A casa de Lissa não era realmente... uma casa.

–Fique a vontade. -Ela murmurou enquanto retirava seu sobretudo.

Meus olhos passaram pelas paredes vazias do local isolado. Quando Lissa mandou-me entrar pela porta dos fundos de uma antiga igreja esquecida pensei que houvesse alguma armadilha me esperando, no entanto, aquele buraco velho e fedendo a mofo era onde ela chamava de casa agora.

– O que houve? - Eu perguntei sem encara-la.

Ela soltou um longo suspiro.

–Meu avô não aceita que eu seja contra suas regras.

–Você foi dada como morta. -Digo.

–Fazia parte do pacote. -Ela murmura. -É a minha vida, quero ter controle sobre ela.

–Por que? por que saiu? a última vez que te vi você tentou me matar.

Um sorriso lateral repuxa seus lábios.

–Pode não acreditar em mim. -Seus olhos se desviam para os meus. - Mas eu nunca quis machucar ninguém. Fui treinada para matar seres despreziveis e crueis, mas quanto mas tempo eu passava com você, mais eu amava você de forma incondicional.

Antes meus olhos poderiam ter enchido de lágrimas, agora não.

–Você matou minha irmã. -É a única coisa que consigo murmurar.

Lissa abaixa a cabeça.

–Matei. -Confessa, e a dor em suas palavras me pega desprevinida.

–Você tentou me matar aquela noite.

Ela levanta seus olhos em minha direção, sem resposta.

–Raquel já não era mais ela mesma, sei que isso não é uma boa razão para sua morte.

–Tem razão, não é.

–Mas pessoas iriam se machucar, inclusive você.

Eu respiro fundo profundamente.

–Quero saber onde está minha mãe. - Murmuro. -Quero que tudo isso acabe.

–Algo aconteceu com Raquel, como eu disse pessoas vem sumindo todos os dias.

–Como pode ter tanta certeza que é minha irmã? -Questiono

–Porque ela adora joguinhos, e nós duas sabemos como funciona o temperamento de Raquel.

Eu balanço a cabeça.

–Não faz sentido, e o que ela quer?

–Ela quer o que não conseguiu da primeira vez, ela quer o que já está destinado a outra pessoa. Poder.

Eu engulo em seco.

–Está dizendo que Raquel voltou por minha causa?

Lissa nega com a cabeça.

–Estou dizendo que ela voltou pelo seu poder, e não irá medir esforços para conseguir.

–E quanto as pessoas desaparecidas?

Lissa dá de ombros.

–Ela quer chamar atenção, e tenho certeza que Dimitri já reparou nisso.

–Ele não me contou.

–Achou que ele contaria?

Realmente? não, Dimitri esconderia isso de mim com toda a certeza.

–Estou atrás dela alguns dias, mas até agora, nenhuma rastro.

–Como faço para ajudar?

Lissa me encara.

–Tem certeza?

Eu assinto.

–Ela ainda é minha irmã, e minha mãe está envolvida.

Lissa confirma.

–Volte a escola, darei um jeito de nos comunicarmos.

–Certo. -Murmuro.