P.O.Vs Korra

68, 69, 70...

Fazem dois dias desde que me mudei.

Tio Tenzin tem sido irritante, porém compreensível. Pedi que me matriculasse em muay thai, um de meus estilos preferidos de luta.

71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80...

Também pensei em começar academia e talvez algum esporte, mas talvez eu devesse mesmo me focar nos estudos por agora. Porque sinceramente, estou precisando.

81, 82, 83, 84, 85, 86...

Digo, minha média não é ruim. É razoável... Seria muito boa se eu focasse um pouco mais nos estudos o que faria meu pai largar do me pé de vez.

87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96...

Dois dias. E, eu não conheço absolutamente ninguém.

Bem, posso mudar isso amanhã. Vai ser meu primeiro dia na escola nova. Tio Tezin veio me perguntar hoje se eu ficaria bem. “Posso dar conta, tio, não se preocupe”. Francamente! Não pode ser assim tão difícil fazer amigos.

97, 98, 99, 100.

Desabo no chão. Já foram 100 flexões.

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— Korra? — Pema me acorda delicadamente. — Korra, é hora de ir. É o seu primeiro dia. — Uhf, murmuro, virando para o lado.

Estou prestes a pegar no sono novamente quando sinto algo gelado. Sento-me rapidamente, tomada pelo susto e... Vejo Meelo segurando um balde de água vazio e rindo histericamente, ao lado de sua mãe Pema de braços cruzados na porta do quarto. Estou encharcada!

— Arg, Meelo, você me paga! — Levanto, jogando as cobertas para o ar e perseguindo meu primo pelo quarto. Ele sobe de volta na cama e da uns pulos, enquanto eu lanço um cobertor na cara do infeliz, caindo e em seguida levantanto e continuando a perseguição.

—Chega! — Pama grita. Nós dois ficamos estáticos, olhando para ela como quem pede desculpa. — Korra, vista-se. Meelo, já para a cozinha! — Ela diz, e bate a porta.

Parabéns, Korra.

//-//

Faço meu penteado habitual e desço as escadas para o café. Jinora e Ikki estão aos risinhos, cochichando num canto, enquanto Meelo derruba o mel, Pema trás o leite e Tenzin lê um livro. Por alguns segundos, paro para admirar a cena.

— Vamos Korra! Junte-se a nós. — Diz-me Pema sorrindo. Fico meio envornhada por estar com inveja e emburrada, então sorrio, tentando me desculpar. Sento-me á mesa e começo a preparar meu sanduíche.

Mostro a língua para Meelo.

— Korra, sabia que Jinora tem namorado? — Fala Ikki, rindo e pulando. Tenzin ergue a cabeça do livro, enquanto Jinora cora como um pimentão.

— Que história é essa de namorado? — Pede, Tenzin, o Tenso. — Não tem história! Ikki é uma mentirosa! — Retruca Jinora, dando com o livro do pai na cabeça da irmã. Não consigo evitar dar uma gargalhada a olhar para a cena.

Pema, que também está rindo, se manifesta ao olhar para o relógio.

— Vamos Korra, já é hora da escola.

Sorrio, e saio da mesa. Faço carinho na cabeça de Naga, minha enorme cadela e despeço-me de Tenzin, Pema, Jinora, Ikki e Meelo.

É, parece que é hora de enfrentar O Primeiro Dia do Resto da Minha Vida.

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Está frio. É fim de inverno e o clima tem muita umidade. Caminho até a parada de ônibus local e sento-me esperando. Imagino quais dos estudantes perto de mim serão meus futuros colegas.

Levanto-me ao avistar um ônibus e... Tento ler o que está escrito. Não é esse. Estou prestes a me sentar quando escuto um “ai, ai!” um garoto que está sendo empurrado vem...

— Ai! — Digo, quando ele cai por cima de mim no banco.

— Ah! Merda! Desculpe! Você esta bem? Eu sou Mako, aliás. — Ele me ajuda a levantar.

— Korra. Então, essa é tipo, a parada dos estudantes? — Pergunto.

— É, algo assim. Todos os estudantes que não tem um carro ficam por aqui, se matando pra pegar o ônibus. — Ele diz.

— Você não parece decepcionado por não ter um carro. Deve ser o único adolescente a se conformar com isso. — Falo, rindo. Idiota, eu sei, mas precisava puxar assunto com alguém novo.

— Hã, na verdade, eu tenho um carro. — Ele coloca a mão atrás da cabeça, envergonhado. — Minha namorada, Asami, é meio que herdeira de uma fundadora de carros. Então, eu acabei ganhando um bônus... Vim pegar o ônibus por causa do meu irmão. É o primeiro dia dele e queria que conhecesse os pontos, paradas, essas coisas. Não confio muito no Bolin pra deixá-lo por ai sozinho. — Uau. Que fora. O cara tem namorada.

— Ah... — Digo, meio desconfortável. — Então, quem é mesmo o seu irmão?

— Ele já deveria estar aqui... Disse que só ia pegar um lanche... — Mako responde. Vemos um ônibus escolar passando, e Mako pega a mochila.

— Não vai esperar seu irmão? — Pergunto, indo em direção ao ônibus.

— Se eu esperar vou acabar me atrasando também. — Ele responde, me seguindo. Entro no ônibus, pagando a passagem e sentando na janela dos dois primeiros bancos.

— Se importa se eu sentar com você? — Pergunta.

— Claro. Digo, hã, não, pode sentar. — Respondo. Olho de relance para a janela, mas algo me faz olhá-la de novo. Um aluno atrasado que vai correr atrás do ônibus e mesmo assim vai perde-lo. Parece que tem alunos assim em todas as cidades. Mako vira-se para ver o que eu estou observando na janela e arregala os olhos.

— É o Bolin. ­— Olho de novo, tentando ver a semelhança entre os dois enquanto Mako vai até a frente do ônibus.

— É meu irmão, pode parar, por favor? — Ele fala com o motorista. O homem parece surpreso de ouvir alguém da nossa idade falar “por favor”. Sorrio, sabendo que só por esse ela vai deixar passar e abrir a porta. Mako vem sentar-se ao meu lado de novo, tentando se esconder após a vergonha que Bolin o fez passar. Solto uma risada e bem na hora Bolin adentra o ônibus, colocando as mãos para o ar e fazendo sinais de cansaço.

Percorre os olhos pelo ônibus até encontrar o irmão e a mim e vira-se para nós, sorrindo e abando. Mako se encolhe ainda mais e não responde ao abano. Acho a cena tão cômica que resolvo abanar bem alto para Bolin. Ele sorri ainda mais e vem até nós.

Senta-se no banco atrás de mim, e coloca o cotovelo no banco de Mako, á vontade.

— Hei, Mako! Não vai me apresentar sua amiga? — Ele pede, arqueando uma sobrancelha e abaixando outra.

— Bolin... Korra. Korra, Bolin. — Ele diz, baixo. Bolin olha de mim para Mako e de Mako para mim. Arregala os olhos.

— Nãããããããoooooo! Vocês?! Dois?? Mako, o que ouve com a Asami...? Ela não sabe, não é? Então foi por isso que você não me esperou, não queria que eu descobrisse... — Bolin... deduz.

— Não, não é nada disso! —Nego, colocando as mãos para cima, em sinal de paz.

— Aham, sei. — Diz Bolin, fazendo cara de desconfiado. Olho para Mako pedindo ajuda, mas ele parece ainda não ter entendido, quando de repente ele dá um salto para cima...

— Não! O que você está pensando?! É claro que não, eu jamais trairia a Asami! — Ele responde. Depois, tenta se acalmar. — Korra e eu nos conhecemos no aeroporto, ela é nova na cidade e não conhece ninguém e eu achei que seria legal acompanhar-lha... E não te esperei porque você é um lesado mental! — Ele completa.

— Lesado mental?! Você é que é, traindo a Asami desse jeito e... Espera. Não traiu a Asami? Não estão ficando? — Pergunta Bolin.

— Não. — Respondemos ao mesmo tempo.

— Hmmmmm, então isso quer dizer... Olá, eu sou o Bolin. — Ele diz, olhando nos meus olhos e arrumando o cabelo. Em seguida pisca.

— Ér, olá, eu sou Korra. — Respondo, sorrindo. Espera ai, já não fizemos as apresentações?

— Então, Korra... Tem namorado? — Ele pergunta. Mako revira os olhos.

— Bolin, tem que fazer esse teatrinho com cada garota que encontramos? Korra é nova, quer fazer amigos, não uma entrevista de emprego. — Mako responde. Vejo que Bolin está prestes a retrucar, então intervenho rapidamente.

— Ah, é, isso! Fazer amigos. Podem me apresentar pra algumas pessoas? — Peço, Bolin sorri.

— É claaaaaro! Bem, pra começar tem, hum... — Ele coça o queixo e faz um olhar pensativo.

— Asami. — Responde Mako.

— Isso mesmo, Asami! Você vai conhecer Asami. — Ele diz.

— Ah, ótimo! Eu adoraria. — Respondo.

— Chegamos — diz Mako.

Descemos no ônibus enfrentando a multidão. Bolin passa o braço ao redor do meu ombro e começa a tagalerar e Mako sai do ônibus. Eu e Bolin somos os últimos a sair. Uma moto chega na frente da escola, e estaciona.

— Pronto, Korra! Agora você vai conhecer Asami! — Ele diz, me empurrando para a frente. Mas eu não vou. Eu não consigo me mexer, porque Asami tirou o capacete, e esta sorrindo.