–Você tem certeza que não quer vir comigo?- perguntei para Kate de novo.

–New Orleans é meu lugar agora- ela disse sorrindo- mas eu ainda acho que você devia ficar.

Eu tinha decidido sair de New Orleans, apesar de algo mim dizer pra ficar, mas eu ignorei essa parte. Tinha ficado apenas algumas semanas, com minha família, e com Kate. Queria ter certeza que ela ficaria bem.

–Eu não posso, não depois de...tudo que aconteceu- falei tentando não me lembrar-Você vai ficar bem?

–Não se preocupe comigo- ela disse sorrindo, depois ficou seria, me avaliando- e você, vai ficar bem?

–Sim, eu só preciso voltar ao pouco de normalidade que ainda me resta- disse, sorrindo fraco.

–Tá legal, ãn...alguma noticia do Klaus?-ela perguntou sobre o assunto que eu estava evitando pensar, mas obviamente não deu certo.

–Não, só encontrei Elijah quando fui pegar minhas coisas, mas ele não disse muita coisa- falei desapontada- eles estão de luto, então é melhor não incomodar.

–Hey- Kate falou sorrindo- nem pense em se culpar. Agora vem aqui me dar um abraço.

–Não se preocupa-falei no meio do abraço- eu não consigo me culpar.

–Ótimo-ela disse apertando minha bochecha- se cuida, e qualquer coisa me liga.

–O mesmo serve pra você- falei sorrindo torto.

–Até logo Ari.

–Até logo KitKate- nos rimos juntas.

Entrei no carro, e com um duvida no peito, dei adeus á New Orleans.

...

Alguns meses depois.

Eu tinha voltado ao meu apartamento, volta a Universidade de Artes, tinha até cortado meu cabelo, mas a normalidade não voltou.

Nas primeiras semanas, eu consegui agir normalmente, foi até fácil, mas depois...não deu tão certo assim.

Toda maldita noite eu sonho com um bebê, uma menininha de olhos claros. De dia eu tento pintar meus quadros, mas eu tinha visões com o Klaus. Vejo ele parado na janelo do quarto do bebê, olhando as luzes da noite de New Orleans. Então eu ficava encarando a tela em branco.

E ainda tem o Joseph, ele fica tentando falar comigo, mesmo quando eu não estou dormindo, por enquanto eu estou conseguindo bloqueá-lo, mas é cansativo.

Acho que eu já meio que entendi, minha consciência ou Joseph deve estar jogando na minha cara que eu fracassei.

Mas por algum motivo eu me sinto ficando mais forte, esse poder não vai embora, o que só me perturba mais ainda.

–Tudo bem- repeti pra mim mesma, encarando a tela em branco- eu consigo.

Mas nada me vinha à mente, quer dizer coisas me vinham à mente, mas eu só as ignorava.

Parte de mim não se permitia me culpar, mas não era no que eu acreditava, é claro que eu tinha culpa. Mas tinha outra parte de mim que dizia que eu estava errada, que a criança estava viva. Então eu ignorava tudo isso.

–Você não pode me ignorar pra sempre–disse Joseph, e apesar de eu ter me assustado, estava cansada demais pra expressar alguma reação.

–Como você conseguiu me fazer te ouvir?- falei, encarando o lápis na minha mão.

–Você esta exausta- ele disse se sentando no banco ao meu lado- você tem evitado dormir, comer, e pensar, estou começando a me preocupar.

–Eu estou bem- falei guardando o lápis, e me sentando no sofá, Joseph me acompanhou- só estou com um bloqueio criativo.

–Você tem que se recompor– ele falou me analisando- seu poder esta aumentado, você precisa de treinamento.

–Pra que?- falei me exaltando, com o ultimo resquício de energia que me sobrará- eu não consegui! Eu fracassei! Não tem porque eu treinar ou te ouvir, ou fazer qualquer coisa que não seja humanamente normal.

–Você não é normal- ele disse sério- e você não completou sua missão ainda, a criança esta viva e logo o perigo chegará até ela.

Fiquei parada, em choque, atônita, tentando analisar suas palavras.

–Viva?-perguntei sem reação.

–Sim, é por isso que você sonha com ela– ele falou- mesmo tendo sido hipnotizada, você sempre soube disso.

Se isso fosse verdade...

Agora tudo fazia sentido, pelo menos a maioria. O peso sobre o meu peito diminui.

–Klaus me hipnotizou?- perguntei já suspeitando da resposta.

–Sim– ele disse erguendo uma sobrancelha pra mim- se você não tivesse me bloqueado, já saberia.

– Tá legal- falei erguendo as mãos, me rendendo- Klaus me hipnotizou, a bebê esta viva, mas e agora?

–Você tem que parar de bloquear– ele falou me encarando.

–Mas eu já parei- falei sem entender.

–Me refiro aos sonhos com a criança, e ao ser poder- ele falou como se fosse óbvio.

–Tudo bem- falei suspirando- você vai me explicar sobre o perigo?

–Sim, mas depois–sua voz foi ficando divertida– agora pare de viver como um zumbi, coma e descanse um pouco e, Ariana, tome um banho, você esta precisando.

Fiz uma careta, eu realmente estava precisando.

Depois de um banho relaxante, e uma refeição quente, eu me joguei na minha cama dormindo quase instantaneamente.