Mesmo que eu feche os meus olhos... que eu sonhe todas as noites com os mesmos fios róseos, os olhos esmeraldinos, a pele branca e suave, o corpo curvilíneo, pequeno e forte. Com o mesmo sorriso estampado na face onde já deixei gravadas inúmeras lágrimas. Acordo em busca de conforto, entre esses braços, estampado nessas íris que me prendem como caleidoscópios.

Sussurro inconsciente:

—Sakura...

Passo os olhos pelo escuro do meu quarto, lembrando o tanto que sou orgulhoso e que esse mesmo orgulho me impede de tê-la aqui comigo. Ou seria o medo?

Eu já tinha feito a minha viagem de redenção, tinha agora o meu novo braço implantado pelas próprias mãos da ninja-medica mais linda da aldeia da folha. Havia voltado ia completar um ano. Mesmo sentindo-me novamente em casa, passava muito tempo fora. Cumprindo missões para a Hokague. Vendo o Dobe quase todos os dias já que ele seria o próximo a assumir o posto.Para o meu alívio ele esta bem, recém casado com a Hinata, ela parece ser a única a domar aquele gênio forte dele. O meu melhor amigo não perdia tempo, mal havia se casado e já planejava ter o primeiro filho.

Neste tempo em que eu estava na aldeia nós dois junto com a Sakura almoçávamos. Eu a via todos os dias, no começo ela não sabia como agir e eu como sempre mantinha distância vestindo a minha máscara imparcial de frieza e indiferença. Admito que sou um grande covarde! Apenas para mim mesmo faço essa revelação. Tenho medo de não conseguir ser feliz, medo de não merecê-la, de não ama-la da forma como ela merece ser amada.

O Dobe me disse para parar com essa paranoia e acordar para o fato de que Sakura não irá viver sozinha por muito tempo. Ela tem inúmeros admiradores e eu, mesmo secretamente, não mandando flores, não a chamando para jantar, também era um deles.

Eu a observava. Sempre acompanhando os passos dela de longe e essa noite não foi diferente. A vi andar pelas ruas da aldeia, após deixar o seu turno no hospital, usando o típico jaleco branco. Ela passou na frente das casas, vendo as crianças que ainda brincavam no quintal e pude ver seus olhos amáveis e sonhadores, na direção dos pequenos que lhe sorriam. Continuei seguindo-a, vendo o poder que ela exerce sobre os homens a sua volta que a encaravam cobiçadores. Quem eles pensam que são para olhar assim um bem alheio? Sim alheio! Sakura é e sempre será minha e de mais ninguém! Acompanhei seus passos até ela estar segura dentro de casa e só consegui sair dali quando vi a luz de seu quarto ser apagada.

Minha mente gritava:Covarde!

Minha alma gritava:Covarde!

E meu corpo só sabia queixar-se da falta dela, das mãos dela, dos lábios dela que eu nem sequer experimentei depois do meu retorno. Por ser um Covarde! Voltei a recostar-me sobre cama, fechando os olhos outra vez. Senti o sono e o cansaço ganhando-me pouco a pouco, voltando para ela. Sonhando com uma forma de me declarar e dizer a ela que a amava, que ainda a amo.

Porém eu sempre seria um pouco covarde para esse tipo de coisa. Uchiha Sasuke é um pouco covarde, somente naquele assunto, somente quando se tratava da mulher que ele amava, em seu íntimo, apenas em seu silêncio, guardado em seu medo.

Sim só um pouco Covarde!