2015

Abril,

09

Sabe o quê mais me irrita nos seres vivos? A capacidade de transpassar amor ao outro tão... Facilmente. Para mim não há motivos nisto, afinal, quem somos para transferir carinho e amor para outro ser humano? Temos total direito de tocá-los? Assim eu lhes vejo como seres inferiores. Como coisas que agem apenas pelo puro instinto fraternal. O que podemos ver primeiro? A aparência, não estou certo?
Pois lhes digo.
Nós não nos apaixonamos pela mente do ser,
mas sim por seu corpo.
Já reparou que os mais bonitos sempre conseguem o que querem?
E, geralmente são desprovidos de inteligência.
Apenas dou-lhe um conselho.
De nada adiantará ser alguém bonito, se não tiver cérebro para lutar contra os preconceitos físicos.
Se tivéssemos a liberdade de sermos o que podemos e queremos ser, tudo estaria diferente. Mas a sociedade não vê isso, a mais magra ganha fama, a mais gordinha morre na escuridão. Claro, eu reconheço que tem muitas exceções, mas, eu apenas estou dando-lhe um exemplo.
A vida muitas vezes me fez pensar em coisas assim, mas o que diriam se...
Eu, Sasuke Uchiha, apenas um cientista de laboratório, julgasse a sociedade com a minha grande sabedoria elevada?
Eu não sou deste mundo mais, agora, por exemplo, viajo nos confins do universo... Ao lado do meu amigo, Naruto, o soberano... E, supremo... Deus de outro mundo.
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Mais um dia, preso nesta sala, com a ilustre visita de meu amado soberano, minha nova salvação.
– Sasuke... O quê mais você pode me dizer da Terra? Nosso povo acredita no amor, porquê você pelo menos não pode se apaixonar? - Fitei as orbes azuis do homem em minha frente, seus dentes tão infinitamente branquinhos e alinhados, algumas marcas em seu rosto, como se fossem listras de tigre, ou raposa, eu não sabia. O cabelo loiro arrepiado em sua cabeça dava-lhe um ar de que arrecém estaria saindo da adolescência... A beleza de um ser de outro mundo é, sem dúvidas, encantadora.
– Naruto, eu entendo suas dúvidas segundo ao meu povo, mas de nada adianta falar, estou certo? Você pode ter a cabeça de uma criança inocente, os sentimentos de alguém que tem fé em seu mundo, mas... Você nunca conseguirá raciocinar com esta.. Coisa que tem em seu peito. - Falei-lhe, referindo-me ao seu coração.
– Sabe, Sasuke... Eu acredito no amor, como os seres humanos têm fé no seu chamado Deus, ao qual meu povo chama de... Kyuubi. Se você soubesse o fardo que é carregar algo tão forte no meu peito... Essa divindade da qual eu falei para você tantas vezes antes... Tem fé em algo também. Para essa coisa... Sou o Deus dela, e, ele é meu Deus. Eu amo esse fardo, porém é pesado de mais para um só carregar, entende, Sasuke? - Naruto olhou-me no fundo de meus orbes negros, e não pude conter o sorriso ao ver sua expressão esperançosa. Sorriamos um para o outro, feito dois adolescentes apaixonados, como se a vida dependesse de apenas nós dois, naquele momento, apreciando a companhia um do outro.
– Ah, Sasuke... Meu grande amigo, eu sinto muito por não ter te captado antes, para lhe ensinar o poder de um coração. Você pode ter todos os conhecimentos de seu mundo, pode ver todos os preconceitos... Mas de nada adiantará se... Você... Não me amar. - Assustei-me com a fala de Naruto, pois ouvia atentamente, e reparei em sua mudança de expressão. Passou de uma enorme felicidade, até uma grande tristeza.
– Sasuke... Você lembra-se de quando começou sua carreira como cientista? Você lembra-se de alguma família além de Itachi Uchiha? Lembra-se de alguém mais além deste único homem que é seu irmão? - Rapidamente vasculhei minha brilhante mente, e tudo parecia bloqueado. Eu não me lembrava de nada. Assustado, tentei expressar em meu rosto meu sentimento, mas eu também fui bloqueado por algo. Eu não podia nem ao menos chorar.
– Naruto. Eu exijo explicações lógicas para isso tudo. - O que significava a palavra '' Mãe '' para mim? O que um '' Pai '' seria? Claro, eu sabia de suas funções... Mas para mim eram apenas palavras.
– Sasuke... Prometa-me que ficará ao meu lado pela eternidade. Prometa-me amar-me e respeitar-me. Me prometa que jamais... Se dará ao luxo de cair-se por cabelos rosados e olhos cor de esmeralda. - Não entendi suas expressões de raiva ao descrever um ser vivo tão extravagante para mim, mas, mesmo assim, Naruto é meu amigo, e, acima de tudo, é muito mais evoluído que eu.
– Prometo. - Falei, vendo aquele brilho voltar-lhe ao rosto.
A medida que Naruto foi me explicando... A memória voltava para mim, e, aos poucos, eu me sentia á beira de um precípicio.
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– Itachi, devolva-me meu livro! - Gritei com meu irmão mais velho, que sorria para mim quando me roubou o livro de extraterrestres que eu lia.
– Sasuke, você e seus livros vão te deixar maluco um dia... - Corei de vergonha quando eu chamei a atenção dele, Sakura rapidamente apareceu-me em minha frente. Os cabelos rosados e compridos caíam-lhe ás costas, os olhos verdes esmeraldas sorriam, de alguma forma, para mim e Itachi. Rapidamente, Itachi e eu fizemos uma reverência exagerada, sorrindo um para o outro, um vendo pelo canto dos olhos do outro.
– Meninos, parem com essas besteiras. - Sorría-nos, Itachi deu-me meu livro, levantando os braços em trégua, e eu caminhei até Sakura, beijando-lhe os lábios vagarosamente. Eu amava essa mulher.
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– Agora entende, Sasuke? Vê? Lembra-se daquela humana repugnante? - Naruto estava tomando expressões grotescas, eu sabia que seria hora de algum dos outros interferir. Mas eu nem conseguia respirar direito. Saber que, algum dia eu amei uma mulher, que meu irmão... Agora, ele é um deles. Mas antes... Assim como eu, tinha sentimentos. O que fizeram comigo? Quanta atrocidade...
– Naruto... Conte-me o resto. - Falei-lhe, suplicando.
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Dois dias de pesquisas, procurando respostas, sentia-me orgulhoso dos resultados.
– Sasuke. Precisamos conversar, querido. - Ouvi Sakura atrás de mim, com a voz triste.
– O que foi, querida? - Falei-lhe, ainda prestando atenção em minhas pesquisas.
– Eu estou com vontade de ter um bebê. - Parei bruscamente tudo que estava fazendo, virando-me para ela.
– Sakura, você sabe que isso é impossível neste momento para nós. E, além do mais... Eu... Bom, cientistas não podem exatamente ter filhos, você sabe, não é? Eu entendo sua vontade como mulher, mas não pretendo ter nenhuma criança, não por enquanto. Talvez no futuro, sabe? - Falei, numa pressa para encerrar aquele assunto.
– Então... Eu já sabia dessa resposta. Viva com seus conhecimentos, só não me procure nunca mais. Adeus, meu grande amor. - Vi algumas lágrimas se formando em seu rosto, e nada pude fazer, a raiva tomou conta de mim quando não tive coragem de nada dizer. Finalmente, quando ela saiu de casa, e, pela janela, vi suas malas sendo carregadas para dentro de um táxi, partindo em seguida, corri para fora. Continuei a correr, para onde, eu não sei. Não parei de correr por um segundo. Olhei para todas as as coisas que eu deixava para trás. Meus pés, quando começaram a ficar dormentes, parei no meio de um parque infantil. Olhei para todos os lados, e, finalmente, para o céu. Naquele momento, as estrelas deixavam-me feliz, eu sentia que fazia parte do espaço. Eu senti que algo lá em cima me observava. Sorri para tudo e todos que de lá me olhavam, provavelmente com curiosidade.
– É lindo não é? - Disse uma voz, rapidamente virei a cabeça para o lado, vendo um adolescente de cabelos loiros, e olhos levemente azuis, sorrindo para o céu.
– É... Sabe, você apareceu no momento em que mais preciso, amigo. - Falei para o estranho adolescente com marcas no rosto, e, ele sorriu mais ainda.
– Você diz que está precisando de mim... Mas para quê, exatamente? - Disse o garoto, examinando-me com o olhar.
– Eu quero fugir deste mundo.. E viajar pelo espaço, é loucura, não é? Mas eu necessito compreender a natureza do amor, já que eu pensei que sabia, mas de nada adiantou-me. - Falei, lacrimejando no final.
– Posso te ajudar com isso, venho observando-te desde sua infância, e fiquei fascinado com seus costumes. Sasuke Uchiha, meu nome é Naruto, e apenas isso vai lhe bastar por enquanto. Pegue minha mão, e vamos para longe. - Achei que aquele adolescente estivesse sendo algum Stalker, mas não me importei, pois a sinceridade de suas palavras me comoveram, e, num só toque, demos nossas mãos, deixando-nos a vontade com a escuridão da noite...
–-
– Sasuke... Eu te observei tantas vezes, via seu sofrimento, e nada podia fazer. Pedi ao nosso Deus que me ajudasse, e, ele, com sua graça enviou-me o maior dos poderes para te alcançar. Na sua língua, e, na minha, especialmente... Isso é amor. É dar tudo ao outro. Compartilhar de seu conhecimento com nosso amor... Sasuke, eu cometi erros... Mas acima de tudo, posso compreender agora... E ensinar-te a amar. Deixe-me mostrar-lhe o caminho da felicidade e satisfação própria. Eu lhe imploro. - Um Deus, implorando para mim. É insano, mas eu sorri para Naruto, não mais amigavelmente... Agora eu tinha certeza de meu destino. Não é apenas mostrar conhecimento, mas sim... Ensinar amor. Assenti com a cabeça para ele, que, num ato rápido de desespero, beijou-me os lábios terna, e doloramente. Queimando-me por dentro, o fogo do Deus que ele tinha dentro de si foi passando para mim, a paixão dos dois foi se mesclando, seus braços fortes e cálidos delicadamente puxaram meu corpo para ele, num abraço apaixonado, que só amantes podem dar um ao outro. Puxei seus cabelos com delicadeza, sorrindo entre o beijo, sentindo tudo voltar a mim...
Eu mudaria o mundo,
Não por mim,
Nem por todos,
Mas por ele.