Crônicas dos Elementais escrita por btfriend


Capítulo 8
Caso de família




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– Nada. - disse Elly suspirando desanimada.

– Já fazem dois dias e você ainda não conseguiu falar com ele. - retrucou Leena inconformada.

Desde o dia que Elly havia entrado em contato, acidentalmente, com Tyler e levantado a suspeita que ele poderia ter algum tipo de parentesco com as duas, Leena estava cheia de perguntas que gostaria de fazer. A cada tentativa frustrada de sua irmã, Leena ficava mais inquieta.

– Eu já falei com nossa mãe e você sabe muito bem o que ela disse sobre onde ele disse que morava.

– Eu sei. Eu já entendi que essa tal cidade não permite que você fale com ele, mas será que esse garoto não sai de casa um pouco? - a irmã mais velha estava indignada com a falta de informação que tinha.

– Irmã, calma. Você não está pensando direito. Meus poderes atingem alguém que está dormindo ou inconsciente, e é muito improvável que ele vá ficar dormindo fora de casa, não é mesmo? - respondeu Elly tentando colocar um pouco de sensatez na cabeça na irmã.

– Já ouviu falar em acampamento? Você disse que ele era mais velho que a gente e isso deveria ser normal na idade dele! - rebateu impaciente. - O que mais ele poderia estar fazendo fora da cidade.

– Sei lá. Meus poderes ainda não atingiram o nível de ler mentes, Leena. - Elly respondeu ironicamente.

– Eu ainda me recuso a aceitar que esconderam isso da gente por tanto tempo! - o nível de irritação de Leena estava aumentando gradativamente. - Como se já não bastasse estar nessa situação, ainda temos que descobrir certas coisas de surpresa.

– E você sabe que se irritar com isso não vai trazer respostas, não é mesmo? Estou fazendo o que posso. Não depende de mim!

– Não estou te culpando, Elly! Eu queria saber como que nem nossa mãe tem informações sobre esse garoto! - justificou-se.

– Eu já te disse! Ela falou que nosso pai não manteve muito contato com ele depois que ela engravidou de você. Ela apenas sabia que ele teve outros filhos, mas não sabe nada a respeito sobre eles. - explicou Elly.

– E a culpa ainda passa a ser minha! Se um dia eu encontrá-los vou me apresentar como o motivo deles não terem contato com o pai deles. Muito bom mesmo!

– Você sabe que não é bem assim! Ficar presa aqui está afetando o seu senso das coisas. Acho melhor mudarmos de assunto. - sugeriu tentando evitar maior discussão sobre aquilo, pois não levaria a lugar nenhum.

Leena não estava com um bom humor. Percebeu que a irmã não queria ficar falando sobre esse assunto, mas isso não significava que ela não tinha mais questionamentos sobre outros. E, como já estava expressando toda sua indignação, preferiu falar tudo de uma vez.

– Sinceramente, não estou entendendo mais nada! - começou. - Não que eu estivesse entendendo algo antes, mas agora piorou!

– Do que você está falando? - perguntou Elly confusa.

– Eu entendo que nossa mãe queira encontrar nosso pai, mas já que não encontramos eles, por que não tentar falar com outros parentes?

– Você sabe o motivo. Ela prefere não envolver ninguém nisso para não correr o risco de ficarem presos aqui também.

– Nós temos vários tios, primos e sabe-se lá quantas mais pessoas poderiam vir ajudar. Você acha mesmo que as chances de ficarem presos aqui é grande?

– Você sabe que eu não gosto de contrariar nossa mãe. - Elly entendia o que a irmã estava falando, mas não queria desobedecer as ordens da mãe. - Ela deve estar pensando em alguma coisa.

– Eu também não gosto de contrariar ela, mas não significa que eu também não queria entender o que ela está pensando. - pausou e retomou seus argumentos. - Se você parar para pensar, ela não quer que você alarme nossos parentes, mas não apresentou nenhuma objeção quando você falou que conversou, em sonhos, com nosso recém-descoberto irmão.

– E isso também já foi explicado. Você está surtando sem motivo. - Elly tentava manter a calma.

– E você vai dizer que você simplesmente aceita quando ela diz que é para saber se ele está pensando em vir te resgatar? Por favor, Elly. Ele nem sabe onde nós estamos!

– Faz sentido! Ele já sabe que estou sendo feita prisioneira, não tem como fazê-lo esquecer disso. Pelo menos assim podemos saber o passo a passo do que ele está fazendo.

– Então, irmã, o que ele está fazendo? - disse Leena irônica.

Elly não estava gostando de toda aquela discussão e nem de onde aquilo poderia levar. Ela não queria perder as esperanças e, muito menos, desacatar alguma ordem que sua mãe tinha lhe dado. Mesmo que não soubesse o que ela estava pensando, Elly sabia que manter contato com Tyler podia ser uma coisa boa. Era a chance que tinha de alguém salvá-las. Tyler era a opção que tinha de se manter obediente e continuar com alguma expectativa de sair dali.

O clima de tensão das duas irmãs foi atrapalhado por um grande falatório vindo do corredor. Não era comum escutar grandes barulhos ali. Geralmente os maiores ruídos eram de algum prisioneiro gritando quando os guardas o pegavam.

Leena e Elly se aproximaram da porta tentando espiar pelo buraco. Viram uma movimentação grande de guardas. Parecia que algo ou alguém havia chegado. E pelo tumulto, eles já estavam esperando por isso.

Uma figura esguia passou rapidamente. Elas não lembravam de ter visto aquele ser ali antes e nem conseguiram ter uma boa visão de quem poderia ser. Tudo o que deu para perceber era que se tratava de um homem.

Logo atrás, em passos mais lentos, estavam dois guardas. Estavam carregando alguém. Ou, supostamente, deveriam. Cada um dos guardas segura em um dos pulsos da pessoa e a arrastavam pelo corredor, de forma que seu torso estava voltado para cima. Era uma menina. Jovem.

– Acho que acabaram de arranjar mais uma prisioneira. - constatou Leena.

– Mais uma vítima. - completou a irmã mais nova.

As duas ficaram observando o trajeto que os guardas faziam com a prisioneira. A menina não estava reagindo. Imaginaram que tinham feito algo com ela para deixarem-na naquele estado.

– Aparentemente certos objetos não cumprem o sua função. - disse a irmã mais velha.

Elly ficou sem entender o comentário e olhou de forma questionadora para Leena, que logo entendeu que deveria explicar o que queria dizer.

– Olhe nos pescoço dela! É um amuleto.

– Não pode ser... - Elly ficou sem palavras.

– O que foi? - foi a vez de Leena ficar sem entender o que a irmã disse.

– Certas coisas que a pessoas falam e a gente não dá muita atenção. - iniciou Elly. - Pode ser muita coincidência e não dar em nada, mas acho que vou fazer uma visita a essa menina.

– Está adquirindo a mania de invadir o sonho de estranhos, irmã? - indagou Leena.

– Não, Leena. Estou com a mania de buscar respostas!


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