Zodíaco: O 13º Signo escrita por Rodrigo Fregnani
Notas iniciais do capítulo
Desculpem-me pelas palavras chulas e expressões vulgares que encontrarão neste e em próximos capítulos. Tentei ser o mais fiel possível aos diálogos entre garotos, portanto, palavrões e futilidades farão parte do conteúdo.
As personagens são assim, o que posso fazer? HAHA
E vamos a mais um capítulo.
Corri para o refeitório em prol de meu estômago que gritava incansavelmente. No meio da multidão de testosterona, encontrei meus quatro novos colegas em uma mesa, estraçalhando com seus dentes ferozes tudo o que viam pela frente.
─ Você sumiu, Shorin! ─ comentou Jaron, o único que comia mastigando com delicadeza o alimento para depois engoli-lo. ─ Estava fugindo do banho, é?
─ Shorin, seu esterco! ─ zombou Kirkliton, batendo seu ombro no meu quando me sentei ao seu lado. ─ Tem medo de água? ─ Inalou o ar, aproximando seu nariz em minha direção. ─ Ah! Não temos um porquinho na turma, não. Ele tomou banho sim, galera!
Todos riram, até mesmo eu. Levantaram suas taças para comemorarem o banho que tomei.
─ E por onde andou? ─ investigou Aspin.
─ Acabei me perdendo pela Academia ─ menti.
─ Esse Shorin é um cara estranho ─ brincou Kikliton, dando-me murros amigáveis nas costas.
Peguei um pedaço de pão e molhei na taça com leite de cabra. Algumas frutas estavam espalhadas pela mesa, encontrando-se com meu estômago logo em seguida. Comia fartamente, porquanto minha fome matinal era demasiada. Mastigava, sem deixar de depositar meus olhos no ambiente, à procura de meu irmão Thotin.
Desta vez, não o encontrei no meio da algazarra masculina.
─ Estou muito ansioso para saber o resultado ─ observou Milkt. ─ Acho que serei do signo de meu pai: Câncer.
─ Eu também acho que farei parte da casa de Gêmeos, o signo de meu pai ─ comentou Aspin.
Kikliton eu soubera que seu pai era de Capricórnio, e Jaron, de Peixes. Pela primeira vez questionei-me se, por acaso, seria da casa de Leão. Teria eu o signo de meu pai para honrar e lutar com bravura?
─ E aí, calouros?
Um garoto moreno de olhos castanhos aproximou-se de nossa mesa, ao lado de mais dois jovens. Ele usava a cor de Escorpião ─ preto ─, enquanto o loiro a sua direita usava a cor de Libra ─ rosa ─ e o moreno de olhos azuis trajava o laranja, cor de Aquário.
─ Vocês não estão a fim de ir a uma festinha hoje à noite? ─ perguntou o rapaz.
Os meus colegas se animaram com o convite do veterano.
─ Eu sou Riklim ─ apresentou-se. ─ Este é o meu amigo Mirlam ─ Apontou para o loiro. ─, e este é o meu amigo Wont. ─ Mostrou o terceiro integrante.
Kikliton, Aspin, Milkt, Jaron e eu nos apresentamos também, e, como de costume, veio a pergunta de sempre com a revelação de meu nome.
Era a primeira vez que um veterano viera falar conosco. Os três estavam no segundo ano da Academia, e ambos seguiram o signo de seus pais.
─ Então eu vejo vocês à noite no pátio da Academia, tudo bem? ─ confirmou Riklim.
─ Claro, estaremos lá ─ assegurou Kikliton pelo grupo.
Os três saíram, convidando outros novatos para a tal festa.
─ Galera, esse cara deve bater uma todos os dias. ─ Riu Milkt, sendo imitado por todos. Exceto eu.
─ Como assim? ─ perguntei em minha ingenuidade feminina. ─ Bater uma?
Os quatro depositaram-me olhares de incredulidade e espanto.
─ Em que mundo você vive, Shorin? ─ zombou Aspin. ─ Ele é do signo de Escorpião, não percebeu pela roupa? Esses caras só pensam em sexo, mas, caso não consigam com quem fazer, precisam praticar sozinhos, entende? ─ Voltou-se com malícia.
─ Não, não entendo. ─ Continuava confusa.
─ Puta merda, Shorin! Você não é desse mundo mesmo, cara! ─ disse Kikliton, batendo em meu ombro de forma amigável. ─ Estamos falando em masturbação, meu caro. Ato prático quando não temos com quem executar nossa voracidade varonil. Até parece que nunca fez isso!
Os quatro riram pateticamente.
─ Ah! ─ exclamei, virando o meu rosto para o lado. Era constrangedor escutar esses assuntos de machos, porém, não consegui conter um sorriso.
Após a refeição matinal, acabei me perdendo do grupo, mas não fora de todo ruim, pois teria um tempo dedicado só para mim e sem escutar atrocidades e expressões chulas o tempo todo. Consegui colegas interessantes, mas me incomodava a conversa bruta dos homens. Percebi que o sexo masculino podia ser bem imaturo e nojento quando estão reunidos.
Avistei a enorme Biblioteca da Academia, e era para lá que me refugiaria. Ao adentrar, não contive o suspiro de admiração e alegria por ter a oportunidade de ter ao meu alcance tantos volumes belos e ricos. Excitava-me a alma só de pensar no tempo que me dedicaria a eles, debruçada em seu corpo e bebendo de suas palavras.
Eram tantas obras que meus olhos ficaram estrábicos. Milhares e milhares de exemplares para preencher meus conhecimentos e minha sabedoria. Havia poucos alunos na Biblioteca. Vi alguns veteranos em trajes específicos de seus signos lendo ou escrevendo com lindas penas em punhos.
Ali seria meu grande paraíso.
─ Posso ajudá-lo, meu jovem?
Olhei a figura de um homem não muito velho, cabelos e barbas castanhos claros, e olhos da cor da amêndoa. Suas roupas eram azuis claras, a cor do signo de Peixes. Fitava-me com simpatia, propondo-me sua ajuda.
─ Já tem a carteirinha da Biblioteca? ─ indagou.
─ Oh, não, senhor ─ respondi. ─ Sou apenas um iniciante.
─ Bem, então não seja por isso. Acompanhe-me, por favor ─ pediu, fazendo um gesto com a mão. ─, vou providenciar sua carteirinha, assim poderá levar consigo quantos livros desejar.
─ Isso é maravilhoso! ─ exclamei mais eufórica do que planejara.
─ Vejo que é um rapaz amante das palavras ─ sorriu. ─ Eu também o sou. ─ Ofereceu-me a mão para eu apertá-la. ─ Prazer em conhecê-lo. Sou Sarq, o bibliotecário.
─ Eu sou Shorin.
─ Shorin? Que nome é esse?
Pelo menos ele não falou droga de nome, pensei.
O senhor Sarq fora muito simpático e gentil para comigo, mostrando-me a biblioteca e seu inumerável acervo. Ensinou-me a encontrar os livros através da regra catalográfica, a qual numerava em uma ordem as obras por meio de seus assuntos. Encontrei livros de temas ainda não estudados por mim: Artes, Física, Química, Filosofia, Sociologia. Eram tantas informações juntas, e eu estava ansiosa para devorá-las.
Peguei um livro para entreter-me. Era um romance sobre cavaleiros e dragões.
─ Se você quiser, pode levá-lo para seu dormitório ─ informou-me o senhor Sarq. ─ O nosso sistema de empréstimo já consta o seu nome na lista.
─ Acho que prefiro ler na companhia de outros livros.
Meu comentário pareceu satisfazer o homem do signo de Peixes, fazendo-o olhar-me com ternura e de forma paternal, apesar de eu nunca ter visto meu pai me olhar assim. Aliás, fora a primeira vez que um homem fitava-me com admiração.
─ Fique à vontade, Shorin ─ despediu-se Sarq. ─ Caso precise de ajuda, estarei sempre ao seu dispor. Saiba que seria muito agradável tê-lo como amigo.
Sorri em forma de agradecimento, ficando a sós com meu livro e minha imaginação.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Não vão sair sem comentar, né? Deus tá vendo essa sua zoeira.