Enfurecida - Até onde você iria por uma mentira? escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 16
A garota perdida




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Eu respiro com dificuldade diante da imagem a minha frente. Observo ambas as mãos de Dimitri fechadas em punhos, sua face demonstra insatisfação com a cena que presencia, eu não me retraio, pelo contrário, permaneço paralisada em meu lugar. Ao lado de Dimitri reconheço as outras figuras familiares, Tasha, Felicity e um pouco atrás de ambas, Adrian, o cara que eu havia visto em sonhos, era meio irreal vê-lo em carne o osso.

–Dimitri. –Fala o homem de branco que antes estava prestes a me atacar.

Dimitri se aproxima sem hesitar, uma arma em sua mão e uma faca na outra.

–Então é verdade. – Sibila Dimitri. – Você voltou.

–Não parece surpreso, meu caro. – Diz o homem.

Dimitri não me encara, em nenhum momento ele quebra o contato visual com o homem a minha frente, Felicity pelo contrário desvia sua atenção do jogo de palavras para me avaliar minunciosamente como se procurasse algo de errado comigo, Adrian que vinha atrás dela se posicionou ao meu lado.

–Pensei ter lhe mandado para o inferno da última vez que nos vimos. – Diz Tasha

Meus olhos voam em sua direção, sua postura tensa entrega sua antecipação, ela meche seus ombros como um tique sem nexo, eu aperto a faca entre meus dedos esperando o confronto.

–Pensou errado, minha querida Tasha.

–Por que voltou? – Pergunta Adrian ao meu lado. – Quer dizer, pensei que você estava de boa queimando no inferno.

O homem ri, no entanto, não identifico humor em seus traços.

–Não voltei, fui convidado.

–Raquel. – Dimitri murmura desgostoso. – Onde ela está?

O homem pisca em sua direção.

–No lugar a que ela pertence.

Dimitri avança alguns passos em sua direção.

–ONDE ELA ESTÁ? – Ele grita

–Abaixe o tom. – O homem implica. – Não terá nada comigo assim.

–Por que está aqui? – Felicity pergunta.

Os olhos do homem recaem sobre mim, sinto um arrepio medonho pela espinha quando ele o faz, Dimitri se posta a minha frente, tapando minha visão completamente.

–O que ela tem a ver com isso? –Pergunta Dimitri.

O homem balança a cabeça, seus olhos se desfocam como em um horripilante filme de terror, sua íris se tornam malignamente escuras, eu me desvio do alto e musculoso corpo de Dimitri observando a cena que se segue.

–Quando o mar vermelho se fizer presente, a salvação dos únicos será o sangue sagrado derramado em meio ao caos. – Ela murmura de forma desanexa.

Eu me sinto tonta, uma enorme ânsia de vomito some por minha garganta, meus pés falham miseravelmente e eu cambaleio para trás, suas palavras martelam em minha mente alfinete meus pensamentos de forma irregular, minhas orbitas giram, sou atingida pela fraqueza humana enquanto meu corpo cai.

Adrian me sustenta nos braços e Dimitri se vira rapidamente, o homem desapareceu.

A tontura começa a diminuir e meu corpo começa a voltar a si novamente.

–Você está bem? – Pergunta-me Adrian.

–Estou. – Digo

–Não, ela não está. – Retruca Dimitri.

Eu balanço minha cabeça.

–O que está fazendo aqui? – Pergunto.

–De nada, por salvar você. – Ele responde azedo.

–Não precisava ser salva, estava me virando muito bem. – Retruco de forma petulante.

–Claro, estou vendo. – Diz ele apontando para alguns cortes superficiais em meu braço.

Eu rolo os olhos e rapidamente me arrependo, pois, a tontura volta novamente, Dimitri sustenta a maior parte de meu peso.

–Vamos. – Ele diz

–Eu tenho que ir...

–Não tem não. –Ele me repreende. – Não deveria ter fugido de mim.

–Eu estava tentando me encontrar. –Murmuro de olhos fechados.

–Teve algum sucesso com isso?

–Não.

Um acumulo de pessoas se forma ao lado de fora do ônibus, Dimitri me guia até um carro ali próximo e partimos.

–Onde estão os outros? – Pergunto.

–Adrian está de moto, Felicity está no carro atrás com Tasha.

Eu olho para trás vendo o carro prateado em nossa cola.

–Como me acharam?

–Adrian. – Dimitri responde com uma carranca entre os olhos. – Você entrou no sonho dele.

–Ainda não faço ideia de como consegui fazer isso.

–E eu ainda não faço ideia de como pode ser tão criança e egoísta. – Ele briga. – Como pode simplesmente ir?

–Eu não queria ser um peso morto. Desculpe, mas sei que fiz a coisa certa, não me arrependo. –Digo. – Sou inútil perto de vocês.

–Não é não.

–Sou sim, você mesmo admitiu isso.

Dimitri deixa os olhos da estrada alguns segundos para me encarar.

–Quando eu disse isso?

–No quarto, no dia em que eu fui embora.

Dimitri suspira.

–Nunca quis insinuar que você era inútil, pelo contrário você tem um imenso valor. – Ele murmura.

Eu balanço a cabeça desconcertada.

–Você nunca será um peso morto para mim. – Dimitri diz

–Você é tão confuso! – Digo irritada. – Uma hora faz eu me sentir um lixo, na outra faz eu me sentir importante, o que você quer afinal?

Dimitri fica em silencio por alguns segundos enquanto meu olhar se volta para frente.

–O que é aquilo? – Pergunto quando consigo enxergar um ponto preto a distância.

Dimitri aumenta a velocidade quando consegue enxergar o que eu vejo. O pontinho preto não é algo, é uma pessoa, uma garota vestida com um longo vestido negro jogada no chão. Minha surpresa é ainda maior quando consigo identificar a pessoa: É Raquel.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo será POV Raquel e Dimitri !!



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