One Shade of Black escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Grey and Black


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO MUITA ATENÇÃO:
Se você passou pelos avisos da primeira página, não pense que vai encontrar aqui um Christian Grey apaixonado pela moça do livro. PELO AMOR DA BATATA FRITA.
É possível que o Grey esteja OOC ueuehueuhehue é claro que ele está, só que eu não resisti.

O desafio estava fácil demais, então eu decidi pegar personagens diferentes da minha zona de conforto.Só um último aviso.

É UM CONTO HOMOSSEXUAL, CURTINHO, DE CLASSIFICAÇÃO +16. NÃO ESPERE PIRUETAS E MALABARISMOS.

Não foi betado, mas é de coração.

Andrew Black me pertence.



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“Vá, querido, e divirta-se” foi o que sua esposa disse, após beijá-lo e dar um nó quase perfeito em sua gravata. Anastácia ficou em casa com as crianças, e, agora, Christian Grey estava em seu carro, estacionado próximo ao restaurante que supostamente deveria encontrar alguns investidores japoneses, para uma longa noite de trabalho.

Olhou-se no espelho retrovisor, íntimo do reflexo de sua verdadeira imagem.

Meia hora depois, Christian estava no meio de um salão lotado de supermodelos com seus namorados famosos e pessoas que não sairiam de casa se a festa realmente não valesse a pena.

Participava de uma conversa tediosa e mecânica com alguns conhecidos. E, mesmo que sua atenção estivesse nas curvas de um Versace vermelho sangue, Christian ainda tinha total autonomia em falar sobre a crise econômica que o país enfrentava naquele ano. Assim que seus companheiros pediram licença tão educadamente para serem apresentados aos demais, Christian passou pelo garçom e deixou sua taça vazia sobre a bandeja, pegando outras duas taças com champagne.

Ele caminhou sem pressa em direção aquela silhueta de curvas generosas, porém, alguém cruzou o seu caminho, impedindo-o de chegar até seu alvo.

Os belos olhos cinzas de Christian tornaram-se duas pedras de gelo, quando este fitou o homem que parou em sua frente. Enquanto que o homem estava com um sorriso atraente e uma expressão de que não estava esperando por aquele encontro. Embora aquela festa fosse perfeita para encontrar pessoas interessantes.

O homem vestia um elegante terno cinza chumbo, que contrastava perfeitamente com seu tom de pele claro e os olhos azuis. O seu cabelo era curto e loiro escuro. Para aquela noite, decidiu manter uma barba por fazer, que não atrapalhava em nada, pelo contrário, compunha uma imagem única, ao qual Grey não se esquecera.

— Meu irmão. — O homem falou. A voz não mudara nada nesses dez anos, assim como aquela sensação familiar de seu toque, quando Christian sentiu a mão dele pousar em seu ombro. — Que surpresa boa vê-lo.

— Digo o mesmo, Andrew.

A mão de Andrew escorregou pelo braço de Christian, então ele enfiou-a dentro do bolso da calça. Grey estendeu a taça de champagne para o velho amigo, que olhou para trás, antes de aceitar a bebida.

— É uma bela escolha. — Andrew comentou com discrição. — Não quero ser o pivô de uma noite perdida.

Christian riu, balançando a cabeça levemente, o senso de humor seco de Andrew também continuava intacto.

— Jamais abandonaria um irmão. — ele insistiu e Andrew pegou a taça. — O que faz na cidade? Até onde sei, decidiu se aventurar pela América do Sul, o que encontrou por lá?

— Ah! — Andrew bebeu um gole do champagne, satisfazendo sua sede. — Vejamos. Calor, uma bebida chamada cachaça e belas criaturas.

— Imagino que tenha sido revigorante os últimos anos.

— Você nem imagina. — Andrew deu uma piscada, acompanhada de um sorriso. — Estou em busca de alguém para decorar meu apartamento, pode me indicar?

Christian não teve tempo para responder aquela pergunta, pois Henry Goldman, o anfitrião da festa, aproximou-se para agradecer a presença de Grey e perguntando sobre sua esposa.

— Ela adoraria ter vindo, mas decidiu ficar em casa com as crianças, sabe como é. — Christian sentiu o olhar pesado de Andrew sobre ele. — Desculpe minha falta de educação, quero apresentar um velho amigo meu, Andrew Black.

Henry e Andrew apertaram as mãos.

— Espero que não se importe com a minha invasão na festa, vim para acompanhar alguém, mas — Andrew olhou de um lado para o outro — pelo visto, ela já deve ter achado algo melhor.

— Eu sei bem o que é isso. — Goldman parou um garçom que passava ao lado dele, o pobre rapaz quase deixou a bandeja cair, quando foi interceptado. — Minha esposa acaba de me trocar por um modelo de dezenove anos. O que eu posso fazer? Não tenho mais a saúde de um jovem.

Os três riram, enquanto Goldman fazia um brinde. Andrew e Christian ergueram suas taças, acompanhando o brinde. Eles sustentaram aquele contato visual por um longo período. Christian pode notar uma cicatriz que escapava pela gola da camisa dele, provavelmente um corte, bem no lado esquerdo do pescoço de Andrew. Além das sardas salpicadas em seu rosto, muitas escondidas pela barba, mas a maioria concentrando-se mais na região do nariz, recordava-se delas bem leves, mas, pelo visto, a região tropical causou algumas mudanças.

Goldman falava sobre investimentos de risco. Engraçado que, naquele exato momento, o mesmo havia passado pela cabeça de Grey. E, embora o significado fosse outro, o perigo era o mesmo.

Aos poucos, a roda começou a aumentar, Christian não se deixou apagar em meio a discussão acalorada sobre política, mesmo que sua atenção estivesse focada no par de olhos azuis do outro lado do círculo. Andrew levou um cigarro até a boca, recebendo a ajuda de um homem de meia idade e testa larga, que prontamente tirou um Zippo de ouro do bolso.

Por um momento Christian se sentiu com dezoito anos novamente, quando era um jovem imaturo, assim como Andrew, competindo pela atenção de quem fosse. Era uma rivalidade ridícula no começo, tornando-se uma disputa silenciosa depois. O tempo se encarregou de afastá-los, e agora estavam ali, os dois irmãos competindo mais uma vez.

Não houve um vencedor, isso porque Goldman não estava na competição, pois, do contrário, teria levado o prêmio por atrair toda a atenção para si quando vomitou nos sapatos de sua esposa. Foi quando Christian aproveitou o momento para afastar-se da confusão e caminhou na direção contrária dos convidados, acompanhado por Andrew.

Passando pelas portas duplas de vidro, havia um extenso jardim com uma fonte iluminada próximo aos bancos de ferro e arbustos bem tratados, a piscina estava sendo usada por um grupo bem animado sem roupas. Andrew e Christian passou direto.

As tochas ao redor do jardim haviam sido apagadas. Eles caminharam pelo jardim, até um pergolado de madeira, ignorando gemidos abafados no ar, outros não tão contidos assim.

O lugar em que chegaram era aconchegante, com um sofá confortável, cheio de almofadas e uma mesa de bambu no centro, onde uma vela queimava quase em seu fim. As cortinas brancas esvoaçavam com a leve brisa da noite, dando um ar de privacidade.

— Então você se casou e tem filhos… — Andrew deixou o corpo cair no sofá, espalhando as almofadas. — Não consigo imaginá-lo chegando em casa e sentando na cabeceira da mesa, no dia de Ação de Graças, cortando aquele enorme peru para a família. — ele deu uma gargalhada maldosa.

Christian, ainda de pé, já estava esperando por aquela reação. Ele preferiu deixar a família longe daquela conversa. Andrew ergueu as mãos e prometeu não brincar mais no assunto. Desejando felicidades ao casal.

— Não precisa se esforçar tanto. — Christian decidiu sentar-se também. A luz da vela se extinguiu, até que eles ficaram apenas sob a luz natural da noite. — Quanto tempo pretende ficar?

— Preciso resolver alguns assuntos pendentes. — Andrew fitou Christian, mesmo com a luz precária, ele podia analisar seus olhos críticos e a expressão curiosa. — A empresa do meu pai está entrando em falência. Um assunto burocrático e chato, não quero perder tempo falando sobre isso esta noite.

Ele jogou as costas contra as almofadas, deixando a cabeça ser amparada pelo encosto macio. Era possível ver o céu limpo sem nuvens, e se ele esforçasse um pouco os olhos, enxergaria as estrelas tentando se destacar por entre as luzes da cidade.

A questão do investimento de risco ainda perpetuava na mente de Christian. Reencontrar Andrew o remetia aquele passado que ele se esforçava para abandonar. Um esforço inútil, já que estava ali.

***

— Pode pegar o que quiser na geladeira. — Andrew falou, assim que ele arremessou o molho de chaves num prato de bronze que ficava sobre um móvel ao lado da porta de entrada.

O loft, localizado no centro da cidade, precisava de uma decoração com urgência.

Christian tirou o paletó e deixou pendurado em uma cadeira. Depois de passar pela entrada, havia uma cozinha equipada. Sabia que se abrisse a geladeira, encontraria de cerveja nacional até Foie Gras. Depois disso, além do móvel na entrada e a cadeira, o lugar possuía uma televisão, algo essencial na vida de Andrew, afinal, ele não viveria sem o Super Bowl. Isso é o que qualquer pessoa poderia pensar.

Christian olhou ao redor, até encontrar o ponto em que havia uma câmera de vídeo, não foi difícil encontrar as outras câmeras espalhadas pelo lugar.

Andrew saiu do banheiro, afrouxando a gravata. Já havia tirado o paletó e desabotoava a camisa. Christian continuou o tour pelo Loft, estava na televisão. Na frente, havia uma poltrona reclinável de couro marrom, daquelas bem velhas, que você encontra em vendas de garagem. Uma estante de livros e uma lareira para os dias frios. E, por fim, uma cama de casal com os lençóis espalhados.

— É um charme esse lugar. — Christian, apontou para uma das câmeras. — Uma semana na cidade e eu vejo que você foi direto nas prioridades.

— Sabe que eu não sou do tipo que perde tempo com o que realmente interessa. — Andrew retirou a camisa, estava molhada com o champagne que Goldman derramou, quando eles deixaram a festa. Ele vestiu uma camiseta de algodão branca, com a gola esticada.

— Como pretende decorar esse lugar? — Christian pegou o controle remoto da televisão em cima da poltrona e ligou o aparelho. Conforme mudava o ângulo das câmeras pelos botões, ele parou em uma bem interessante, no box do chuveiro.

— Eu estava pensando em vermelho. — Andrew cruzou os braços, em pé, ao lado da poltrona em que Christian estava. — Você tem experiência com isso.

— Você não combina muito com vermelho. — Christian mudou a câmera, agora estava se vendo na televisão. — Preto, talvez cinza.

— É, eu gosto dessa combinação.

Andrew buscou uma cerveja para os dois, eles conversaram por uma hora, buscando preencher uma lacuna com assuntos aleatórios. Não foi o bastante. Quando a cerveja acabou, eles beberam o que tinha disponível numa adega improvisada com vinhos e um raro Blended bourbon . A bebida não era um ponto fraco, estavam bem conscientes no início da madrugada.

A televisão ainda estava ligada, dessa vez em um canal de venda.

— Esse produto é prático para guardar, pode colocar onde você quiser. Embaixo da cama, ou do sofá da sala.

— Que tipo de pessoa burra compra um trambolho desses para fazer exercícios e guarda embaixo do sofá? — Andrew olhou para dentro de seu copo vazio, a garrafa também estava vazia.

— Pelo que eu me lembro, você comprou um carro sem bancos, que tipo de pessoa burra faz isso? — Christian desviou do copo que Andrew arremessou. O copo se espatifou no chão.

— Estou ficando velho, eu teria acertado alguns anos atrás. — Black pegou a garrafa, mas não ameaçou o amigo com o objeto, ele levou para a cozinha, trazendo outra para substituir.

— Eu já vou. — Grey não aceitou que seu copo fosse reabastecido, ele bebeu o que restava e se levantou da poltrona. — Vamos marcar um almoço essa semana, daí você me conta sobre os problemas da empresa, quero ajudar.

— Claro. Vou marcar com a sua secretária. — Andrew respondeu seco, estendendo a mão e Christian apertou em seguida.

Mas não soltaram. O toque era quente e firme. A troca de olhar era intensa. De repente, a voz de Goldman preencheu um pequeno espaço vazio na mente de Christian, ele falava sobre os investimentos de risco. “Você não sabe como vai ser os próximos dez minutos, e não dá a mínima para o que passou, a única coisa que precisa se focar é o presente.”

Andrew soltou a mãos de Christian apenas para puxar seu braço na sua direção. Sem deixar a garrafa cair no chão, o que seria um desperdício, ele agarrou o corpo de Grey, prendendo-o contra o seu, usando o braço. Arrastou-o até a pilastra mais próxima, e o pressionou contra a frieza do cimento queimado.

A distância segura havia sido rompida.

Agora restava investir no risco.

Christian podia sentir o ar quente sair da boca de Andrew, não havia nada que o impedisse de prosseguir. Antes de assumir o risco, Andrew bebeu mais um gole direto da garrafa, e depois beijou Christian.

Foi um beijo libertador.

Andrew afastou-se, bebendo mais do bourbon, deixando a garrafa perto da cama, ele tirou a carteira de cigarros do bolso e ascendeu um.

— Tire a roupa. — Black exigiu, com o cigarro pendurado em sua boca, enquanto puxava a camisa para o alto, retirando a peça, ele possuía finas cicatrizes feitas com lâminas, espalhadas por todo o tronco.

Grey desabotoava a camisa sem pressa, mas Andrew tinha urgência. Tragou o cigarro mais uma vez, arremessando no chão, e pisando em cima. Tirou os sapatos e a calça.

— Não seja presunçoso, a ponto de achar que eu vou fazer o que você quiser. — Christian deixou sua camisa repousar sobre a poltrona.

Andrew encurtou a distância entre os dois, segurando a fivela do cinto de Christian com a mão direita. Eles compartilhavam a mesma altura, quase o mesmo peso, talvez Grey tivesse alguns músculos mais desenvolvidos.

— Se achar justo… — Andrew sussurrou, raspando sua barba na pele de Cristian, a outra mão subiu pelo peito, apertando os dedos no pescoço dele. — Podemos decidir isso na cama.

Eles cruzaram o Loft em passos largos e firmes. Seguros de suas ações.

***

A claridade entrando pela janela não despertou Christian do sono, muito pelo contrário, ele gostava de sentir o corpo aquecido com o sol da manhã. O que acordou ele foi seu estômago sendo atiçado pelo cheiro de café. Para completar, o cheiro waffles recém-saído da chapa.

Ao sentar na cama, tentou esfregar o rosto com as mãos, mas o braço esquerdo não o obedeceu. Ainda estava algemado à cama.

O café da manhã chegou em uma bandeja caprichada. Christian ao menos celebrou o requinte que Andrew adquiriu com o tempo. Mesmo que o tenha feito passar por uma cena ridícula antes de liberá-lo das algemas.

— Nunca mais me peça para cantar isso. — Christian quis ameaçá-lo, mas estava faminto. Após comer, ele esticou o corpo na cama, esfregando as mãos no rosto. Abriu os olhos e encontrou uma oitava câmera no teto.

Levantou com violência.

Andrew prometeu destruir a gravação, se eles assistissem juntos. A risada não amenizou o clima. Christian já vestia suas roupas, sem querer negociar. O risco estava alto demais para investir.

— Tudo bem, você sabe onde eu moro. — Andrew falou, quando Christian passou furioso pela porta.

Ao estacionar o carro numa rua qualquer, Christian arrumou a gravata de maneira impecável e passou a mão pelos cabelos. Olhou-se no espelho retrovisor, gastando alguns segundos para acostumar-se com o reflexo de sua imagem. Ele se concentrou no presente, arquivando o que passou em sua mente.

Christian Grey retomou o controle.


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Notas finais do capítulo

Eu li a cartilha do BDSM pena que não deu para fazer tudo o que eu queria. Fiquei presa pelas minhas próprias regras do desafio hehehe.
O Andy chama o Chris de irmão. Nesse caso, eles não tem o mesmo sangue, eles são irmãos de coleira, serviram o mesmo Mestre.

Só que eu acabei não me aprofundando no assunto, porque o número de palavras era limitado ate 3 mil.

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