Intercâmbio escrita por LaisaMiranda


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Preparados para um capitulo emocionante? Lá vai. Obrigada mais uma vez por estarem comentando!!



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Era um dia como outro qualquer. Eu fui para EIPB, voltei para a casa, fui trabalhar, mas então aconteceu algo terrível.

Lacey estava no Crazy Joker naquela noite. Tudo ia muito bem, tudo normal. Então num momento ela apareceu chorando desesperada, dizendo que o Nico estava caído no chão da gerência, e uma hora mais tarde estávamos os três esperando por noticias no hospital.

Aquelas duas horas foram terríveis. Lacey não parava de chorar, preocupada com o noivo, que já estava sendo atendido no pronto socorro. Enzo estava agarrado na irmã, ajudando no que for preciso, e eu fiquei sentada, não sabendo o que fazer.

Ainda não entendia o que tinha acontecido. Estava tudo muito bem. Como Nico foi passar mal assim?

Um pouco depois das dez da noite, o médico se aproximou e contou o que tinha acontecido. Nico tinha sofrido um ataque forte no coração. Eu nem sabia que ele era cardíaco, e pelo visto, Lacey e Enzo também ficaram surpresos com a noticia.

Depois de algum tempo, Lacey pôde entrar no quarto para ver Nico. Ela foi sozinha. Eu não achei que era apropriado entrar lá agora e Enzo não pareceu querer. E algo me dizia que era por medo. Eu nunca tinha o visto assim, nem mesmo no dia do assalto.

— Como ele está? - Enzo se levantou depois que Lacey voltou do quarto.

— Está melhor - respondeu ela, seus olhos estavam inchados de tanto chorar.

— E você está bem? - perguntei me importando com ela.

Yes. Estou bem - ela esfregou a mão no meu braço, como se estivesse com frio. - Vou passar a noite aqui. Vão para a casa.

— Não, eu vou ficar - disse Enzo decidido.

— Não. É melhor você ir embora. Sabemos muito bem que você não é fã de hospitais.

Enzo abaixou a cabeça.

— Vá para a casa e leve Giselle com você. Eu ligo para dar notícias.

— Não precisa se incomodar comigo - afirmei. - Eu posso ficar aqui, sem problemas.

— Não, please— disse ela, quase chorando de novo. - Eu preciso ficar sozinha com ele. Vão, eu vou ficar bem.

Ela olhou de mim para Enzo. Ele assentiu com os olhos frios e saiu sem falar tchau.

— Você tem certeza? - perguntei. Eu não achava uma boa ideia deixá-la sozinha.

— Tenho - e me deu um abraço.

— Me liga, por favor.

Enzo não falou mais comigo. Não que ele tenha dito alguma coisa enquanto estávamos no hospital, ele estava muito calado, como se seus pensamentos estivessem em outro lugar. Talvez tivesse medo de médicos, não sei. Lacey tinha mencionado que ele não gostava de hospitais.

Quando me dei conta de onde estávamos, não acreditei, ou sequer entendi. Enzo saiu do carro e entrou no Crazy Joker. Tentei imaginar o que ele tinha ido fazer no bar, sendo que Lacey pediu para irmos para a casa.

— Ah, vocês voltaram! - gritou Clayton, vindo em minha direção, depois que entrei no bar. - Então como está o chefe?

— Ele teve um ataque cardíaco. Mas está melhor. Lacey vai ficar com ele essa noite.

— Minha nossa. E o que vieram fazer aqui?

— Estou me fazendo a mesma pergunta.

O que Enzo tinha ido fazer lá? Não era possível que ele quisesse trabalhar numa hora dessas.

— Acho que sei bem o que Enzo veio procurar aqui.

E eu também soube na hora em que vi o que ele fazia. Enzo estava atrás do balcão, mas não trabalhando como de costume, e sim bebendo algo alcoólico que não consegui identificar.

Eu ainda não tinha visto ele beber, mesmo trabalhando como bartender.

Clayton foi até ele.

— O que está fazendo, cara? Eu pensei que você não gostasse de beber - disse Clayton.

— Mudei de ideia. Algum problema? - ele estava sendo grosseiro. Enzo bebeu mais um pouco da garrafa.

E foi assim que se passaram aqueles 60 minutos. Enzo bebeu, bebeu e bebeu. Ele estava completamente fora de controle. Eu não sabia mais o que fazer.

— O que ele está fazendo? - perguntei para Clayton, aflita. - Faça alguma coisa. Pede para ele parar.

— Desculpa Gi, mas não tem nada que eu possa fazer. Quando Enzo está assim é melhor nem chegar perto.

Enzo se aproximou de nós, abraçando Clayton por trás, quase fazendo-o cair.

— Ei, cara! Vai com calma! - alertou Clayton.

— Você é... Muito... Legal!!!

Deus, como ele estava bêbado.

— Ele tem que ir para a casa. Agora! – disse Clayton.

— Então me ajuda a levá-lo.

— Não posso! Está movimentado hoje e tô tendo que me virar sem você e ele— Clayton apontou para a cara de Enzo, que abraçou a barriga dele.

— Clayton, por favor! - eu sabia que não podia pedir isso à ele, mas não fazia ideia de como levaria Enzo nesse estado para a casa.

— Eu vou te ajudar chamando um táxi.

Custou para que Enzo entrasse no táxi, mas Clayton me ajudou. Ele não parava de falar besteiras, parecia uma criança insuportável. Agora eu tinha uma ideia da razão dele preferir não beber.

Paguei o táxi e demorei para conseguir tirar Enzo do carro. Finalmente quando abri a porta de casa, não senti mais seu peso em mim, pois ele se jogou no sofá.

— Ótimo. Como vou fazer para subir as escadas com você? - lamentei, duvidando que ele conseguisse me entender.

O telefone tocou e eu corri para atender. Era Lacey.

— Então, como ele está? - perguntei depressa.

Ele acordou e disse que já está pronto para outra.

— Que bom. Quer dizer, não a parte em que ele está pronto para outra. Você entendeu - Lacey não respondeu. - Você está bem?

Estou. Fica tranquila. E meu irmão?

Olhei para Enzo, desmaiado de bruços.

— Hum... Descansando - menti. Eu não precisava preocupá-la agora.

— Okay. Eu volto amanhã de manhã com o Nico.

Me despedi e desliguei o telefone. Ela chegaria cedo amanhã, então eu não podia deixar Enzo naquele sofá. Não sem causar outro ataque, e dessa vez em Lacey.

— Enzo? Enzo? - tentei acordá-lo, mas nada. Ele tinha desmaiado de vez.

Então tive uma ideia. Fui até a cozinha e enchi o copo com a água da torneira. Ele ia querer me matar, mas eu precisava tirá-lo daquele sofá.

Contei até três. Tomei coragem e joguei a água com tudo na cara dele. Enzo abriu os olhos assustado e xingou. Ele finalmente me olhou, mas não estava zangado, apenas ofegante, como se tivesse acabado de sair da piscina, depois de fazer vários mergulhos.

— O que você fez? - perguntou, não aumentando a voz, fiquei surpresa com isso.

— Desculpe. Foi o único jeito que encontrei para fazer você acordar.

Enzo se sentou. Ainda estava mal, dava para notar. Ele tentou se levantar, mas quase caiu. O segurei firme.

— Você precisa ir para o seu quarto.

— Cozinha... - pediu ele. - Preciso de água.

Ele queria beber água? Não entendi direito, mas fiz o que ele pediu. Ele era pesado e depois de muito esforço chegamos na cozinha. Enzo se sentou no primeiro banco que viu e fui buscar o copo com a água. Então quando dei o copo para ele, Enzo jogou o liquido na minha cara e começou a rir que nem uma criança.

— Idiota! - foi só o que consegui dizer. Estava tentando ajudá-lo, e olha só como me agradecia.

— Você que começou - disse ele, como se aquilo fosse engraçado.

Perdoei. Eu tinha que relevar. Ele estava bêbado. Fui até a gaveta e peguei um pano de prato limpo para secar o rosto.

— Isso não tem graça, Enzo - disse me virando, ainda secando o rosto. Então senti ele na minha frente.

Abaixei o pano e fui pega de surpresa quando ele me beijou. Tão rápido que só pude afastá-lo quando entendi o que estava acontecendo.

— O que está fazendo? - perguntei já com a respiração alta.

— Não sei - ele respondeu olhando em meus olhos. E realmente achei que ele estivesse falando a verdade.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele voltou a me beijar. Dessa vez eu o vi se aproximando e não afastei. Pelo contrário, acabei respondendo ao beijo. Enzo abraçou minha cintura e moveu os lábios contra os meus. Senti que estávamos dando passos enquanto ele continuava. Enzo não conseguia ficar em pé. Ele me encostou na parede mais próxima, então parou de me beijar.

— Você está bêbado - eu disse por fim. - Amanhã não vai gostar disso.

— Ou vou fingir que não gostei - ele olhava para a minha boca, então quando encontrou meus olhos, ele disse: - Por que você não sai da minha cabeça?

Não acreditei nas palavras que ele tinha dito. Mas ele estava bêbado, tinha falado da boca para fora, não se lembraria de nada disso amanhã. Não se lembraria de nada, nem do beijo.

Nem terminei de pensar direito e ele já estava com a boca na minha de novo. Eu podia beijá-lo, já que ele queria me beijar. Não podia negar que Enzo sabia como fazer a coisa. Apesar do gosto da bebida, eu estava gostando.

Correspondi seus carinhos. Ele era tão forte. Senti seus braços enquanto os apertava em minhas mãos. Por que ele estava fazendo isso? Será que ele sentia atração por mim? Eu não conseguia entender.

Ao beijá-lo, percebi que gostava, não só do beijo, mas do fato de ser ele quem estava fazendo aquilo. O que isso queria dizer? Será que eu estava me apaixonando por ele? Não. Isso não podia acontecer.

— Não... - afastei ele de vez. - Não posso. Você está bêbado e... - não consegui terminar.

Enzo me fitava sério, como se por um segundo a bebedeira tivesse sumido.

— Você tem razão - disse ele, então se afastou. - Eu preciso ir para o meu quarto. Eu não tô bem.

Concordei, vendo que ele fechava os olhos enquanto falava.

Levei Enzo para o quarto dele. Abri a porta e ele deitou na cama de casal. Então foi aí que me lembrei que nunca tinha estado ali antes.

Junto com a cama havia uma estante escura embutida. Nela havia várias coisas; cds, venil, livros, rádio e algumas coleções de mini-brinquedos. E nada de fotografias.

O papel de parede parecia tijolos e haviam 3 guitarras penduradas em cima da cama. Uma bandeira da Inglaterra estava pendura em outra parede. Tudo estava bem organizado.

— Você é linda - murmurou Enzo.

Eu estava sentada no canto da cama, ele estava sonolento, não sabia o que estava dizendo.

— É melhor você dormir.

Enzo buscou minha mão e a segurou.

— Fica aqui comigo - ele fechou os olhos.

— Sim, eu já volto - menti, não consegui dizer não. - Só vou buscar algo no meu quarto.

Soltei a mão dele devagar e me levantei. Então ele começou a mexer a cabeça de um lado para o outro, sem abrir os olhos. Quando eu ia perguntar se estava tudo bem, ele começou a murmurar:

— Por que ela foi embora? Por que ela me deixou sozinho aqui?

Ela? Ela quem? Será que ele estava falando de mim?

Enzo de repente abriu os olhos devagar e me viu parada, o observando.

— Por quê? - ele perguntou, com a respiração alta. - Por que ela me deixou? - uma lágrima caiu do canto do seu olho e me agachei para poder confortá-lo.

— Eu não sei - passei a mão por seus cabelos. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele olhou novamente para mim.

— Vai embora - disse, não grosseiramente, mas ele não foi gentil.

Me levantei depressa e confusa, não sabendo o que de fato podia fazer. Ele queria que eu ficasse e depois que eu fosse embora. Então eu fui. Fechei a porta com cuidado e encostei a cabeça na porta. O que tinha sido isso afinal? Do que Enzo estava falando?

***

Acordei cedo no dia seguinte dando graças a Deus que não tive aula. Demorei para dormir pensando na noite complicada que tive. Estava preocupada com Enzo, porém mais ainda com Nico que chegaria essa manhã.

Não tive coragem para checar como Enzo estava, mas também não achei que a primeira coisa que ele quisesse ver hoje fosse a minha cara.

O beijo não saía da minha cabeça. Por que ele tinha feito isso? Por que tinha sido tão bom?

Escutei a porta da sala se abrir e corri para ajudar Lacey.

Nico estava com ela. Bem melhor, só estava um pouco pálido. Nem parecia que algo tão grave tinha acontecido.

— Que bom que vocês chegaram. Como você está Nico?

— Estou bem Giselle. Só foi um susto.

Olhei para Lacey, ela sorriu.

— Eu vou levá-lo até o quarto - disse ela, já segurando ele pelo braço.

— Não. Nada disso - queixou-se Nico. - Já fiquei deitado o suficiente.

— Você precisa descansar - disse Lacey preocupada.

— Então eu vou descansar aqui na sala. Vendo o jogo de basquete - Nico se sentou no sofá. Lacey balançou a cabeça, como se dissesse: cabeça dura.

 

Oh God!— disse ela de repente.

— O quê? - perguntamos eu e Nico juntos.

— O almoço! Esqueci completamente. Tenho que ligar para o Ricky e cancelar...

— Não. Não cancele - disse Nico.

— Não tem condições de eles virem aqui hoje - disse ela.

— Você estava ansiosa, Lay. Já preparou quase tudo.

Isso era verdade. Lacey havia passado o dia todo de ontem comprando e preparando o almoço.

— Eu posso marcar para outro dia.

— Não. Nem pense em desmarcar só por causa de mim. Eu estou bem, não está vendo?

Lacey sabia que não daria em nada continuar com a discussão. Então ela foi para a cozinha e eu ajudei no que ela precisou. Enquanto eu lavava as folhas na água da torneira, Lacey perguntou de Enzo. Não consegui ser convincente e ela acabou desconfiando.

— O que aconteceu? - perguntou ela. - Tell me.

— Ele bebeu ontem. Um pouco.

Oh God! Onde ele está?

— No quarto dele.

— Enzo não gosta de beber, mas depois do que aconteceu eu entendo por que ele não resistiu - ela olhou para mim. - Ele aprontou alguma coisa?

— Não - menti. Me aproximado do balcão com a vasilha na mão.

— Giselle, você pode me dizer. Não será nada que possa me espantar. Estou acostumada.

— Ele não fez nada. Pelo menos não comigo - tentei mudar de assunto. - Mas então, o que exatamente os médicos disseram que aconteceu com o Nico?

Well... O médico disse que só nos EUA, estima-se que 200 mil pessoas sofrem ataques cardíacos todos os anos sem nem ao menos perceber isso. Ele disse que esse tipo silencioso de ataque corresponde a 25% do total de ataques do coração, ou seja, trata-se realmente de um sério problema de saúde.

— Nossa...

***

Quando acabamos tudo, até de arrumar a mesa da sala (mesa que só se usava em ocasiões como esta), já era quase meio-dia. Lacey estava cansada, mas contente por ter terminado tudo na hora.

— Obrigada por me ajudar. Eu não conseguiria sem você.

Nesse momento Enzo entrou na cozinha. Ele me viu, mas desviou o olhar indo até o filtro de água. Senti meu coração batendo mais forte e as pernas começaram a tremer.

— Bom, eu vou tomar meu banho antes que Ricky e seu amigo cheguem - disse Lacey.

— Você ainda vai dar esse almoço? - perguntou Enzo se virando para a irmã.

— Nico insistiu. E você, já falou com ele?

— Já - ele se encostou na pia e Lacey saiu, mas sem antes dar uma fitada no irmão mais novo, advertindo-o por ter bebido.

— Pelo visto você contou para Lacey, né? - perguntou Enzo.

Eu não acreditava que ele estava falando comigo. Pensei que ele fosse passar a eternidade me evitando depois do que aconteceu ontem.

— Contei o quê? - perguntei, não sabendo a que parte ele se referia.

— Que eu bebi.

Ah isso! O que mais seria? Não achei mesmo que ele fosse confessar o que fizera.

— Eu preciso falar com você sobre isso - disse ele.

Meu coração começou a acelerar.


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Notas finais do capítulo

Amanhã mesmo posto a continuação. Não vou deixar vocês terem uma taque do coração, okay? Comentem o que estão achando.



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