Taxista escrita por Costa


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. História criada durante uma aula tediosa na faculdade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606319/chapter/1

Eu, João Carlos, Joca para os amigos, vou novamente para mais um dia entediante de trabalho, ao menos achei que seria.

Há 13 anos trabalho como taxista, mas os últimos 2 não foram dos melhores. Durante esse tempo sempre trabalhei no turno da manhã e da tarde, mas, há 3 meses, me assaltaram. Levaram meu carro e o dinheiro de um mês de trabalho que eu colocaria no banco. Meu carro não tinha seguro. Perdi tudo!

Um amigo de profissão emprestou-me um velho carro que ele não usava mais para que eu pudesse trabalhar. Um velho Fiat Mille 94 que está um pouco desgastado pelo uso, mas me serve.

Agora, para tentar recuperar o que perdi, tenho que trabalhar o dia inteiro, quase sem pausas. Quando o dia não é dos melhores, viro a noite. Odeio trabalhar de madrugada, só me aparecem bêbados, drogados e loucos.

Hoje eu senti que seria um daqueles dias. Discuti, novamente, com a minha mulher antes de sair de casa. O nosso relacionamento já não andava muito bem, mas, desde que fui assaltado, piorou consideravelmente.

Já eram 2 da manhã e o meu primeiro passageiro, um bêbado, fez-me o favor de vomitar no banco da frente do carro. Voltando para o meu ponto, uma bela morena de vestido vermelho me fez sinal. Prontamente parei o carro e ela embarcou no banco de trás. Pediu-me para andar pela cidade. Disse que precisava desparecer. Obedeci.

Enquanto rodávamos pela cidade percebi, pelo retrovisor, que ela chorava e que parecia bastante nervosa. Aquilo me partiu o coração. Não gosto de ver ninguém chorar, ainda mais uma morena como aquela.

—O que faz pela cidade, sozinha e nessas horas? -Tentei puxar assunto.

—Tentando esquecer uma grande dor. -Respondeu-me chorando mais ainda.

—E essa dor tem nome de homem, imagino. -Supus.

Ela apenas me confirmou com o seu silêncio e eu me amaldiçoei por ter perguntado aquilo.

—Você é bonita, com todo o respeito, não deve ficar por aí a essas horas se arriscando por alguém que não te merece. -Comentei.

A moça me deu um sorriso tímido e concordou comigo me pedindo para levá-la até a sua casa. Prontamente fiz o retorno e a levei até o local que me indicou. A morena morava num bairro chique. Vi que assim que chegamos que ela ficou um pouco tensa, quase que como se tivesse medo. Perguntei se estava tudo bem e ela, dessa vez, desabou no choro e contou-me tudo. Disse que ela casada há 6 anos e que descobriu que o marido a traia há 2. Aquela noite ela iria encontrar a amante do desgraçado, mas não teve coragem de ir até o local que estavam. Ofereci-me para acompanhá-la até lá, se assim desejasse. Nunca vi um sorriso mais lindo e mais sincero em minha vida. Ela passou-me o endereço e rumamos para lá.

Chegamos a um bar não muito chique, mas ideal para um encontro com a amante. Vendo seu estado, eu decidi seguir a morena de longe. Apenei-me dela.

O marido dela era um cara chique, usava terno, parecia ter grana. A mulher que estava com ele parecia mais humilde, até me pareceu familiar. Eu observava a tudo com uma certa distância.

A morena só esperou ele agarrar a outra para armar o escândalo. Eu observava a tudo ainda de longe. Tamanho meu espanto ao reconhecer a amante do desgraçado. A infeliz era minha mulher. Meu mundo caiu. Eu também me meti no rolo. Não sei quem ficou mais espantada, a minha esposa ou a morena ao descobrir que a amante do marida era a piranha da minha mulher. Não preciso nem falar que meu casamento acabou ali.

Depois de tudo o que ela me fez, a maldita ainda tentou me dar o golpe da barriga. Logo tratei de pedir um teste de paternidade assim que a criança nasceu e, como suspeitava, o filho não era meu.

Você deve estar se perguntando da morena, não? Eu também me perguntei um bom tempo dela. Hoje posso dizer que ela se casou novamente, tem um filho, montou uma padaria com o dinheiro que retirou do ex e é feliz.

Como sei tudo isso? Eu sou seu atual marido. Parece pegadinha do destino, mas é verdade. Assim que me separei da minha ex, eu continuei a trabalhar como taxista. Um belo dia a morena foi novamente minha passageira. Conversamos. Marcamos um café que se transformou num jantar, que virou uma noite, que se converteu num casamento.

A morena, mais que ninguém, entende pelo que passei. Hoje somos dois corações quebrados que se completam, duas solidões que se fazem companhia. Um taxista e uma morena que uniram suas dores, suas vidas.

Fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Taxista" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.