Como nasceu o mito Priestley escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Como nasceu o mito Priestley


Notas iniciais do capítulo

A história se passa lá no começo dos anos 70.
Eu li só uma vez, mas não betei ç_ç



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Miranda Priestley saiu do metrô, carregando uma bolsa pequena e uma grande pasta contendo seus croquis de quatro coleções de moda. Eram roupas elegantes, porém muito joviais e alegras, com cores vivas que representavam bem os anos 70. A jovem aspirante a estilista desviou dos apressados que tentavam entrar no metrô. Quando chegou a superfície, olhou em um papel amassado, o endereço que precisava encontrar. Ela pediu ajuda para algumas pessoas, mas precisou ter um pouco mais de paciência, se quisesse chegar a tempo em sua entrevista.

Finalmente, conseguiu uma boa referência do local com a ajuda da guarda municipal. Miranda apressou-se pelas ruas de Nova Iorque, havia descido na estação errada, mas isso não a fez perder o ânimo.

Quando chegou no endereço correto, na Madison Avenue, ela sorriu e passou pela porta giratória. Após passar brevemente pela recepção, foi direcionada para o andar em que seria recebida.

Miranda havia se mudado para Nova Iorque em busca de um sonho. Após terminar a faculdade, foi difícil encontrar um bom emprego na cidade em que morava. Ela trabalhou durante um ano em uma loja de artigos para presente, depois no cinema local. Seus croquis só acumulavam em cima da escrivaninha, até que ela decidiu investir em sua carreia e tentar a sorte em Nova Iorque. A chegada não foi fácil, ela dividia um pequeno apartamento com sua prima, Diana, que trabalhava em uma lanchonete.

Depois de seis meses, e quando o dinheiro já estava no fim, Miranda conseguiu uma entrevista com Phillip Herman, famoso diretor-chefe da maior revista de moda dos Estados Unidos, Beauty Magazine.

Ao sair do elevador, Miranda dirigiu-se para a recepção, onde uma jovem elegante estava sentada, atendendo um telefonema. Ela aguardou até que a recepcionista anotasse o recado e desligasse o telefone.

Com um sorriso simpático, Miranda deu seu nome completo para a jovem e aguardou que ela a chamasse quando fosse a hora da entrevista. Estava adiantada vinte minutos do horário combinado, mas acreditava que isso era um ponto positivo, pois mostrava qual era o seu interesse.

Passado os vinte minutos, Miranda se levantou, e perguntou para a recepcionista se seria atendida.

— O senhor Herman está em uma reunião muito importante. — ela falou, analisando as unhas bem-feitas, pintadas de vermelho — Quando ele estiver disponível, eu avisarei.

Com um sorriso seco nos lábios, a recepcionista mandou que Miranda aguardasse sentada.

Uma hora se passou, Miranda fez como sugerido e aguardou, mas já estava se sentindo totalmente ignorada. Seria tão demorada assim aquela reunião?

Quando a porta do escritório se abriu, Phillip Herman saiu acompanhado de um homem, também conhecido por Miranda, através de revistas de moda. Eles passaram pela recepção e seguiram para o elevador, enquanto a recepcionista corria em sua direção, levando seu casaco e alguns recados. Herman entrou no elevador e assim que a porta se fechou, a jovem elegante deixou os ombros caírem, ela pareceu se arrastar até sua mesa, e arremessou a agenda para o outro lado.

Miranda estava em pé, por um momento achou que Herman lhe daria qualquer atenção. Estava enganada.

Ela caminhou até a mesa da recepcionista, e notando o estado da jovem, perguntou se estava tudo bem.

— Está tudo bem — ela respondeu, arrogante. — Esse é mais um dia no paraíso. — disse, mas sem olhar nos olhos de Miranda. Como se estivesse entoando um mantra para si mesma. — Só mais um dia neste inferno.

Miranda lamentou, mas não tinha nada que ela pudesse falar para reconfortar a jovem.

— Você acha que ele vai me atender mais tarde?

— Se você tiver sorte, vai sim. — ela olhou para a pasta que Miranda carregava. — São seus croquis?

— Sim. — Miranda apertou os dedos na alça que segurava a pasta. — Eu desenho desde pequena. Até venci alguns concursos na minha cidade. Nada muito grande, mas sempre me disseram que eu tinha talento.

— Sei, sei. Deixe-me ver. — ela estendeu as mãos e Miranda aceitou dar a pasta. — Meu nome é Emily. Trabalho aqui já faz quatro anos.

— Você deve ter aprendido muita coisa.

— Eu? — Emily gargalhou. — Eu estudei Jornalismo, e entrei aqui achando que seria uma grande repórter de moda, mas veja onde eu cheguei. Uau, seus desenhos são ótimos.

Miranda gostou de Emily não ter usado aquele tom sarcástico quando fez o elogio.

— Eu queria muito mostrar minhas obras para o senhor Herman.

— Não faça isso. — Emily ficou de pé, guardando os croquis na pasta, depois a fechou, olhando seriamente nos olhos de Miranda.

— Como assim? — Perguntou surpresa com aquela atitude suspeita de Emily.

— Vai por mim, leve seus croquis para o mais longe que puder daqui. Você tem talento e pode conseguir outras entrevistas. — ela pegou um bloco de notas e escreveu algo com a caneta. — Eu tenho um primo que trabalha na Runway Magazine. É uma revista pequena ainda, mas muito boa. Você vai se dar bem lá. Eles estão contratando pessoas novas. Não vai começar como estilista, mas se mostrar seu trabalho para as pessoas certas, você vai conseguir uma ótima chance.

Miranda estava confusa com a mudança de temperamento de Emily. Também não sabia se aquilo era somente uma jogada para que a recepcionista se livrasse dela, por algum motivo cruel. Sabia muito bem que pessoas ruins existiam nesse ramo da moda.

Ela agradeceu a ajuda de Emily, mas decidiu ficar e aguardar.

— Você que sabe, depois não diga que eu te avisei.

Miranda retornou para a cadeira e esperou por quase duas horas o retorno do editor-chefe. Quando ele chegou, parou na frente de Emily, que lhe entregou seus recados. Ele olhou para trás, encarando Miranda quase cochilando na cadeira.

— Mande ela entrar. — disse para Emily.

Miranda foi acordada com cutucadas no ombro. Emily cruzou os braços e, num tom irritado, falou que o chefe iria vê-la naquele momento.

Ajeitando os cabelos, e com as mãos suadas, Miranda entrou no grandioso escritório de Phillip Herman. A decoração era tudo de muito bom gosto, assim que se aproximou da mesa, foi orientada por Herman, para se sentar. Eles conversaram brevemente sobre os motivos que levaram Miranda até ali, então ela mostrou seus croquis.

Os olhos de Herman brilharam de uma maneira que deixou Miranda orgulhosa de seu trabalho. Era maravilhosa aquela sensação. Herman fez inúmeros elogios, e fez planos para uma futura coleção. Queria ver Miranda trabalhando imediatamente em mais desenhos.

O coração de Miranda quase saiu pela boca de tanta emoção. Ela deixou o escritório de Herman com um sorriso de vitória nos lábios, passando pela mesa de Emily.

Ela passou um ano inteiro trabalhando na confecção de suas peças, dia e noite. Ainda criou uma nova coleção que foi aprovada imediatamente por Herman e sua equipe. No dia em que a coleção seria apresentada pelo público, Miranda seria levada de sua casa até o local do desfile, conforme o assistente pessoal de Heman havia mencionado. Ela esperou por uma hora e, quando nenhuma limousine estacionou em frente ao prédio onde morava, Miranda decidiu pegar um táxi e ir até o local.

Pagou o taxista e subiu as presas a escadaria, onde dava para a entrada do evento. Os seguranças a barraram logo na entrada, solicitando um convite.

— Fale com Michael, ele está com o meu convite. Ora, por favor, estou dizendo que eu sou a estilista dessa coleção. O que te faz pensar que eu estou mentindo?

— Moça, já ouvi essa conversa muitas vezes. Cai fora, não quero ser indelicado com você.

Depois da discussão, Miranda tentou entrar no evento de outra forma. Infiltrou-se pelos fundos, junto com os garçons da festa.

Dentro do salão, o desfile já havia se iniciado, Miranda procurou por Herman, ou alguém que a ajudasse a resolver aquela confusão. A primeira pessoa conhecida que encontrou foi Emily.

— Tarde demais, querida. Eu te avisei, você me ignorou. — Emily apontou para o palco, onde Herman desfilava com diversas mulheres batendo palmas. — Ele costuma fazer isso.

Miranda não poderia acreditar no que Emily estava sugerindo, ela não seria passada para trás dessa maneira, não depois de tanto trabalhar.

Furiosa, ela caminhou até a passarela, mas foi impedida de se aproximar mais. Os seguranças a levaram para fora do evento. Aos gritos, Miranda ameaçou Herman de processá-lo. A única coisa que ouviu foi o chefe chamá-la de louca.

Conforme Emily previu, ou ela já estava cansada de ver aquilo acontecer, a palavra de Miranda não era nada contra a palavra do famoso editor-chefe da revista Beauty. Ela sequer possuía dinheiro para conseguir um bom advogado, foi uma causa perdida.

Sem emprego, ela aceitou trabalhar com sua prima na lanchonete. Em uma manhã, encontrou Emily sentada em uma das mesas, aguardando ser atendida.

— O que você veio fazer aqui? — Miranda perguntou séria, com um caderninho na mão.

— Calma, calma. Eu vim em paz.

— O que vai querer? Posso sugerir o especial do dia? — Miranda continuou o atendimento.

— Quero saber se você está pronta para me ouvir de verdade. — Emily abaixou a voz, olhando para os lados. — Você quer vingança, não quer?

Miranda arqueou a sobrancelha, seu rosto era bem vivo por conta do sangue que lhe subiu à cabeça.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero dizer que você pode conseguir sua vingança. — Emily pegou sua bolsa, e entregou para Miranda um papel. — Lembra-se da Runway Magazine? Pois então, eles ainda estão contratando. Principalmente pessoas que o meu chefe causou algum tipo de mal. Acho que você iria se dar bem lá.

Emily se levantou e deixou a lanchonete sem fazer seu pedido. Miranda ficou parada, olhando para o papel com o endereço da editora.

É claro que ela queria vingança. E não seria nada ruim fazer uma visita a futura editora rival que desbancaria o reinado de Herman.

Naquele dia, nascia a dama de ferro.


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Notas finais do capítulo

Beijos