Radioactive II

Trouble

Emma toma à frente do caminho direcionando Anne e Dean para o acampamento em que a ruiva e John se refugiavam. Os passos dos sobreviventes apressaram-se devido o entardecer iminente, algo que Dean tanto temia pela noite ser traiçoeira e imprevisível.

Anne andava mais atrás, observando Dean caminhar com firmeza. A morena ainda estava abismada pelo o que aconteceu outrora, Dean havia pedido para aceitarem que ele e Anne fizessem parte do acampamento de Emma e John. Algo estranho já que anos antes, Dean priorizava sobreviver completamente sozinho e desprezava quem vivia em em grupos.

— É, parece que muita coisa mudou. - Anne Proferiu em um tom de voz quase inaudível. A jovem esboça um sorriso apressado diante da mudança de personalidade de Dean, já que antigamente ambos se odiavam e foram os únicos a se encontrarem após a queda da Fortaleza.

— Então, faz muito tempo que vocês estão na estrada? - A voz de Emma ecoou mais à frente. Dean e Anne trocam olhares de relance, mas logo o rapaz responde a pergunta da ruiva.

— Tínhamos um grupo, uma comunidade, mas fomos atacados e acabamos nos separando. Me reencontrei com Anne há duas semanas.

Anne muda de expressão rapidamente. Sua feição estava séria, abatida e entristecida, afinal, tais palavras de Dean trouxeram-lhe vagas lembranças que fazia questão de esquece-las. A morena sentiu algo que há muito não sentia, tristeza, angustia e remorso. De todos as pessoas que Dean conviveu, Anne fora a mais detestável dentre todas, sua personalidade orgulhosa e irônica impedia que a jovem pudesse criar laços com qualquer um, mas de certa forma, Anne fez amizades com companheiros incríveis.

— Perdemos tudo, todas as coisas que conquistamos - amigos, um lar, pessoas que eram importantes para nós dois. - Anne lamenta fazendo Dean seguir com o caminho enquanto Emma e John permaneceram em silêncio respeitando o momento da dupla.

— Não se preocupe, você sempre terá a oportunidade de conquistar de novo tudo que você perdeu. Só é questão de tempo, acredite! - Tranquilizou Emma, aproximando-se de Anne enquanto acariciava o ombro esquerdo da morena e seguia com o percurso.

A trajetória para o acampamento de Emma durou cerca de vinte minutos, neste meio tempo, inúmeros errantes surpreenderam os sobreviventes, mas logo foram eliminados um por um sem nenhuma dificuldade qualquer.

— Emma! - John chamou a atenção da companheira de grupo apontando para algo mais à frente. — É o riacho, estamos chegando.

— Como vamos atravessar isto? - Dean perguntou olhando as águas plácidas do pequeno e singelo riacho surgir logo a frente. O jovem se aproxima o suficiente ao ponto de observar a própria imagem refletida nas águas do riacho, Dean mal acreditava que aquele era ele, seu rosto estava abatido, aparentando um cansaço extremo, seus olhos azuis não vibravam como antes, Dean ia aos poucos, rendendo-se as atrocidades do apocalipse.

— Montamos uma pequena passarela de madeira para ligar as duas margens para conseguirmos ultrapassar para o outro lado sem fazer a volta. - Explicou John, sorridente.

Um errante surge na direção dos sobreviventes, mas Emma logo eleva sua barra de ferro e a direciona no crânio do transformado, perfurando com um pouco de força e jogando-o para o lado. O sangue do verme é jorrado e por pouco não atinge a água do riacho.

— Usamos a água deste rio para diversos afazeres, então priorizamos a limpeza dele. Estou ansiosa para vocês verem nosso acampamento, temos mentes brilhantes no nosso grupo. - Proferiu a ruiva, arfante.

Os jovens logo atravessam com cautela a pequena passarela de madeira, mas só podiam avançar um de cada vez ou então tudo poderia desabar e perderiam tempo fazendo o contorno. Após alguns metros percorridos, o quarteto enfim chega no destino traçado. As árvores da floresta esvaiam-se conforme os passos progrediam, possibilitando assim, o surgimento de três grandes barracas com a estampa de camuflagem utilizado por soldados. A luz emitida por uma pequena chama de uma fogueira também tornou-se visível conforme a noite surgia.

O barulho de armas sacadas obrigou os jovens a parar bruscamente a caminhada. Anne e Dean se entreolham estranhando a situação até que Emma e John põem-se a falar.

— Sou eu, Emma! John está comigo também, trouxemos dois novos sobreviventes e eles aparentam ser de confiança! - Bradou a ruiva, fazendo um dos homens que estava armado resmungar.

— Droga Emma, sabe que não deve gritar tão alto, principalmente à noite. - O homem reclamou, abaixando a arma enquanto retrocedia os passos voltando para o acampamento. — Venham logo!

Assim que chegaram no acampamento, Dean e Anne foram recebidos com olhares tortos dos sobreviventes que viviam junto à Emma, afinal, a dupla era desconhecida para os demais que não sabiam se poderiam confiar ou não.

— Pessoal, esses são Dean e Anne. Nós salvamos eles de um enorme ataque, mas eles também nos salvaram indiretamente. - Emma começou a apresentar a dupla conforme mais sobreviventes emergia das cabanas.

— John! - Um grito de alívio se ecoa pelo local, rapidamente uma mulher de cabelos levemente cacheados de coloração castanha corre na direção de John, o abraçando e dando-lhe um beijo posteriormente. — Torci tanto para que você voltasse à salvo!

— Eu estou bem Laurel, aguentou as coisas por aqui? – John perguntou gentilmente enquanto beijava a testa da mulher ainda abraçado a mesma.

— Dean e Anne, certo? Meu nome é Charles e aqueles dois ali são meus filhos Hayden e Jeanine. Só quero deixar claro, que se vocês tentarem qualquer coisa estúpida com eles ou com qualquer outra pessoa, temos gente o suficiente para acabar com vocês dois. - O homem alto, de cabelos grisalhos, vestindo um casaco preto aproximou-se dos jovens alertando-os sobre possíveis problemas que possam causar.

— Não fiquem assustados, o Charles é um coroa do bem, acontece que ele é muito precavido sabe? - Emma interrompeu o momento enquanto puxava Dean e Anne pelos braços. — Vou apresentar o pessoal para vocês!

— Você não me entendeu Emma, nós temos um grupo aqui, um grupo realmente unido, e tudo que menos queremos são intrusos que possam nos prejudicar. Você é uma ruiva bastante estúpida ao ponto de confiar em qualquer um, mas até agora suas escolhas foram certas. – Charles continuou proferindo em um tom tão sério, que fez Dean sentir um receio imenso, o homem realiza dois passos ficando de frente á Dean e Anne. — Espero que não esteja errada desta vez.

— Ei, Charles! – Outra voz masculina se ecoa, dessa vez aparentava ser mais serena e pacífica, se tratava de Roy Harper, o braço direito de Charles no grupo. O homem de porte físico definido se aproxima enquanto retirava o boné. — Você sabe que a Emma agiu de boa maneira, além do mais poderemos envia-los em uma missão para testarmos suas habilidades, com certeza seriam de grande utilidade para o grupo.

Todos permanecem em silêncio, até que Charles assente com a cabeça para o rapaz, fitava por alguns segundos Anne e Dean e dirigiu-se rumo a dois homens que vaziam a vigília do acampamento.

– Obrigado! – Sussurrou Emma para Roy após o mesmo ter amenizado a situação e ter deixado as coisas mais claras para Charles em relação a nova dupla de sobreviventes. Após tal momento, Roy acaba voltando para seus afazeres enquanto Emma guiava Dean e Anne para a outra parte do acampamento.

O grupo de Emma vivia no meio de uma vasta floresta, porém, a área que estavam era ampla e varrida. As três enormes barracas que foram avistadas primeiro dava às vindas ao local, que mais atrás, possuía uma área arenosa com tendas espalhadas por vários locais e uma enorme fogueira no centro sendo rodeada por quatro troncos de árvores pequenas, o que servia como um assento. Ainda havia uma espécie de morro ou monte que limitava o final do território.

— Essa é a parte em que ficamos, essas tendas que vocês estão vendo são basicamente locais específicos, aquela dali perto do monte é onde fica nossos mantimentos, lá vocês podem encontrar comidas, águas, enfim... sempre tem alguém fiscalizando cada tenda. - Começou a explicar Emma, andejando pelo espaço.

— Espera, deixa eu ver se entendi. O seu acampamento não se resume apenas naquelas três cabanas ali? - Questionou Anne, sem acreditar no quão longínquo o acampamento no meio da floresta era.

— Sim, vou ver com a Veruska se tem alguma barraca sobrando para vocês dormirem, qualquer coisa você pode dormir comigo, Anne. - Respondeu a ruiva, entusiasmada. Um casal surge de uma das tendas olhando fixamente para Dean, Anne e Emma. Os dois se aproximam lentamente enquanto o homem era o primeiro o indagar.

— Quem são eles, Emma? – Sua voz era rouca e séria, o rapaz possuía cabelos escuros e bem penteados, olhos castanhos claros e uma vestimenta normal para o dia-a-dia.

— Ah, é você Sam. Esses são Dean e Anne, se juntarão ao nosso grupo, não se preocupe pois o Charles já os ameaçou o suficiente. - Emma respondeu de maneira cômica.

— Sejam bem-vindos, meu nome é Erin e este é meu marido Sam, não se preocupem, acontece que não vemos gente nova aqui há um bom tempo. - Erin, uma mulher de cabelos loiros presos em uma trança simples dá às boas vindas aos novatos.

Dean e Anne agradecem gesticulando com um balançar de cabeça. Emma logo os direciona em direção à primeira tenda do local, nela haviam dois sobreviventes: um remexia em caixotes e o outro arrumava uma prateleira. Assim que a presença das meninas e de Dean é notada, os dois sobreviventes se calam e encaram os três formalmente.

— Antes de mais nada, esses dois são Anne e Dean, ok? Estou cansada de ouvir sempre as mesmas perguntas, vamos acabar isso logo pois eu preciso descansar! – Resmungou Emma, adentrando no espaço da tenda. — Então Veruska, tem alguma barraca sobrando para que eles possam dormir?

A mulher que aparentava ter uma idade entre quarenta e cinquenta anos ajeita o óculos com pressa enquanto fitava Emma com um olhar fuzilante. Ela se agacha para procurar tal pedido enquanto Emma observava o outro rapaz que arrumava a prateleira.

— O que você está fazendo aqui, Mike? Pensei que gostasse de ficar fazendo a vigília do acampamento, sei que seu desejo é sair em missões como eu e o John fomos hoje mais cedo. – Gabou-se a ruiva, arrancando algumas risadas de Anne e de Veruska.

— Acontece que minha mãe quer que eu fique aqui ajudando a Veruska e fazendo esse trabalho que para ela é algo bastante cansativo. Aliás, estou arrumando essa prateleira com as coisas que você e o John trouxeram, não arranjaram nada muito útil não foi? – Retrucou o adolescente, fazendo Emma simplesmente calar-se.

Veruska acaba encontrando uma barraca ainda desfeita em um saco plástico entregando-lhe para Anne com um sorriso simpático. Emma informa o local onde a dupla deve monta-la enquanto partia na direção da barraca onde adormece.

— Eu gostei daqui, gostei das pessoas que vi até agora. Me pareceram bastante amistosos, o que você achou, Dean? – Perguntou Anne, enquanto caminhava até o local indicado por Emma para montarem a barraca.

— Temos que esperar para observamos a personalidade de cada um, isso será algo difícil então teremos que nos enturmar aqui. – Dean proferiu bastante convicto, o jovem então para de andar enquanto voltava-se para Anne. — Preste bastante atenção, temos que saber com que tipo de pessoa estamos lidando, Charles aparentou ser o líder daqui e ele me parece ser instável.

— Eu também percebi isso, mas o que você acha a respeito dessa tal missão que Roy falou para ele? Nós iremos, assim como fomos quando encontramos o grupo de Lucy e Quinn há muito tempo? – Perguntou Anne, que nem percebeu que acabara de citar um nome que Dean se esforçava para esquecer.

— Sim, vai ser como antes. Só que dessa vez não iremos sozinhos e você não irá precisar fazer aquele show dramático que você fez. – Dean respondeu surpreendendo completamente Anne, que já havia se esquecido do dia que em que beijou Dean por impulso e acabou desabafando toda ira com o rapaz.

— E não durma completamente hoje, ainda não sabemos se eles são confiáveis, e amanhã durante a missão, esteja atenta a tudo. E se por acaso eles tentarem algo conosco, esteja pronta para mata-los. – Dean proferiu com uma firmeza incontestável.

Anne simplesmente o olha sem acreditar nas palavras do rapaz. A morena até pouco tempo havia acredito que Dean estava mais pacifico comparado a antes, principalmente quando o jovem pediu abrigo à Emma. Dean no final das contas, havia voltado as origens, onde era um sobrevivente frio e calculista.

— Se você pretende matar essas pessoas, por quê diabos você pediu um abrigo à Emma? – Anne questionou, incrédula com o que foi dito pelo rapaz.

— Não foi isso que planejei, mas acontece que temos que tomar medidas conforme as coisas forem acontecendo, e eu realmente pedi abrigo à Emma pois já estava esgotado de tanto correr. Eu não quero me tornar um problema novamente, e nós não seremos um problema aqui dentro, mas se algo acontecer... esteja preparada.