Parte I

A Piscina

Levei mais de quarenta minutos pra achar um biquíni no meio a toda a bagunça da mudança. Era belo, azul escuro. Não sei por que me esforcei tanto. Um maiô velho seria bom, pensei. Apesar disso, seria bom se eu impressionasse... Digo, causasse uma boa impressão a dona da casa e piscina. Coloco a alça da bolsa no ombro e corro pra cozinha, despedir-me de Tenzin.

— Você volta ás nove. Oito. — Ele diz.

— Sim, tio. Oito. E meia. — Respondo, passando pela porta. O som da buzina preenche meus ouvidos. Bolin está na frente de casa, com a mão saindo da janela e abando.

— Vamos, Korra! — Grita. Vou correndo e sorrindo até o carro, feliz por ter feito amigos tão depressa numa cidade nova.

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Infelizmente, essa felicidade dura pouco.

— Então, esse caro é seu? — Pergunto, descontraída, abrindo o vidro da janela.

— Não, é do Mako. Mas ele me emprestou, já que queria passar um tempo sozinho com a Asami. Hei, sabe dar biquinho na piscina? — Pede, animado.

— Sei. — Digo, cabisbaixa. Inclino meu corpo e apoio-me na janela.

Alguns minutos se passam e Bolin faz de tudo para ‘quebrar o gelo’. Dou uns sorrisos e acabamos nos divertindo na viajem. Chegamos em mais alguns minutos, e... Bom, minha boca se abriu quando vi a casa.

— Então essa é a mansão da Asami. Vamos, deixa eu te levar até a entrada. — Ele diz, puxando o meu braço. Aquilo era... Mesmo imenso. Minha casa cabina na garagem. Na garagem do motorista. A outra garagem dava umas cinco ‘Casas da Korra’.

O mordomo de Asami nos conduz até a sala da piscina com um aceno.

— Gostaria de deixar suas malas comigo, senhorita? — Pede.

— Não, obrigada, eu preciso mudar de roupa. Sabe onde fica o banheiro? — Respondo.

— Existe... Um toalete, a sua esquerda. — Ele diz. Acenei com a cabeça, indo em direção ao corredor indicado. Coloco meu biquíni, admirada com a grandeza do local. Era cheio de espelhos, e ver meu corpo desnudo por tantos ângulos era levemente desconfortável. Tratei de me trocar o mais rápido possível.

Voltei pelo mesmo corredor que vim, me recuperando do choque dos espelhos. Ouvi as ridas de Mako, Bolin e Asami, e me descontrai. Avistei-os da porta, divertindo-se. Corri para me juntar a eles, caindo na piscina num pulo estilo ‘bomba de canhão’.

Quando emergi da água, notei que a água havia se espalhado por todos os cantos do local, e gargalhei. Fui seguida por Asami... Que estava... Linda. Sua maquiagem permanecia impecável, e ela sentava de pernas cruzadas na borda da piscina, junto a Mako.

— Korra, olha isso! — Diz Bolin, cuspindo um chafariz de água. Coloco água na boca, o imitando. Rimos.

Nado um pouco ao redor da piscina, enquanto Mako sorri desafiadoramente, e pula anágua em cima de Mako. Asami ri e pula na água também. Fico olhando, esperando ela juntar-se ao namorado, mas Asami nada em minha direção, sorrindo.

— Korra! Que bom que veio! — Ela diz, sorrindo e pegando minhas mãos.

— O-obrigada, Asami. Sua casa é tão... Uau. — Respondo, dando mais uma olhada no local.

— Eu moro aqui com o meu pai. Mas, você ainda não viu a melhor parte. — Ela diz.

— Ah, é? E qual é a melhor parte? — Pergunto, erguendo a sobrancelha direita e abaixando a esquerda.

— A pista de corrida. Vamos lá depois, mas James ainda esta a programando. — Diz. James deve ser o mordomo.

Encaro Asami. Estava com os cabelos molhado se o jeito como caiam sobre seus ombros fazia com que eu me lembrasse das sereias que desenhava na infância.

Mergulhei, e Asami fez o mesmo. Por baixo d’agua, damos as mãos, e nadamos em sincronia. Meus cabelos soltam-se dos prendedores, e flutuam entre nós. Encaramos-nos, e enquanto fito seus olhos esmeralda, ela me olha de volta. Asami me puxa delicadamente para cima, e nós saímos de baixo d’água, respirando o ar puro, ofegantes.

Enquanto tomamos ar, Asami se afasta e nada para a borda.

Bolin nos olhas desconfiadamente, mas no final, nada até mim.

— Asami vai nos mostrar a pista de corrida! Você tem que ver Korra, é fantástica! — Ele diz, apontando para James, que trás quatro toalhas. Mako pega a dele, e sai da água, oferecendo uma mão para Asami.

Desvio o olhar, nadando até a borda e pegando uma pra mim também.

— Bem, sendo assim, vamos para a pista. — Diz Mako.

Parte II

A Corrida

Visto minha camisa bordô, e uma espécie de colete de proteção junto com um capacete, que Asami me emprestou. Ela também vestia um uniforme de corrida e conseguia ficar incrível nele.

Mako se aproxima dela, abraçando-a por trás. Ela se esquiva, mas após notar o que fez, faz uma careta, levemente constrangida.

— Vamos todos em carros diferentes. Podemos fazer uma corrida... — Ela vai dizendo, mas Mako emburra-se, dando as costas.

— Isso! Uma corrida. — Falo, tentando descontrair. Bolin percebe a tensão no ar e faz uma cara de confuso. Prevejo que ele esta prestes a falar besteira, então intervenho: — Bolin, já correu antes? Eu dirijo e já corri algumas vezes. — Pergunto. Ele anima-se, grato por participar da conversa.

— Já, sabe, várias vezes e... — Bolin continua falando, mas eu esqueço, notando que Mako se afastou do grupo e Asami o seguiu. Eles parecem estar discutindo algo. Uma felicidade intrusa ameaça plantar sementes no meu âmago, mas eu logo volto a prestar atenção em Bolin, me recusando a senti-la.

Após ouvir sobre como ele era um piloto incrível, não resisto a olhar pra trás e ver o que esta acontecendo com Asami e Mako. Vejo ele colocar uma mão atrás da cabeça e percebo que deve estar se desculpando por algo. Ele fala alguma coisa... E Asami ergue-se para beija-lo. Desvio o olhar.

— Bem, parece legal. — Respondo a Bolin, que continua tagarelando. Mako e Asami vem até nós, de mãos dadas. Sinto ânsia.

— Korra? Você não parece bem. — Fala Bolin, mas Asami chega e o interrompe.

— Nós já resolvemos. Então, vamos? — Diz, sorrindo, Asami.

— Podem ir na frente. — Fala Mako. Na minha mente, isso é traduzido pra ‘vamos dar uns amassos antes’. Bolin começa a seguir, mas eu fico onde estou.

— Eu, hã... Não sei correr, não muito bem. — Menti.

— Bem, eu posso ensinar você. — Fala Asami, sorrindo. Ela engata o braço no meu, e nos dirigimos a pista. — Mako, Bolin, vocês vêm depois, tá?

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Asami me leva a um carro de corrida profissional. Reconheço a marca das Empresas Sato, impressionado. Vou para o lado do volante e ela para o de passageiro.

Noto o como ela está acostumada a dirigir, pois se sente desconfortável no banco de passagem.

— Então, essa é a primeira marcha, essa a segunda e essa... — Asami começa a me explicar e eu ouço atentamente, fingindo a confusão.

Ela me pede para tentar, e eu, com toda a minha inocência, acelero e faço uma curva drástica, que faz Asami cair para o lado do motorista quase em cima de mim.

O amontoado de cabelos negros esparramados por todos os cantos fazem eu me arrepender drasticamente de ter acelerado. Ela, ainda assim, apenas coloca-os atrás da orelha e sorri, levemente constrangida.

— Bem... Vamos ter que começar de novo.

Á essas alturas, fico imaginando se ela sabe que o “erro” foi intencional. Pede-me que eu tente de novo, dessa vez com mais calma. Damos mais uma volta e depois aceleramos na segunda.

— Muito bem! Você é muito boa. — Ela diz, sorrindo.

— Obrigada. Bem, agora espero que não se importe de competir comigo... — Pergunto com um sorriso de canto, desafiadoramente.

— Acha que eu me desencorajei? Veremos. — Ela retruca. Abre a porta do carro.

— Garotos! Vamos, entrem nos carros! — Grita. Estamos na linha de chegada, um carro ao lado de três. Mako e Bolin se aproximam, entrando nos carros.

Quando todos eles já estão colocando os cintos, cada um em seu respectivo carro, coloco as duas mãos no volante. Eu deveria fingir que não sei o que estou fazendo como fiz até agora... Mas, não faz mal causar uma boa impressão á dona da casa, não é?

James da a partida, e eu acelero.

Na segunda curva, olho para meu lado esquerdo, bem de relance, pois sei que não devo tirar os olhos da pista. Asami está pisando fundo, acelerando com tudo. No mesmo segundo, ela vira a cabeça, dando-me uma piscadela. Meu pé, por um segundo, sofre os efeitos colaterais de um piscar de olhos e perde a força no acelerador. Sorrio, recuperando a acelerada. Talvez isso funcionasse com Mako, mas não iria me parar, apenas confundir um pouquinho.

Mesmo eu dando o meu melhor, não era lá muito boa com carros. Asami já havia me ultrapassado, mas eu estava na frente de Mako, empatada com Bolin.

Mako, Bolin e eu corremos e fazemos curvas e curvas, algumas vezes empatando outras perdendo e ganhando. A única coisa a não mudar na competição é Asami, sempre na frente. Asami corria velozmente e parecia ter sido feita pra isso.

Mako e eu travamos um disputa pessoal. Uma chama competitiva havia se acendido em nós, e eu sentia uma felicidade ardente cada vez que o ultrapassava centímetros. Em maioria, estávamos empatados, mas ás vezes alguém conseguia ir centímetros mais a frente. Ele estava extremante concentrado e sua tensão era palpável. Minha teoria era que era ele quem ficava com o segundo lugar nas corridas.

Quando avisto a faixa de chegada, quase quebrando o acelerador, ultrapasso Mako e ele ultrapassa Bolin, que tenta empatar. Asami e seu carro vermelho rasgam a faixa de chegada, com o meu passando em seguida.

Quando saio do carro, comemoro junto a Asami, a parabenizando pela excelente corrida. Ela me parabeniza pelo segundo lugar e eu concordo animadamente, até ver Mako se aproximando. Daí eu paro de me gabar. Mas, Mako apenas sorri para Asami e olha para mim meio envergonhado por ser competitivo.

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Nós jantamos na casa de Asami e tudo é legal como deve ser. Quando seu motorista me da uma carona pra casa, estou com um baixo ânimo. Corro para cima após lançar alguns sorrisos falsos a minha família, e deito na cama agarrada ao meu travesseiro.

Por que é tão difícil aceitar que estou convivendo com amigos incríveis e dois deles se amam? Mako é tão dedicado! Não existem dúvidas de que ele gosta muito dela... Tudo esta como deve ser. Talvez seja melhor eu conhecer outras pessoas. Talvez...