Enfurecida - Até onde você iria por uma mentira? escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 15
Pronta para o ataque




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/604993/chapter/15

Ajeito a alça da mochila nos ombros e passo a mão mais uma vez pelo rabo de cavalo bem apertado em minha cabeça. O ônibus demora, e minha impaciência quase me convence a ir a pé, no entanto, sou inteligente o suficiente para saber que não chegaria antes do entardecer, e não é o que eu quero.

Suspiro aliviada quando o ônibus para diante de mim, sou a única garota no ponto, a única com uma mochila nas costas e grandes óculos de sol, pelo menos. As paisagens passam rapidamente pelo vidro da janela e eu me pego repetindo as imagens recentes em minha cabeça, a mulher, eu havia matado aquela mulher e por algum motivo sua família também estava morta.

–Lamentável, não é mesmo? – Pergunta uma senhorinha sentada ao meu lado no ônibus.

Eu pisco algumas vezes confusa enquanto sigo seu olhar para a pequenina televisão lá a frente que tem como manchete: “Família encontrada morta em SP”

Controlo minha respiração para não me tornar frenética, meu sistema nervoso parece apitar em um claro sinal de “CORRA”, mas eu o ignoro, pelo contrário, tento parecer indiferente aquela situação.

–É realmente uma pena. –Murmuro.

A senhora entorta sua boca de um jeito estranho como se estivesse irritada.

–Pobres pessoas, o que teriam feito de tão ruim para ter um fim tão trágico como este?

Eu dou de ombros.

–A vida não é justa com ninguém.

O ônibus para abruptamente fazendo meu corpo ser lançado para frente com velocidade, por pouco não atinjo o banco a minha frente, no entanto, a senhora ao meu lado não compartilhou da mesma sorte. Em sua testa um corte de porte médio escorria sangue, o mesmo pingando por sua roupa de cor clara e florida.

–A senhora está bem? – Pergunto preocupada.

A mesma não me responde, apenas retira um lenço de sua bolsa e o coloca sobre o corte.

–A senhora está bem? Quer ir a um hospital? – Insisto.

Um pigarreio grosso desvia minha atenção para a porta de entrada do ônibus, um homem vestido completamente de branco tem as mãos à frente do corpo, em uma posição indefesa, um sorriso lente se forma em sua face quando ele percebe que todos os passageiros o encaram. Um arrepio desce por minha espinha e eu saco a arma que escondia no cós da calça, a mulher distraída ao meu lado mal nota esse pequeno detalhe.

–Estou procurando pela Dona Josefina e pela Agatha, elas estão aqui?

A voz de homem de branco me parece gelada, firme e animada, ele passa seus olhos por todos os passageiros e eu me abaixo um pouco na cadeira tentando não ser notada, é quando a mulher ao meu lado se levanta.

–Para onde está indo? –Pergunto.

O lenço que a mesma segurava cai no banco em que antes estava sentada, ela arruma sua bolsa no ombro e começa a caminhar.

–Muito bem Dona Josefina. –Elogia o homem de branco quando vê a senhora se aproximando dele.

–ÁGATHA! – Ouço o grito de uma mulher ao fundo do ônibus.

Neste mesmo instante uma garotinha de não mais que dez anos passa caminhando p

Por mim com os olhos vidrados para frente, se aproximando do homem de branco.

A mulher que estava gritando se levanta correndo.

–Filha! – Ela chama.

A garotinha continua andando até parar ao lado da senhora que estava sentada ao meu lado.

–Ela não é mais sua filha. –Responde o homem de branco enquanto passa a mão no cabelo da garotinha.

–Saia de perto da minha filha! – Grita a mulher correndo em sua direção.

Um barulho alto de vidros quebrados é ouvido instantes depois, a mulher fora arremessada pela janela do ônibus, sem ser tocada, aquele é meu estopim, eu levanto rapidamente mirando a arma no homem e puxando o gatilho sem hesitar, as pessoas do ônibus começam a gritar e desesperadas quebram as janelas procurando uma forma de sair, eu atiro até minhas balas acabarem.

–Só tem isso Rose? –Pergunta o homem de branco.

Eu paro.

–Quem é você? Como sabe meu nome? – Questiono.

O homem mantém seu sorriso.

–Sua irmã e você são muito parecidas.

Eu largo a arma e corro em sua direção, mas quando chego perto ele desaparece, como em um truque de mágica ou uma mínima piscada de olhos.

–Procurando por mim?

Sua voz soa atrás de mim, muito próximo, eu saco uma faca escondida em minha bota e me viro.

–Quem é você? –Pergunto

–Não está surpresa? –Pergunta ele. – Normalmente ficam surpresos com meus truques.

–Seus truques fajutos não me surpreendem. – Essa era uma tremenda mentira.

Sua expressão continua a mesma e me sinto irritada por sua falta de emoção.

–Se me der licença, tenho coisas melhores a fazer.

–Você não vai a lugar algum. – Digo com os dentes trincados.

Ele sorri enquanto balança a cabeça negativamente.

–Você nunca aprende, vive regredindo. – Ele murmura. –Eu disse a seu pai, você nunca seria uma verdadeira invocadora, você não serve para isso.

Meu coração se afunda enquanto aquelas palavras são proferidas por ele.

– Meu pai?

Ele tinha acertado em cheio no meu ponto fraco, os sentimentos, ele estava certo – me dou conta tarde demais- todos estavam certos, Dimitri, Raquel, Tasha, eu era incapaz de ser uma assassina a sangue frio por causa de meus sentimentos, ontem mesmo eu havia matado uma pessoa sem querer, e tal coisa quase acabou comigo.

–Deixe as pessoas. –Murmuro. –São inocentes.

Me sentia tão pequena e inferior aquele ser maligno que me dei por vencida alguns milésimos de segundos, eu não havia nascido para aquilo, eu não havia nascido para uma vida de emoções a flor da pele, mas eu não deixaria que pessoas inocentes morressem por isso.

–Preciso delas.

–Para que? –Pergunto.

–É como uma cadeia viciosa, meu doce Rosemarie.

–Não sou seu doce. – Retruco.

–Eu preciso de vida. –O homem diz. –E essas pessoas podem me ajudar a ter o que eu quero.

–Como assim? Irá beber o sangue delas como um vampiro? – Ironizo.

Seu sorriso aumenta enquanto responde.

–Irei sugar suas energias.

Eu me sobressalto.

–Um Súcubo? – Pergunto.

Àquela altura eu não desacreditava de mais nada.

–Não querida, sou um tipo diferente de pessoa, sugo a vida delas para me manter vivo, não tenho relações sexuais com eles.

–Quem é você? – Pergunto novamente.

–Vamos garotas. –Ele chama a mulher e a garotinha que a seguem.

–Não. – Eu murmuro segurando o braço da garotinha.

A garotinha não me encara, mais para de andar, o homem de branco me encara passivo.

–Solte o braço dela.

Eu nego com a cabeça.

–Só irei pedir mais uma vez.

Eu nego com a cabeça.

–Não vou soltar o braço dela. –Respondo.

A próxima coisa que sinto é um forte chute em minhas costelas, o homem de branco desapareceu e atrás de mim me desfere alguns fortes golpes, eu caio, no entanto, trago a menina junto a mim, me recuso a largar seu braço.

–Solte! – Ele fala próximo a mim.

Meu corpo dói muito, quero permanecer no chão, mas se fizer isso essas duas pessoas irão morrer, e eu não quero mais mortes, chega de mortes.

–Eu não vou soltar! – Grito.

Nesse instante o corpo do homem é jogado para trás, como uma forte brisa o jogando com velocidade e raiva para fora do Ônibus agora vazio.

Meu coração acelera enquanto eu me levanto, a garotinha ao meu lado está chorando, ela não parece se lembrar de nada.

–Corra! – Eu digo para ela que segue minhas instruções e sai do ônibus com a senhora que antes falava comigo em seu alcanço.

Caminhando mais a frente eu vejo sangue, e em seguida o corpo morto do motorista, desvio meus olhos.

– Como fez isso? – Ouço a voz agora surpresa do homem.

Quase sorrio com sua surpresa, não respondo e me viro para encara-lo.

–Não devia ter entrado em meu caminho. – Sibila ele.

O homem se prepara para o ataque como uma cobra mortífera, eu me posiciono para defender, até alguém atrapalhar meus pensamentos.

–Não encoste um dedo nela.

Meu coração palpita mais rapidamente ao escutar tal voz, é Dimitri.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? comente! a partir de agora, muitos momentos Romitri!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Enfurecida - Até onde você iria por uma mentira?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.