Hidden - Fremione escrita por AyalaOM


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Nessa história, ele não morreu (como deu para perceber). Espero que gostem! Beijinhos ^^~



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Hidden (Oculto)

Fred

Ela parecia incrível, indestrutível e apaixonada. Foi assim que sempre a vi. Claro, Rony foi, pela primeira vez, o escolhido. Seu prêmio? O amor dela. O amor que eu desejei para mim.

A mesma garota que eu cogitei chamar para o baile do torneio tribruxo e no fim “dei pra trás”, era a mesma garota que em breve seria Weasley e não, não era o meu nome que seguia o dela. Era o do meu irmão caçula.

Eu não podia dizer que me sentia feliz. Não, longe disso, mas estes eram apenas pensamentos meus. Pensamentos que ela provavelmente nunca tomaria conta.

Continuei andando pela casa. Na verdade, seria mais como andar em frente ao corredor do ultimo primeiro andar, onde ficavam o quarto de Gina e dos meus pais. Era lá, na portinha de madeira que eu tantas vezes bati para acordar minha irmãzinha, que ela estava se trocando. Provavelmente seu coração estaria aos pulos, não estaria? Ela deveria estar ansiosa e sorrindo tanto que sua boca começava a doer, não estaria?

Então eu me dei conta, talvez tarde demais, que não devia estar aqui. Mas eu já havia aberto a porta. O que eu diria? E a decepção veio como uma faca, lá estava ela, sorrindo do jeito que imaginei, mas os olhos, ah, os olhos, nada me preparou para eles. Tão brilhantes, tão cheios de vida, tão cheios da Hermione por quem eu me apaixonei.

Infelizmente, não apenas eu. Hermione é dona de muitos pretendentes, e deles, eu me pergunto onde alguém do cacife dela viu algo que a fizesse gostar de Rony. Afinal, de todos nós, ele é o único que não é especial.

Não que seja um completo inútil, não, esse posto eu deixo pro Percy, mas francamente, justo o Rony? Por que ele e não eu? Eu sou o engraçado! Tenho estabilidade financeira e os mesmos cabelos ruivos que ela tanto gostava de fazer carinho.

Então por que?

Ela virou-se encarando-me e seus olhos, literalmente, me matavam. Eu queria arrancar aquele sorriso de lá, porque pela primeira vez, soou como um desafeto. Oh Merlim, porque eu? Porque você não brincou assim com o Jorge? Ele é tão melhor que eu em questões amorosas!

− Fred? Hm… talvez, Jorge? – Ela perguntou balançando uma mão frente ao meu rosto, vi que ali era o momento. Não havia nada a perder.

− Fred. – Esclareci e depois dela fazer um movimento com a cabeça, que indicava que havia entendido, percebi que realmente era agora. Então comecei: − Sabe, estava pensando…

− Sobre? É algo importante? Preciso mesmo terminar aqui ou vou estar atrasada.

− Uma noiva deve se atrasar, não deve? – A contestei, mas era uma pergunta retórica. Ela pareceu ponderar por um momento, mas eu continuei falando:

− Ah, você sabe como dá azar a noiva chegar na hora? É quase um casamento de viúva. – Eu trocei, tentando aliviar a tensão que eu mesmo estava sentindo, suando feito um frango na panela.

Ela riu baixo e eu me virei, como se fosse sair do quarto. Eu não ia, já tinha entendido que era a minha deixa, a ultima oportunidade de tê-la, talvez, um dia. Fechei os olhos por um momento. Isso sim seria mágico, porque de todas as coisas que posso conseguir, ela é a única que não veio à mim. Por que? Eu a amava tanto!

Mesmo quando ela partiu naquela missão suicida com Harry e Rony, eu a amei a cada dia. E morri um pouco a cada 24 horas que passava sem notícias dela. Era como uma tortura. Significa que ela estava bem e embora doesse, era melhor assim.

− Ainda bem que a guerra acabou. – Comentei de repente. Eu sabia da confusão que ela devia estar sentindo. Me virei para ela e sorri pequeno. Eu estava me sentindo como um menino que se declara ao primeiro amor.

Era quase isso. Eu não era mais um menino, sou um homem feito. Ela também não era meu primeiro amor, mas era o mais forte que eu senti até hoje. Oh sim, ela me fazia tremer nas bases. Eu a adorei no passado e hoje, eu a amava.

− Tem algo que quer me dizer? – Ela perguntou-me mais séria. – Sabe, você anda estranho esses dias. Fiz algo que não gostou?

− Não exatamente. Quer dizer, fez. – Respondi com sinceridade. – E vai fazer. Em alguns minutos.

− Ahn? – Ela perguntou-me franzindo a testa e eu quis socá-la por ser tão bonitinha.

Não como as outras, mas em tudo o que fazia. Ela era linda à sua própria maneira. Com suas atitudes condescentes, com seus ideais socialistas, com suas broncas e manias de ser certinha. Ela era linda apenas por respirar.

− Eu te amo, não percebeu? – A questionei de súbito. Pronto, foi rápido e doloroso. – E eu a perdi, não foi?

− Não estou entendendo, Fred. É alguma brincadeira?

− Não. Longe de ser uma piada. – Eu lhe disse e suspirei, deixando a cabeça cair por um momento, mas em seguida, a erguendo e olhando-a profundamente, da maneira como eu não me permiti olhar em todos esses anos.

− Como ousa? – Continuei, ela estava calada, apenas escutando. É, parece que consegui o impensável e a deixei sem palavras. – Não pode enviar-me para lugares em que nunca estive e depois me atirar no chão frio. Não pode me deixar abandonado na rodovia e você não pode brincar com os sentimentos dos outros dessa forma. É o meu coração. Eu nunca estive apaixonado antes, mas com você, isso fluiu tão fácil, tão… tortuoso. Então me diz como é que você ousa provocar-me essa torrente de sentimentos e se casar com meu irmão mais novo?

Ela continuava sem palavras.

− Hermione, eu morri a cada dia por pensar em você dessa forma, e em toda a sua inteligência, me diz como é que nunca percebeu, mulher?

Ela permaneceu com os lábios selados.

− Tudo bem, mesmo que não esteja, de fato, bem. Vamos pular para o fato de você ter completamente ignorado os sinais que eu te dei, porque é ele e não eu? Eu sou tão indigno assim? Poxa, eu sou um bom partido, viu? Então, no meio disso tudo, por que justo o Rony? Ele é o único que não tem nenhuma qualidade em especial, cara. Por que ele?

− Fred…

Ela abriu a boca várias vezes enquanto eu continuava a esperar a sua resposta, mas nenhum som saiu de seus lábios, então eu continuei:

− Sabe, eu te amei desde o princípio. Desde quando você nem sabia que gostava do Rony, então por que? Eu sou mais velho, até mais bonito. Me diz só o porque, senão eu acho que vou enlouquecer, Mione.

− Não tem um porque. – Ela finalmente disse baixinho e seus olhos brilhavam com um sentimento que eu jamais vi antes em seus olhos.

Não sabia dizer o que era, apenas que tinha um brilho escuro, meio opaco. Pensando bem, eu já vi esse brilho lá. Em raras ocasiões. Momentos esses em que estávamos cheios de medo na guerra, antes dela. Momentos em que eu me lembrava muito pouca coisa.

Quando eu cortei minha orelha, quando nós nos encontramos na batalha. Algumas vezes no meu ultimo ano. Algumas vezes nas ultimas férias que ela passou aqui antes de sair na missão suicida.

Como eu pude ser tão cego? Tão unilateral? Eu a perdi. Por minha própria culpa.

− Eu não sei o que você espera ouvir, mas não vou pedir desculpas. Amei muitos homens, mesmo sendo jovem, Fred. Você foi um deles, mas as vezes a gente cansa de esperar que o cara repare. As vezes cansamos de tentar mandar sinais. As vezes cansamos de dar murro em ponta de faca, de levar foras disfarçados e de se machucar. As vezes, sabe?

− Então porque nunca foi direta?

− Eu alguma vez fui tão direta com meus sentimentos? Eu sou uma garota, não um livro, Fred. Garotas não são diretas com relação aos sentimentos. São confusas. Eu sou confusa.

− Está confusa hoje?

− Talvez.

− Não é uma resposta que me ajuda.

− Eu vou me casar. É o que está perguntando?

− Não. Quero saber se está certa de que ama Rony. Se essa é a vida que você quer pelos próximos anos. Se você realmente acha que ele é melhor do que eu, que ele vai te amar mais do que eu? É essa a pergunta que estou realmente me fazendo. Rony é melhor do que eu?

− Não!

− Então por que é ele e não eu?

− Porque não se manda nas questões do coração. – Ela disse levantando os ombros e parecia muito emocional. – Porque apesar de eu te amar também, eu preciso mais do que Rony me proporciona. Porque Rony me dá segurança e me faz sentir que tudo valeu a pena. Porque mesmo que eu goste muito de você, Fred, eu realmente amo seu irmão com tudo o que sou.

Eu tomei uma respiração dolorosa. Então era isso. Ela o amava realmente. Mesmo que não estivesse dizendo que não me amava de volta, era doloroso e humilhante saber que dessa vez, eu estava completamente certo sobre ela.

Senti vontade de chorar, mas apenas segui para e depositei em seus lábios um pequeno beijo. O único. O ultimo. O primeiro. Este poderia ser o nosso início, mas era um fim decretado por aquela boca doce.

Eu estava certo. Eu a perdi antes mesmo de ter a chance de ganhar, por meu próprio vacilo. Sentia como se jamais fosse me perdoar por isso. Eu poderia ter tido o mundo com apenas um “sim” dela, em troca, eu obtive meu próprio limbo.

− Então seja feliz, porque eu também te amo com tudo o que sou. Não poderia lidar com a sua infelicidade. – Lhe disse baixinho e me afastando, eu murmurei: − Obrigado.

− Fred?

− Sim. – Respondi, a olhando da porta.

− Eu sinto muito.

− Não sinta.

− Se eu pudesse, mudaria as coisas, mas eu não posso. – Seu tom era condescendente. Ela só tentava melhorar para mim, mas era uma mentira.

− Não mudaria não. Eu te conheço.

Ela permaneceu calada e eu me retirei do quarto. Será que algum dia essa dor seca passaria? Eu fui tão acostumado à sentir coisas boas, a me sentir livre, a fazer os outros rirem e ser feliz. Essa súbida desgraça me destroçou um pouco e apesar do clima feliz da festa, eu não estava nem um pouco à vontade.

Era o dia dela, o dia mais feliz da vida dela e eu não fazia parte dele.


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Notas finais do capítulo

Ah... bem o meu tema era separação XD
Espero que tenham gostado! Apesar de ser uma história triste (?) é algo que eu queria dizer e só estava esperando uma oportunidade ^^~
Beijinhos!