Intercâmbio escrita por LaisaMiranda


Capítulo 26
Capitulo 26


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo!! Estou muito triste por ter acabado, mas é a vida!!

Boa Leitura para quem chegou até aqui.

E o desenho está no final. Para não atrapalhar vocês!



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A primeira semana passou tão devagar que parecia que havia se passado um mês. Conversei com Lacey por mensagens e com Enzo também. Mas ele não gostava muito de conversar por ali e nós nunca arranjávamos um tempo certo, onde ele ou eu poderíamos conversar direito. Fiquei em casa quase todos os dias, só sai umas duas vezes com Vanessa para irmos ao shopping. Nem para o Parque Ibirapuera eu quis ir. Não estava com cabeça para nada.

Reli a carta de Enzo quase todas as noites antes de dormir, noites em que Vanessa não estava em casa. Já tinha suportando dias de profunda tristeza só de pensar nele e saber que não poderia beijá-lo ou apenas abraçá-lo, como vivia fazendo quando estava morando na casa de Lacey. Eu sentia falta de tudo. Parecia que minha vida tinha mudado. Meu roteiro tinha sido alterado.

Numa noite de terça-feira, deitada na cama, no escuro do quarto, tentando ler um livro, pois não consegui dormir e já se passava das uma da manhã, escutei meu celular tocar. Ao ver de quem era a chamada fiquei surpresa. Era ele.

– Enzo? - disse, ao atender o telefone o mais rápido que pude.

– Oi.– escutei aquela voz em inglês. Aquele sotaque e aquilo me fez tão bem, que eu nem conseguia explicar.

– Aconteceu alguma coisa? - perguntei em inglês, depois de perceber por que ele estava me ligando - A Lacey está bem?

– Está. Estão todos bem.– disse e depois não escutei mais nada. Senti que ele queria me dizer mais alguma coisa, mas tudo o que consegui ouvir foi sua respiração - Menos eu.

Senti meus olhos arderem. Já estava prestes a chorar, só de ouvir a voz dele novo.

– Onde você está? - perguntei.

– Em casa. Hoje é minha folga. A Lacey foi para o Crazy Joker com Nico.

Então ele estava sozinho.

– Estive pensando.– ele começou, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa– Depois que você foi embora, pensei que fosse acontecer tudo de novo. Que eu ficaria mal, iria me revoltar.

Ele deu uma pausa e fiquei ainda mais nervosa.

– Mas então eu percebi que dessa vez é diferente. Porque agora eu sei que você está bem. Você não está perto de mim, mas está bem. Entende?

Comecei a sentir as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Mas tentei controlar o choro, eu não queria que ele me ouvisse chorar.

– Percebi que quando eu quiser, eu posso te ligar. Eu posso ouvir sua voz. Ouvir sua risada. - ele deu uma pausa de novo - E você não faz ideia de como isso é reconfortante para mim.

– Estou sentindo muito sua falta - consegui dizer.

– Eu também.

Não consegui dizer mais nada. Eu simplesmente não sabia o que dizer. Tantas coisas que estive pensando em dizer para ele, mas agora, naquele momento, era como se eu não me lembrasse de nada.

– Me conta como você está?– pediu ele educadamente.

– Enzo, a ligação não vai ficar cara?

– Eu não me importo. Eu só quero escutar sua voz. Por favor.

– Eu estaria mentindo se dissesse que estou bem. - confessei, quase num sussurro. As lágrimas tinham parado, mas eu sentia que a qualquer momento elas voltariam - Quer dizer, eu estou no meu país, junto dos meu pais e da Vanessa, mas é como se estivesse faltando algo.

Ficamos alguns minutos em silêncio.

– Encontrei o seu desenho.– disse ele por fim.

Eu ri espontaneamente.

– Eu sei que você tinha recusado da outra vez, mas quis deixar algo meu com você. Já que você me deu a carta.

Depois que disse isso, me lembrei que tinha dito que perdera a carta, Enzo ficou em silêncio.

– Sobre isso, Enzo. Eu não a perdi como eu disse. - esperei ele dizer algo, mas nada - Na verdade eu li a carta no avião.

– Então por que me disse que perdeu? - perguntou, sem alterar o tom da voz.

– Eu queria... que você me dissesse... Eu não queria ler na carta e... Eu...

– Eu te amo. Eu te amo. - repetiu ele devagar, e comecei a chorar de novo - Era o que você queria ouvir? Você fez certo, eu não teria dito se ainda soubesse que você a tinha.

– Parece que eu te conheço bem, né? - disse, e uma risada aguda saiu enquanto eu falava chorando.

– Não chore. Por favor.– pediu ele gentilmente - Eu liguei para te ouvir rindo e imaginar você sorrindo.

Coloquei a mão na boca com força, tentando me controlar.

– Eu te amo muito. - disse, engolindo o choro.

– Eu sei. E eu só posso agradecer por isso.

***

Mais dias se passaram até que já fazia um mês que eu estava de volta no Brasil. A cada dia eu sentia mais a falta de Lacey e Nico, e principalmente do meu grande amor, Enzo. Ele não me ligava todos os dias, mas quando ligava, ficávamos muito tempo conversando, ou apenas escutando a respiração um do outro, quando não tínhamos assunto. Pelo telefone Enzo conseguia dizer coisas, que nunca tinha conseguido dizer olhando nos meus olhos.

Contei para a minha mãe sobre ele. Ela ficou surpresa por eu não ter dito nada desde o principio, mas não chateada. Ela quis saber sobre ele, e eu lhe mostrei a fotografia. Ela me deu conselhos. Disse que era melhor não ficar alimentando nada, pois ele já havia passado por muita coisa, ela não se convenceu. Minha mãe estava preocupada e só queria o meu bem, porém ela não compreendia que meu bem era ele.

Já estávamos quase chegando no mês de maio. Vanessa me convidou para ir com ela ao shopping escolher um presente de Dia das Mães. Achei uma ótima ideia, então peguei algumas economias que ainda tinha, e resolvi já procurar algo para Dona Maria. Ela merecia.

A mãe de Vanessa era bem jovem. Ela teve a filha com dezesseis anos e as duas eram praticamente irmãs, ao olhos de desconhecidos. Vanessa não sabia o que dar, como sempre. A gente revirou quase o shopping inteiro e nada de escolher o presente, então eu também não consegui comprar nada. Eu queria dar algo especial para minha mãe, mas não tinha ideia do que dar de presente.

Paramos na praça de alimentação para comermos e descansarmos um pouco.

– Todo ano é a mesma coisa. - disse Vanessa, comendo sua batata frita - Eu nunca consigo pensar em nada para dar para ela.

– Eu sei bem como é. - respondi, e senti meu celular tocando.

Vi que a ligação era internacional. Atendi depressa.

– Hello? - eu disse em inglês.

– Giselle?– escutei a voz de Nico, e fiz cara de surpresa. Vanessa perguntou quem era.

– Nico? Oi, tudo bom?

– Sim e como você está?– perguntou gentilmente.

– Eu? Bem. Com muitas saudades de vocês.

– Nós também sentimos muita a sua falta.– disse ele, então escutei ao fundo a voz de Lacey pedindo para entregar o telefone para ela - Só um minuto, vou passar para Lacey.

– Girl! Oh my God! I miss you so much.

– Eu também Lacey.

Vanessa sorriu quando escutou o nome da Lacey. E pediu para eu mandar um beijo. Fiz o que ela pediu e Lacey mandou outro.

– Está tudo bem?

– Yes! Só liguei porque tenho novidades.

– Novidades? - fiquei nervosa de repente.

– Sim.– ela respondeu animada e não fez suspense - Estou grávida.

– Ai meu Deus! - gritei de felicidade - Isso é fantástico! Estou muito feliz por vocês!

– Thank you! Eu queria que você fosse a madrinha, mas você está tão longe.

– Eu sei. - disse tristonha - Mas quem sabe eu não consiga viajar até lá.

Acho que isso não vai ser possível.– disse ela, usando um tom sério. Como se tivesse certeza do que estava falando.

– Por que? - perguntei hesitante.

Esse não foi o único motivo do por que liguei para você.– ela ainda falava sério.

– Aconteceu alguma coisa? - perguntei, com mais medo ainda.

Enzo. Era tudo o que eu conseguia pensar.

– Sim. - ela demorou para voltar a falar e quando fez isso sua voz estava mais relaxada - Espero que você não esteja ocupada amanhã de manhã, porque o Enzo vai estar no aeroporto te esperando.

Aeroporto? Me esperando? Enzo? Como assim? Tudo o que eu conseguia era tremer. Vanessa percebeu que eu estava em choque.

– O que aconteceu? - perguntou ela, se levantando e pegando o celular da minha mão.

– Alô? Quer dizer... - Vanessa tampou o celular com mão - Nossa como eu sou burra ela não fala a nossa língua.

Tomei o celular da mão dela.

– Giselle?– chamava Lacey.

– Estou aqui. - respondi nervosa - Isso é sério mesmo Lacey, você não está brincando comigo?

– E eu brincaria como uma coisa dessas?

– Mas ele não me disse nada.

– Ele queria te fazer uma surpresa.

Eu não conseguia acreditar. Enzo estava vindo pro Brasil. Estava vindo... para mim.

– Eu nem sei o que dizer.

– Não precisa dizer nada. Apenas busque meu irmão amanhã, okay?

Lacey me disse o horário que estava previsto para Enzo chegar e onde ele desembarcaria. Em Guarulhos, é claro. Desliguei e olhei para a cara de Vanessa. Ela estava esperando uma explicação.

– Ele esta vindo para cá. - só consegui dizer isso. Eu parecia uma besta falando.

– Ele quem? Do que você está falando?

– O Enzo. Vai chegar no Brasil amanhã.

– Sério? Nossa isso é... Uau!

– Eu não estou acreditando.

Como isso era possível? Ele nem mesmo tinha me avisado nada e agora eu simplesmente sabia que ele estava dentro de um avião vindo para cá. Para o Brasil.

Cheguei em casa e fui contar a novidade para os meus pais. Minha mãe ficou mais uma vez surpresa e meu pai não gostou da ideia de um homem estranho morando na nossa casa. Eu nem sabia quanto tempo Enzo ficaria, mas ele podia ficar o tempo que fosse necessário.

– Filha, você acha que essa é uma boa ideia? - perguntou minha mãe, quando me seguiu até o quarto - Quero dizer, quanto tempo ele vai ficar aqui?

– Quanto tempo ele quiser mãe. Eu fiquei meses na casa da irmã dele. Acho que isso não vai ser um problema, não é?

Fiz ela enxergar o que estava acontecendo. Meus pais me criaram e me ensinaram a ver o que era certo. Eu fiquei morando na casa de Lacey por seis meses, num país desconhecido, onde eles me acolheram como parte da família, não era justo eu não tratar Enzo da mesma maneira. Nem eu e nem meus pais.

– Você está certa. É claro que ele pode ficar, quanto tempo for necessário.

Dei um abraço nela. Eu sabia que minha mãe entenderia.

Passei a noite toda ansiosa demais para conseguir dormir. Peguei no sono algumas poucas vezes, mas eram cochiladas leves e logo eu despertava de novo, com medo de perder a hora.

Estava previsto para Enzo chegar às 6 horas da manhã. Levantei 4 horas e peguei a chave do carro do meu pai. Ele me deixou usá-lo, mas só porque era muito cedo e não queria que eu fosse sozinha de ônibus. Liguei para Vanessa e ela atendeu depois do quinto toque. Sua voz estava baixa e sonolenta.

– O que foi? - resmungou ela - Não me diga que o Adam Levine está no Brasil? Porque só desse jeito eu vou levantar dessa cama.

– Não. Não é o seu amor. É o meu.

Então porque me ligou de madrugada, Giselle? Você sabe que eu odeio acordar cedo.

– Tem certeza de que não quer vir? - perguntei, nem ligando para a irritação dela.

Eu vou fingir que isso é um sonho e que você não me ligou só para me chamar para ficar de vela no encontro entre você e o cara estrangeiro. E assim, continuaremos com a nossa linda amizade. Boa noite.

Então ela desligou o telefone na minha cara.

Tudo bem, ela não queria ir. Eu não ficaria chateada por isso. Não hoje. Não com meu estrangeiro chegando. Eu ainda nem acreditava.

***

Cheguei um pouco adiantada demais no aeroporto de Guarulhos. Ainda eram cinco e pouco da manhã e Enzo só chegaria as seis, isso se o vôo não atrasasse. Estava muito ansiosa. Eu não via a hora de poder vê-lo de novo, de poder abraçá-lo.

Quando deu seis horas em ponto, olhei para o relógio e para o portão do terminal 2. O mesmo em que desembarquei semanas atrás. Finalmente, depois de dez minutos, passageiros começaram a sair, um atrás do outro com as bagagens no seus devidos carrinhos. Comecei a tremer de ansiedade. Ele estaria em poucos minutos em meio àquelas pessoas. Algumas delas eram estrangeiras. Consegui perceber pelo tom de pele e roupas, outros brasileiros voltando de suas repercutidas viagens. Esperei e esperei até que o vi entrando.

Ele estava tão lindo. Do mesmo jeito que eu me lembrava. Enzo usava uma touca na cabeça e estava com a jaqueta preta, que sempre usava. Ele estava me procurando e quando me viu abriu um sorriso.

Esperei ele se aproximar, pois tinha muitas pessoas na frente. Gente se abraçando, gente chorando, gente rindo. Quando finalmente ele virou o primeiro da fila, Enzo veio até meu caminho. Ele se afastou do carrinho e eu pulei em seus braços. O abracei com força, já sentindo a emoção me tocar. Não consegui dizer nada, eu só queria abraçá-lo, senti-lo perto de mim.

Ele me afastou com carinho e segurou meu rosto com as duas mãos. Ele me olhava nos olhos, enquanto passava as mãos pelos meus cabelos e rosto, não acreditando que eu estava ali na sua frente. Ele me beijou, ansioso. Senti que se pudesse morrer ali, nos braços dele e sentindo seu beijo, não seria uma morte ruim, porque agora eu o tinha de novo.

Me afastei para poder encarar seus olhos azuis. Ele passou a mão pela minha boca, ainda não acreditando no que estava vendo. Ele estava tão emocionado quanto eu.

– Não acredito que você está aqui. - consegui dizer, por fim.

– Eu não pude esperar mais. Eu precisava de você.

Ele me beijou de novo e foi como se meu mundo parasse ali.

***

Não fomos embora do aeroporto. Pelo contrário. Eu queria conversar com ele direito, saber porque ele tinha feito essa loucura, então não podia esperar mais. Nos sentamos em duas cadeiras vagas, sem desgrudar nossas mãos.

– Nossa, aqui faz mesmo calor - disse ele, tirando a touca da cabeça e depois passando a mão no cabelo para arrumá-lo.

– Você é louco. - disse observando seu rosto - Por que não me avisou que vinha?

– Não sei. Eu pensei muito nisso e conversei com a Lacey e com o Nico. Eles disseram que eu tinha que fazer o que eu tinha vontade, o que meu coração estava pedindo. Que mesmo se fosse loucura, eu tinha que arriscar.

Ele pegou no meu queixo.

– Eu tentei, mas eu vi que não ia aguentar muito tempo sem ver você. Eu estava sentindo falta de peças que só você podia substituir. - ele me olhava com um olhar carinhoso, seus olhos brilhavam.

Quando voltou a falar, ele era doce e dizia as palavras devagar como se quisesse que eu memorizasse cada silaba.

– Eu não sou o suficiente sem você. Você é tudo que eu preciso. Você me dá mais do que eu poderia sonhar. Me dá motivos para continuar tentando. E me traz de volta para a realidade.

O beijei. Eu não sabia o que responder à altura daquelas lindas palavras.

– Mas e sua família, e sua irmã? Sua vida na Inglaterra?

– Eu não sei o que vou fazer. Eu só sei o que eu quero fazer. E eu quero você na minha vida. Se você cair, eu vou cair com você. - Enzo quase riu - Acho que agora, finalmente, eu entendo a mensagem daquele filme, Titanic. Eu finalmente entendo o que eles sentiam. Eu não posso viver sem você. Deus me deu mais uma oportunidade de amar, e eu não vou deixar ela passar.

– Eu te amo.

Enzo encostou a testa na minha.

– Eu não me importo com o amanhã... - sussurrou ele - Estou feliz agora.

Enquanto ele me beijava, passou um filme na minha cabeça. De tudo o que passamos. Da minha vida antes de conhecê-lo. Da vida dele antes de me conhecer. A minha viagem e o fato de eu estar presente na vida dele quando ele mais precisava. Será que foi o destino? Eu não sei. Só sei que estou grata por tudo e por ter encontrado ele na minha vida. Enzo agora é uma parte de mim que não posso abrir mão. Ele me faz completa. Eu o amo e vou amá-lo para sempre.

Agora finalmente encontramos nosso caminho, para encontrarmos um ao outro.

FIM!

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O DESENHO COMO PROMETI. (PS: Eu sei que eles estão parecendo cegos na imagem, mas a culpa é da foto, no papel não está assim)


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Notas finais do capítulo

Gente, por favor, leiam o post a seguir. Está com o nome de "INFORMAÇÕES" Não esqueçam!!!
E comentem, quero saber o que acharam desse final. Pode xingar, falar que ficou uma merda, mas comentem, porque eu quero saber o que acharam. Se ficou fraco, se faltou alguma coisa. Estou aqui para ouvir, como sempre!! Obrigada mais uma vez a cada leitor.

E LEIAM O POST!!!!!!!!!