Enfurecida - Até onde você iria por uma mentira? escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 12
Sozinha




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Meu coração bate mais rápido.

Pensamentos dos lábios de Dimitri nos meus tomam minha cabeça de forma urgente, e no momento tudo o que consigo pensar é no quanto eu gostaria de tê-lo.

–O que você sente por mim? - Pergunto de forma que saímos do contexto de nossa conversa.

Dimitri parece surpreso pela mudança abrupta, mas não se retrai, de forma que me sinto mais à vontade para conversar sobre tal assunto. Observo ele apertar as mãos no colo, um ato nervoso que era raro para meu ex professor bonito, no entanto esse pequeno gesto me deixa nervosa.

–Tenho sentimentos fortes por você. –Ele diz.

Meu coração dá um pequeno salto.

–Quando eu entrei naquela escola eu tinha uma missão a cumprir, eu tinha que fazer coisas para manter tudo em ordem, eu fiz coisas que... você não entenderia.

–Do que você está falando? –Pergunto confusa.

–Rose, desde a primeira vez que te vi eu sabia, você não nasceu para essa vida, invocadores são como pragas, encontramos hospedeiros e espalhamos nosso terror.

Sou tomada pelo choque de suas palavras, qual era o problema dele afinal? Antes ele havia me dito por diversas vezes que ser um invocador não significava ser alguém das trevas, no entanto, agora ele se contradizia de forma ridícula.

–Não entendo. –Digo. – O que você quer dizer com isso?

–Sabe o que vejo quando olho para você?

Eu nego com a cabeça.

–Quando olho para você enxergo luz, esperança e paz, invocadores são seres malignos Rose.

–Não são não! –Retruco. –Você não é maligno e muito menos Felicity.

–Você não nos enxerga como deveria, faz parte de você, você só vê o melhor das pessoas.

–E isso é errado?

–Para pessoas como nós? Talvez seja. –Ele respira fundo. –Raquel sabia tudo sobre isso, ela não tentava ser boa ou enxergar coisas boas.

–Está me comparando a ela? –Pergunto cética. –Somos completamente diferentes.

Eu estava realmente raivosa, mas ao ouvir as palavras seguintes fui destruída por completo.

–Deveria ser ela Rose e não você.

Pela primeira vez em muito tempo eu não queria chorar, apenas queria fugir, correr e me esconder longe de toda essa realidade obscura.

–Fui enquadrada a essa realidade sorrateiramente, e agora você fala que não sou boa o suficiente para isso? –Pergunto seca.

Dimitri dá de ombros, e aquele ato frio me congela.

–Você nunca seria capaz de fazer as coisas que precisamos fazer.

Eu balanço a cabeça de forma confusa.

–Do que está falando agora?

–Nós matamos pessoas Rose.

Eu nego com a cabeça.

–Não matamos não! – Respiro profundamente. – Não é porque somos assim que temos que ser maus, não é?

–Não há como mudar o passado e muito menos o presente, está no nosso DNA, nascemos para ser os vilões.

–E por que você está falando tudo isso para mim agora?

–Por que eu, Felicity e Tasha estamos buscando respostas e quero que você fique longe disso. –Ele faz uma pequena pausa. – Não quero que se envolva nos nossos assuntos.

Dimitri se levanta abrupto e caminha para longe de mim de forma apressada.

–Dimitri?

Ele para, mas não olha para mim, seu rosto nunca desvia da porta.

–Você já matou alguém?

Alguns segundos são tudo o que espero até ele responder:

–Muitas vezes.

E ele se vai.

Eu abraço meus joelhos de forma protetora, pensando.

Mas que droga!

Para de ter pena de si mesma!

Levante dessa cama e mostre a ele quem é a molenga aqui!

Eu fecho e abro meus olhos diversas vezes, apenas traçando meus passos futuros, a conversa com Dimitri rodeando minha mente de forma incansável me deixando cada vez mais para baixo, espanto esses pensamentos com um simples balanço de cabeço.

–Tudo bem, a hora de choramingar acabou. –Digo a mim mesma.

Não havia muito naquele quarto que poderia me ajudar, mas por ser meu quarto havia a vantagem deu obter diversa coisas úteis, silenciosamente enfiei algumas peças de roupa em minha mochila e peguei todo o dinheiro que eu sorrateiramente guardava em uma gaveta de minha escrivaninha. Olhei-me no espelho e se tivesse feito isso dias atrás me assustaria, no entanto, não hoje.

A garota que me encarava de volta tinha um brilho nos olhos, bochechas coradas e uma determinação sem igual, lá estava eu, pronta para acabar com o choro e seguir meu destino, fosse ele viva ou morta.

Eu iria encontrar minha mãe, Lissa e todas as outras pessoas desaparecidas, eu estava disposta a deixar minha vida normal por algum tempo para concretizar isso de forma correta.

Não importava o que Dimitri pensava de mim, o que verdadeiramente importava era o que eu pensava de mim mesma, ele podia ficar com Tasha e serem felizes para sempre peregrinando pelo mundo, eu não me importava, minha missão estava acabando de começar e ela seria concluída com sucesso.

Eu teria de descer por minha janela e fugir de bicicleta – Grande fuga! – Meu subconsciente debochou.

–Vai ficar tudo bem. –Disse a mim mesma. –Garotas fortes não caem.

Eu estava realmente tentando acreditar nisso.

Montei rapidamente com meus lençóis e roupas a forma de um corpo coberto pelo cobertor em minha cama, isso com certeza daria uma enorme vantagem para mim.

Me apoiei no parapeito na janela um pouco nervosa, não era tão alto, mas de alguma forma fez eu me lembrar de quando eu havia caído no dia da suposta “morte” de Raquel o que me deixou um pouco nervosa.

Você vai conseguir. ”

Eu olhei para trás e lá estava ela, Raquel, ou melhor minha alucinação de irmã caçula.

–O que está fazendo aqui? –Sussurro me sentindo meio lesada.

Raquel sorri e dessa vez não identifico nenhum traço de maldade.

“Pule. ”

É tudo o que ela diz, e eu faço.

Minha aterrissagem é sem barulho, e agradeço por estar intacta sem nenhum machucado sequer de forma que respiro aliviada.

Minha bicicleta no mesmo lugar de sempre facilita minha saída, olhando para trás minha alucinação sumiu, como sempre. A rua está escura a essa hora, resisto ao impulso de olhar no relógio que carrego na mochila para saber que horas são, carregar um celular seria muito arriscado, Dimitri poderia me encontrar e nesse momento ele e sua namoradinha Tasha eram as pessoas que eu menos gostaria de ver. Eu estava seguindo sem medo e sem controle.


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Notas finais do capítulo

:3



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