Radioactive - The Underworld escrita por Artur


Capítulo 4
Capítulo04: It’s Time to Begin


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como estão? Espero que estejam bem! Bem, sei que demorei para atualizar a fanfic, mas estou de volta e de férias (amém), portanto irei atualizar até onde eu puder. Todo o enredo e roteiro da história já foi programado, e pretendo muito continuar postando, independente da quantidade de feedback.
Esse capítulo focará boa parte da dinâmica de Anne no novo acampamento, assim como algo especial envolvendo Dean na parte final, beijos! Deixem seus comentários!



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Radioactive

It’s Time to Begin

Piscara três vezes antes de levantar. Um clarão, refletido no tecido da cabana de coloração laranja, incomodou os olhos claros de Anne. Tocou nos olhos por alguns segundos até menear a cabeça e notar a ausência de Dean. 

— Sempre um passo à frente — bufou acariciando suas madeixas escuras.  Anne ergue-se rapidamente, confrontando a claridade do local assim que saiu da pequena cabana alaranjada.

A jovem sobrevivente estagnou-se por um breve período. Olhou ao seu redor, percebendo que a maioria dos habitantes daquele singelo acampamento estavam acordados e conversando entre si.

Anne lembrou-se de algo que ficara apagado em sua memória por certo momento; sua breve passagem no acampamento de Lucy, Ryan e Quinn. Antigos companheiros de grupo, apesar de todas as desavenças enfrentadas. A dinâmica do antigo acampamento de Anne era muito semelhante ao atual refúgio da jovem.

— Bom dia, novata! — Uma voz feminina e delicada soou próximo de Anne — Espero que tenha dormido bem, essa área que você ficou tem um chão bastante pedregoso, é difícil no início, mas logo você se acostumará!

Uma mulher de cabelos dourados, entrelaçados em uma trança, passou ao lado de Anne com um sorriso em face, esbanjando cordialidade.

— Ah, bom dia... — Anne franziu o cenho como se tentasse lembrar-se de algo.

— Erin —A loira respondeu, ainda amistosa — Meu nome é Erin. Bem, eu sei o seu nome porque sou boa quando se fala em memória, mas você me conhece, falei com você e com Dean ontem à noite.

— Claro, consegui me recordar — Anne tentou demonstrar a mesma simpatia de Erin — Aliás, você o viu por aí? Acabei de acordar e não sei onde ele se meteu.

Erin apontou para uma tenda branca, a maior presente no local, despedindo-se em seguido com o movimentar de sua mão direita. Anne então se pôs a caminhar na direção apontada, observando calmamente o local em que viveria nos próximos dias de sua vida. A morena logo observa a presença de Dean, com os braços cruzados, próximo a outros sobreviventes do acampamento.

— Parece que a senhorita Millman finalmente acordou — Charles, o líder do acampamento, verbalizou assim que Anne aproximou-se da tenda branca. A jovem sobrevivente sorri como gesto de educação, ficando ao lado de Dean no espaço do local.

— Estamos repassando as últimas coordenadas da missão de coleta, servirá como um pequeno teste para seu amigo de estrada, além de testarmos suas habilidades como sobrevivente. — A voz rouca e potente de Charles ecoou solitária no interior da tenda, o líder esboçava um ar de respeito nos demais sobreviventes.

— Uma missão de coleta? — Anne questionou — Deveriam ter me acordado ao menos.

— Não precisamos — Charles respondeu, caminhando na direção da jovem — Porque você não irá — As palavras do líder deixaram Anne calada e surpresa — Apenas Dean participará da busca.

Um silêncio constrangedor surgiu entre os sobreviventes que debaixo da tenda estavam. Anne e Dean se entreolham por longos segundos, a feição da jovem deixava explícita sua estranheza diante do que acabara de ser dito.

— Contei sobre sua situação — Dean responde de súbito, deixando Anne ainda mais confusa com a situação — Você está cansada, Anne. Vajamos por longas semanas na estrada e, dentre nós dois, você é quem está mais exausta — Dean tocou no ombro esquerdo da sobrevivente, fazendo-a estranhar ainda mais a ação do companheiro — É melhor você ficar e descansar um pouco, eu irei, não se preocupe.

Anne permanece em silêncio, fitando Dean enquanto buscava entender o que o mesmo pretendia fazer com toda aquela encenação. Estava óbvio para Anne que Dean pretendia fazer algo, afinal, demonstrar gestos e preocupação em público não era algo que Dean costumava fazer.

— Tudo bem — Charles rompeu o silêncio com sua voz enquanto caminhava ao redor da mesa que havia no centro do local — Roy, Tina, Kevin e Dean... comam algo antes de partirem e não se esqueçam de passar no posto de Veruska. Todos estão dispensados.

Charles parecia concluir aquela pequena reunião. Alguns sobreviventes acabam se dispersando após as palavras do líder do acampamento, o mesmo acontece com Anne e Dean.

— O que está acontecendo? — Anne indagou em um tom de voz inaudível assim que se saíram da tenda. Dean inclina o olhar antes de respondê-la, queria se certificar que ninguém poderia ouvir sua conversa.

— Você ficará no acampamento observando os demais sobreviventes — Dean responde com uma voz amena, interrompendo sua fala assim que alguns sobreviventes passam perto de onde estavam — Preciso que você explore todo o acampamento. Veja as atitudes das pessoas, como elas agem e como funciona o sistema de comando de Charles.

— E por qual motivo você não ficou encarregado disso? — A morena retrucou, cruzando os braços. Dean não consegue esconder um suspiro de impaciência.

— Anne, você ainda estava dormindo. Era uma ótima desculpa para dizer que estava exausta e precisava descansar um pouco mais — Dean responde, tocando nos ombros da jovem — Não seria uma boa ideia se nós dois fôssemos para a coleta. Você fica e observa tudo, enquanto eu vou e me certifico que voltarei vivo.

— Tudo bem, então só preciso puxar qualquer assunto com esses estranhos? — Anne levou levo sua mão direita até seu queixo — E andar por aí com a desculpa de conhecer meu novo acampamento? — Concluiu com um tom irônico.

Dean assente com a cabeça ignorando o sarcasmo da companheira. O jovem sobrevivente caminha na direção de outros três residentes do acampamento que o auxiliariam em sua missão de coleta, dentre eles, Roy Harper.

— Iremos partir em instantes — O homem de cabelos castanhos verbalizou colocando um boné acinzentado em sua cabeça — Vamos passar no posto de Veruska, ela tem algumas coisas para você!

Dean assente enquanto caminhava ao lado dos demais sobreviventes em direção à outra tenda, cujo interior era preenchido por prateleiras e caixotes diversos.

— Bom dia, Veruska — Roy cumprimentou a mulher que estava sentada em um banco no interior da tenda — Viemos pegar nossas coisas.

— Já estão separados, tive que acordar bem cedo por conta dessa missão — A mulher, que aparentava ter mais de quarenta e cinco anos, balbuciou enquanto revirava os olhos — São quatro armas, certo? Aqui estão — Veruska entrega um caixote para Roy enquanto voltava-se para outra caixa de papelão — E duas armas brancas... peguem estas.

— Obrigado, Veruska — Uma mulher e outro homem que estavam ao lado de Roy e Dean agradeceram em uníssono. E, após Roy entregar as respectivas armas para Dean, Tina e Kevin, o quarteto de sobrevivente se dirige para fora da zona do acampamento, caminhando por dentre as árvores.

Anne observa os sobreviventes se distanciarem do acampamento aos poucos, até chegar o momento em que apenas o verde das árvores podia ser visto. A morena engole em seco, era novamente uma estranha em um grupo de sobrevivente, assim como fora anos atrás quando encontrou Lucy e Quinn.

A jovem fecha os olhos por alguns segundos antes de andejar na direção do refeitório do acampamento, o qual se localiza próximo à tenda onde Charles e os demais se reuniam antes da missão. A morena caminhou em passos lentos, observando a paisagem ao seu redor.

— Anne! — Uma voz entusiasmada soou de dentro da tenda do refeitório — Aqui, Anne! Estou distribuindo os pratos, você vai querer? Gine fez uma excelente sopa de legumes hoje, e a Jeanine tratou das frutas que arranjou ontem, venha se servir!

Emma Anderson acenava para Anne de longe, mas com um largo sorriso em face. A ruiva não havia conversando com Anne desde que a novata chegou ao acampamento na noite anterior, por isso estava ansiosa para fazer com que Anne se enturme rapidamente com os outros residentes do acampamento.

Anne esboça um sorriso lateral, constrangida com a atitude de Emma. Ao contrário do jeito explosivo e extrovertido da ruiva, Anne buscava passar despercebida entre os sobreviventes do acampamento e observar a personalidade de todos.

— Oi, Emma! — Anne exclamou, aproximando-se do refeitório enquanto roubava a atenção de todos que ali estavam presentes — Bom dia, pessoal!

— Peguem leve com ela, ok? — Emma surpreende, largando os pratos na mesa — Anne é novata, chegou ontem ao acampamento, mas sei que ela é uma ótima pessoa! — A ruiva encarava os demais residentes do acampamento, deixando Anne ainda mais envergonhada.

— Obrigada — A morena agradeceu — Acho que vou querer um pouco dessa sopa de legumes, o cheio está bem convidativo — Anne tentou parecer amistosa aos demais — Imagino que o sabor esteja ótimo!

— Com certeza! — Emma andeja na direção da pilha de pratos que estava sob a mesa, colocando com uma poxa, em seguida, a sopa feita pela cozinheira do acampamento, Gine. — A sopa está maravilhosa, e caiu bem nessa manhã de frio. Felizmente conseguimos colher algumas verduras, mas não gosto muito de brócolis. Uma vez me tornei vegetariana por uma semana para uma matéria do meu site, e o brócolis foi o meu pesadelo.

Anne pretendia bufar de tédio, mas precisava causar uma boa primeira impressão. A morena não gostava de pessoas que tagarelam o tempo todo, ditando boa parte de suas vidas em meros minutos.

— Você tinha um site? — Anne perguntou ao segurar o prato, sentando-se em uma cadeira.

— Sim, sou uma jornalista... ou era — Emma respondeu, sua voz saiu falha e rasgada. O assunto parecia lhe entristecer de alguma forma. — Ainda não me acostumei com o fato de não termos nossas profissões de antes, a não ser o Charles.

— É uma pena mesmo —Anne lamentou antes de levar uma colher da sopa até seus lábios — Charles era um militar antes do apocalipse? — A morena perguntou, recebendo um sim de Emma gesticulado com a cabeça — Então ele construiu esse acampamento?

— Não foi bem assim, Charles era um membro de outro grupo — Emma respondeu, fazendo uma pausa para tomar outra colher da sopa — Mas foram atacados e só restou ele. Charles conseguiu sobreviver com os dois filhos neste acampamento por um longo tempo e, aos poucos, foi equipando o local até encontrar a Meredith e o Mike, depois passou a encontrar novos sobreviventes e, dentre eles, essa que vos fala.

— Ele parece ser um ótimo líder! — Anne pronunciou com um sorriso forçado em face. Emma assente com a cabeça, calada.

O breve café da manhã foi capaz de responder algumas questões levantadas por Anne. Mas a sobrevivente continuou a explorar o acampamento ao lado de Emma Anderson, enquanto a ruiva ia explicando aos poucos o funcionamento do acampamento.

Anne parou de caminhar durante o trajeto pelo local. A morena fitava, calada e estagnada, duas meninas brincando com suas respectivas bonecas ao lado de seus possíveis responsáveis. Anne subitamente lembrou-se de sua filha de seis anos, de como se sentia feliz ao contar uma história antes dela dormir, mas também se recordou da trágica perda de sua pequenina, do ser estranho e pútrido que abocanhou o pescoço de seu porto seguro.

 — Algum problema, Anne? — Emma questionou, buscando o olhar da morena. Anne não responde, deixando um silêncio torturante tomar conta de si. A morena esboça um sorriso lateral, mas sem tirar sua visão das duas garotas distantes dali.

— Está tudo bem — Respondeu à Emma, suspirando em alívio enquanto continuava a caminhar com a ruiva — Algumas lembranças surgiram repentinamente — Anne sorriu antes de ver as duas garotinhas abraçarem seus respectivos pais.

E Anne continuou seu trajeto, observando tudo ao seu redor. Porém, a jovem não tentava seguir com o plano de Dean; Anne percebeu que aquele acampamento poderia ser a chance de recomeçar com sua vida e esquecer as perdas do seu passado. Era tempo de se levantar e construir sua vida mais uma vez.

Após se separar de Emma, a recém-chegada ao acampamento continua explorando o local, sem tirar sua atenção nos demais sobreviventes. Sempre esperta e atenta, Anne seguiu além das cabanas e das tendas montadas no acampamento no meio da floresta, alcançando uma espécie de parede rochosa, delimitando a área do acampamento.

— Parece que você se perdeu — Anne deixa escapar um suspiro, assustando-se com a potente voz masculina que surgira de repente — Perdão, não quis assustá-la.

Anne encara o líder do acampamento, o ex-militar Charles, com seus olhos castanhos claros que pareciam julgar a alma do algoz do acampamento. 

— Está tudo bem — Anne comentou, esboçando um semblante amistoso — Você sempre chega de fininho assim? Sem ninguém perceber? — A morena perguntou, virando-se para Charles.

— Ás vezes — Fitou Anne com os braços cruzados, parecia pensar em sua próxima atitude — Sabe... Anne, certo? — A morena assentiu com a cabeça — Aprecio bastante a personalidade de Emma, ela gosta de ajudar as pessoas, gosta de dar novas oportunidades aos sobreviventes que encontra no meio de uma estrada.

Anne muda de expressão, desconfiada com o discurso do líder.

— Até agora ela sempre esteve certa quanto às convicções dos acolhidos — Charles caminhou em direção à Anne. Sua estatura ultrapassa Anne, mas, apesar disso, tratou de permanecer no mesmo campo dos olhos da morena — Espero que ela não esteja errada dessa vez.

— Não sei onde o senhor pretende chegar, mas pode ter certeza que Dean e eu não iremos decepcioná-lo — Anne garantiu, confiante em sua frase.

— Garanta mesmo — O líder tornou-se mais sério do que antes, fitando Anne em silêncio — Bom, agora irei voltar ao meu posto, não quero atrapalhar sua expedição, afinal, Dean ordenou uma missão e você tem que cumprir, certo? — Charles se vira, pondo-se a caminhar na direção contrária à Anne que, por impulso, não consegue evitar questioná-lo.

— O que disse? — Indagou, franzindo o cenho. Charles para de caminhar de imediato, voltando-se novamente para perto da sobrevivente novata.

— Vocês dois realmente duvidaram da minha capacidade como líder? — Mason retrucou, fuzilando-a com seu olhar severo — Provavelmente você já deve saber, mas eu sou militar, porra — O líder fez uma pausa para suspirar — Sei como essas coisas funcionam. Até admiro a audácia do seu amigo de planejar algo tão óbvio e inventar uma desculpa esfarrapada para você não ir à missão...

— Charles, eu não entendo o que... — Anne tentou interrompê-lo, ganhando, em troca, um olhar mais rígido do que o de outrora.

— Você terminou de explorar nosso acampamento? De conhecer os seus novos companheiros? Espero que tenha gostado de todos! Você fez um ótimo trabalho, Anne, mas pode parar por hoje — Charles continuou, aumento o tom de voz — Se vocês dois querem continuar aqui, devem transparecer lealdade e confiança.

Anne permanece em silêncio, sua personalidade forçada de antes deu lugar à Anne de sempre; irônica, sarcástica e com sua língua afiada de sempre.

— Então entende que nos separamos porque era preciso? — Perguntou de súbito, sem esconder seu desejo.

— Claro, provavelmente eu faria mesmo — Bufou Charles descruzando os braços — Mas esse é o problema, Anne, eu faria o mesmo, então a tática de vocês dois não funcionou muito bem.

— O que fará agora? Irá esperar o Dean retornar para nos expulsar? — Anne perguntou com um tom debochado, erguendo a sobrancelha direita enquanto também cruzava os braços.

— Não — Charles surpreende a morena — Preciso de vocês dois aqui. Isso prova o quão são espertos e astutos. São pessoas como vocês que nós precisamos no acampamento; alguém que saiba agir em situações difíceis.

— Com todo respeito, mas você parece ser bipolar — Anne não conseguiu evitar seu lado irônico, revirando os olhos — Dean e eu passamos por coisas inacreditáveis. Enfrentamos muitos problemas, humanos ou não, e isso nos fortaleceu. Não esbanjamos lealdade porque não queríamos, mas sim porque precisávamos saber onde estamos nos metendo. A ideia de me deixar aqui pode ter sido do Dean, mas provavelmente eu faria o mesmo.

Charles não consegue esconder um sorriso de admiração diante das palavras de Anne. O militar toca nos ombros da sobrevivente, balançando-os gradativamente.

— Muito bem, Anne — Charles sibilou em meio ao sorriso — É esse tipo de confiança e lealdade que eu estou falando. Não importa quais problemas vocês passaram... já enfrentei coisas piores, pode ter certeza — O líder solta os ombros da morena, virando-se enquanto caminhava novamente — Mas não importa agora, vocês só devem seguir em frente. Essa é a hora de começar de novo, Anne.

                                              ...

Roy Harper guiava o pequeno grupo que havia sido formado. O homem apunhalava uma arma de fogo potente, assim como seu companheiro de grupo, Kevin, e Dean, recém-chegado ao acampamento. A única mulher da equipe de coleta portava duas armas brancas, essa era a especialidade de Tina; rápida com lâminas e afins.

O quarteto andejava no interior da mata há pelo menos vinte minutos. Roy estava mais à frente com Tina ao seu lado, enquanto Dean permanecia um pouco atrás com Kevin garantindo que o novato não tente algo estúpido.

 — Vamos passar por um riacho, é sinal de que estamos no caminho certo — Harper comunicou aos demais sobreviventes.

— Você não sabe se estamos no caminho certo? — Dean questionou o líder da missão, atento ao solo úmido e misterioso da floresta.

— Claro que sei — Roy respondeu com um sorriso em face — Não é a primeira vez que Charles me envia em uma missão de coleta — O homem, de súbito, interrompe a própria trajetória enquanto fitava Dean — Mas você é novato, precisa saber o caminho de volta para o acampamento caso algo aconteça.

— Não façam com que essa missão fique mais longa, garotos — Tina continua a caminhar, disferindo dois tapas no ombro esquerdo de Roy.

— Ela está certa, vamos continuar — Kevin diz, fazendo com que os outros dois sobreviventes continuem com o trajeto.

Dean permaneceu a maior parte do percurso calado e quieto. Há muito tempo que não saia em missão para ser testado por outras pessoas, por isso pretendia apenas observar a personalidade dos três estranhos. Não demorou muito para que o grupo, de fato, saísse da zona da floresta e finalmente encontrassem a estrada que dava acesso à cidade desejada.

— Estamos procurando um depósito da polícia avistado por Sam semanas atrás — Roy informou com um tom de voz baixo — Charles pediu para que buscássemos essencialmente armas, munições ou qualquer coisa do tipo.

— E por qual motivo você está falando desse jeito? — Tina perguntou, franzindo o cenho.

— Estamos prestes a adentrar em uma cidade. São nesses locais que encontramos um fluxo maior de perambulantes e, a menos que você queira ser mordida, devemos manter silêncio — Roy explicou com mesmo tom de antes.

Tina permanece em silêncio, assentindo com a cabeça e retornando a caminhar na direção da cidade. Kevin e Dean fazem o mesmo, estando ambos logo atrás do casal de sobreviventes. A única mulher do grupo rapidamente avista um errante na encosta dianteira da estrada.

— Eu faço. — Tina tomou a iniciativa, erguendo sua azagaia.

— Adoro quando ela faz isso! — Exclamou Kevin, entusiasmado com o que estava prestes a observar.

Tina meneia a lança prateada antes de chutar o joelho do andarilho e, em seguida, perfurar horizontalmente o crânio do verme. A morena logo retira a ponta da azagaia, limpando o sangue pútrido com um pedaço de pano que ficava guardado em seu bolso.

— Ela roubou isso de um museu em Connecticut, é uma de suas armas favoritas! — Roy Harper explicou a Dean, que observava abismado o movimento da mulher — Vamos continuar, o depósito fica logo na entrada da cidade.

O quarteto prossegue com o percurso, encontrando um ou dois caminhantes no trajeto, eliminando-os sem muita dificuldade. A agilidade de Tina, somada à precisão dos disparos silenciosos de Kevin, e liderança de Roy, tornava o trio de sobreviventes do acampamento de Charles invencíveis.

Após o último caminhante ser derrubado, já na entrada da pequena e pacata cidade, o líder da missão de coleta já avistara o estabelecimento de um andar, com vidros enormes na faixada frontal do local e uma placa que anunciava ser propriedade da polícia local.

— É ali, já chegamos! — Roy informou com um timbre de voz ameno — Departamento da Polícia Local: Divisão de Abastecimento — O líder da missão lê a placa do local, voltando-se aos demais companheiros. — Fiquem atentos, essa cidade é pequena, qualquer barulho e estaremos cercados.

— Okay — Sibilou Tina — Você quem manda.

Roy Harper, como líder do pequeno grupo, é o primeiro a alcançar a calçada rachada do Departamento, sinalizando para os outros três. Tina e Kevin correm juntos, enquanto Dean, mais devagar, observa as ações dos companheiros.

— Ande logo, Dean — Arfou o líder da missão, preocupado com a demora do novato — Queremos voltar o quanto antes!

Dean Walt simplesmente sorri. Seu jeito irônico vez ou outra retornava, mas suas decisões estratégicas e observações pertinentes quase sempre estavam certas. Com exceção de uma, que lhe custou alguém que amava. A morte de Lucy ainda refletia nas ações e nos pensamentos de Dean, deixando-o mais frio, calculista e sensato. Walt precisava analisar tudo a sua volta, o acampamento de Charles e os sobreviventes que nele residem. Aquela era a chance de saber os pontos positivos e negativos de seus três companheiros de missão e, aos poucos, Dean ia percebendo a qualidade e os defeitos de todos os três.

— Tudo bem, vamos checar aqui de fora se o local está limpo — Roy caminhou em direção à parte espelhada da porta do local, realizando três socos na área de madeira — Vamos esperar só um pouco, não abaixem a guarda.

Nenhum errante surge, e Roy Harper percebe que era a hora de adentrar no Departamento. O líder é quem toma a iniciativa de girar a maçaneta e abrir a porta sem dificuldades. Harper ergue as duas sobrancelhas, avisando aos demais que deveriam entrar naquele momento.

Roy é o primeiro a adentrar do local e ser surpreendido por um transformado, ao qual estava debatendo-se no chão, ao lado da porta e encostado na parede. O ser pútrido agarra a perna esquerda de Roy, levando-o ao chão assustado.

— Roy! — Tina e Kevin soltaram um berro em uníssono ao vê-lo caído no chão assim que havia entrado no depósito da polícia. A região do abdômen do errante havia sido envolvida por uma corda que se estendia até uma barra de ferro presa à parede do local, o mesmo acontecia com os dois pés do transformado.

— Desgraçado — Roy resmungou, trincando os dentes. A mão do andarilho percorre em toda região dos membros inferiores do sobrevivente, estando muito próximo de mordê-lo.

Mas a sorte de Roy Harper parecia ter ido embora. Outro transformado havia sido amarrado, nas mesmas regiões do primeiro, no lado direito do depósito, deixando seus dentes afiados bem próximos à face assustada de Roy.

— O que vocês estão esperando? — Clamou Dean, andejando na direção de Roy com sua arma em mãos. O recém-chegado no acampamento de Charles primeiro dispara no crânio do errante mais próximo à face de Roy, imergindo o sobrevivente no sangue do transformado.

O barulho estridente do disparo incomoda Roy, fazendo-o levar as próprias mãos até a altura dos ouvidos. Dean finalmente adentra no recinto, puxando a corda que prendia o andarilho restante, arrastando-o até manter Roy em uma distância segura.

Dean disfere outro disparo, eliminando o transformado sem dificuldades.

— Roy! — Tina berrou, ajoelhando-se ao lado do companheiro estirado no chão — Você está bem? Foi ferido? — A mulher perguntou, assustada. Roy assente com a cabeça, erguendo o tronco até ouvir o barulho do destravar de uma arma.

— Vocês não foram convidados — Uma mulher, de cabelos escuros e encaracolados, surge no interior do local, erguendo duas pistolas na direção dos sobreviventes — Infelizmente, terei que levá-los até a saída.


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