Intercâmbio escrita por LaisaMiranda


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Desculpa a demora pra postar. Mas não é enrolação, eu juro. Eu escrevo o capítulo e já posto, mas o problema é que não tem como eu escrever o dia todo.

Vi que comentaram!!! Muito obrigada. Estou feliz que vocês estão gostando!!!

Me diverti muito escrevendo esse capítulo. Enzo e Giselle vão começar a se entender... Ou não!



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Meu primeiro dia no Crazy Joker estava sendo bem agitado. Era uma quarta-feira, e depois que os papéis ficaram prontos, Nico me disse que eu podia começar se eu quisesse. Por mim, já teria começado antes, porém ele preferiu fazer tudo conforme a lei, já que eu era uma imigrante. Assim num futuro próximo, o bar não teria nenhum problema.

Não havia muita gente, pelo menos foi isso que Clayton tentou me convencer, mas para mim estava bastante movimentado. Talvez fosse porque eu era nova, sem experiência e porque corria para todos os lados com os pedidos nas mãos.

Eu ia das mesas à cozinha, da cozinha às mesas, de vez em quando ainda passava pelo balcão, eu já estava ficando tonta.

— Então como está indo o primeiro dia? — perguntou Clayton quando me encontrou na cozinha.

— Cansativo — disse ofegante, esperando o pedido da mesa sete. Um prato com um nome estranho. — Isso aqui não parece ser diferente de um restaurante.

Clayton soltou sua risada estranha.

— Você está se saindo melhor do que eu no meu primeiro dia. Me lembro até hoje. Eu quase morri de medo. Atendi um casal, que olha... Não gosto nem de lembrar.

Felizmente ainda não tinha atendido nenhum cliente desses.

— Mas eu tinha Enzo para me salvar. Ele foi um bom colega naquela época. Como estou sendo para você, espero.

— Sim. Obrigada por me ensinar tudo — agradeci.

Diferente de Enzo, que não me dirigia uma única palavra, Clayton sempre estava presente para me ajudar no que for preciso.

— Pedido da mesa sete — gritou o chefe William, um homem alto e magro.

Depois que peguei o prato. Levei até a mesa e depois fui para outra.

Eu já estava nesse vai e vem à quatro horas, e não sabia quando iria parar. De repente vi Nico me chamar. Fui até ele nervosa, porém ele sorriu para mim.

— Então, está gostando?

— Não vou negar que é cansativo, mas estou dando conta.

— Que bom. Você tem direito a meia hora de break. Pode fazer o que quiser, por tanto que volte no tempo certo — assenti para ele. — Se quiser comer algo, pode ir até a cozinha e se servir do que quiser.

— Tudo bem.

Era estranho ouvir Nico falando assim, já que eu estava acostumada com o seu jeito despojado de se comportar quando estava trancado em casa.

Depois daquele dia em que fui contratada, Lacey aceitou Nico novamente para voltar a morar com ela. E desde aquele dia, Nico mostrou ser um cara engraçado e de bem com a vida, diferente de como era no trabalho. Não que ele fosse mandão, contudo definitivamente se comportava diferente.

Entrei na cozinha faminta e pedi para William me servir qualquer coisa comestível. Ele pegou um pedaço de Linguado à Suíça, e pediu para que eu me sentasse no balcão dos fundos (aparentemente os funcionários costumavam comer ali quando estavam em horário de break). Me sentei no banco e comi sem etiqueta alguma. Eu estava faminta.

— Will, pelo amor de Deus, me arruma qualquer coisa, estou morrendo de fome — ouvi a voz de Enzo vindo do outro lado. Assim que virei o rosto, nossos olhares se encontraram e ele desvirou rapidamente.

Eu ainda não entendia esse jeito dele. Afinal era só comigo. Pelo menos não percebia ele tratando mais ninguém daquela maneira. Desde aquela noite, onde ele foi bem convencido dizendo para ficar na minha, ele não trocou nem meia palavra comigo. E não era como se eu não tentasse. Até Lacey tentava, sem sucesso, é claro. Chegou ao ponto de Nico ficar com raiva dele, numa noite quando estávamos todos jantando, mas era isso. Ele me odiava, e ninguém podia fazer nada a respeito.

Eu só queria saber o que tinha feito ele ficar assim. Ainda não havia descoberto nada. Clayton não era o tipo de amigo que fala. E eu não era louca de perguntar algo para Lacey. Ela sim, podia desconfiar.

— Aqui Enzo — Will lhe entregou o prato, Enzo o pegou e se virou para sair da cozinha. — Ué! Não vai comer no balcão como sempre?

— Não. Acho melhor tomar um ar fresco lá fora — então ele saiu.

O quê? Agora ele não podia nem mais ficar perto de mim? Que raiva! Que garoto estranho, meu Deus!

Às vezes achava que era um absurdo eu ficar tão interessada em saber sobre o passado dele, eu não tinha esse direito. Contudo, era só acontecer coisas como essas, que a ideia me parecia mais e mais convincente.

Terminei de comer e já voltei ao trabalho. Já era dez horas, o que queria dizer que estava chegando ao fim aquele primeiro dia de trabalho tão cansativo. Fui para a primeira mesa que vi, onde três homens jovens estavam sentados, perto da janela.

— Boa noite — disse educadamente.

Eles olharam para mim. O primeiro, que parecia ser o mais novo, tinha os olhos azuis e os cabelos louros. O homem ao lado dele era um pouco mais velho. Tinha barba e parecia gostar de rock, pelo modo que se vestia. Já o último homem era um gorducho, feioso, que me fitava de cima à baixo.

— Já sabem o que vão pedir? — perguntei, pronta para anotar os pedidos no meu caderno de notas.

— Sim — respondeu o mais novo, olhando para o menu em suas mãos. — Acho que vou querer uma carne morena, vestida de preto, que está bem na minha frente.

Como ele se atreve? Pirralho imundo! Fingi não ouvir o que ele tinha acabado de dizer, e muito menos as risadas debochantes de seus amigos.

— Temo dizer que isso não está disponível. Temos um prato novo, tenho certeza que...

— Eu não quero nada que estiver aqui — me interrompeu o roqueiro — se você não vier junto.

Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo. Se pudesse eu juro que pegaria a primeira coisa que visse e jogaria na cabeça daquele infeliz. Está certo que aquele era meu primeiro dia e que eu não podia fazer nada que me colocasse em maus lençóis, mas eu também não tinha sangue frio, uma hora não aguentaria.

— Giselle — Clayton de repente chegou. Ele se aproximou do meu ouvido. — Deixa que eu termino aqui, vá para o balcão e me espere lá.

Olhei para Clayton em forma de agradecimento e fiz o que ele mandou. Graças a Deus ele percebeu o que estava acontecendo antes que eu fizesse alguma besteira.

Fiquei observando de longe o que Clayton fazia. Ele parecia estar atendendo normalmente os clientes.

— Não pode pedir a ajuda do Clayton toda vez que você não der conta — olhei para trás e fiquei surpresa, não acreditando que Enzo estava falando comigo.

É claro que ele não estava sendo gentil. E muito menos prestava a atenção em mim, já que fazia o seu trabalho de bartender, com as garrafas, mas mesmo assim fiquei impressionada por ele ter dito algumas palavras. Sem precisar dizê-las através de outra pessoa, assim como gostava de fazer quando Lacey estava por perto.

— Eu não pedi ajuda — respondi, usando o mesmo tom. — Clayton viu o que estava acontecendo e...

— Eu não quero saber — ele me cortou. — Isso é problema seu — ele olhou para mim pela primeira vez. Fiquei nervosa com seus olhos azuis me fitando. — Só espero que você fique esperta, ou eu posso usar esse tipo de coisa contra você.

Enzo voltou a olhar para os copos enfileirados à sua frente e despejou o líquido das garrafas sobre eles.

Pensei no que ele disse. Enzo realmente seria capaz de contar tudo para Nico e me prejudicar? Que pergunta besta! É claro que ele seria. Para começo de conversa, ele não gostava de mim e nem queria que eu fosse trabalhar no Crazy Joker.

— Eles estão bêbados, mas consegui lidar com a situação — disse Clayton assim que voltou da mesa. Fiquei realmente agradecida por sua ajuda.

— Obrigada por me salvar. Eu não sei o que eu faria se você não tivesse aparecido.

— Cliente assim é o que mais tem. Você precisa se acostumar e não ligar para esse tipo de coisa, ou vai perder a cabeça rápido.

Assenti, aceitando o conselho de Clayton. Quando voltei a olhar para Enzo, ele movia a cabeça em forma negativa, com um leve sorriso na boca. Idiota! Ele queria ver a minha desgraça mesmo.

***

Finalmente o pub já estava com pouco movimento e os funcionários que sobraram, apenas estavam arrumando tudo para poder ir embora.

Fui até uma mesa suja e passei um pano úmido para sair o resto da comida dos últimos fregueses, quando inesperadamente senti mãos na minha cintura. Virei assustada, não acreditando em quem estava na minha frente.

Tentei tirar as mãos dele de mim, porém o homem era mais forte.

— Agora que já jantei, quero a sobremesa. — O roqueiro estava bêbado, agora eu conseguia sentir seu hálito nojento.

— Me solta! — Tentei soltar as mãos imundas dele de cima de mim, porém ele me prendia contra a mesa.

— Só depois que você der o que eu quero. — Ele se aproximou do meu rosto, virei a cara apavorada, até sentir ele se afastar ligeiramente.

Quando voltei a olhar para frente, apenas enxerguei uma costa larga tampando a minha visão.

— Você ouviu o que ela disse — A voz de Enzo era alta e agressiva. — É melhor ir embora.

Dei um passo para o lado e notei que a expressão do roqueiro não era tão diferente de momentos atrás. Ele não estava com medo. Na verdade, tinha um sorriso malicioso estampado na cara.

— Você é o namorado dela? — perguntou ele, debochando.

— Não! — respondeu Enzo, como se eu ser namorada dele fosse uma ofensa. Não pude deixar de me sentir mal.

— Então por que está se metendo? — depois que o imundo fez a pergunta, eu também fiquei pensando no assunto. Enzo me odiava, então por que estava me ajudando? —  Acho melhor você vazar e me deixar sozinho com ela.

O cara deu mais um passo para frente, entretanto Enzo não se moveu nem um centímetro.

— Meus amigos estão logo ali — ele apontou para o pirralho e para o gorducho, que estavam à alguns metros, apenas esperando algum sinal, quem sabe. — É só eu estalar meus dedos e eles vêm me ajudar.

— Que tentador — disse Enzo, sem demonstrar incerteza na voz. — Mas acho melhor você e seus amigos, seguirem pela porta de saída ou eu vou chamar a polícia. O pub já fechou.

O roqueiro deu uma risada horrorosa, não tomando aquilo como ameaça e sim como uma brincadeira. Ele faria alguma coisa. Era só ele estalar os dedos que os seus amigos acabariam com Enzo.

— Enzo, eu acho melhor... — tentei avisar, mas ele não me deixou terminar.

— Cala a boca. — Ele não foi gentil ao dizer isso. — Então, o que está esperando? Anda. Sai daqui.

— Tudo bem, cara. Eu não quero problema com a polícia.

— Achei que não — respondeu Enzo, convencido.

O roqueiro deu alguns passo para trás, andando de costas, e em questão de segundo se virou. Nesse momento Enzo relaxou os ombros, então a única coisa que consegui enxergar nos momentos seguintes foi algo acertar com tudo a cabeça dele. Na hora dei um grito. Enzo caiu no chão com tudo e não estava com os olhos abertos.

— Meu Deus! Clayton! — gritei, desesperada, abaixando-me para tentar acordar ele. Percebi que Enzo estava sangrando onde foi atingido. — Enzo! Enzo, fala comigo!

Ouvi passos se aproximando.

— O que houve aqui? — gritou Nico e depois viu Enzo jogado no chão. — Droga! O que foi que houve?

— Um homem.... — tentei explicar, mas estava muito nervosa. — Ele... Eles... — olhei para trás e não consegui encontrar ninguém.

É claro que eles tinham fugido.

— O que está rolando aqui? — ouvi a voz de Clayton. — Aqueles caras saíram sem pagar? Merda! Por que o Enzo tá no chão?

— Enzo! Enzo! — gritou Nico, já ajoelhado ao meu lado. — Droga! Acorda! Você não pode morrer no meu bar, ou sua irmã me mata! — Apesar do tom de brincadeira, senti pavor em seu tom de voz. 

Enzo enfim abriu os olhos.

— Ai — gemeu ele, colocando a mão na cabeça e vendo o sangue na mesma. — Filho de uma...

— E ele voltou — disse Clayton, aliviado.

De repente Enzo encontrou meu olhos preocupados, nos encaramos por alguns segundos, até ele desviar o rosto e se sentar.

— Mas o que aconteceu, afinal? — perguntou Nico, levantando-se e encarando todos presentes.

— Foi minha culpa — disse por fim, assumindo a responsabilidade. O que não era mentira. A briga toda aconteceu por causa de mim.

— Sim — afirmou Enzo se levantando. — A culpa foi dela.

Obrigada, pensei, também me levantando.

— Não entendi — disse Nico, confuso.

— Eram três caras — começou Clayton explicando a história toda. — Eles devem ter mexido com a Giselle de novo. Enzo deve ter ajudado dessa vez.

— Eu não precisaria, se você não tivesse provocado eles.

— Como é que é? — exclamei indignada. Aquilo não era verdade.

— Olha, eu não quero saber! — gritou Nico, já acabando com uma discussão que poderia se iniciar. — Eles já foram embora e precisamos ir também. Termina de fechar tudo, Clayton. Vou ver se o Will e a equipe dele já terminaram.

— Eu vou no banheiro lavar isso — Enzo saiu com a mão na testa.

Eu sabia que carregava um pouco da culpa pelo o que tinha acontecido. Agora dizer que eu tinha provocado, já era demais. Enzo queria mesmo me ferrar, como prometeu que faria se tivesse oportunidade.

Alguns minutos depois. O pub já estava com suas portas fechadas. E apenas sobrava nós três. Nico, Enzo e eu. Fomos até o estacionamento. Enzo pegou suas chaves do bolso da calça.

— Nada disso — alertou Nico o vendo ir em direção ao seu automóvel — Você não vai dirigir com a cabeça assim.

— O quê? — indagou Enzo, não acreditando no que estava ouvindo. — Até parece.

— Eu disse não, Enzo — Nico arrancou a chave da mão dele.

— Dá pra você parar? Como eu vou voltar para casa, então?

— Nossa, você não sabia que eu também tenho carro? — Nico ironizou, sem humor. — Você vem comigo e com a Giselle, é claro.

Enzo olhou para a minha cara e em seu rosto dizia: Nem pensar.

— Isso é um absurdo, Nico. Eu estou bem.

— Entra logo nessa droga de carro, Enzo! Eu não vou falar mais.

Nico deu a volta e abriu a porta do motorista. Ele destrancou as outras portas e eu entrei, antes que sobrasse para mim.

Enzo acabou entrando no carro de má vontade, sentando-se no assento do carona. Ele não disse uma só palavra a viagem toda. Quando entramos em casa e Nico ligou a luz da sala, percebi que sangue escorria pelo rosto dele.

— Meu Deus — disse, sem gritar.

— Droga! — Nico também percebeu o sangue.

— O quê? — perguntou Enzo, levando as mãos a testa.

— Você está sangrando ainda.

— Merda. Pensei que tinha parado.

— Você precisa fazer um curativo — aconselhei. — Tem um kit de primeiro socorros na cozinha. Vou lá buscar.

— Não precisa — gritou Enzo, mas não dei ouvidos. Quando voltei com o kit ele já estava sentando no sofá. Nico estava em pé.

— Não sei para quê isso — ele ainda estava resmungando.

— Aqui — estiquei a caixa para dar para Nico. Ele me olhou estranho.

— O quê? — indagou ele. — Eu não!

— Deixa que eu mesmo faço isso — Enzo se levantou.

— Você, senta aí! — Nico o fez se sentar de novo. — Ela vai fazer o curativo. Sozinho você não vai conseguir.

Não sei por quê, mas aquilo não parecia uma boa ideia.

— Vou dormir — disse Nico, olhando para mim. — Cuida dele. Amanhã esse garoto tem que estar lindo para a irmã dele.

Nico subiu as escadas, sem me deixar dizer uma palavra sequer sobre o assunto, nos deixando sozinhos na sala. Dois completos estranhos. Eu realmente não sabia o que esperar daquilo.

— Não sei porque Nico faz esse tipo de coisa. Se eu quisesse um pai não teria vindo morar com a minha irmã.

— Acho que é porque ele se preocupa com você — respondi sem pensar. E depois ao ver a expressão que Enzo fez para mim, percebi que ele não estava falando comigo e sim com seu próprio eu.

Me senti uma idiota. É claro que ele não queria falar comigo. Apenas estava ali porque precisava que eu o ajudasse com o curativo.

— É preciso lavar de novo a ferida. Precisamos ir para a cozinha.

Ele não disse nada, apenas se levantou e eu o segui. Enzo foi direto para a pia e lavou o rosto todo.

— Pronto — ele pegou um pano de prato usado para limpar o rosto.

— Não! — quase gritei. Ele me olhou confuso. — Tem que ser com um pano limpo, senão pode infectar.

Corri para a gaveta e peguei um pano limpo. Não precisei pedir para Enzo se sentar. Ele mesmo fez isso.

Me aproximei dele com hesitação, afinal eu tocaria naquele homem pela primeira vez. Enzo não me observava. Ele olhava em linha reta. Para o nada. Acho que era a forma dele de dizer que eu podia tocá-lo.

Passei o pano com cuidado no corte, em cima da sobrancelha direita. Enquanto eu procurava no kit algo para desinfetar a ferida, percebi que ele me assistia. Tentei não ficar apreensiva. Quando voltei a minha atenção para ele, já com o Povidine na mão, Enzo desviou o olhar. Desinfetei a ferida e ele não mexeu uma única vez. Agora só faltava cobrir o corte.

Eu precisava dizer alguma coisa, qualquer coisa. Afinal eu não sabia quando teria uma oportunidade daquelas novamente.

— Só para constar eu não estava provocando ninguém — disse a primeira coisa que lembrei para puxar assunto. Enzo riu para a minha surpresa. — O quê?

— Vocês mulheres são provocativas e às vezes nem se dão conta — ele não olhava para mim.

— E o que isso quer dizer? — perguntei, cobrindo o corte com o um pedaço do esparadrapo.

— Você já terminou?

— Já.

— Deixa eu ver — ele se levantou e foi direto para a sala. Fui atrás dele e o observei olhando no espelho pendurado na parede. Ao lado da escada — É, até que vai dá para essa noite, pelo menos.

— Será que nem agradecer você sabe?

Ele me encarou de modo desafiador.

— Obrigada. — Não senti sinceridade. — Giselle — fiquei surpresa quando escutei meu nome sair de sua boca.

De repente me dei conta que era a primeira vez que ela falava isso. E acho que ele também percebeu. Enzo me observava de um jeito que ainda não tinha olhado antes.

— Vou me deitar — disse de repente, mas antes de se virar percebi que o curativo estava abrindo.

— Espere! Deixa eu arrumar isso antes — me aproximei e apertei um pouco o esparadrapo na testa dele. Enzo se afastou. Me senti mal — O quê? Eu tenho algum tipo de doença contagiosa que não posso nem tocar em você?

Enzo voltou a ficar sério de novo, e agora parecia que não seria educado.

— Você não devia brincar com esse tipo de coisa.

— Desculpe — me desculpei, me sentindo culpada, de fato.

— Tudo bem — respondeu gentilmente.

— Por que você não fala comigo? — perguntei antes dele ir embora.

Enzo abriu um meio sorriso e tentou não rir.

— Eu juro que tô tentando, mas parece que você gosta que eu te ofenda — ele fez um gesto apontando de mim para ele. — Eu estou falando com você. Se ainda não percebeu.

— Você sabe o que eu quero dizer. Desde que eu cheguei... Parece que você tem alguma coisa contra mim.

— Pensei que já tivesse sido bem claro sobre isso.

— Mas ainda não entendi. Eu te fiz alguma coisa?

— Não tem nada para você entender. É melhor deixar as coisas do jeito que estão.

Enzo se moveu para subir as escadas, e eu tomei coragem, não sei da onde, para dizer:

— O que aconteceu com você?

Ele ficou parado por alguns segundos, então se virou devagar.

— O que quer dizer com isso?

Se arrependimento matasse eu já estava caída no chão. Enzo me encarava desconfiado, como seu eu soubesse de alguma coisa.

— Nada. Eu não quis dizer nada — tentei não gaguejar.

Ele relaxou mais o olhar.

— É melhor você ir dormir. Já está bem tarde.

Assenti nervosa. Então ele subiu.

Essa foi por pouco! O que eu tinha na cabeça para perguntar isso? Dessa vez realmente passei dos limites!

***

Resolvi ir deitar logo, foi um dia longo e eu estava muito cansada. Quando cheguei no quarto fechei a porta e acendi a luz. Tirei o uniforme preto e coloquei minha camisola azul. De repente escutei um barulho e a porta se abrindo atrás de mim, quando virei para ver quem era, levei um susto.

— O que é isso? O que você está fazendo aqui?

Enzo estava ali. Seu rosto estava sério, como sempre, porém havia algo distinto em seu olhar. Ele entrou no meu quarto devagar, estava vestindo apenas um shorts preto. Parou a alguns metros de mim, me analisando de maneira estranha.


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Notas finais do capítulo

E aí, curiosos, para saber o que Enzo foi fazer no quarto da Giselle?? Então não deixem de conferir o próximo capítulo! Prometo que não demoro para postar, só preciso concluir ele.

Obs: não liguem paras o erros que encontrarem. Eu tô tentando revisar direito antes de postar, mas sempre uma palavra ou outra vai cortada ou errada.



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