Intercâmbio escrita por LaisaMiranda


Capítulo 3
Capítulo 3




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Esperei Lacey descer para falar com ela. E fui bem direta, de um jeito inesperado.

— Como é bom tomar um banho depois de uma dia cansativo — disse Lacey, descendo as escadas. Ela se aproximou de mim.

— Seu irmão é um idiota. — fui direta.

Lacey riu alto. Fiquei surpresa com a sua reação.

— Eu sabia girl, que uma hora você mostraria as suas garras. — ela parou de rir e ficou séria — O que ele fez?

— Seu irmão deve ter algum problema. Sério.

Lacey não pareceu ofendida. Na verdade, notei que não era a primeira vez que ela escutava esse tipo de coisa.

— Ele sempre foi assim? — perguntei mais calma.

— Se eu dissesse que não você acreditaria? -— ela jogou a pergunta para mim — O melhor conselho que eu posso te dar é... Ignore-o. E pense que não é pessoal. Ele trata todo mundo assim. É verdade que com as mulheres é pior — ela disse a última frase para si mesma.

— Ele não te trata assim. Quer dizer...

— É porque eu sei dominar a fera. — ela piscou para mim — Mas então o que você queria conversar?

Lacey foi andando para a cozinha, eu a segui.

— Bem, lembra quando eu te falei sobre trabalhar? Então meu professor me explicou essa parte. — Lacey pegou um pote da geladeira e jogou o que tinha dentro numa panela que estava em cima do fogão. Ela acendeu o fogo. — E vai ter que depender de mim conseguir um trabalho. Então eu estava pensando que talvez você conhecesse alguém que esteja precisando... Não sei.

Fiz uma careta, sem querer. Esperei a resposta dela. Lacey estava séria.

Maybe... talvez eu conheça alguém sim — ela sorriu depois que eu sorri entusiasmada. — Mas não quero criar expectativas, okay? Eu preciso falar com a pessoa primeiro.

Depois ela falou mais uma vez sozinha, como se eu não estivesse presente:

— E isso vai ser mais complicado do que eu imagino.

Fiquei um pouco tensa depois que ela disse isso. Mas e daí? O que poderia ser? Eu não precisava me preocupar com isso agora. Pelo menos ela ia tentar.

— Obrigada, mesmo assim, Lacey. De verdade. Só por você tentar eu já fico mais aliviada.

Ela sorriu vendo minha felicidade.

— Amanhã é sexta. Acho que você não tem nenhum compromisso a noite, right?

— O que você sugere?

— O pub onde meu irmão trabalha — abaixei a cabeça — Eu sei que você não foi com a cara dele, mas não vai se arrepender quando chegarmos lá. Eu prometo.

— Tudo bem — me rendi.

Seria bom sair e conhecer um pouco os lugares de Londres. E nada melhor que fazer isso na companhia de Lacey.

Depois do jantar fui para o meu quarto. Peguei o celular. Eu precisava conversar com Vanessa. Conversar não, desabafar com ela.

Como sempre ela estava online.

Giselle:

ei garota brasileira

 

Ela não demorou para responder. Conversamos um pouco sobre meu dia. Evitei falar sobre Enzo logo de cara, mas parece que Vanessa me conhece e sabe o que se passa dentro da minha cabeça.

Vanessa:

e então? Como ele é?

Giselle:

foi bom você tocar nesse assunto.

Pq ele é um idiota

Vanessa:

nossssssaaaaaa

Mas o que aconteceu?

Giselle:

a Lacey me alertou sobre o tipo de pessoa que o irmão dela era

mas foi pior do que pensei.

Vanessa:

ele te fez alguma coisa amiga?

Giselle:

praticamente me chamou de burra

Vanessa:

não acreditooooo que ele teve coragem!!!

Espera

Eu vo te ligar pra conversar melhor.

Vc precisa me contar isso direito.

Giselle:

não Vanessa

É muito cara a ligação.

Vanessa:

então me manda áudio

Pelo amor de Deus.

 

Fiz o que ela pediu e contei tudo o que tinha acontecido. Desde quando Lacey me avisou sobre Enzo até o último acontecimento. O áudio ficou bem longo. Tive dó de Vanessa por ter que escutar aquilo por tanto tempo, porque eu odiava áudios longos, mas ela estava afim de escutar, então acho que não se importou.

A resposta demorou para chegar.

Vanessa:

que imbecil

E ele é bonito tenho ctz disso.

Vc não me disse, mas eu sei que ele é.

 

E não tinha dito mesmo, porque para mim a beleza dele não importava, já que o interior era tão podre.

Vanessa:

ai amiga

Não sei nem o que dizer.

Giselle:

o pior é que eu vou ter que conviver com ele nessa casa.

Eu não sei se aguento.

Lacey disse pra ignorar.

Vanessa:

então faça isso.

Eu sei que vai ser difícil pra vc,

resistir em olhar pro lindo rosto dele,

mas vc consegue.

Giselle:

eu tô falando sério aqui Vanessa.

Da pra você parar?

Vanessa:

NOSSA. só tô brincando

Pelo visto esse cara te deixou mesmo irritada.

 

Vanessa não imaginava o quanto. Eu não queria mais falar nesse assunto. Porém minha amiga estava disposta a descobrir mais sobre Enzo. Queria tanto que me pediu para entrar em suas redes sociais para que pudesse ver como ele era. Era só o que me faltava. Ter que stalkear ele pra ela.

 

Depois da minha resposta negativa à seu pedido, ela estava demorando para responder. O que queria dizer que estava pensando no que ia me pedir.

Vanessa:

tira foto de alguma foto dele.

Deve ter por aí, na casa.

 

De repente me lembrei de que não tinha visto nenhuma fotografia dele. Eu disse isso para ela.

Vanessa:

ai Giselle, para de ser chata.

É só pegar o celular e tirar.

Ninguém vai perceber

Depois vc apaga a foto.

Giselle:

eu tô falando pra você que não tem.

Eu já olhei.

Acho que ele não gosta de tirar foto.

 

E pouco me importava se gostava ou não.

Vanessa:

então desenha ele.

Giselle:

vou fingir que não li isso.

 

Até parece que agora eu perderia meu tempo valioso desenhando aquele retardado.

Vanessa:

mas que droga

Eu to curiosa pra saber como ele é

E descrição eu sei que vc não vai me dar.

Giselle:

eu quero é parar de falar dele.

Vanessa:

foi vc que veio falar comigo

Giselle:

sim

É pra isso que você serve

Pra ouvir o que tenho a dizer.

E calar a boca quando deve

Vanessa:

Vc ta mto chata hj.

Meu Deus

Se acalma e depois a gente conversa.

 

Então ela não respondeu mais. E eu também não queria mais falar sobre o assunto.

Esse garoto estava me deixando louca. Fora de mim. Eu tinha até brigado com a minha melhor amiga por causa dele. Eu precisava parar de pensar em Enzo e focar em outras coisas. De uma vez por todas.

Não demorei para dormir e fiquei feliz quando acordei de manhã e percebi que não tinha escutado Enzo chegar.

Isso de novo! Droga! Eu tinha que parar de pensar nesse maldito cara.

A aula de hoje tinha sido bem rápida. O professor Fernando só nos passou alguns exercícios para memorizarmos vocabulários. Depois nos dispensou mais cedo, pois era sexta-feira e ele queria que aproveitássemos o dia.

— Segunda iremos fazer um passeio turístico depois da aula. Você vai querer participar, Giselle? — perguntou o professor, depois que fui entregar meu trabalho do dia — Estou perguntando porque não sei se você já tem algum compromisso com host family que você está morando.

— Não, eu não tenho. E ia adorar, professor.

— Então está bem. Nos vemos na segunda.

Assim que cheguei em casa, encontrei com Lacey. Ela me fez um convite que não pude recusar. Me chamou para ir com ela até a rádio onde trabalhava, conhecer tudo por lá. Fiquei animada e logo fui vestir para poder ir com ela. 

Enquanto estávamos no carro, fiquei pensando se o convite tinha algo a ver com o trabalho. Será? Será que era da rádio que ela estava falando ontem? De repente fiquei nervosa. Se fosse eu não poderia estar mais feliz. Além de poder trabalhar num lugar tão legal, eu teria como companheira Lacey. Certamente não podia pedir mais.

A rádio era fascinante. Tudo bem colorido, com fotografias penduradas nas paredes dos corredores de famosos com os funcionários da rádio. Todos presentes pareciam bem jovens e despojados, assim como Lacey.

— Eu vou deixar você entrar, mas não faça barulho, tudo bem? — pediu Lacey antes de entrarmos no estúdio onde ia ao ar o programa.

O lugar era sensacional. Eu não entendia nada sobre rádios e nunca tinha estado em uma antes. Nunca vi tanto botões na vida. Parecia difícil, mas eles eram profissionais.

— E aí, pessoal! — Lacey cumprimentou as pessoas presentes. Ela se aproximou de um cara negro, bem bonito. Ele não tirou os olhos de mim assim que viu. 

— Sua amiga? — perguntou ele.

— Sim — respondeu Lacey se sentando ao lado dele. — Ela está morando lá em casa.

— Com seu irmão? — ele riu — E ele deixou?

Pelo visto o Enzo era famoso na cidade.

— Ele não tem que deixar nada, a casa é minha.

Lacey colocou os grandes fones de ouvido. Percebi que uma música tocava ao fundo. Não reconheci de quem era. Me sentei em uma cadeira vazia, ao lado da parede amarela.

— E o Nico? Vocês já voltaram?

— Bem, me pergunte isso na segunda-feira, que eu vou poder te responder.

Os dois se aproximaram do microfone. A música tinha parado de tocar e agora uma vinheta anunciava o próximo programa.

— Olá — disse o cara negro com a boca grudada no microfone, fazendo uma voz qualificada. — Começamos mais um hit music. Eu sou Ricky e espero que vocês estejam bem nesta linda sexta-feira que está fazendo hoje.

What's up, galera! — gritou Lacey pelo microfone. — Aqui é Lacey e por que agora não agitamos um pouco esta tarde com a música do Maroon 5 mais pedida por vocês?

Ela apertou um botão e Sugar começou a tocar. Eu adorava essa música.

O programa durou uma hora. Várias músicas foram tocadas. Sucessos da atualidade para ser mais exata. Lacey era muito boa no que fazia. Ela era demais.

Assim que o programa chegou ao fim, ela se aproximou.

— Então você gostou? — perguntou querendo saber minha resposta.

— Você deve ter um dos melhores trabalhos do mundo.

Ela sorriu, aceitando o elogio.

Era agora. Agora que ela comentaria sobre a vaga no estúdio da rádio.

— Então vamos para a casa, porque a noite temos um compromisso. — disse Lacey animada.

Tentei não demonstrar meu desapontamento. Não por ter que ir ao bar, mas por descobrir que não trabalharia com ela. O que seria muito divertido. Porém eu precisava aceitar a realidade. Para trabalhar em um lugar como esse era preciso experiência, a qual eu não tinha. Lacey pareceu notar que eu não estava feliz.

— Você não desistiu de ir, não é?

— Não. — disse forçando um sorriso.

— Ótimo.

O dia estava sendo muito bom. Finalmente pude sair um pouco e curtir a cidade de Londres. Ainda não tinha me acostumado com o frio, mas isso era o de menos. Eu estava amando esse sonho, agora realizado. E o melhor de tudo é que só estava no começo.

Felizmente quando chegamos em casa, Enzo já havia saído. Mas eu ainda teria o desprazer de encontrá-lo, já que Lacey desejava me levar para conhecer o bar onde ele trabalhava.

Como de costume, tomei meu banho bem rápido. Procurei por uma roupa para usar. Eu era bem chata com isso, por isso demorei para me arrumar. No final resolvi vestir uma calça jeans, uma blusa de lã cinza e uma bota cano baixo preta.

Deste modo desci para sala e percebi que Lacey já estava me esperando. Ela estava maravilhosa. Usava um vestido preto bem justo, que fez suas curvas se destacarem. Suas pernas torneadas estavam escuras devido a meia calça preta que usava. Para completar o look, um salto tamanho quinze da cor vermelha. Eu sabia que até o fim da noite ela sentiria por ter escolhido um salto tão alto. Mas é aquele ditado: Ficar bonita dói. 

— Uau! — foi a primeira coisa que saiu da minha boca ao vê-la tão arrumada daquele jeito. — Você está linda.

— Thank you. Eu preciso chegar arrasando nesse pub.

— Alguém especial vai estar lá? — perguntei, já imaginando quem podia ser. Nico, é óbvio.

Maybe — ela riu, jogando o sobretudo por cima dos ombros, cobrindo de vez todas as tatuagens do braço.

Não demoramos para chegar. O lugar era incrível. Depois que saímos do carro consegui enxergar melhor a parte exterior do bar.

Havia um outdoor gigante com as palavras "Crazy Joker". Palhaço louco, em português. Achei o nome engraçado. Por conta das janelas de vidro que atingiam ponta a ponta do prédio, consegui ver o interior do bar. Havia uma fila de vinte pessoas, mais ou menos, esperando para entrar. E na parte de dentro já estava bem cheio.

Lacey caminhou com seu salto alto até a porta de entrada e segui atrás dela. A mulher loura, uniformizada de preto, olhou para nós e sorriu. Ela reconheceu Lacey.

— Olá, Lacey. Tudo bem? — perguntou educadamente.

— Estou bem, Hilary. Nico está aí hoje?

— Sim. Quer que eu mande avisar que você chegou?

Please.

Hilary puxou a barra que impedia as pessoas de entrarem no bar e então passamos por ela, sem ninguém nos pedir nada. Achei estranho. Será que pagaríamos lá dentro?

— Você vai adorar aqui — disse Lacey animada.

Nos aproximamos do balcão e nos sentamos. Dali consegui prestar mais atenção no bar.

O lugar era escuro, no entanto as luzes amareladas deixava o ambiente num tom magnífico. As mesas e cadeiras eram de madeira preta. Havia uma bandeira da Inglaterra pendurada no teto, e a estante onde ficavam as bebidas era de um luxo esplêndido.

— Quem é vivo sempre aparece! — ouvi uma voz masculina e me virei para procurar de onde vinha.

O dono da voz não era alto e tinha o cabelo espetado com gel. O rosto era bem jovem, talvez tivesse a mesma idade que eu.

— Oi Clayton. Tudo bem? — Lacey o cumprimentou.

— Bem. Muito melhor agora na presença da Rainha do Crazy Joker.

Rainha? Então isso significava que Nico era dono do bar? Bem, isso explicava a razão de termos entrado sem problemas.

— Onde está Nico?

— O chefe? Trabalhando. Onde mais?

Chefe. Então eu estava certa.

— Ele vai adorar te ver aqui — continuou Clayton. Então se virou para mim — E quem é essa belezura?

— Essa é Giselle. Está morando comigo. — Clayton fez cara de quem estava em choque — Não comigo, idiot. Você entendeu!

Clayton riu. Ele estava brincando.

— Então você que é a brasileira?

Fiquei surpresa, como ele sabia disso?

— Bem que dizem que as brasileiras são as mais bonitas. — Lacey deu uma pigarreada de propósito. — Depois das britânicas, é claro.

Ela riu. Estava se divertindo.

— Como sabe que eu sou brasileira? — perguntei sem pensar. Mas depois imaginei que Nico pode ter mencionado sobre mim, já que estou morando na casa deles.

— O Enzo que comentou — respondeu ele sem rodeios.

Enzo? Como assim? Por que ele falaria de mim, se não gosta de mim? Ainda assim isso também não quer dizer que tinha sido coisa boa. Eu já até imaginava. Seria algo como: Aquela brasileira está morando lá em casa agora.

— E falando no diabo, olha ele vindo ali.

De repente meu coração acelerou. Eu estava tremendo. E sabia porquê. A culpa era dele. Eu não ansiava em ver o que aconteceria depois que Enzo me encontrasse em seu ambiente de trabalho.

— Só quero ver a cara que ele vai fazer quando te ver aqui. — Clayton parecia bem animado com a minha desgraça.

Eu já podia imaginar a cara, pode ter certeza.

Enzo se aproximou do balcão só que do lado de dentro. Ele carregava duas garrafas em cada uma das mãos. Quando me percebeu presente, sua expressão não foi a das melhores. Senti um frio na espinha.

Hey, little brother! — disse Lacey, o provocando.

— O que veio fazer aqui? — ele não olhava para minha cara, mas eu sabia que a pergunta era para mim.

— Isso são maneiras de tratar sua irmã mais velha? Vim ver o Nico.

— Se só veio para isso não precisava trazer companhia. — Ele falava como se eu não estivesse presente. Como aquilo me irritava.

— Que clima, hein! — riu Clayton, que observava tudo com satisfação.

— Olha quem está aqui! — disse outra voz masculina. Uma que eu ainda não conhecia.

Assim que enxerguei o dono na voz, reparei imediatamente na barba grossa e nos cabelos longos e negros. Tinha um modo estranho de se vestir, usava tecidos com tons terrosos e largos, porém não era nada que incomodasse meus olhos.

— E o que estão fazendo aqui e ainda por cima conversando? Clayton, tem mesa para você atender. E Enzo, meu amigo. Não é só porque você é irmão da sua irmã que eu vou te dar moleza. Estão pedindo algo ali.

Clayton se afastou rapidamente, entretanto Enzo encarou o homem na sua frente, ainda bastante irritado. Porém o obedeceu. Afinal era o seu chefe.

— Com licença. — Enzo olhou para o rosto da irmã de maneira intensa, como se dissesse que ele ainda não tinha terminado aquela conversa.

Enzo se afastou de nós e foi atender uma garota do outro lado do balcão. A loura o observava encantada, porém ele não parecia notar. Ou estava fingindo muito bem.

— Finalmente veio me ver — se queixou Nico. Eu estava surpresa pela aparência do namorado de Lacey. Não que eu tivesse imaginado ele de alguma forma, mas isso nunca me passou pela cabeça.

— Preciso te pedir uma coisa.

— É claro que você precisa.

— Essa é Giselle.

Ele olhou para mim pela primeira vez.

— Olá. Me desculpe não estar presente quando você chegou. — ele virou para Lacey de novo — Tivemos um desentendimento que logo se resolverá.

— É o que vamos ver. — Sorriu maldosamente Lacey.

— O que posso fazer por você, amor?

— Giselle está precisando trabalhar, e me lembrei que você precisa de uma mulher para servir as mesas. Então pensei...

— Lacey... — Tentei fazê-la parar.

— Amor, você sabe que eu faria qualquer coisa por você, mas eu já entrevistei outras garotas.

Fechei os olhos. Graças a Deus. O que Lacey estava fazendo? Eu não queria trabalhar nesse bar.

— E pode entrevistar mais uma. Por favor. Ela não conhece ninguém na cidade e eu ficaria mais aliviada se ela trabalhasse com pessoas que conheço e em quem tenho confiança.

Nico fez uma expressão séria, mas tudo indicava que estava pensando no assunto. Por favor. Tinha que ser não.

— Tudo bem. — droga! Ele olhou para mim —  Amanhã é sábado, então venha às duas fazer uma entrevista. Pode ser? — checou com a namorada.

— Está ótimo. — respondeu Lacey contente.

— Você só me mete em problemas, Lay. Enzo vai querer me matar quando descobrir.

Ele disse a última parte baixo, como se eu não pudesse escutar.

— Eu pensei que o bar fosse seu. — desafiou Lacey. — Pode deixar que com ele eu sei lidar.

— Eu queria conversar com você a sós. Será que dá?

— Hoje não. Estou fazendo companhia para Giselle. Amanhã. I promise.

— Tudo bem. Fiquem à vontade. Peçam o que quiserem. Por minha conta. — Ele piscou e saiu.

Lacey olhou para mim animada.

— É por isso que amo vir aqui. Eu nunca gasto nada.

Eu estava mais preocupada com outra coisa no momento. Essa história de trabalhar junto com o irmão dela, não daria certo.

— Lacey?

— Hum?

— Por que fez isso? Por que pediu para o seu namorado me contratar?

Honey, você que pediu minha ajuda. Não estou entendendo.

— Sim eu pedi, mas...

— What's wrong? O que foi?

— Não sei se você entendeu ainda, mas seu irmão me odeia. — Fui sincera — Imagina só o que ele vai fazer quando eu vir trabalhar aqui, se nem na sua casa ele me aceita?

Girl, deixa que com ele eu converso.

— Eu não sei se uma boa ideia.

— Você quer trabalhar ou não? Você está em Londres, honey. Melhor que isso não vai achar. Pelo menos não tão rápido.

Infelizmente ela tinha razão. Eu precisava do trabalho para conseguir me manter nesse país. Precisei da ajuda de Lacey e ela fez o que me prometeu. Por que eu tinha que reclamar? O problema era Enzo, ele não aceitaria isso tão facilmente.


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