Zodíaco: O 13º Signo escrita por Rodrigo Fregnani


Capítulo 7
A Hora do Banho




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Acordei antes do Sol aparecer. Na verdade, mal conseguira pregar os olhos por conta da animação do momento e, confesso, por receio de meu colega de quarto, Jaron, despertar antes de mim e ir me acordar, acabando descobrindo meu segredo.

Sei lá! Os garotos têm umas brincadeiras parvas. Tinha medo do ruivo pular sobre mim e apalpar o que não deveria ou o que não encontraria.

Esperei a luz divina do astro de Leão iluminar o dia e minha alma agitada de emoções, até o momento, positivas. Quando a luz penetrou meus poros, pude sentir seu abraço caloroso.

─ Já está acordado, Shorin? ─ Despertara meu companheiro, sentando-se na beira de sua cama de forma preguiçosa e sonolenta, esfregando os olhos e depositando neles seus enormes óculos circulares. ─ Ainda é muito cedo ─ bocejou.

─ Eu sei, mas gosto de acordar bem cedo para ver o Sol nascer mais uma vez ─ comentei. ─ É lindo saber que ele sempre estará lá no céu sorrindo para nós, não acha? É uma beleza de nascimento diário.

─ Concordo com você, meu amigo. ─ Espreguiçou-se, deixando que seus ossos cantassem um trec-trec animador. ─ Os insensíveis diriam que tudo o que acabou de dizer é pura besteira e coisa de menininha. Mas eu, com minha alma de poeta e futuro seguidor da Literatura, compreendo e aplaudo sua visão romântica do Sol.

─ Também pretende seguir a Literatura? ─ perguntei animada, quase esquecendo de disfarçar a voz.

─ Oh, sim, meu caro! Meu pai é poeta. É sensível, como o signo de Peixes permite o ser. Tenho certeza que a esta casa também pertencerei. ─ Fitou-me com um sorriso simpático. ─ Você também quer ser poeta?

─ Quero ser romancista.

─ Espero que faça parte do signo de Peixes, pois assim você aprofundará sua sensibilidade.

Jaron levantou-se por completo de seu leito e foi até seu baú buscar algo. Temi que ele fosse se despir em minha presença, mas, para meu alívio, ele pegara apenas uma toalha.

─ Não vejo a hora deste baú está completo por peças azuis claras ─ comentou ao fechar o suporte. ─ Bem, vou tomar meu banho, você não vem?

Banho? Céus, eu realmente esquecera dos detalhes! Era óbvio que o momento de higienização fosse algo compartilhado por todos os rapazes da Academia. Como eu tomaria banho? Como escaparia dos meus colegas?

─ Er... Eu vou mais tarde, Jaron ─ falei um tanto inquieta.

─ Vamos logo, Shorin. Este horário deve ser o melhor, pois não deve ter tanta gente nas casas de banho.

Eu não consegui contestar, porquanto o garoto ruivo pegou uma toalha para mim e puxou-me pelo braço até a porta, direcionando-me a uma casa de banho da Academia do Zodíaco.

Sentia meu coração acelerar e o medo invadir meu ser. Como escaparia? Eu não podia ser desmascarada, não agora que estava tudo dando certo.

Jaron me puxou até a casa de banho mais próxima de nosso alojamento. Ao contrário do que ele imaginava, o ambiente estava bem cheio.

Eu fiquei maravilhada com o local, pois nunca havia entrado em uma antes. Em minha casa havia uma casa de banho, mas quem podia utilizá-la era apenas meu pai, Thotin e alguns convidados homens que apareciam. As mulheres deviam se contentar com os banhos em seus próprios aposentos, em uma banheira apertada e sem grande luxo.

A casa de banho tinha afrescos decorativos, retratando a grandeza e a história magnífica dos doze signos do Zodíaco. Havia um tepidário para o banho morno conjunto. Em outro canto, estava o caldário, para os banhos quentes. Também tinha o frigidário para quem quisesse se aventurar nas águas frias. O apoditério, ou seja, o vestiário, podia ser visto à esquerda, enquanto o prefúrnio ─ aquecedores de água e ar ─ e o sudatório ─ sauna ─ estavam à minha direita.

As termas estavam cheias de garotos, o que me fizera despertar, pois todos estavam nus. Nunca havia visto tanto homem pelado na minha vida. Para uma virgem, era excessivo o número de varões ao natural.

Eu não sabia para onde olhar. Fitei a pintura do teto e ali deixei meus olhos repousarem para evitar o contato direto com a anatomia masculina. Porém, às vezes meus olhos desviavam para baixo, podendo visualizar diversos tamanhos e espessuras.

Eu sentia um calor descomunal. Sentia meu rosto arder e corar. Estava completamente constrangida e desconfortada.

─ Não vai tirar a roupa, Shorin? ─ perguntou Jaron.

Sem pensar, olhei para ele rapidamente, conhecendo-o melhor. Voltei a observar a pintura do teto, tentando esquecer a visão e buscar uma maneira de sair dali.

─ Er... Eu... Eu... ─ Fora o que consegui balbuciar, sem tirar meus olhos do teto.

─ Está tudo bem, cara? Você está vermelho como a roupa de Leão ─ riu o ruivo.

─ Deve ser o calor daqui.

─ Ah, mas é normal. Até parece que nunca se banhou em termas.

Deu-me um tapinha camarada nos ombros, dando-me as costas para entrar na água. Fitei as nádegas brancas de meu colega de quarto quando ele se afastara, logo me recompondo para observar as pinturas do local.

Com a ausência de Jaron, aproveitei para procurar a saída da casa de banho. Havia visto coisas demais logo pela manhã.

─ Aonde vai, Shorin? ─ Encontrei Kirkliton, graças aos deuses, com uma toalha enrolada na cintura. Pelo corpo molhado, já havia feito sua higienização. ─ Não vai tomar banho, seu porquinho?

Ri nervosamente, assemelhando-me a uma cabra aos berros. Pigarreei para aliviar a tensão e disfarçar o constrangimento.

─ Esqueci minha toalha ─ disse por fim.

─ E essa aí que está na sua mão? ─ questionou o rapaz com um sorriso zombeteiro nos lábios.

─ Er... Esta aqui não serve ─ justifiquei às pressas. ─ Precisa ser outra.

─ Você é um cara estranho, Shorin! ─ riu Kirkliton. ─ Vejo-te no café da manhã então, tudo bem?

Assenti, saindo o quanto antes daquele lugar.

Corri para meu quarto, deixando-me cair na cama. Estava suando e sentia calores fora do comum. Dei um sorrisinho tímido. De fato, fora uma experiência um tanto atípica.

─ E agora? ─ sussurrei. ─ Como vou tomar banho?

Levantei os braços e inalei o odor que saía de minhas axilas. Não, o cheiro não era o dos melhores. Fedia mais do que o traseiro de um cavalo, e isso não era nada apropriado para um acadêmico do Zodíaco.

Eu não poderia me aventurar nas termas, mesmo se esperasse todos saírem. E se alguém resolvesse aparecer bem quando eu estivesse me banhando?

Lembrei-me, de súbito, do lago na parte externa da Academia. Percebi que a movimentação de lá é inexistente, então, cogitei na hipótese de banhar-me por lá. O ruim seria enfrentar a água e o ar frio das montanhas, mas não podia feder para o resto da vida, não é?

Peguei minha toalha e corri para meu banho individual. Não fora difícil sair dos bloqueios da Academia, visto que não era uma prisão. Não tardou para eu encontrar, entre as moitas, o pequeno laguinho, cujas águas limpariam meu corpo cansado e sujo.

Com algumas flores ali espalhadas, poderia espremê-las e, de seu óleo natural, fazer minha essência perfumada para os cabelos e para o corpo.

Olhei para um lado, olhei para o outro. Averiguei que não havia ninguém por perto, então, meio apreensiva, despi-me com cautela, sempre de olhos e ouvidos bem alertas. Retirei a faixa branca que apertava meus pequenos seios, expondo-os ao ar livre. Coloquei a ponta do dedo na água e, sem dúvida, estava bem fria. Precisava ter coragem e ser rápida, antes que dessem por minha ausência e fossem me procurar. O vento frio batia em minhas costelas, então preferi congelá-los de vez com o contato com a água límpida do lago.

A sensação foi horrorosa no começo, pois sentia meu corpo todo arrepiado com o frio. Porém, aos poucos consegui me adaptar, esfregando-me com o óleo das flores, massageando meus pés, minhas pernas, meus braços e meu cabelo curto.

Peguei minha toalha e enxuguei-me depressa, vestindo-me o quanto antes, sem o risco de alguém me pegar nua.

Voltei para a Academia limpa e com a certeza de que não ficaria sem banhos. Dali em diante, o laguinho seria minha casa de banho.


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Notas finais do capítulo

Comentem aí, pipous! xD
E favoritem a fic, caso acham que ela mereça.
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