"Pessoas boas não perdem sua essência, apesar das cicatrizes."
— Chicago, 1992

New Orleans, Louisiana-USA

05:23PM

Os passos de Luna eram rápidos, mas os de Tobias conseguia ser ainda mais.
Com a respiração ofegante, ela ja havia desistido de tentar para-lo, o medo se alastrava por seus olhos junto as lagrimas e o desespero. O portão da mansão ficou para trás, quando Tobias invadiu a propriedade ignorando os demais vampiros que circulavam por ali. Luna sentiu um arrepio ruim percorrer sua pele, algo daria errado naquela noite.
A majestosa mansão Mikaelson possuía grossas colunas e uma ampla entrada, adornada por uma porta de cerejeira vermelha e pequenos arbustos. Possuía requinte e traços de uma época escravista, mas não fora exatamente os adornos que a impressionaram, mas sim, o vampiro original elegante que os esperava, entre a porta e o batente, ajeitando as abotoaduras de seu terno fino.
— Onde ela esta? — gritou Tobias, com uma fúria crescente em seu peito.
Os demais guardas da fortaleza Mikaelson, se atentaram ao que ocorria pelo caminho iluminado. A bruxa se apressou um pouco mais, correndo ate alcançar o amigo, que avançava feito um animal contra o vampiro milenar.
— Por favor, pare! — pediu apavorada, agarrando os ombros estreitos do rapaz. — Tobias, ele é um Mikaelson!
— Não me importa — gritou para ela com seus olhos furiosos cravados em Elijah. — Onde esta Holly e o que fizeram como ela?
— A senhorita Labonair esta bem, obviamente — o vampiro elegante se pronunciou com a voz polida e um tanto entediada pelo importuno momento. — e acredite garoto, não fizemos nada a ela. Pelo contrario, nos a salvamos.
— E você realmente quer que eu acredite nisso — rosnou Tobias com o dedo em riste. — O seu irmão pode ter muito bem manipulado toda a situação. Ou estou enganado quando digo que ela não vem sendo perseguida por Klaus? A pulseira de verbena foi um presente meu, para que pessoas como você e sua família não pudessem fazer mal a ela.
— Por favor Tobias — chiou Luna, seus olhos quase transbordavam com tamanho pavor que sentia. — Tenho certeza que Holly esta bem, posso sentir.
— Não! — gritou novamente, erguendo o dedo indicador e apontando para a face endurecida do Mikaelson. — Juro por tudo que é mais sagrado, juro pelo sangue que corre em minhas veias, se algo tiver acontecido a Holly esquecerei quem é e o que pode fazer e...
— E o que rapaz? — o sotaque britânico soou.
Tobias se calou enquanto a aura sombria de Klaus dançava as costas do irmão mais velho. Deuses eles seriam mortos, pensou Luna, sentia como se seus ossos tivessem se tornado gelatina enquanto os olhos zombeiros do Hibrido encaravam a ela e Tobias.
— Arrumo um jeito de mata-los — completou Tobias, o cheiro de seus medo embargava a todos, mas a coragem ainda brilhava em seus olhos.
— Tem a coragem de um tolo, menino — disse Elijah escondendo as mãos nos bolso da calça. — Mas ainda é coragem. Acalme-se e poderá ver Holly, caso contrario serei obrigado a coloca-lo para fora da propriedade de minha família.
O jovem arregalou os olhos ultrajado, estava prestes a voltar a gritar quando sentiu os dedos de Luna sobre seus lábios o calando. A moça de cabelos castanhos assumiu a frente, mesmo retraída pelo medo.
— Ele vai se acalmar, só queremos ver Holly. Saber se ela esta bem — disse a jovem bruxa, recebendo mais atenção do que gostaria. — Estávamos preocupados, Holly nunca sai sem dar noticias.
Algo nos olhos de Klaus a fez recuar um pouco, sentindo seu coração falhar uma batida. O Hibrido pareceu ponderar a proposta do irmão, sendo assim deu-lhes as costas e adentrou a mansão novamente sobre os olhares atentos de Elijah.
— Acompanhe-me!
Luna segurou-se a Tobias por alguns instantes, antes do rapaz arrasta-la para dentro da enorme mansão vitoriana, a jovem não observou qualquer detalhe, apenas percebeu que a mesma era luxuosa e abafada. O vampiro Original caminhava elegante pelo hall de entrada em direção a uma sala, onde puderam ver Marcell, Rebekah e Hayley, a ultima os observava com certo desprezo.
— O que eles fazem aqui? — a pergunta veio de Rebekah, que fora ignorada pelos demais.
— Onde esta Holly? — Tobias voltou a perguntar.
— Esta se recuperando, deve acordar apenas amanhã — disse Hayley, cruzando os braços sobre os seios.
— Como assim se recuperando? — enfureceu-se Tobias, sentindo todos os pelos de seus corpo se eriçarem. — Disse que ela estava bem.
— E ela esta, apenas por minha causa — rosnou Klaus, apertando o copo de Whisky entre seus dedos.
— Ela foi atacada ontem, enquanto saia do Rousseu's — disse Marcell, erguendo-se do sofá escuro e caminhando na direção do lobo. — Vincent a encurralou, ele queria algo, talvez tenha descoberto sobre a linhagem Labonair. Mas se não tivéssemos chegado a tempo, nem ouso pensar no que teria acontecido.
— Ela estaria sendo sacrificada — sussurrou Luna com pesar em seus olhos. — Ele esta trabalhando para Genevieve.
Hayley enfim prestou mais atenção na jovem bruxa a sua esquerda. A menina era relativamente pequena, cabelos castanhos e olhos em um tom adorável de azul, ela era angelical, assim como sua expressão.
— O que quer dizer com isso? — perguntou Hayley atraindo os olhos misticos da jovem bruxa para si.
— Eu não sei muito sobre, Genevieve não confia o bastante em mim, pois sabe que não concordo com seus métodos — suspirou torcendo as mãos. — Ela quer realizar o Feitiço da Lua Negra.
Após tais palavras, fechou os olhos com força. Klaus sendo filho de quem era, conhecia aquele ritual e sabia de suas consequências e seja lá o que Genevieve tenha prometido a Klaus, era uma mentira. Tinha consciência de que seu pescoço agora estava a premio, quando a bruxa soubesse de sua traição arrancaria o seu coração e beberia seu sangue por tamanha petulância. No entanto, nada lhe aconteceria se Klaus a pegasse primeiro. Estivera indecisa sobre qual lado ficar e por fim, escolhera o lado mais forte, nada do que Genevieve pudesse fazer a ela se assemelharia do que o hibrido Original pensaria em fazer.
— Genevieve mentiu pra vocês, o sangue da primogênita que uniu os inimigos — Tobias continuou, encarando os olhos ferventes em cólera de Klaus. — Holly é a filha de um caçador e uma Labonair, o sangue dela é precioso para qualquer ritual ja feito. Se aquela maldita bruxa colocar as mãos em Holly, ela vai usar o sangue dela para potencializar seus poderes e nem mesmo você, Klaus, pode detê-la. A lua negra sera o ápice de seu poder, o que acontece daqui três dias, ate lá, Holly tem que ficar em segurança.
Nada podia ser escutado alem dos ponteiros do relógio, no entanto a fúria de Klaus cortou o silencio quando o copo, antes entres seus dedos, quebrou-se em milhares de pequenos pedaços que reluziram ao chocar-se com o sol poente que penetrava pelas frestas da cortina pesada. A ira surgiu em seus olhos amarelos, a medida em que as presas afiadas rasgavam sua gengiva transformando-o em um monstro.
— O que mais? — rugiu o hibrido, sua voz fez com que todos os pelos do corpo de Luna se arrepiassem.
— Com sangue vermelho deve banhar-se e embebedar-se, enquanto a lua negra se esconde do céu — recitou, sentindo uma única gota de suor frio escorrer por sua coluna e se perdendo no tecido jeans de sua calças surrada. — Sob a luz da lua negra, ela deve fazer sangria e depois arrancar o coração, para só então banquetear-se. O coração a carne e o sangue o vinho, só assim ela poderia ter o poder que deseja.
Então a mesa teve o mesmo fim do capo, pedaços de madeira vermelha espalharam-se pela sala antes imaculada e Klaus parecia estar apenas começando. A fúria em seus olhos jamais fora vista por Luna ou Tobias, era fervente como lava e perigosa como o inferno. Klaus, ainda sim, parecia aflito e um tanto perdido e Luna tinha medo de onde tudo aquilo pudesse dar.
— Holly não deixara esta mansão ate que eu tenha a cabeça de Genevieve — gritou Niklaus, ainda tomado pela loucura. — Elijah, eu quero aquelas malditas bruxas acorrentadas no French Quarter. Faça o que quiser, mas eu as quero vivas. Eu cuido de Genevieve. Alias love, você me dirá tudo o que sabe e o nome de todas as bruxas envolvidas, se não, matarei uma a uma ate chegar em Genevieve. Esta do lado de quem, pequena Luna?