Um Inquieto Amor de Apartamento escrita por Leoh Ekko


Capítulo 7
A terapia que cura a solidão




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Se a mente de Marcos fosse uma calculadora, entraria em pane na tentativa de calcular o número de beijos roubados de Theo enquanto seguiam para a estação de metrô. Eram cinco da tarde, e Sol de inverno já estava prestes A beijar a terra para dar lugar À noite. Fazia frio e mais uma vez Theo esquecera um casaco, mas Marcos, já prevendo que isso aconteceria, havia levado dois.

— Tu só não esqueces a cabeça porque ela está grudada na sua cabeça. Sinceramente, não sei como você consegue lembrar-se do próprio nome quando acorda de manhã.

— Eu deixo escrito ao lado da cama. Tome cuidado, talvez eu acorde algum dia e tenha me esquecido de você.

— Mas que inconveniente seria! Eu iria ter que te fazer se apaixonar por mim de novo.

— E quem disse que estou apaixonado?

— E por quais motivos você estaria aqui comigo nesse frio?

— Verdade.

Caminhavam juntos, vez ou outra paravam em uma loja para Theo comprar tinta, cupcake ou até uma miniatura de Ronald Wesley. Riam tanto juntos que pareciam que estavam embriagados.

— Esse violino e esse cavalete pesam, caso você não saiba. Pare de ser tão consumista, Theo. Ou só vamos chegar lá amanhã.

— Não seja injusto comigo. Achar essas miniaturas é como tentar achar o bilhete dourado do Willy Wonka! — e ele de fato parecia uma criança que encontrara o bilhete dourado dentro de um chocolate, dava pulinhos e tudo mais.

Marcos não tinha palavras para descrever o quanto estava agradecido por Theo estar o ajudando a superar seu passado. Uma semana havia passado e ele já se sentia melhor, já não sentia raiva de si mesmo quando olhava no espelho, a culpa agora era só um post-it rasgado, não servia mais para lembrá-lo de seus erros. Às vezes é melhor deixar que as feridas se curem naturalmente, deixa-las cicatrizar sem o uso de um band-aid que estanque o sangue.

— Pessoas com ossos de vidro quebram diante de qualquer peso. — sussurrou Theo uma vez quando estavam deitados na cama — Mas você não, você é vai conseguir aguentar tudo isso. O que seria da vida sem os dramas superados?

— Você acredita demais em mim.

E ele iria. Por Theo, por aquele começo de algo maior. O amor era uma arte da resistência, e ele resistiria até o fim.

Quando chegaram à estação, encontraram-na quase vazia. Mesmo assim, os dois, de mãos dadas foram até o canto onde Marcos costumava ficar quando ia até ali tocar. Ficava em frente até uma parede grafitada com o desenho de um coração sangrando, servia como cenário perfeito para a sua música. Theo tirou o chapéu preto que usava e o colocou no chão e depois armou o cavalete, tirando os pincéis e as tintas de sua mochila. Era isso que iriam fazer: Marcos tocaria música, enquanto Theo faria retratos de pessoas que passassem por ali. Não fariam isso por dinheiro, não precisavam disso. Nas palavras de Theo, aquilo era uma atividade de “arte terapêutica”.

E assim ficaram. Hora ou outra alguém parava para ouvir a música ou ver as pinturas. Marcos tocava olhando para Theo, sem que ele nem notasse. Amava olhar para ele quando ele estava distraído, amava aqueles sorrisos tímidos, o modo como ele mordia levemente o lábio e pendia a cabeça para o lado enquanto pintava, como um passarinho que pousava em um banco da braça e dobrava a cabeça para observar.

Que noite maravilhosa. Música, frio e um amor.

E então, em um momento em que havia muita gente ao redor, o olhar de Marcos captou algo. Alguém.

Era Júlia.

Ela estava a uns vinte metros, parada. Observando. E... Sorria. Parecia satisfeita com alguma coisa. E quando os olhares dos dois se cruzaram, Júlia deu um breve aceno de mão. Marcos quis retribuir, mas suas mãos estavam ocupadas por causa do violino. Por misso apenas balançou a cabeça. Ele sabia o que aquilo era. Aquilo era uma despedida. Ela estava partindo.

Júlia deu um sorriso e foi embora em seguida.

Quando voltavam para casa, perto das onze horas, ele contou a Theo que ela havia ido até ali.

— E aí? Como você se sente sobre isso?

Marcos deu uma risada.

— Você parece um terapeuta falando isso — bem, não deviam existir muitos terapeutas de cabelo azul por aí. Mas Theo era um. Cada toque seu, cada carinho, cada abraço, cada beijo, cada sorriso, era uma terapia para Marcos.

A terapia que cura a solidão.

— Bem, acho que ela só foi se despedir — continuou Marcos — E eu me senti normal... Quero dizer, não fiquei com raiva dela... Eu acho que a perdoei.

Theo apertou sua mão com mais força.

— Estou orgulhoso de você.

— Sério. Então acho que mereço um prêmio.

— Que tipo de prêmio?

— Posso pensar em alguma coisa...

Mesmo na penumbra, foi possível ver que Theo ficou corado. Marcos arrependeu-se de ter tido aquilo na mesma hora. Não queria ficar parecendo que o estava pressionando a fazer alguma coisa. Não seria um daqueles namorados que coloca o sexo no primeiro de uma lista de prioridades. Não mesmo. Ele sabia como era ser tratado como um pedaço de carne. E Theo merecia mais do que aquilo, muito mais.

Mas então.

Theo fez uma coisa que o surpreendeu. Muito.

Começou a ir atravessar a rua correndo, puxando-o pela mão. Marcos ficou sem entender, mas o seguiu. Theo entrou em beco iluminado apenas pela Lua. Marcos de repente se viu prensado contra a parede, sendo beijado... Intensamente.

Theo o beijava-o com uma necessidade impressionante. Pediu passagem para sua língua e Marcos permitiu. A ereção de Marcos começou a doer em seus jeans.

— Theo, espera. Não comece nada que não possa continuar.

Theo olhou-lhe nos olhos, e naquele momento, sob a luz daquela maravilhosa Lua cheia, Marcos teve a sensação que Theo conseguia enxergar sua alma. Seu coração parecia querer escapar do peito e sair voando, como um balão espetado por um alfinete.

— Quem disse que eu quero parar? — perguntou, reiniciando o beijo voraz.

O som das suas respirações devia ser audível a quilômetros Theo interrompeu e começou a... Descer. Subiu a camiseta de Marcos alguns centímetros para sua barriga. Marcos não conseguia acreditar! Theo estava realmente desafivelando o seu cinto? Sim, estava. Ele abriu sua braguilha também.

Puta. Que. Pariu.

Marcos deu um gemido ao sentir sua ereção ser libertada e logo em seguida, algo semelhante a um veludo, lhe cobrir. Sim, cobrir. Porque o veludo estava em todos os lugares, bem fundo. Marcos nunca sentira tanto prazer na sua vida.

— Oh! Jesus! Theo... Ah...

Começou a balançar os quadris para frente e para trás sem nem perceber.
Apesar de a carícia estar concentrada em apenas um lugar, sentia um prazer no corpo todo. Era como uma onda de energia que começava na cabeça e descia até os dedos dos seus pés.

E então. De súbito. Sentiu aquela familiar sensação de frio na barriga que precedia o orgasmo — ele sabia que seria um dos explosivos.

— Theo... Ah meu Deus... É melhor parar agora se não quiser que eu goze na sua...

Theo não parou. Na verdade começou a fazer com ainda mais força.

E então Marcos explodiu. Forte. Grunhiu de prazer. Deuses! Parecia um homem primitivo fazendo aqueles sons. Mas era tão bom! Foi o maior orgasmo desde... Desde sempre. Os outros eram fogos de artifício de ano novo comparado com aquela explosão de uma bomba nuclear.

Demorou em que sua respiração voltar ao normal. Quando deu por si, Theo já tinha se levantado e o encarava com uma expressão de riso.

— O que foi Marcos? Você parece meio afetado.

Parecias! Aquele havia sido o melhor sexo oral que recebera na vida.

Fechou o seu zíper e afivelou o cinto novamente.

— Quem é você? E o que fez com Theo?

— Não seja bobo. Se recupere logo, que estou com fome. Vamos embora agora.

— Onde foi que você aprendeu a fazer essas coisas menino?

Theo deu uma gargalhada e sussurrou:

— Você não iria querer saber.


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