enturma rápido, não? – Remus comentou, distraído.

— Como é infantil. – Lily resmungou. - Ainda teve a cara de pau de dizer que não costuma deixar garotas esperando, olhando para mim, para me provocar. Como se não bastasse ele ter me atrasado e não ter sequer se desculpado, ainda quer ficar fazendo piada! Vê se pode, Remus?

— Você levou alguma bronca por chegar atrasada? – Remus perguntou, cauteloso. Havia percebido que Lily estava aborrecida.

— Mais ou menos, mas como foi a primeira vez, passou.

—--

James fechara a porta e olhou para o lado direito. A casa era praticamente igual a sua, como todas as outras casas daquela rua. Sarah Adams o recebeu, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Gente, muito obrigada pelo retorno de vocês! Fico feliz que até leitoras antigas se empolgaram junto comigo nessa repostagem de RE. Sério, vocês me deixaram muito feliz!

Quero fazer um agradecimento especial para minha querida amiga Miller, que não só está me incentivando MUITO a repostar República Evans, como ainda me recomendou nas notas de uma de suas principais fanfics Jily. Amiga, você é demais! Obrigada mesmo!!!

Beijos,
Carol Lair