Intercâmbio escrita por LaisaMiranda


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Agradeço mais uma vez pelos comentários!!!
Boa leitura!!!



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Demos a volta pela multidão para podermos sair da praça sem Lacey e Nico nos ver. Os fogos duraram dez minutos, o tempo que levou para conseguirmos atravessar a multidão e sair pelos policiais, que barravam a entrada de qualquer um.

Estávamos andando pelo prédio do Big Ben, quando senti meu celular vibrando.

— Espera aí, Enzo! - gritei, tirando o celular do bolso. Quando vi de quem era ligação mostrei para ele - O que a gente faz?

— É melhor desligar!

— Não! Vai ser pior.

— Verdade, ela pode achar que aconteceu alguma coisa. - ele pegou o celular da minha mão.

— O que você vai fazer?

— Alô! - disse Enzo, ao atender a ligação. Ele puxou minha mão e voltamos a andar - Não, ela está aqui comigo. Estava perdida e encontrei-a por acaso.

Ai meu Deus, Lacey não acreditaria nisso! Estávamos nos arriscando muito.

— Está uma confusão onde estamos, Lay. Não dá para sair daqui. - Enzo fez uma careta enquanto ouvia a irmã pelo telefone - Não precisa. Vá para casa. A gente volta de trem.

Ele parou de andar e quando voltou a falar não foi nada educado.

— Eu sei merda! Mas não tem como a gente sair daqui! Tem policia para todo lado. - ele revirou os olhos - Não, Lacey... Lacey? Nico, a gente tá bem. Só vamos ter que esperar todo mundo sair para conseguir ir embora.

Fiquei nervosa, isso não daria certo.

— Esqueceu que ela está comigo? Eu conheço Londres. Westminster fica fechada até às três da manhã, mas como parece que vai demorar aqui, não vai ter problema.

— Enzo? - sussurrei, ele colocou o dedo nos lábios fazendo gesto para eu ficar quieta.

— Tá. Tá. Tá bom Nico. - disse impaciente - Entendi. Victoria ou Green Park. Tá. Tchau. - Enzo desligou o telefone e entregou para mim - Nossa, como eles são chatos!

— Por que você não me deixou falar com eles?

— Você não saberia mentir direito. Aí sim, eles iam desconfiar.

— O que eles disseram?

— Queriam nos encontrar de qualquer jeito. Mas eu enrolei. A gente vai ter que voltar mais cedo do que eu imaginava, mas pelo menos vai dar para aproveitar um pouco.

— Aproveitar o que? Você quer me levar onde, Enzo? Deve estar tudo fechado.

— Não precisamos de lugar nenhum. - ele segurou na minha cintura - Eu só quero ficar um pouco com você.

Ele me deu um beijo e voltamos a andar.

A caminhada demorou. Enzo vagava sem rumo, uma hora ou outra ele parava para me beijar. Em um desses beijos começou a chover tão forte que ficamos ensopados.

— Enzo, a chuva! - disse entre o beijo, enquanto sentia a água escorrer pelo meu corpo, mas ele não achou um problema.

— Deixa chover! - respondeu me envolvendo mais em seus braços.

Ele estava encharcado e gelado, assim como eu devia estar. Mas como eu disse, Enzo não via problema nisso. Ele só queria me beijar e me beijar. Sentia o gosto da chuva quando ele movia o rosto para o lado, cada vez mais rápido. A chuva foi diminuindo até que virou uma simples garoa, então corremos para um prédio com toldo de acrílico que nos protegeu da chuva.

Enzo me encostou na parede e eu comecei a tremer da cabeça aos pés.

— Ai meu Deus! Você está tremendo. - ele passou as mãos no meu rosto. Depois de sentir seus dedos gelados, estremeci mais ainda.

— A culpa é sua! - repliquei, batendo os dentes, com frio.

Ele começou a rir e esfregou meus braços com força, como se aquilo fosse diminuir o frio. É claro que não adiantaria, minhas roupas e cabelo estavam molhados. Enzo me abraçou com carinho e eu continuei tremendo. Eu não sabia como ele não estava congelando. Estava um frio de matar, e piorou mais depois da chuva.

— Só espero não ficar gripada. – me queixei.

— Me desculpa. - ele ainda tinha um sorriso inocente no rosto.

Fiquei olhando para aquele rosto e pensando. Mesmo ali, morrendo de frio, como nunca tinha sentindo antes, eu estava feliz, porque estava ao lado dele.

— O que foi? - perguntou Enzo, percebendo que eu estava olhando tempo demais.

— Você é um cara legal.

— Eu tento ser. - disse Enzo sério.

A chuva já tinha parado de vez. Mas não estávamos menos molhados e eu não estava com menos frio.

— Está ouvindo isso? - perguntou Enzo, olhando para o lado.

Tentei prestar a atenção e escutei gritos, vindo de não tão longe. Enzo só olhou para mim e me puxou para voltarmos a andar.

— Enzo?!

— Vem, vamos lá ver!

Demos a volta no quarteirão e deparamos como uma galera de mais ou menos vinte pessoas, perto de um prédio velho e antigo, que não deixava de ter seu charme. Entretanto o mais estranho não eram os jovens, mas sim o que eles estavam fazendo.

— Eles estão queimando alguma coisa. - disse, vendo o fogo se alastrar, mais e mais alto.

Enzo começou a andar em direção ao fogo.

— O que está fazendo? - perguntei, obrigando-o a parar.

— Vamos lá. Você está morrendo de frio. O fogo vai te aquecer.

— E se eles estiverem fazendo algo ilegal?

Enzo riu.

— Vamos dar uma olhada. Se eu ver algo estranho a gente vai embora.

Ainda não achei aquilo uma boa ideia.

— Eu prometo. Vem. - Enzo voltou a me puxar e logo estávamos bem próximos.

Ao ver mais de perto, percebi que os jovens estavam jogando livros no fogo, formando assim uma fogueira. Eu não podia negar, ali estava bem mais quente por causa do fogo. Mas não entendi porque eles estavam queimando livros.

Enzo colocou o braço no meu ombro e olhou para meu rosto.

— Eu disse que não era nada.

Nesse momento um som alto saiu de algum lugar, quando procurei vi que era de um carro. Não reconheci a música, mas vi que era algum tipo de rap. Havia jovens espalhados por todos os lados. Mulheres e homens se aproximavam da fogueira, saindo de outros carros que estacionavam perto do prédio antigo. Eles cumprimentavam-se e reconheciam-se de longe e tratavam de se reunir. Não estavam encharcados como nós, eles estavam bem secos, o que me levou a imaginar qual o motivo de eles estarem fazendo uma fogueira.

Um cara se aproximou de nós. Ele estava acima do peso. Usava um moletom vermelho e um boné da Nike na cabeça. Seus olhos eram escuros e ele tinha uma barba grossa.

— Eu não te conheço de algum lugar? - perguntou o cara, para Enzo.

— Acho que não. - respondeu Enzo, em seu tom seco e nem um pouco simpático.

— Acho que sim. Eu sou bom em me lembrar de rostos. E já vi o seu em algum lugar. - o jovem estava certo disso - Eu ainda vou me lembrar. - ele apontou o dedo para a cara de Enzo, como uma mãe faz para o filho quando quer lhe avisar que algo está errado - Parece que vocês se divertiram, não é! - observou ele, nos olhando - Estão molhados.

Nem eu e Enzo respondemos. Isso não era da conta dele.

— Querem chegar mais perto?- convidou ele, então uma garota loura se aproximou com duas garrafas na mão. Ela tinha os olhos pintados de lápis preto, tão exageradamente, que quase não dava para ver seus olhos verdes.

— Quem são seus amigos, Scott? - perguntou ela, fitando Enzo de cima a baixo. Como ela se atrevia? Não estava me vendo ali não?

— Não são meus amigos. Acabei de conhecer. Eu sou Scott, aliás.

— Enzo. - respondeu, depois de um tempo - E essa é Giselle.

A garota entregou as garrafas para Scott e ele ofereceu para nós.

— Não, obrigada. - disse eu, recusando. Então ele ofereceu para o Enzo.

— Estou bem. - disse Enzo, recusando também.

O cara abriu um sorriso patético.

— Qual é, cara. É ano novo! - ele esticou a garrafa e Enzo pegou.

Olhei para o rosto de Enzo fazendo uma expressão incrédula. Sério mesmo que ele ia beber? Eu tinha lembranças dele embriagado e não era a das melhores.

Enzo percebeu que eu estava observando ele, mas não se importou e tomou um gole da garrafa.

— Vocês são estudantes? - perguntei, afinal, onde eles tinham conseguido tanto livros?

A loura riu da minha cara.

— Não. - respondeu Scott, rindo - Está perguntando por causa dos livros? A gente roubou da biblioteca principal.

Scott e a menina riram, como se aquilo fosse mesmo engraçado. Eu não sabia dizer se ele tinha dito a verdade ou se só estava zoando com a minha cara.

— Brincadeira. - disse Scott depois de parar de rir - Mas isso podia acontecer.

Eu não tinha achado aquilo engraçado e não tinha gostado dele, e nem da loura gótica.

De repente um cara passou por mim, com rapidez, em cima do Skate. Ele fazia manobras e manobras ao redor da fogueira. Não parecia ter medo de cair. Depois notei que ele não era o único com Skate nos pés.

Scott nos convidou de novo para se aproximar mais da fogueira e dessa vez Enzo foi. Segurei na mão dele e não soltei mais. Scott ficava falando coisas sem importâncias. Tentando me distrair acabei reparando nas outras pessoas ao redor.

Além dos caras andando de Skate, havia outros se divertindo de jeitos diferentes. Reparei num casal onde o garoto segurava a garota pelos ombros e a girava com força. Ela gritava, não com medo de cair, mas porque estava achando aquilo divertido. Depois que ele finalmente a soltou eles se beijaram loucamente, como se ninguém estivesse presente.

Olhando para o outro lado vi uma menina sentada no guidão de uma bicicleta. O jovem estava pedalando com força enquanto ela gritava. Estavam bêbados, eu tinha certeza disso.

A música não parava. Alguns dos jovens dançavam que nem loucos, pulando e gritando. Enzo me pegou observando.

— Você quer ir lá?

— Não, estou bem. - disse olhando para ele e depois para a garrafa em suas mãos. Quando estava prestes a tirar das mãos dele para jogar fora, levei um susto com o grito de Scott.

— JÁ SEI!! - gritou ele - Você é o bartender daquele bar! Como é mesmo o nome... Crazy alguma coisa. Eu sabia que já tinha visto seu rosto em algum lugar.

Enzo sorriu.

— Crazy Joker! Você frequenta o bar? Não lembro de você.

— Só fui uma vez. Fica meio longe para mim.

Enzo assentiu. Percebi que a loura não estava mais conosco. Pelo menos isso, né! Já tinha que aguentar esse cara chato enchendo a cabeça de Enzo (que não parecia se importar, aliás, parecia estar gostando do novo amigo), não precisava da lourinha dando em cima do meu namorado. Quer dizer, do meu... sei lá o que!

— Vocês não tem medo de fazer esse tipo de coisa assim na rua? Quer dizer, algum policial pode aparecer! - disse, entrando na conversa.

— Não. Se tem uma coisa que eu tenho certeza, é que não tem policiais por perto. Eles estão todos no London Eye ou no Trafalgar Square. Você sabe, onde está tendo muita gente.

As horas foram passando e Enzo já estava na segunda garrafa. Ele não estava bêbado, ainda, mas a qualquer momento isso podia mudar. Eu não quis arriscar.

— Enzo, me dá aqui! - peguei a garrafa das mãos dele.

— O que foi? Você quer um pouco? - perguntou ele rindo, achando aquilo engraçado.

— Não. Eu não quero. Acho que você tem que parar.

Ele me olhou sério e depois começou a rir.

— Você acha? - perguntou ele, ainda rindo.

— Ei, Enzo! Você gosta de Skate? - perguntou Scott interrompendo meu olhar sério. Eu já estava começando a ficar nervosa - Vem cá! Deixa eu te apresentar para a rapaziada!

Enzo seguiu Scott, ainda com a mão na minha. Quando senti meu celular vibrar no bolso da calça soltei a mão dele. Achei que Enzo fosse parar, mas estava enganada. Ele continuou seguindo Scott. O celular estava um pouco molhado por causa chuva. Nem consegui limpá-lo e tive dificuldades para tirar do bloqueio de tela. Quando enfim consegui, vi que a chamada era de Lacey.

Imediatamente procurei por Enzo, mas eles estava ocupado demais conversando com os skatista do outro lado, perto de uma rampa para cadeirante. Resolvi atender, mas não fiz isso com coragem.

— Alô. - quase que minha voz não saiu.

— Onde você está?! — gritou Lacey do outro lado da linha. Por sua voz, senti que ela estava muito, muito brava - GISELLE!!!!!!!

— Eu não sei exatamente. - disse com a voz reprimida. Ai, como eu era péssima nisso!

— Cadê o Enzo? Deixa eu falar com ele.

Olhei para onde o Enzo estava. Ele estava rindo com os outros rapazes.

— Ele está... meio ocupado no momento.

O que ele está fazendo? Quer saber? Não precisa me dizer! Só me fala onde você está que eu vou te buscar.

— Não! - disse, um pouco rápido demais - Quer dizer... Não precisa. Olha, eu vou falar com ele e daqui a pouco eu te ligo.

Desliguei o telefone na cara da Lacey. Eu não acreditei que tinha acabado de fazer isso, mas foi o momento de pânico. Eu realmente era péssima nisso.

Virei-me para ir até Enzo e dizer que tínhamos que ir embora ou seríamos mortos quando chegássemos em casa, quando vi uma cena que jamais pensei que veria. Enzo estava em cima do skate e pronto para descer a pequena rampa dos deficientes.

Ele não ia fazer isso, não ia! Corri depressa, mas era tarde demais. Enzo desceu com tudo e se desequilibrou no final. O skate continuou, mas ele caiu com tudo de costas.

— Enzo!!- gritei, me aproximando dele - Ai meu Deus! Você está bem?

— Auuu. Acho que eu quebrei alguma coisa.

Ele tossiu e riu ao mesmo tempo.

— Para de brincar com uma coisas dessas. - disse aflita.

— Não, é sério. - ele tentou se sentar, pressionando os cotovelos no chão - Está mesmo preocupada? - perguntou, vendo minha cara de medo.

— É lógico que estou!

Ele colocou a mão no meu rosto e acariciou, sorrindo para mim.

— É melhor irmos embora. A Lacey me ligou!

Ajudei ele a se levantar. Enzo gemeu e fez caretas.

— Você atendeu? - depois que eu assenti ele continuou - E você falou o que?

— Eu não soube muito bem o que falar.

Ele riu e sentiu dor.

— Aiii. É melhor irmos então. Antes que ela chame a polícia.

— E aí, cara! Você tá bem? Foi um tombo feio! - disse Scott.

— É, acho que estou meio velho para esse lance de Skate.

Enzo se despediu de "seus novos amigos" e fomos embora. Ele disse que a estação Green Park estava mais próxima, mas que devia estar lotada. Como só faltava uma hora para às três da manhã, Enzo achou melhor que fossemos andando até a Westminster, que só abriria nesse horário e estaria menos cheia.

— Sua irmã de novo. - disse, enquanto senti o telefone tocar novamente. Enzo atendeu dessa vez.

— Oi, Lacey. Estamos indo. Eu sei que eu já disse isso antes, mas as estações que o Nico sugeriu estavam lotadas e tivemos que esperar o Westminster funcionar de novo.

Enzo escutou algo no telefone e esticou ele para mim.

— Quer falar com você.

Peguei o celular com receio.

— Oi.

Você quer que eu vá te buscar? Porque eu sei que o Enzo gosta de enrolar...

— Não, está tudo bem. Já estamos indo para casa.

— Okay. Qualquer coisa me liga.

— Tchau.

— O que ela disse? - perguntou Enzo.

— Queria vir me buscar. Acho que ela não confia muito em você.

— Novidade.

Como estávamos à pé chegamos poucos minutos de abrir a estação. Eu só queria sentar e fiquei feliz que Enzo estava certo. Realmente tinha poucas pessoas. Enquanto voltávamos senti ele deitar a cabeça no meu ombro e percebi que ele tinha dormido. Sorri achando aquilo fofo. Depois de tudo o que fizemos ele estava cansado.

Por volta das 4:00h da manhã estávamos no elevador, quase em casa. Eu estava morta de cansaço e Enzo ainda sentia dor nas costas por causa do "acidente".

— Eu quero muito a minha cama. - lamentei - Depois é claro, de tomar um banho quente.

— Teremos que passar pela Lacey primeiro.

Olhei espantada para ele. Ela esperou a gente esse tempo todo? Não era possível!

— Depois que despistarmos ela, por favor, dá um jeito de ir no meu quarto com o kit de primeiro socorros. Acho que eu ferrei mesmo com as minhas costas.

Fiquei com medo de entrar naquela casa, depois que Enzo deu certeza de que Lacey estaria esperando por nós. Eu já até imaginava a cara de bruxa má que ela devia estar fazendo.

Enzo entrou na frente e escutei a voz de Lacey, enquanto eu entrava logo atrás dele.

— Até que enfim! Você também Enzo! Podia ter trazido a Giselle antes de ir pra farra!

— Eu não fui pra nenhuma farra! - Enzo usou seu tom amargo - E não é culpa minha se ela se perdeu!

— Está tudo bem, Lacey. - disse para acalmá-la.

— O que foi que aconteceu afinal? Olha a hora que vocês chegaram em casa!

— Nada demais. - retrucou Enzo - Foi o que te falei por telefone. Polícia, multidão, lotação no trem. Só isso. Estou cansado, vou dormir.

Enzo subiu as escadas depressa, tentando controlar a dor que estava sentindo nas costas.

— Você está bem mesmo? - Lacey se aproximou e relou na minha jaqueta - God, Você está úmida!

— A gente pegou chuva.

***

Depois de tomar meu banho quentinho e colocar o pijama, desci para pegar o kit de primeiro socorros. Não sabia se Enzo tinha esperado esse tempo todo ou se já estava dormindo, mas não custava nada tentar.

Bati na porta e ele abriu depressa.

— Me lembra de nunca mais andar de skate na vida.

Enzo estava apenas de calça moletom. Tentei me lembrar de respirar quando vi seu peitoral de fora.

Ele se deitou na cama de bruços e eu vi o machucado. Uma mancha meio vermelha, meio roxa na parte do lombar.

— Nossa.

— Está muito feio? - perguntou ele.

— Sabe quando você é criança e se arrebenta todo brincando no parquinho? É daquele tipo de machucado que estamos falando.

Passei a toalha úmida e quente no machucado de Enzo. Ele se mexeu e gemeu um pouco. Para um cara que se mostrava forte, ele estava se comportando bem diferente do que da outra vez que cuidei dele. Talvez ele tivesse mais confiança em mim agora, a ponto de confessar sua dor.

— Isso é o que dá ficar bebendo. - repliquei.

— Eu nem fiquei bêbado.

—Você sabe do que eu estou falando.

Enzo virou a cabeça e me observou, ainda com o corpo deitado.

— Sobre isso. Eu não curto muito namorada mandona.

Contive meu sorriso, porque ele estava olhando, mas Enzo tinha falado namorada? Eu não estava ficando louca e nem surda? Não! Ele tinha dito sim!

— Você está bem? - perguntou ele, me observando.

— Estou. - disse voltando a cuidar do ferimento.

Quando enfim terminei ele se sentou na cama devagar.

— É melhor você dormir assim, sem camisa. Para não machucar mais.

Ele assentiu e sorriu para mim.

— O que foi? - perguntei, sentindo vergonha.

— Obrigado. - Enzo puxou meu rosto com a mão, com delicadeza e nos beijamos.

— Eu preciso mesmo dormir. - disse, quando me afastei.

— E eu não vou te prender mais. Já fiz você fazer muita coisa hoje.

Me levantei e ele fez o mesmo. Antes de fechar a porta ele me deu mais um beijo.

— Durma bem.

— Eu vou. - sorri e fui feliz para o meu quarto.


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Notas finais do capítulo

Acho (tenho certeza) que terá alguns pequenos erros no texto. Não consegui revisar direito. Depois eu arrumo!!
Comentem, favoritem, please!!!!!